sexta-feira, 28 de julho de 2017

(Continuação 18) - Actualização em 28/05/2019 e 04/02/2021

 
Para lá do cruzamento com a Rua de Passos Manuel todo um mundo de comércio se nos deparava e continua a deparar.
 
 

Rua de Santa Catarina, em 1970 – Cortesia de JG Magalhães
 
 
 
Na caminhada pelo lado poente da rua, no sentido ascendente, na esquina das ruas de Passos Manuel e Santa Catarina, desde 12 de Outubro de 1946, e ainda de portas abertas, temos a “Ourivesaria Perfecta”.

 

 


Ourivesaria Perfecta – Fonte: Google maps

 


Continuando a caminhada, desde meados do século XX, esteve sedeada, no nº 117, a loja de electrodomésticos e discográfica “Arnaldo Trindade” e, ainda, desde uns anos antes, no nº 123, a papelaria "Papélia", que rivalizava com uma outra, sua vizinha, no n.º 103, sucursal da Araújo & Sobrinho e a papelaria "Nicola", situada mais a montante da rua.

 
 
 

Papelaria Papélia, c. 1938

 
 
Na foto, acima, observa-se a Papelaria Papélia e o stand da Renault exibindo na montra o Renault Juvaquatre com carroçaria "hatchback" (começado a produzir, em 1937, com o modelo de 3 portas) modelo familiar de 5 portas. Este modelo viria a ser substituído, em 1953, pelo Renault 4CV conhecido em Portugal como "Joaninha".
A papelaria Papélia, que teve instalações renovadas e inauguradas em 7 de Junho de 1953, daria lugar, actualmente, à firma Ponte das Artes.


 

“Ponto das Artes”, na Rua de Santa Catarina, nº 125



A montante do Stand da Renault no nº 135, era a Sapataria Danilo (faziam sapatos por medida) e, no nº 141, a Farmácia Souza Soares, que continua de portas abertas.
Continuando, encontramos hoje a Confeitaria Império, inaugurada em 1941 e, a poucos metros, a Confeitaria Mengos, inaugurada em 1977, e que substituiu nesse local o Pomar de Santa Catarina, inaugurado em 1933, que atraía a curiosidade dos portuenses por apresentar algumas peças de caça (perdizes e lebres) penduradas na sua entrada.

 
 

Rua de Santa Catarina, em 1941
 
 
 
 
Na foto acima, observa-se, em primeiro plano, uma nesga de uma farmácia, seguindo-se as instalações da Confeitaria Império e, do outro lado da entrada do prédio, o Pomar de Santa Catarina.
Nesse prédio, no rés-do-chão, aconteceria na madrugada do dia 13 de Janeiro de 1956, um grande incêndio que afectou a Camisaria High-Life a Confeitaria Império e o Pomar de Santa Catarina, tendo os Sapadores Bombeiros, que ocorreram a combater as chamas, salvado "in extremis", dos andares superiores, sete adultos e três crianças. Após esse incêndio, a agremiação "Casa da Beira Alta", fundada, precisamente, em 1956, com o contributo dos associados, adquiriu o prédio e, por aí, se instalou até ao presente. 
No dia 26 de Abril de 1964, o 8.º aniversário da agremiação foi comemorado durante um jantar que reuniu dezenas de beirões, que foram recebidos e saudados pelo seu presidente de direcção, o Dr. Adriano Vasco Rodrigues, distinto historiador que, após a revolução de 25 de Abril, teve uma incursão breve pela política.




A Casa da Beira Alta, em dia de festa


Na foto acima, ao centro, onde está o Restaurante Porto Douro, esteve a Camisaria High Life.
Em 1951, numa sala dos andares superiores foi instalado a "ONDA" (Organização Nacional de Divulgação Artística) fundada nesse ano por Alexandre Tavares da Fonseca, destinada à elaboração de trabalhos fotográficos.
A Camisaria High Life tinha uma outra loja, na Rua dos Clérigos, n.º 19, dedicada às crianças, que reabriria depois de obras em 22 de Março de 1952.



