terça-feira, 27 de novembro de 2018

(Conclusão) - Actualização em 20/03/2021


Lugar da Igreja, Quinta do Dourado e capela de S. Cristovão


A Quinta do Dourado, situada no antigo Lugar da Igreja, hoje, na Rua da Igreja Velha, é composta de casa nobre e de caseiros, jardim, capela, eira de pedra e uma cortinha de lavradio.
Em 1741, a quinta é dada na posse de M. Costa Santiago que, pelo menos, em 1772, ainda a detinha e, em 1849, passou à administração de Boaventura da Costa Dourado.
Esta personagem foi um brasileiro de torna-viagem, que tinha partido, em 1813, para o Rio de Janeiro, para ver se, aí, resolvia os seus problemas mercantis e financeiros.
Regressado a Portugal, antes de 1831, com a sua mulher, Ursula Joaquina (Dourado) e os seus 2 filhos brasileiros baianos,  a família foi viver para a Rua das Flores, na freguesia da Sé, no Porto, onde se estabeleceu como comerciante. Teria, então, trabalhado para a família Clamouse Brown.
A quinta continuaria nas mãos dos descendentes do casal até que, por falecimento de Boaventura de Costa Dourado, sem filhos, em 29 de Janeiro de 1920, a quinta é alvo de partilhas entre quatro irmãos do falecido e os descendentes de uma irmã, também já falecida.
Uma partilha comporta a casa de caseiros, terreno de lavradio, engenho para tirar água e dois tanques – Quinta do Albuquerque.
O restante, que compreendia a casa principal, continuaria a ser a Quinta do Dourado.
Em 1954, depois de passar por vários proprietários a Quinta do Albuquerque vai unir-se novamente à Quinta do Dourado, à data, propriedade do engenheiro João Paes de Aguilar, continuando, actualmente, na posse dos seus descendentes.
Em 2023, a Quinta do Dourado vai ser classificada como “monumento de interesse municipal”.




“Situada na R. da Igreja Velha, tem casa nobre, casa de caseiros, jardins, capela, eira de pedra, uma cortinha de lavradio, um monumental portão de entrada com nicho vazado no tímpano a recolher o orago protetor S. Cristóvão e, no logradouro da entrada, bem próximo da capela, existe um pavilhão ladeado por 2 pedras de arma de bom lavor e, defronte dele, um amplo lago enquadrado por esculturas barrocas em granito.
O atual portão de entrada belo monumental, o amplo lago e o pavilhão ladeado por 2 pedras de arma de bom lavor são da responsabilidade do último comprador da quinta em 1954, o Eng.º João Paes de Aguilar, que fez grandes obras na quinta modificando os jardins, construindo o lago e o pavilhão e substituindo o portão de entrada pelo atual que ele mandou fazer propositadamente para valorizar e recuperar a quinta”.
Com o devido crédito a José Rodrigues



 
Quanto à capela, dizem os documentos que, em 1772, o proprietário, M. Costa Santiago, reconstruiu-a e que, em 1849, passou à administração de Boaventura da Costa Dourado, para nela mandar celebrar missa.
No seu quintal, teria estado a igreja paroquial de S. Mamede que, entretanto, desapareceu.




Capela da Quinta do Dourado



Sobre a capela acima e segundo, José Rodrigues:


“Capelinha barroca, ereta sob a proteção de S. Cristóvão, e já sem a belíssima talha, foi referenciada em 1741 como 'huma capela com o seu quintal pegado que adquirido de novo por compoziçãm que fes com os moradores da freguezia de Sam Mamede da Ermida que esta tudo cito no lugar donde estava situada a lgreja Velha da dita freguezia' (segundo o Eng.º Agostinho Boavida, em 1772, o proprietário M. Costa Santiago reconstituiu-a).
Parece concluir-se, com relativa segurança, que no quintal anexo à capela a que se reporta o aludido documento de 1741 esteve implantada a antiga igreja paroquial de S. Mamede de Infesta.
Em 1849, a quinta passou a ser propriedade de Boaventura da Costa Dourado para mandar celebrar missas na capela de S. Cristóvão existente na quinta.”








Portão de entrada da Quinta do Dourado e casa nobre, na Rua da Igreja Velha




Igreja Velha e Igreja Nova
 
 
Segundo a obra “S. Mamede de Infesta” do engenheiro Agostinho Fastio Boavida (1904-1964), a chamada Igreja Velha de S. Mamede situava-se em terrenos contíguos àqueles onde acabou por ser erguida a capela dedicada a S. Cristovão da Quinta do Dourado.
Essa tal Igreja Velha funcionou, segundo aquele estudioso, como paroquial até 1725. Eram tempos em que a freguesia era denominada de S. Mamede da Ermida.
Devido ao seu estado de ruína foi construída uma outra, em sua substituição, a expensas do Baliado de Leça, sagrada em 1735, pelo Reverendo Abade José Ferreira da Fonseca, no local em que está a actual Igreja de S. Mamede de Infesta, erecta em 1868.
Os serviços religiosos da freguesia foram executados, durante a construção daquele templo, até 1735, pela Igreja da Ermida, que ainda existe.



