A Feitoria Inglesa é um edifício localizado Rua do Infante
Dom Henrique, antiga Rua dos Ingleses e que faz gaveto com a Rua de S. João.
O estilo neo-clássico deste edifício seria replicado no quartel de Santo Ovídio (Praça da República) e no Hospital de Santo António.
O estilo neo-clássico deste edifício seria replicado no quartel de Santo Ovídio (Praça da República) e no Hospital de Santo António.
Este edifício é um excelente testemunho da aliança
luso-britânica e do peso da comunidade britânica na cidade, grandemente
empenhada no comércio do Vinho do Porto.
A Feitoria Inglesa promove os grandes vinhos do Porto nomeadamente os vintages e mantém tradições seculares, marcantes para uma associação com mais de duzentos anos de existência.
A Feitoria Inglesa promove os grandes vinhos do Porto nomeadamente os vintages e mantém tradições seculares, marcantes para uma associação com mais de duzentos anos de existência.
Os seus associados britânicos, produtores de vinho do Porto, em anos de colheita que considerem vintage, por tradição, oferecem 144 garrafas desse néctar à Feitoria.
O termo “Feitoria” reporta a uma associação ou
estabelecimento de comerciantes ou empresários.
A mais antiga feitoria inglesa no Norte de país, datada do
século XVI, localizava-se em Viana do Castelo. O primeiro regulamento da
Factory House of Oporto surgiu em 1727.
Construída entre 1785 e 1790, de acordo com um projecto do
cônsul inglês John Whitehead, a Feitoria Inglesa é inspirada no estilo
palladiano, sendo a única Factory House que sobreviveu até à actualidade das
diversas que existiam em todo o mundo.
Na realidade, a Feitoria Inglesa da cidade do Porto deixou de existir, a partir de 1811, por decisão do governo português e inglês, após uma breve ausência, em virtude de as instalações terem sido ocupadas pelos invasores franceses, durante as campanhas napoleónicas.
Passou, então, a ser um Britsh Club e, depois, uma British Association. De qualquer dos modos, ficou para a posteridade como Feitoria Inglesa e, assim, continua a ser.
A fachada principal apresenta um aspecto neo-clássico,
distribuindo-se em quatro registos. O rés-do-chão é formado por sete arcos que
dão acesso a uma galeria exterior e à entrada do edifício. O andar principal é
formado por altas aberturas, com varandas e frontões. A frontaria remata com
uma platibanda, decorada por balaústres e festões.
O edifício compõe-se de uma cave (onde se localiza a adega), três pisos e umas águas-furtadas.
No interior, são de salientar a formosa escadaria, com a
respectiva clarabóia, a sala de baile e a monumental cozinha. Situada no último
andar, esta cozinha ainda conserva todo o equipamento original e a baixela
primitiva.
A Feitoria Inglesa dispõe, ainda, de uma vasta biblioteca, inaugurada em 1817 com 400 obras encomendadas a um livreiro londrino, mas, em fins do século XIX, já tinha 20.000 volumes e um
espólio notável, com mobiliário Chippendale, porcelanas e faianças de
qualidade.
Feitoria Inglesa
“O período mais
difícil na vida desta instituição, da comunidade inglesa instalada na cidade e
da própria cidade ocorreu aquando das invasões francesas em 1809, obrigando à
partida dos cidadãos britânicos, que só começariam a regressar em 1811. É desta
época o desaparecimento, ainda hoje não explicado, dos arquivos anteriores ao
período das invasões (de 1790 a 1809). Desde esta data e até ao presente
preservam-se todos os registos.
A feitoria pertence nos nossos dias a oito grandes casas/companhias inglesas produtoras e exportadoras de Vinho do Porto e o almoço das quartas-feiras continua a ser uma marca de tradição na vida da Feitoria.
A Feitoria Inglesa do Porto é a última "associação de mercadores" ingleses, de tantas que foram criadas por todo o mundo, que ainda existe.”
A feitoria pertence nos nossos dias a oito grandes casas/companhias inglesas produtoras e exportadoras de Vinho do Porto e o almoço das quartas-feiras continua a ser uma marca de tradição na vida da Feitoria.
A Feitoria Inglesa do Porto é a última "associação de mercadores" ingleses, de tantas que foram criadas por todo o mundo, que ainda existe.”