Camisaria High-Life, na Rua dos Clérigos




Na primeira metade do século XIX, os terrenos a poente da rua, nomeadamente, onde mais tarde foi erguido o Grande Hotel do Porto eram, sobretudo, quintas e terrenos lavradios pertencentes à grande empresária D. Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha do vinho do Porto.
O Grande Hotel do Porto inaugurado em 27 de Março de 1880 é um dos hotéis de maior prestígio da cidade, e nasceu por vontade de Daniel Moura Guimarães, que foi para o Brasil com 17 anos e regressou rico, ao Porto, em 1867. Aqui chegado, desafiou o arquitecto Silva Sardinha para projectar um hotel de referência na cidade.
O quarteirão entre o que são hoje as ruas de Santa Catarina, Sá da Bandeira, Passos Manuel e Formosa pertencia a Francisco da Cunha Magalhães e a D. Antónia Ferreira.
Os terrenos onde foi levantado o Grande Hotel do Porto, pertenceram a D. Adelaide Ferreira, vulgo a “Ferreirinha” da Régua que tinha uma casa apalaçada no local que viria a ser o chão do hotel.
A luxuosa unidade hoteleira foi sempre escolhida pela nata da sociedade de então.
Assim, quando o imperador D. Pedro II e sua mulher, a imperatriz Teresa Cristina Maria, vieram exilados para a cidade do Porto, em 1889, aquando da implantação da República no Brasil, foi no Grande Hotel do Porto, na Rua de Santa Catarina que se hospedaram e, num dos seus quartos, que a imperatriz morreu na manhã do dia 28 de Dezembro de 1889.
Eça de Queirós era seu hóspede frequente, e o Duque de Windsor também aqui esteve, e tem sala com o seu nome. 
Aqui, também seria preso o primeiro-ministro Afonso Costa, em Dezembro de 1917, aquando do golpe de estado de Sidónio Pais e onde se alojaram Gago Coutinho e Sacadura Cabral, alguns meses após a sua travessia do Atlântico Sul, e foram alvo de uma manifestação de carinho popular, por parte da população, a 4 de Dezembro de 1922.



Grande Hotel do Porto na homenagem aos aviadores 


Terraço do Grande Hotel do Porto 




À direita, o Grande Hotel do Porto e, à esquerda, a Camisaria Confiança, em 1899





Junto do Grande Hotel do Porto nasceria a "Bela Jardineira" que, mais tarde, passaria a Camisaria Confiança.
Como “caixa” da famosa Camisaria Confiança, lá trabalhou, durante uns tempos, o pintor Amadeo de Souza-Cardoso, nascido em Manhufe, Amarante, e falecido prematuramente aos 30 anos.
O fundador da “Camisaria Confiança”, António José da Silva Cunha era um republicano de Vila Meã, Amarante que foi vereador da câmara do Porto, e fundador do Centro Democrático do Norte e do Clube Fenianos Portuenses.
A primeira denominação da camisaria onde chegaram a trabalhar diariamente mais de mil operárias foi de, “Bela Jardineira”, tendo sido levantada no local de um outro edifício, entretanto demolido, onde funcionou o Teatro de Santa Catarina.
Em 1883, a camisaria começou por ser uma modesta indústria para fazer face a uma necessidade do mercado nacional e, em 1894, depois de um grande esforço de modernização, em maquinaria, é inaugurada a “Fábrica Confiança”, cujo edifício teve o traço do arquitecto Joel da Silva Pereira (1861-1899). Este projectista, que cursou na Escola de Belas-Artes de Paris, após retornar à cidade em 1890, faria uma exposição dos seus trabalhos no Ateneu Comercial.


 
 

In “Jornal do Porto” de 30 de Agosto de 1890
 
 
 
“Em 1883, António Silva e Cunha instalou na Rua de Santa Catarina, um pequeno estabelecimento comercial de camisas e roupa branca, lançando as base para a confeção de roupa branca, progredindo pouco a pouco e ampliando as suas instalações, adquirindo as mais modernas máquinas, para em 1894 inaugurar a “Fábrica Confiança”. A primitiva “Camisaria Confiança” ocupava o estabelecimento de vendas e oficinas anexas. Estava localizada ao lado do Grande Hotel do Porto. Nesta fábrica trabalharam cerca de mil mulheres, que com o seu trabalho nas 125 máquinas de costura movidas a eletricidade produzida por uma central a vapor, permitiram conquistar o mercado do ultramar português e brasileiro.
Numa área de 1300 metros quadrados, a fábrica dividia-se nas seguintes secções: ateliers de corte; ateliers das costureiras; lavandaria com secador a vapor; oficina de brunis; ateliers de roupa branca para homem e em especial para roupas de senhora e criança; fabrico de caixas de cartão e finalmente, o luxuoso e vasto salão de vendas”.
Fonte: “gisaweb.cm-porto.pt/”


Em 1896, Aurélio Paz dos Reis realizou nesta rua, aquele que é considerado o primeiro filme do cinema português, a “Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança”, cujas instalações eram contíguas às do Grande Hotel do Porto.
Há quem diga, porém, que o pioneiro do cinema é, todavia, Francisco Pinto Moreira que, em 1896, se antecipou uns meses a Aurélio Paz dos Reis.