Igreja Matriz de S. Mamede de Infesta




Igreja Matriz de S. Mamede de Infesta e a envolvente agrícola de outros tempos



A actual igreja matriz de S. Mamede de Infesta, começada a construir em 1864 e concluída em 1866, veio substituir a tal Igreja Nova, no mesmo chão, denominado monte de Nossa senhora da Conceição.
Este templo tendo, perto de si, um topónimo referente a igreja velha (Rua da Igreja Velha) e dado sabermos que, em 1643, existia uma aldeia denominada Aldeia da Igreja, faz crer que, por aqui, esteve um templo primitivo que antecedeu o contemporâneo, como confirmou o engenheiro Agostinho Fastio Boavida.
S. Mamede de Infesta é a denominação que esta freguesia tem no ano de 1706, pois, anteriormente, só se chamava S. Mamede.
Infesta é um vocábulo associado a subida, “para aquelas terras se subia vindo do leito do rio Leça, situado lá em baixo”.
Foi também referida como S. Mamede da Ermida e S. Mamede da Ermida da Infesta, nas Constituições do Bispado do Porto de 1735 e noutros documentos do século XVIII e, antes, tinha-o sido, como S. Mamede de Moalde no "Catálogo e História dos Bispos do Porto" de Rodrigo da Cunha, em 1623. 
Este território faz parte do Couto de Leça, doado em 1157 por D. Afonso Henriques à Ordem do Hospital e confirmado por D. João II, e compreendia cinco freguesias: freguesia do mosteiro de Leça, chamada de Soçino, ou seja, Leça do Balio; Gueifães; Barreiros; S. Mamede, depois, S. Mamede de Infesta e Santiago, depois, Custóias.




“Durante séculos, S. Mamede foi freguesia do “Couto de Leça do Venerando Balio, concelho e comarca da Maia”, como consta das “Memórias Paroquiais de 1758”:
… E esta freguezia, e as coatro, q. estam de marcos adentro deste Couto, que sam: Santiago de Costoyas, Sam Mamede de Ermida, ou da Infesta, Sam Migel de Barrejros, e Sam Faustino de Guefañs. …“.
Transformado o Couto em Concelho, com a sua extinção em 1836S. Mamede, Custóias e Leça, passaram a incorporar o concelho de Bouças”.
Fonte: “saomamedeinfesta.blogspot.com”



Primitivo acesso à Igreja de S. Mamede de Infesta, da qual se divisa, ao longe, a sua torre


A actual Igreja Matriz foi projectada pelo arquitecto portuense Pedro de Oliveira, inspirado na Igreja da Trindade.
A sua primeira pedra foi lançada em 27 de Agosto de 1864, devendo-se o facto a um natural da terra, então radicado no Brasil, de seu nome, Rodrigo Pereira Felício (Conde de S. Mamede), falecido no Rio de Janeiro em 27 de Julho de 1872 e que, para o erguer da obra, enviou a enorme quantia (para essa época) de doze contos de reis.
A maior parte da talha da igreja é proveniente do convento de Monchique (Miragaia-Porto).
O seu retábulo-mor foi pintado por Francisco Pinto da Costa (1826-1869) da Rua da Picaria, nº 86.




Igreja Matriz de S. Mamede de Infesta vista do cruzamento da actual Avenida do Conde e da Rua Godinho Faria




Mesma vista da foto anterior mas sem o cruzeiro implantado




Conta-se que, no dia da inauguração da igreja, quando as autoridades aguardavam para dar início à cerimónia, apenas a chegada do Conde de S. Mamede, surgindo ele com a sua carruagem, junto do cruzeiro (que se observa na foto acima) e se deparou com uma igreja de apenas uma só torre sineira, terá dado meia volta e regressado ao Brasil.




Igreja Matriz de S. Mamede de Infesta, em 1910





Lugar de Picoutos e Quinta e Capela de São Félix



Situada no antigo lugar de Picoutos, a Capela de São Félix, hoje, à face da Rua da Mainça integrava, originalmente, a quinta com o mesmo nome, sendo, aquele, o orago privativo da família proprietária.
Embora a propriedade de São Félix se estendesse pela área da freguesia de São Mamede de Infesta, a Capela de São Félix situa-se em território de Leça do Balio.
Há alguns anos, a capela era usada para armazém de apoio à área agrícola anexa.
Por acção da população, começou por ser limpa e, mais tarde, totalmente recuperada pelas autoridades.