Fonte: “portopatrimoniomundial.com”
O presidente da Feitoria designa-se por Treasurer
(tesoureiro) e tem o apoio de um Management Committee (Conselho de
Administração) composto por cinco elementos, dos quais se destacam o past
Treasurer e o next year's Treasurer. A gestão diária da Feitoria fica a cargo
do Manager (gestor) que assegura o seu funcionamento e a execução das várias
actividades que ocorrem ao longo do ano.
O treasurer, que começou por ser escolhido entre os
mercadores ingleses que tinham a sua actividade na cidade, passou, pouco depois, a ser, obrigatoriamente, alguém ligado ao negócio do vinho do Porto, o que
ainda se mantem.
Em cumprimento de uma série de tradições, os wednesday lunches (almoços
de quarta-feira) da Feitoria Inglesa perdem-se nos tempos da aliança mais
antiga da Europa.
“No almoço de
quarta-feira, apenas os associados britânicos ou luso-britânicos se sentam com
direito nas 36 ou 38 cadeiras que rodeiam uma só mesa. A excepção são os
convidados das famílias.
Às 13h15 os
convidados alinham-se junto às cadeiras e normalmente os mais velhos são os
primeiros a sentar-se.
No final da
refeição, os portos vintage passam de mão em mão pela esquerda”.
In Jornal I
Anexa à sala de
refeições, existe uma outra, que constituiu uma réplica e, onde no final de cada
repasto, é servido o vinho do Porto. Entre as duas, existe uma separação por
porta, que se mantem fechada, para que os odores das refeições não a invadam e
o vinho do Porto possa ser apreciado, altura em que é também feita uma saudação
à rainha.
Os comensais
transitam de uma sala para a outra sentando-se precisamente no lugar
correspondente ao que ocupavam no repasto.
Salão de Baile – Fonte: “portopatrimoniomundial.com”
O Salão de Baile, que em tempos de proibição de culto funcionava, também, como capela, teria servido como modelo para o levantamento da Capela dos Ingleses, ao Campo Pequeno (Largo da Maternidade).
Sala de refeições - Fonte: “portopatrimoniomundial.com”
Cozinha antiga - Fonte: “restosdecoleccao.blogspot.pt”
No hall de entrada,
logo após a galeria exterior, estão colocados retratos com os nomes dos
tesoureiros desde 1811. Aí, se podem encontrar os nomes das mais influentes
famílias de origem britânica ligadas ao setor do vinho do Porto, perpectuados
nas actuais marcas de vinho do Porto: Churchill´s, Cockburn, Croft, Delaforce,
Fladgate, Forrester, Graham, Guimaraens, Robertson, Roope, Sandeman, Symington,
Taylor e Warre.
Ao fim de 300 anos
os tesoureiros foram sempre homens, mas, talvez fruto dos tempos, acaba por
ocupar o cargo desde 2017, Natasha Bridge.
Natasha, que também
é a primeira e única mulher com o estatuto de “full member”, é administradora
da Taylor’s (Fladgate Partnership) e a sua formação passou pela Análise
Sensorial, na Califórnia, e pelo Marketing, em Londres.
Visita de D. Manuel II e almoço na Feitoria em 1908 – Fonte:
“restosdecoleccao.blogspot.pt”
Outros símbolos da presença britânica, na cidade do Porto, são
o Oporto Cricket and Lawn Tennis Club, fundado em 1855 no Candal e a Oporto
British School que, fundada em 1894, é a mais antiga escola de estilo britânico
no continente europeu.
O Oporto Cricket Club sedeado na Rua do Campo Alegre nº 532,
foi fundado por homens de nome, como os Tait.
Em 1923, compraram os terrenos onde se situa o clube.
Em 1967, fundiu-se com o Oporto British Club e permitiu
expandir as instalações, que têm sido acrescentadas ao longo dos anos. Clube
inicialmente para britânicos, acolheu membros portugueses e doutras nacionalidades.
Em meados do ano 2025, os responsáveis pela Feitoria Inglesa indo ao encontro da curiosidade de muitos, que não fazendo parte da comunidade britânica se viam privados de conhecer tão valioso e histórico património, resolveram abrir as portas a quem quisesse percorrer um circuito museológico.
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