Cartaz publicitário da Fábrica Confiança em 1894


Fábrica Confiança


Loja de exposição e de vendas da Camisaria Confiança


Instalações fabris da Fábrica Confiança na retaguarda da loja


A área ocupada pela Fábrica Confiança estendia-se até à actual Rua do Ateneu Comercial do Porto (Travessa de Passos Manuel).
 
 
 

Armazéns da Fábrica Confiança na Travessa de Passos Manuel, c.1916
 
 
 
Na foto acima observa-se, na Travessa de Passos Manuel (Rua do Ateneu Comercial do Porto), o edifício que servia como armazéns da Fábrica Confiança, sujeito a obras de restauro em 1902, para reparação dos estragos provocados por um incêndio.



Publicidade em 1910


Rua de Santa Catarina, junto da Fábrica Confiança




Rua de Santa Catarina, em 1925




O sucesso da “Confiança” manter-se-ia por todo o século XX, com a loja a tornar-se ponto de encontro incontornável para quem visitava a baixa portuense, até porque, passou, a partir de certa altura, a ter outras valências, como salão de chá. Entretanto, a fábrica já tinha sido há muito encerrada.



A "Confiança", em pleno século XX, com estas novas instalações inauguradas por intervenção dos arquitectos António Vinagre e Guilherme Corte Real, em 9 de Maio de 1953



Nas últimas décadas do século XX, as instalações da "Confiança", passaram a ser mais uma loja da marca "Tito Cunha" e, desde há alguns anos, uma loja da cadeia Benetton.

 
 

Loja Benetton – Ed. JPortojo (2013)




Depois de passarmos o Grande Hotel do Porto, na esquina da Rua de Santa Catarina com a então denominada, Travessa do Grande Hotel (antes Viela das Pombas), encontrávamos a Grande Confeitaria Parisiense no nº 167/171, de Bastos Lemos Faria & Pedroso.
Este foi o local onde existiu a Fonte das Pombas e onde esteve também a Papelaria Progresso, agora em cave do mesmo prédio com entrada pela Rua de António Pedro. Presentemente funciona lá, uma loja de comércio de roupa interior.




Papelaria Progresso no seu local de instalação primitivo




Grande Confeitaria Parisiense




Interior da Grande Confeitaria Parisiense




A Grande Confeitaria Parisiense era aqui - Ed. MAC




Papelaria Progresso actualmente – Ed. JPortojo



Voltando atrás, pela direita, no sentido ascendente da rua, após passarmos o café Majestic, encontramos a loja da Zara onde, antes, esteve o stand da firma C. Santos, representante da Mercedes, a que se seguia, bem na primeira metade do século XX, sucessivamente, a Camisolândia (Rua de Santa Catarina, nº 180), a Camisaria Inglesa e a Casa das Camisas.

 
 

Camisolândia, Camisaria Inglesa e Casa das Camisas, em 1938

 
 
O prédio que tem como guarda o lampião é onde hoje está a loja da Zara.


 

Loja da Zara – Fonte: JPORTOJO
 
 
 
Ao aproximarmo-nos da Rua Formosa, no nº 206 da Rua de Santa Catarina, deparamo-nos com a casa onde nasceu em 1 de Agosto de 1828, o escritor Arnaldo Gama. 






Casa onde nasceu e viveu Arnaldo Gama – Ed. J Portojo




Casa onde nasceu e viveu Arnaldo Gama



Uns metros mais à frente, na esquina das ruas de Santa Catarina e Formosa, durante muitos anos, estiveram os "Armazéns da Beira".





"Armazéns da Beira"




Na viagem que começamos na Praça da Batalha já encontrámos, então, a Rua Formosa, que começou a ser aberta por iniciativa do Corregedor João de Almada e Melo em 1784.
Antes e só junto ao mercado do Bolhão, existia a desaparecida Viela do Enforcado em memória de um galego que tinha morto a sua patroa para a roubar e tinha sido executado junto da casa dela.
Na zona desapareceram vários outros topónimos curiosos como Campo da Cavada e Campo da Manada.