“Esta pequena capela setecentista de uma só nave de planta retangular e sacristia adossada lateralmente também retangular. Os diferentes volumes são articulados com coberturas diferenciadas em telhado de uma e duas águas. A fachada é enquadrada por cunhais rematados por pináculos piramidais. O portal principal de vão retangular é balizado por pilastras toscanas que suportam um frontão curvo interrompido, sobrepujado, sucessivamente, por uma janela envidraçada e um nicho emoldurado que já não contém o santo padroeiro. No topo, apresenta um campanário, de um só vão, rematado por um frontão triangular interrompido, sobre o qual se implanta uma cruz. O interior de nave única abobadada é iluminado pela janela da fachada principal e por duas outras gradeadas rasgadas nas paredes colaterais. De salientar ainda o coro-alto, apoiado por consolas de pedra e com varandim de madeira cujo acesso é feito pelo exterior. No altar existe um retábulo, em talha dourada, com colunas salomónicas revestidas por cachos de uvas, fénix e putti.
Não se conhece a data exata da fundação da Capela de São Félix, bem como a da construção da quinta onde se encontrava integrada, que em 1868 era registada por Dom Rodrigo Gonçalves, seu proprietário na época, como possuindo também casas nobres de um andar, casas térreas, cavalariça e cocheira, celeiro e oficinas de lavoura, jardim com tanque, hortas e campos de lavoura (Sá: 1983, pp. 165-172). A quinta foi totalmente desintegrada, não subsistindo hoje nenhum dos seus elementos, à exceção da capela.
A capela serviu de local de sepultamento aos proprietários, entre o terceiro quartel do século XVIII e a primeira metade do século XIX, podendo por isso datar-se a sua edificação entre 1750 e 1775. No local enterraram-se primeiramente os membros da família Sousa Félix, possivelmente os proprietários originais da quinta na segunda metade do século XVIII, e depois membros da família Sousa Lopes, já no início da centúria de Oitocentos.
Ao longo dos séculos XIX e XX a Quinta de São Félix passou por diferentes proprietários, até que foi adquirida pela Câmara Municipal de Matosinhos em 1982. Nas décadas seguintes o espaço da quinta, em torno da Capela de São Félix, foi urbanizado, encontrando-se atualmente dividido em lotes nos quais se construíram moradias unifamiliares”.
Com o devido crédito a Catarina Oliveira




Capela de São Félix (fachada principal) em Matosinhos – Ed. DGPC




Capela de São Félix (tardós) em Matosinhos – Ed. DGPC



Sobre a história da Quinta de São Félix, pode afirmar-se que, já em 10/09/1756, a Quinta de Picoutos, em Santa Maria de Lessa do Balio, era propriedade de Manoel da Silva e Souza Felix (falecido a 17/07/1779 e sepultado na Capela da Quinta de Picoutos), filho de Manoel de Souza Felix e Mariana Coelho, que casou com Marianna de Souza da qual teve o seu filho Bartholomeu da Silva e Souza Felix (falecido solteiro a 10/09/1756 e enterrado na Igreja de Santa Maria de Lessa do Bailio) e a sua filha Joanna Maria de Souza (falecida solteira a 09/08/1778 e sepultada já na Capela da Quinta de Picoutos),
Na ausência de herdeiros directos a propriedade, após ser detida, fruto de doacção a favor do padre Antonio de Sousa Felix e Beça, que faleceu a 18/10/1782, irá parar, na ausência de testamento, por vocação legítima, às mãos de duas irmãs, Maria de Souza e Rita Angelica de Souza, ambas solteiras.
Rita Angelica de Souza faleceu solteira na Quinta de Picoutos a 22/04/1804 com cerca de 75 anos e a sua irmã Maria de Souza teria, entretanto, casado com Domingos Gonçalves Lopes, pois este apareceu como proprietário da quinta concomitante com as 2 irmãs.
Este, Domingos Gonçalves Lopes era irmão de José Gonçalves Lopes, da Casa de Sam Thiago de Custóias e tutor dos filhos deste, após a sua morte, em 1796, por serem menores de idade.
Como do casamento de Domingos Gonçalves Lopes com Maria de Sousa não houve filhos, foi herdeiro Rodrigo Gonçalves Lopes, um sobrinho do qual tinha sido tutor, um dos filhos do seu irmão José Gonçalves Lopes.
Este irmão foi casado com Ana Maria Joaquina, oriunda da Quinta do Rio, em Ramalde do Meio.
Falecido, Rodrigo Gonçalves Lopes, em 21 de Junho de 1836, suceder-lhe-ia um seu sobrinho, o Comendador Dom Rodrigo Gonçalves Lopes, que casou com Joaquina Augusta Vaz Preto Lopes e Silva (falecida antes de 08/12/1868) e, nessa altura, comprou o domínio directo da quinta a João Luiz da Rosa, que, por sua vez, a tinha arrematado à Fazenda Nacional (o motivo desta transação foi a extinção das Ordens Religiosas em 1834 e o confisco das suas propriedades para a Fazenda Nacional, sendo depois vendidas em hasta pública).
 