Local do Liceu Central contíguo a prédio na esquina - Ed. MAC




No edifício da foto acima, após cruzarmos a Rua Formosa, esteve o Liceu Central do Porto ou Liceu Portuense e, ainda, alguns departamentos do ministério das Obras Públicas.
No edifício da última foto funcionou, na segunda metade do século XIX, o Liceu Central do Porto onde leccionou Antero Quental.
O referido Liceu Central do Porto ou Liceu Portuense, foi inicialmente instalado na Academia Politécnica e, aí funcionou, entre 1840 até 1862 e esteve depois instalado, num edifício da Rua de Entreparedes, entre 1884 e 1887, onde já tinha funcionado a Companhia Vinícola e viria a funcionar o Instituto Comercial e ainda, o Instituto de Contabilidade e Administração do Porto.
O liceu Central esteve também aqui, entre 1866 e 1879, no edifício da Rua de Santa Catarina, onde viria a funcionar a repartição de Obras Públicas e passaria, ainda, pela Rua de S. Bento da Vitória, onde hoje se encontra Polícia Judiciária.
Para aqui, tinha vindo da Rua Formosa onde esteve entre 1861e 1866.
Entre 1878 e 1884, o Liceu Central do Porto funcionou no Palacete do Cirne ou Casa do Poço das Patas.
A partir de 1906, o liceu foi dividido em dois. Um para a zona oriental da cidade e outro para a ocidental.
O edifício adossado ao do antigo liceu, na esquina, chegou em tempos (1891), a ter no seu rés-do-chão o Café Lusitano e, no 1º andar uma agremiação de cariz republicano. Teria sido entre aquele andar e o café que foi congeminada a revolta de 31 de Janeiro de 1891, sendo que esses locais foram muito frequentados por Alves da Veiga. 
Depois, nos baixos deste prédio e durante algumas décadas, estiveram os "Armazéns Bacelar" com actividade comercial no ramo têxtil.
Um pouco mais adiante, no sentido ascendente, encontra-se o centro comercial Via Catarina do grupo Sonae, inaugurado em 1996, após uma das maiores intervenções urbanísticas da zona, conservando a fachada da antiga sede do jornal portuense “O Primeiro de Janeiro”, é um edifício de destaque no percurso encetado.
Este jornal veio para este edifício em 1921, tendo sido fundado em 1868 inspirado na revolta a Janeirinha ocorrida cerca de um ano antes, a 1 de Janeiro.
A 1 de Janeiro de 1868, nasceu o jornal “A Revolta de Janeiro” lançado por António Augusto Leal. Suspenso em 31 de Agosto, reabriu em 1 de Dezembro com o nome “O Primeiro de Janeiro”. Em 1870, dá-se o grande salto, passando a dispor de boas instalações na Rua de Santa Catarina, em prédio pertencente a Inácio Pinto da Fonseca.



Instalações na Rua Santa Catarina do Jornal “O Primeiro de Janeiro”



Um pouco mais acima do jornal ficava, antes ainda da Capela das Almas, a famosa e histórica sapataria “Branca de Neve” com calçado para crianças que tinha um mini carrocel para fazer as delícias da pequenada.
Presentemente, na Rua de Fernandes Tomás, nº 822, teve uma breve passagem pela Rua de Santa Catarina, nº 304.




A Sapataria Branca de Neve no seu local primitivo



A Branca de Neve no seu novo poiso, na Rua de Fernandes Tomás



A Capela de Santa Catarina ou das Almas, na esquina da Rua de Santa Catarina com a Rua de Fernandes Tomás, construída nos inícios do século XVIII, é um perfeito ex-libris da cidade. Revestida de azulejos, de Eduardo Leite, de 1929, é já um verdadeiro ícone da cidade.





Capela das Almas



Entre a Capela das Almas e a Rua Gonçalo Cristovão, é merecedora de destaque uma padaria histórica da cidade depois, confeitaria, inicialmente, situada bem perto daquela capela e, depois, em instalações do lado oposto da rua.



Padaria Cunha, nos nºs 489-493




Um pouco mais à frente, à direita, surge a Rua Firmeza, que tomou este nome a partir de 1835, numa alusão às lutas do Cerco do Porto.
Acontece que, até Abril de 1851, essa confluência fazia-se por intermédio de uma escadaria de pedra, já que a Rua Firmeza apresentava-se numa cota mais elevada, assentando essa zona de terreno numa pequena pedreira. Na data citada, foi dada a ordem de regularização do terreno e uma ladeira substituiu a referida escadaria.
Um pouco mais acima, continuando pela Rua de Santa Catarina, no sentido ascendente, surgia, à esquerda, o caminho que conduzia ao Largo de Fradelos.
Por esta zona, em pleno século XX, ainda sobravam algumas das velhas ilhas que povoaram o local.


 

Ilha no nº 675 da Rua de Santa Catarina, em 1942


Por iniciativa de João de Almada e Melo de 1784, a Rua de Santa Catarina seria prolongada a partir da Rua Gonçalo Cristovão, mais propriamente desde as proximidades do Lugar de Fradelos até à Alameda da Aguardente, hoje Praça do Marquês de Pombal.
A este prolongamento se deu o nome de Rua Bela da Princesa



Na estratégia dos Almadas de reorganizar as vias de acesso à cidade entre 1774 e 1779 foi aberta uma rua que partia da Batalha até ao sítio de Aguardente, uma rua em dois tramos e que ligava a cidade intra-muros com a estrada de Guimarães.
Ao primeiro tramo da rua foi atribuído o nome de Rua de Santa Catarina.
De acordo com o desenho de embelezamento da cidade foi desenhado e aprovado em 1778 o projecto de Francisco Pinheiro da Cunha para os alçados desse primeiro troço.
O tramo norte da rua aberto a partir da sua aprovação em 1784 foi inicialmente designado por Rua da Boa Hora (1802) mas em 1807 passou a chamar-se de Rua Bella da Princeza.
Rua Bella já que pertencia ao plano de Embelezamento da cidade e da Princeza já que Carlota Joaquina se casou no ano seguinte (1785) com o Príncipe D. João (1767-1826).
Não cumpre aqui fazer a biografia de Carlota Joaquina, mas de facto a Princesa da Rua Bella era Carlota Joaquina Teresa Cayetana de Borbón y Borbón (1775-1830), casada quando tinha apenas dez anos, com o príncipe D. João que se tornaria príncipe herdeiro em 1788, por morte de seu irmão primogénito D. José.
O casamento foi realizado em simultâneo com o casamento da infanta portuguesa D. Mariana Vitória Josefa (1768-1788) com o filho do rei de Espanha Carlos III (1716-1788) D. Gabriel António Francisco Xavier de Bourbon (1752-1788), em Março/Abril de 1785.
Mas só entre 11 e 29 de Junho desse ano se realizam na cidade do Porto os festejos comemorativos do duplo consórcio, promovidos pelo Corregedor e Provedor da Comarca do Porto, Francisco de Almada e Mendonça (1757-1804) o que poderá explicar a atribuição do nome da rua.
D. João em 1799 pela interdição de sua mãe D. Maria I tornou-se oficialmente Príncipe Regente (o que de facto já vinha acontecendo desde 1792) e em 1816, com a morte da rainha, torna-se Rei de Portugal com o nome de D. João VI até à sua morte em 1826.
Carlota Joaquina era filha do rei de Espanha Carlos IV (1748-1819) e de D. Maria Luísa Tereza de Parma e Bourbon (1751-1819). O casamento de conveniência correspondeu a uma aliança entre os dois reinos num período em que para além das disputas de territórios coloniais entre os dois reinos, de França chegavam notícias de convulsões políticas e sociais que eclodiriam na Revolução Francesa.
E se a jovem princesa era retratada (por conveniência?) de uma forma simpática, na realidade de belo, como a Rua, pouco ou nada tinha”.
Com a devida vénia a Ricardo Figueiredo



Rua Bela da Princesa em 1833 (planta da cidade do Porto, publicada por Baldwin & Cradock em Londres, 1833)




De notar no mapa acima o troço da Rua do Bonjardim passando nas Musas e Bairro Alto e, ainda, a antiga Rua do Bolhão (hoje, e desde 1835 Fernandes Tomás) e Fradelos.