 
“ (…) Devido às vicissitudes da vida do Comendador Dom Rodrigo Gonçalves Lopes que vivia a 09/02/1868 na R. do Anjo da freguesia de São João do Souto em Braga, a sua Quinta de S. Félix foi leiloada em 1872 para pagar as suas dívidas:
ela foi arrematada por Francisco António da Costa Braga que teve-a em seu poder durante 20 anos, até 1892.
Foi vendida então por ele ao negociante Cassiano dos Santos de Almeida que tinha feito testamento com 30 anos a 27/12/1888 e que faleceu solteiro e falido na freguesia da Sé a 05/12/893.
Em 1894, foi novamente arrematada em hasta pública por Joaquim Pedro de Resende que a vendeu, 4 meses depois, a António Cabral Borges.
Em 1901, ele vendeu-a a António Moreira Bessa, tendo entrado depois no património de Manoel Quelhas Lima, 1 dos 8 filhos de António Martins Lima e Amelia dos Santos Quelhas (17/10/1875 - 10/09/1969), casado com Maria Júlia Azenha (Quelhas Lima).
Infelizmente, esta quinta já não existe restando apenas a sua capela, a Capela de S. Félix”.
Cortesia de José Rodrigues



Capela de São Félix





Capela de Nossa Senhora da Apresentação
 

Esta capela localiza-se no lugar da Devesa (estrada velha do Porto a Braga) e já tinha existência em 1766, segundo o engenheiro Agostinho Fastio Boavida.
O primeiro registo da capela e casa anexa data de 1867 a favor de Marcelina Nogueira da Silva Guimarães e seu marido, por legado, em testamento aberto em 1855.
Em 1899, a propriedade pertencia a Álvaro A. Meireles. Aqui, viveu e trabalhou Abel Salazar, cuja morte em 1946, determinou que a casa fosse transformada em casa-museu após ser adquirida pela Fundação Calouste Gulbenkian.
 
 

Casa – museu Abel Salazar – Cortesia de Joaquim Silva




Capela de Santo António do Telheiro
 
 
Junto da antiga estrada do Porto para Braga, entre a Arca d’Água e S. Mamede de Infesta, a partir de 1786, data da sua inauguração, passava-se pela capela de Santo António do Telheiro, cujo nome advém, diz a lenda, da existência de um telheiro ou telheirinho que aí existia, antes, debaixo do qual, num dia de tempestade medonha, se abrigou Santo António de Lisboa, em peregrinação para Santiago de Compostela.
A capela seria construída, a exemplo de muitas outras, com donativos de uma caixa de esmolas colocada no local, quando por lá já passava a Estrada Real que ligava o Porto a Braga.
Aquele diminutivo de “telheirinho” deu origem ao nome “carinhoso” de Santo Antoninho do Telheiro”, nome pelo qual é também conhecida esta capela.
Em 1956, a capela foi ampliada e foi-lhe acrescentada a torre sineira lateral e o revestimento da fachada com azulejos.
As festas de Santo António do Telheiro são das mais importantes que se realizam em S. Mamede de Infesta. Prolongam-se por mais de uma semana e decorrem no princípio do mês de Setembro.

 
 

Capela de Santo António do Telheiro

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

25.23 S. Mamede, Lugares de Moalde, Ermida, Igreja Velha e Picoutos


 “Os registos fazem crer que, no século I, teria existido uma “villa ” Decio e um templo dedicado a Júpiter, onde hoje está localizado o Mosteiro de Leça do Balio, em São Mamede de Infesta.
Também na Quinta dos Alões, foi descoberta uma ara com a seguinte inscrição:
Flavus, filho de Rufo, cumpriu de boa mente o voto a Júpíter Optímus, Maxímus”.
Tais descobertas não são efetivamente de estranhar, já que S. Mamede de Infesta era atravessada pela estrada que ligava Olissipo a Bracara. Dessa via existe o local onde ela atravessava o rio Leça, na Ponte da Pedra, onde hoje existe a velha ponte medieval.
Efectivamente, encontraram-se na Quinta do Dourado um marco miliar romano, onde se encontra gravado o nome do imperador Adriano. Este marco miliar está no cemitério paroquial, junto da igreja matriz, transformado em cruz.
Decorria o ano 212, e o imperador Caracala, pelo édito com o seu nome, concedeu a cidadania romana a todos os povos do império. Sob Diocleciano, entre 284 e 288, passa a existir uma nova reorganização das províncias hispânicas, sendo formada uma nova província, a Galécia. Esta província tinha como fronteira a sul, o rio Douro, indo pelo norte até à Galiza. Nesta época, as vias de comunicação eram elementos de coesão de toda a estratégia romana na península. A via que ligava Olisipo a Bracara era certamente a mais importante rota do Norte ao Sul do atual território português. Esta via tinha também conexão à Serra do Gerês”.  
Fonte: “perdidanahistoria.blogspot.com”




Ponte da Pedra


Ponte da Pedra em vista lateral

 

Assim, de acordo com as “Memórias Paroquiais de 1758”, durante séculos, S. Mamede foi freguesia do “Couto de Leça do Venerando Balio, concelho e comarca da Maia”.




Lugar de Moalde e Capela do Senhor da Boa Fortuna e da Boa Morte


S. Mamede de Infesta, cujo povoamento do território, que hoje lhe é pertença, se deveu, certamente, ao reordenamento que os romanos impuseram em toda a região, obrigou os habitantes do Castro de Guifões , a descerem para as margens do rio Leça, a fim de aí implantarem uma agricultura intensiva, mais rentosa.
Dessas antigas explorações rurais emergiu a Villa Manualdi, (do nome Manualdis, um presor germânico que dela se terá apropriado).


“O actual Lugar de Moalde, durante o século XI até ao XVI foi o mais importante desta paróquia. Em 1021D. Unisco Mendes e seus filhos, fazem a sua doação ao Mosteiro de Vacariça, e em 1130, nova doação é feita por Veremundo, ao Bispo D. Hugo, de metade de Manualde.
Aparecendo documentada nas inquirições de D. Afonso III em 1258 e no censo de 1527, até 1643 dizia-se paróquia de S. Mamede de Moalde e também da Ermida. Enquanto isso, à designação de Infesta, se a havia já, dava-se-lhe pouca importância pois significava o que todos já sabiam, isto é, que a paróquia se estendia, desde uma espécie de “planalto” ou cimo de monte pelas encostas desse até às terras baixas e férteis.”
Fonte: “saomamedeinfesta.blogspot.com”


Se, em 1556, havia na freguesia de Sam Mamede os lugares de Aldeia de Baixo, Hermida, Outeiro, Carril Branco, Larangeyra, Casal da Igreja, Casal das Devezas, Eirado, Moalde, Casal do Meio e Casal da Poupa já, em 1643, a freguesia chamava-se Sam Mamede da Ermida e era constituída pelos lugares de Eirado, Corujeira, Ermida, Larangeira, Aldeia da Igreja, Tilheiro, Carril Branco, Tronco, Moalde, Casal da Poupa, Asprela, Arroteia, Casal de Baixo, Devesa, Outeiro, Alagoa, Cidreira e Cavada.
Em 1836, todos os lugares de S. Mamede eram aldeias, excepto Moalde que, segundo alguns, tinha o ar de vila minhota.
Em Moalde, na Rua de Moalde, existe, ainda hoje, a capela do Senhor da Boa Fortuna e da Boa Morte que, primitivamente se chamava do Senhor da Cruz das Almas e foi mandada construir pelo Reverendo Manuel da Silva Barros.
Tem festividade anual no Domingo do Espírito Santo e tem larga tradição nas gentes do local.




Capela do Senhor da Boa Fortuna e da Boa Morte



Capela do Senhor da Boa Fortuna e da Boa Morte, actualmente




Lugar da Ermida e Capela da Ermida


“A existência do Largo da Ermida induz a interpretações equívocas quanto à designação da Vila e da Capela que nele existe. Uns consideram-na a primitiva Matriz, outros afirmam que a Aldeia da Igreja era o centro onde esta sempre tinha estado: “Mais tarde, a Igreja Paroquial passou para o Lugar da Ermida (…) existindo ainda hoje, na Ermida, a Capela de Nossa Senhora da Conceição”.
Capela de Nossa Senhora da Conceição que se julga datar de 1643 e que as “Memórias Paroquiais de 1758″ diziam pertencer ao “Venerando Balio de Leça, a qual reedificaram os moradores à sua custa”, foi reconstruída em 1804 Matriz durante a edificação da Igreja”.
Fonte: “saomamedeinfesta.blogspot.com”


Capela da Ermida que ostenta na padieira da porta a data de 1804


Esta capela da Ermida, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, foi Igreja Matriz de S. Mamede de Infesta durante a construção da actual igreja matriz.
O nome de S. Mamede da Ermida, que vigorou em documentos do século XVII e início do XVIII, talvez se deva à existência da dita capela, na vila. Há quem alvitre que, poderá ter existido, aí, anteriormente, um eremitério. Esta capela foi restaurada em 1804, sendo posteriormente construída uma torre no início do século XX.