Rua Bela da Princesa (colorida) na planta de Perry Vidal 1844/65




Planta de Teles Ferreira, em 1892



Na planta acima, de 1892, a Rua Bela da Princesa (desenvolve-se na vertical vendo-se, à esquerda, o Largo da Fontinha) é já denominada Rua de Santa Catarina, desde a Praça da Batalha até à Praça do Marquês de Pombal. A uniformização dos dois topónimos, neste percurso, tinha já ocorrido em 1860.
E, eis-nos chegados à Praça do Marquês de Pombal, depois de ter deixado para trás, pela esquerda, a Rua de Gonçalo Cristovão e, após alguns metros, pela direita, a Calçada do Luciano que, hoje, é a Rampa da Escola Normal.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

(Continuação 17) - Actualização em 01/12/2017, 06/09/2018 e 21/11/2020




Na “Toponímia Portuense” de Eugénio Andrea da Cunha Freitas pode ler-se:


“No ano de 1662, havia em Fradelos uma quinta que era senhorio directo o Dr. João Freire de Melo, com uma capela de invocação de Santa Catarina Martir. Essa quinta partia de banda de nascente “com o caminho que vai de Fradelos para a Porta de Cima de Vila”. Este caminho é o mais remoto antepassado que conhecemos da actual Rua de Santa Catarina… Já designada Rua Nova de Santa Catarina a encontramos mencionada em certo documento da Misericórdia em 1748. No Plano de Urbanização proposto por João de Almada e Melo em 1784, inclui-se o prolongamento da rua até à Aguardente (hoje Praça Marquês de Pombal). A este novo troço da artéria se chamou Rua Bela da Princesa… Também por urbanizar estavam todos os terrenos compreendidos entre Santo António, Santa Catarina, a viela da Neta e a das Pombas (onde está hoje o Grande Hotel do Porto). Eram quintas e terrenos pertencentes a D. Antónia Adelaide Ferreira, a “Ferreirinha”, e a Francisco da Cunha Guimarães, onde mais tarde se rasgaram as ruas de Sá da Bandeira e Passos Manuel.”



A Rua de Santa Catarina é um arruamento situado nas freguesias de Santo Ildefonso e Bonfim que, viria a substituir um caminho que do sítio de Fradelos rumava à Porta de Cima de Vila, já na segunda metade do século XVIII.
É a artéria mais comercial da baixa do Porto, estando grande parte dela hoje vedada ao trânsito automóvel, e reservada apenas a peões.
A rua foi buscar o seu nome inicialmente à capela existente em Fradelos do Dr. João Freire de Melo, de invocação de Santa Catarina Mártir e reforçou-o com o aparecimento da chamada Capela das Almas, também da invocação de Catarina de Alexandria ou Santa Catarina Mártir.
Foi rasgada através de uma quinta enorme conhecida como Quinta do Adro ou Casal do Adro. Uma das mais importantes parcelas da quinta era o Campo da Nogueira que confrontava a poente com a viela que ia para a Fonte da Neta.
A primeira iniciativa para a urbanização da Quinta do Adro surgiu em 1706 por intermédio do bispo D. Frei José de Santa Maria.
A abertura duma nova artéria, só se dá, no entanto, 65 anos depois pela mão do bispo D. Frei Rafael de Mendonça, e começou por se chamar Rua Nova de Santa Catarina.




Gravura com vista para a torre dos Clérigos a partir de Santa Catarina



Em finais do século XVIII também se falava por estas bandas, na Quinta do Pinheiro.
Era uma enorme propriedade rural que já existia com aquela designação em 1774. Tinha o seu começo junto à igreja de Santo Ildefonso e estendia-se a Nascente pelo sítio da actual Rua de Santa Catarina, até à antiga Travessa do Grande Hotel, hoje Rua de António Pedro e por Poente confrontava com o que é hoje a Rua de Sá da Bandeira.
Consta de uma antiga descrição que a Quinta do Pinheiro:


"era uma propriedade toda cercada de muro com terras de lavradio, hortas, árvores de fruta e de vinho, suas ramadas e uma fonte; parte de nascente com a Rua de Santa Catarina e de poente com o cano da água que vai para as religiosas de S. Bento (convento de S. Bento da Ave-Maria, onde agora está a estação ferroviária de S. Bento); e do norte com o caminho que vai para a Viela da Neta (actual Rua de Sá da Bandeira, junto ao Bolhão)”.