(Continua)

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

(Conclusão) - Actualização em 02/12/2019 e 25/01/2021


Companhia Vinícola Portuguesa

Em 1899, são transferidos para Matosinhos os armazéns e oficinas da firma Meneres & Cª. com as instalações a serem ligadas ao comércio de vinho (a construção decorreu entre 1897 e 1901).
A empresa ficaria instalada numa área de 11 000 m2 no lugar do Prado (actual Matosinhos-Sul) em 15 meses, entre princípios de 1897 e meados de 1898, com entrada pela futura Avenida Meneres, que nessa altura, ainda não existia.
Em 1899, no mesmo Prado de Matosinhos, com fachada principal voltada para a Rua Juncal de Cima (actual Rua Brito Capelo), instalava-se, bem perto da Meneres & Cª, a Real Fábrica de Conservas de Matosinhos de "Lopes, Coelho & Dias, Lda". A primeira  de cerca de meia centena, que nas décadas seguintes se iriam implantar na então Vila de Matosinhos.



Desenho da fachada principal da "Lopes, Coelho & Dias, Lda"


"Real Fábrica de Conservas de Matosinhos" durante a visita do rei D. Manuel II em 1908 - Ed. "Illustração Portugueza" (7 Dezembro)


"Lopes, Coelho & Dias, Lda" e as suas instalações




Local onde esteve instalada a "Lopes, Coelho & Dias, Lda" - Ed. Graça Correia



O chamado Prado de Matosinhos ou Campo da Junqueira, era uma vasta área plana onde tinha estado, até há alguns anos antes, um hipódromo, e por onde corria em direcção ao mar, a ribeira do Prado, que resultava da juncção de duas mais pequenas com nascentes e percursos distintos, chamadas de Carcavelos e da Riguinha, respectivamente.


Ribeira do Prado em 1900 – Ed. Emílio Biel


Planta de Matosinhos, de 1896, da autoria de Licínio Guimarães, no livro “A Indústria Conserveira em Matosinhos”, de Lopes Carneiro

A planta acima teve como origem o blogue de José Magalhães que, por sua vez, a obteve através da colaboração do Dr. António Lage Almeida, Bibliotecário da BMFL – CMM, do Dr. Adriano Silva, Bibliotecário da BPMP, e do Dr. Albano Chaves.
Na planta pode observar-se o desenho do hipódromo do Campo da Junqueira.
A propósito da actividade desse hipódromo, O Tripeiro de 1972 (efemérides) noticiava:

“4 de Abril de 1872 – Corrida de cavalos e garranos no Campo da Junqueira, em frente a Matosinhos, organizado pelo Oporto Hunt Club”.

Nos terrenos daquele hipódromo, começaria o Football Club do Porto, de António Nicolau de Almeida, em 1893, por dar os primeiros pontapés na bola.


Meneres & Cª, já como, Companhia Vinícola Portuguesa em Matosinhos




Publicidade ao vinho do Porto “Victoria” em 1901, com a gravura das novas instalações no Prado de Matosinhos




Em 18/12/1902 desejando conservar indivisíveis as propriedades que detinha e nas quais se incluíam cerca de 200 000 pés de sobreiros, Clemente Meneres registou então, notarialmente, a sociedade por quotas 'Clemente Meneres, Lda', associando a si a sua 2.ª esposa e outros familiares.
A sociedade por quotas, era um dispositivo jurídico introduzido por lei de 1901 e pressupunha uma gestão empresarial.
Note-se que, desde a fundação (1902) até 1908, a gerência da 'Clemente Meneres, Lda', era assegurada por Clemente Meneres e estava sedeada na Quinta da Avenida, em Vila Nova de Gaia, onde morava a família, passando a partir de 1908 para o ex-convento de Monchique (uma vez que esteve antes ocupado pela firma Meneres & Cª, e pela Barbosa & Cª, sendo depois arrendado a vários inquilinos).
Além desse facto decisivo de só a partir daquela data o ex-convento passar a integrar a Sociedade.



Quinta da Avenida ou Quinta do Meneres (identificada com 1) – Fonte: Ana Rita Correia de Sousa Ramos Lima, 2013, Relatório de estágio de Mestrado


Da primitiva Quinta da Avenida, junto à Avenida da República, em 2014, restava uma casa e uma área verde envolvente, tudo em situação de abandono.


Quinta do Meneres ou Quinta da Avenida em V. N. de Gaia com fachada em 1º plano voltada para a Rua Luís de Camões – Fonte: Google maps


Avenida da República em V. N. de Gaia em 1934


Na foto acima, é visível à direita uma pequena porção do Jardim do Morro, começado a levantar em 1927 com o derrube e grande movimentação de terras que se elevavam num morro, à saída do tabuleiro superior da Ponte Luiz I.
A Quinta da Avenida seguia-se a esta área, também à direita, um pouco mais para Sul.
Entretanto, surge uma contrariedade na incapacidade da firma Barbosa & Cª, pertencente a um genro, não ser capaz de lhe absorver a cortiça produzida em Trás-os-Montes, o que leva á criação de uma nova fábrica em Mirandela, sucessivamente apetrechada com maquinaria para calibrar, fazer rolhas, caldeira e outros equipamentos.
Procedendo à legalização definitiva da unidade fabril, em 18 de Agosto de 1914, a Sociedade Clemente Meneres, Limitada, com sede em Mirandela, requer, com assinatura de Clemente Meneres, na administração do Bairro Oriental do Porto, licença para o estabelecimento da nova fábrica de cortiça e seus derivados em Miragaia, no ex-convento de Monchique.
Porém, a 6 de Julho de 1918, verificou-se um incêndio na fábrica de rolhas da fábrica Barbosa & Cª, de um genro de Clemente Meneres, sedeada em Monchique, numa das dependências do ex-convento. O incêndio foi enorme, tendo ardido toda a fábrica Barbosa & Cª e, ainda mais dois armazéns acabados de reconstruir que tinham sido alvo de outro incêndio algum tempo antes, bem como a ilha contígua que viria a ser conhecida como Bairro do Ignez (constituído por 12 casas) e, além disso, ardido o andar superior da casa que foi a moradia antiga da “Clemente Meneres, Lda”.
Um prédio ocupado pela Guarda Fiscal e por um armazém de madeiras foram, também, severamente atingidos.
O mirante do antigo convento colapsou.


Instalações no topo de um edifício em Monchique que foi sede da firma antes das novas instalações



Armazém de cortiça (guardada sobre o telhado) em prédio anexo ao antigo Convento de Monchique c. 1900, com traseiras para a Calçada de Monchique



Fábrica “A Varina”


Sobre a gravura acima diz José Oliveira Nunes, In “Jornal João Semana”:

 “Tratava-se de uma ilustração do princípio do séc. XX, anunciando uma fábrica a vapor (A Varina, em Ovar) de conservas de peixe, carne, frutas e legumes, da qual Clemente Meneres foi sócio de 1903 a 1908. Esta empresa, com a denominação social de Gomes, Meneres & C.ª Limitada, sedeada no antigo Largo do Mártir S. Sebastião (actual Praça Almeida Garrett), inaugurou em 1905, durante a permanência em Ovar de um filho deste empresário, de nome Agostinho, uma sucursal ao sul da Praia do Furadouro (grande armazém de madeira, que veio a ser do Mateiro), para a recolha e salga de sardinha capturada não só naquela praia, mas ainda na Torreira, S. Jacinto, Costa Nova, etc.”

Por escritura de 1 de Junho de 1908, “A Varina” passou para novas mãos, a sociedade Ferreira, Brandão & C.ª.
Em 1903, durante a Exposição Agrícola do Palácio de Cristal, inaugurada pelo rei D. Carlos, em 17 de Setembro, a Meneres & Cia apresentou-se com um stand.
Foi presidente da comissão Promotora da Exposição Agrícola, cargo que ocupava em acumulação com a de presidente da Direcção do Palácio de Cristal, o visconde de Guilhomil (José Geraldo Coelho Vieira do Vale Peixoto de Sousa e Villas-Boas).
Actualmente, é conhecido pelo facto de um seu bisneto, de seu nome André Villas-Boas, ter sido, há poucos anos, treinador do F. C. do Porto.


Palácio de Cristal


Stand da Meneres & Cia na exposição Agrícola de 1903



Medalha comemorativa da “Exposição Agrícola e de Productos Mineraes” de 1903


Jornal "A Voz Pública", de 18 de Setembro de 1903





 

Em 1905, é formada a firma 'Companhia Vinícola do Porto', uma sociedade por ações com capital de 500 contos de reis e com sede no Porto tendo sido fundada por Alfredo da Fonseca Meneres (ocupando cargo de Presidente do Conselho Fiscal) e outros, cujo director continuou a ser o seu irmão José da Fonseca Meneres e passando ele a ser o presidente do Conselho Fiscal.
Em Dezembro de 1905, é interposta uma acção comercial por parte da Real Companhia Vinícola do Norte de Portugal-Porto, vulgo Companhia Velha e, desde 1889, com aquela designação, por uso indevido de designação comercial por parte da ‘Companhia Vinícola do Porto’.
Em 1908 a empresa passa, em sequência do litígio que decorria em tribunal, a designar-se ‘Companhia Vinícola Portuguesa’.
Como curiosidade diga-se que um eléctrico ligava a Companhia Vinícola Portuguesa ao Porto de Leixões e fazia o transporte de vinho.
O edifício sofreria poucas alterações ao longo dos tempos, tendo apenas tido uma ligeira ampliação em 1903 quando é introduzido um torreão no extremo da fachada voltada para a Avenida Meneres e obras de decoração das fachadas em 1929.