Antes da Rua Nova de Santa Catarina ter existência, o caminho que da Batalha partia para Norte, começou por se chamar Viela dos Matos e depois Viela do Adro e partia nesses tempos recuados da Batalha, e passava pela Viela das Pombas (Travessa do Grande Hotel ou mais recentemente Rua António Pedro).
Da Viela dos Matos, que corria quase paralela à actual Rua de Santa Catarina, fazia parte a actual Travessa das Almas que corre nas traseiras da capela com o mesmo nome e a actual Travessa de S. Marcos que fica um pouco acima daquele templo.
A Travessa das Almas foi, assim, em tempos Viela dos Matos e também se chamou Viela do Adro
Um curioso caminho de acentuado declive que liga a Travessa das Almas a Santa Catarina, antes da se chegar à Rua Firmeza, é a Travessa de São Marcos que em tempos era a Viela da Coelheira e que a partir de 1814 foi Travessa de S. Marçal.
A Travessa de S. Marçal julga-se que se estendia e, corria também, pela actual Rua de Alexandre Braga, e dela, hoje, resta apenas um pequeno troço, apelidado de Beco de S. Marçal.
Aquela Travessa de S. Marçal começaria assim, junto da Viela da Neta onde hoje entroncam a Rua de Sá da Bandeira e a Rua Formosa, seguia em curva, passava junto ao que é hoje o Beco de São Marçal e tomava a direcção da Viela das Laranjeiras, chamada actualmente Travessa de S. Marcos e, a partir da Travessa das Almas para cima, continuava pela Viela do Preto, que se estendia até às propriedades dos padres congregados no Monte dos Congregados.
Em 1846 existia ainda a denominada Viela do Ribeiro, que comunicava com a Rua de Santa Catarina pela Viela das Laranjeiras.




Planta de Joaquim da Costa Lima em 1839, junto ao mercado do Bolhão

Legenda:

1- Rua do Bonjardim
2- Rua Formosa
3- Rua de Santa Catarina
4- Viela das Pombas
5- Travessa da Rua Formosa
6- Viela da Neta
7- Viela dos Tintureiros
8- Viela da Coelheira
9- Rua Nova de S. Marçal ou Rua de Santo António do Bolhão
10- Actual Rua do Bolhão


Na planta acima com o nº 15, entre a Rua Fernandes Tomás e a Rua Formosa, ficava na Rua de Santa Catarina, a Fábrica do Sabão no local hoje ocupado pelo espaço comercial, Via Catarina.



Planta da zona do Bolhão de Baldwin & Cradock - 1833

Legenda:

1- Troço da Travessa de S. Marçal (Rua Alexandre Braga)
2- Viela da Coelheira
3- Viela da Neta
4- Fradelos
5- Praça Nova
6- Viela do Anjo da Guarda
7- Rua do Bispo

Obs: Como se pode ver na planta de 1833, a rua que passava nos terrenos a norte do que viria a ser o Mercado do Bolhão (a decisão da sua implantação é de 1837) era a Rua do Bolhão, pois, o topónimo Fernandes Tomás ainda não lhe tinha sido atribuído.


O Beco de São Marçal tem esta designação em virtude de um oratório ou nicho que aí existiu de invocação daquele santo, perto de uma abundante nascente. Por isso, também aí existiu a Travessa do Rio que, em 1850 foi vedada ao trânsito.
A Rua Fernandes Tomás no troço entre a Rua Santa Catarina e a Rua do Bonjardim chamava-se em 1801, Rua Nova de São Marçal, depois foi Rua Santo António do Bolhão e mais tarde Rua do Bolhão.




Cruzamento da Rua Fernandes Tomás com Santa Catarina. Ao fundo, a Igreja da Trindade



Mesmo cruzamento em 1927



Perspectiva actual de foto anterior



Rua de Santa Catarina junto à Praça da Batalha 





Vista actual e aproximada de foto anterior – Fonte Google maps



Por comparação das últimas fotos se conclui, que até ao actual edifício das Galerias Paladium, os prédios são os mesmos, dotados dos respectivos melhoramentos.




Próximo da linha do horizonte uma fiada de casas da Rua de Santa Catarina e os seus quintais c. 1865



Na foto acima obtida a partir da Torre dos Clérigos, é visível a igreja dos Congregados e uma nesga da Rua de Santo António.