“A publicidade na imprensa e a participação em exposições era uma preocupação de Clemente Meneres, quer agora na Sociedade (Exposição de Paris, 1900; Exposição Universal de S. Luís, Estados Unidos, em 1904; Exposição Permanente de Produtos Portugueses, no Rio de Janeiro, 1906, Exposição do Rio de Janeiro, 1908; Exposição em Toulouse, 1908; Imperial International Exhibitions, Londres, 1909), quer nas anteriores firmas com os filhos, das quais nos chegaram excelentes cartazes dos finais do século XIX”.
Fonte: Professor Jorge Fernandes Alves



Painel de azulejos da Companhia Vinícola Portuguesa


O painel de azulejos da gravura anterior, que ainda se encontra à entrada das antigas instalações, em Matosinhos (Casa da Arquitectura), reproduz um cartaz de publicidade ao vinho do Porto Victoria, já sobre a égide da Companhia Vinícola Portuguesa.



Cartaz de publicidade ao vinho do Porto “Victoria” – Autor: Eugène Ogé (1861-1936)



Rótulo de garrafa do vinho do Porto da marca “Julio Diniz”



Rótulo de garrafa do vinho do Porto “Africa”



Clemente Meneres morre em 27 de Abril de 1916 na sua Quinta da Avenida, que se situava junto à via-férrea, em V. N. de Gaia.



Escritório da “Real Vinícola Portuguesa”, c. 1910




Eléctrico dentro das instalações da Companhia Vinícola Portuguesa que pela Rua Brito Capelo fazia ligação ao Porto de Leixões


Na segunda década do século XX, depois fortemente agravadas pela Guerra, Agostinho Meneres fez um périplo pelos países nórdicos e Alemanha, na tentativa de encontrar clientes não só para o vinho como para a cortiça. Com o direito ao benefício do vinho do Porto, a Sociedade passou a vender também vinhos às firmas inglesas sediadas em Gaia (Croft, Sandeman).


Agostinho Meneres



Já depois da morte de Alfredo da Fonseca Meneres, a 12/07/1917, a Real Companhia Vinícola Portuguesa entra numa rápida agonia e o seu encerramento estava praticamente traçado.


Em 1922, a Companhia Vinícola Portuguesa acabará por ser absorvida pela Real Companhia Vinícola do Norte de Portugal - Fonte: "realcompanhiavelha.pt"

 
Agostinho da Fonseca Meneres faleceria em 1926.



Como curiosidade, diga-se, que a “Real Companhia Vinícola do Norte” teria também o seu vinho do Porto da marca Victoria



“Funcionou de seguida, durante vários anos, como refúgio/albergue dos desalojados das casas demolidas junto às margens do rio Leça em Matosinhos e em Leça da Palmeira por causa da construção das Docas n.º 1 e n.º 2 do porto de Leixões, tendo aí nascido muitos matosinhenses.
Curiosamente, várias décadas depois e na sequência da descolonização de 1974/75, voltaria a desempenhar as mesmas funções em relação aos retornados das ex-colónias portuguesas em 1975.
1998: A Câmara Municipal de Matosinhos adquiriu o imóvel, em estado de abandono, por 4 milhões de euros (ou por 5 milhões em 2000?) tendo sido integrado no plano de urbanização de Matosinhos-Sul (anterior a 2006) da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira que pretendia nessa altura manter o edifício como pólo duma praça maior 'à espanhola' propondo-se a construção de equipamentos de turismo e lazer no edifício.
2008: Funcionaram neste imóvel oficinas e salas de aula de disciplinas Técnicas e Práticas dos cursos existentes então na Escola Secundária Gonçalves Zarco, devido às obras de reabilitação da escola.
01/07/2013: Este conjunto de 8 edifícios foi classificado como Monumento de Interesse Público pela Portaria n.º 431-B/2013, DR, 2.ª série, n.º 124 (suplemento) que também fixou a zona de especial proteção (ZEP) do monumento.
Outubro de 2014: O projeto de intervenção nesta antiga unidade fabril, da responsabilidade do arquiteto Guilherme Machado Vaz e resultante da proposta vencedora da QTCIVIL - ENGENHARIA E REABILITAÇÃO, S.A. no valor de €2 999 105, terá espaços para ateliers, biblioteca e auditório, acolherá a Orquestra de Jazz de Matosinhos num dos 8 blocos do edifício, terá uma praça ao ar livre para restauração e terá lojas que serão concessionadas; de acordo com a autarquia, o investimento estimado para a empreitada ronda os 3 180 milhões de euros”.
Com o devido crédito a Jorge Fernandes Alves, Professor catedrático da FLUP, In Revista da Faculdade de Letras, Porto, III Série, vol. 8, 2007, pp. 113-155


Instalações degradadas da Companhia Vinícola Portuguesa, antes da última reparação


Casa da Arquitectura - As instalações da Companhia Vinícola Portuguesa recuperadas - Ed. Lucília Monteiro