Rua de Santa Catarina no carnaval de 1905, sensivelmente no mesmo local de penúltima foto



O local da foto anterior já com a ourivesaria Reis - Fonte: Google Maps



Na penúltima foto é interessante verificar que a fachada característica da Ourivesaria Reis ainda não existia.
É digno de destaque nesta rua as fachadas Arte Nova da Livraria Latina e da antiga Ourivesaria Reis & Filhos, localizadas à entrada da rua vindo da Praça da Batalha, à direita e à esquerda, respectivamente, nas fotos seguintes.



Ourivesaria Reis (já encerrou)



Livraria Latina e busto de Camões no ângulo das fachadas



Em 15 de Fevereiro de 1942 ocorre a inauguração da Livraria Latina, no cimo da Rua 31 de Janeiro. O busto de Luís de Camões na fachada, que chama a atenção dos turistas, foi encomendado por 700 escudos ao então jovem artista António Cruz, que mais tarde ganhou notoriedade como aguarelista do Porto, para conferir um toque de originalidade ao estabelecimento.
Sobre a livraria Latina, JPortojo diz-nos:


“Henrique Perdigão, avô, foi o fundador. Morreu durante uma viagem ao Brasil em 1944 sucedendo-lhe o filho Mário, o neto Henrique e hoje, presumo, faz parte do Grupo Português Leya.
A Latina foi a primeira empresa em Portugal a criar um concurso literário com o prémio de 3 mil escudos. Foi seu vencedor o Professor Hermano Saraiva tendo cabido uma das menções honrosas a Fernando Namora”.



Em 1911, à entrada da Rua de Santa Catarina (foto pintada)




Acima vê-se o mesmo local da foto anterior mas mais antiga ainda sem a Livraria Latina e o busto de Camões no cunhal do prédio, que só apareceram a partir de 1942.




A livraria Latina ainda não existia em frente à ourivesaria Reis



Perspectiva idêntica às das fotos anteriores, sendo o obelisco, que apenas seria retirado em 1920, visível


Na foto acima pode ver-se o início da Rua de Santa Catarina e, à direita, o antigo acesso à igreja.



A escadaria da foto anterior desapareceu para dar lugar a lojas



Mais à frente (lado nascente), no cruzamento das ruas de Santa Catarina e Passos Manuel, encontrava-se o estúdio de fotografia Alvão.




Foto Alvão em 1913



O famoso estúdio fotográfico Alvão situava-se na Rua de Santa Catarina, na esquina com Rua Passos Manuel (começada a abrir, pelos anos de 1874-77) e que, por isso, cortou parte da Viela da Neta e da Quinta de Lamelas.
Para lá daquele cruzamento, ainda durante parte da segunda década do século XX, a primeira trintena de metros mostrava um recuo da fachada dos prédios, relativamente ao eixo da via formando, nesse local, como que um pequeno largo.



A Foto Alvão e, à direita, o Café Majestic, com as fachadas dos prédios respectivos já situados no novo alinhamento



Na Rua de Santa Catarina, ainda podemos desfrutar (desde 1921) do Café Majestic, que começou por se chamar Elite, e é um dos principais pontos turísticos da rua.
Foi o local de reunião da fina-flor da intelectualidade portuense, nomeadamente de Leonardo Coimbra e seus discípulos.




Café Majestic 



Interior do café Majestic nos anos 20 – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”




Ainda, no cruzamento da Rua de Santa Catarina com a Rua de Passos Manuel, mas do lado poente, encontravam-se as Galerias Palladium em projecto de 1914 do arquitecto Marques da Silva, construído para albergar os Armazéns Nascimento, e cujo edifício hoje, encerra diversos estabelecimentos comerciais, depois de, durante os anos 40 a 70 do século XX, ter albergado o Café Palladium. 
Este café abriria em 1940, num espaço inaugurado em 1927, que inicialmente se destinou aos Grandes Armazéns Nascimento, com o objectivo de vender no Porto, os móveis construídos na fábrica que António Nascimento possuía no Freixo e com sede na Rua de Ferreira Borges.
Antes, há conhecimento que, António do Nascimento & Filhos teve instalações na "Marcenaria Nascimento", sita no Largo se Santa Clara (Rua de Saraiva de Carvalho), em prédio onde tinha estado, no ano de 1993, em trânsito, o "Asilo do Terço". Para melhoria das instalações, em 1913 e 1917, a sociedade solicita à Câmara do Porto as devidas autorizações, para a morada do Largo de Santa Clara.
Parece evidente que algumas moradas, onde António do Nascimento & Filhos exerceu a actividade,  coexistiram.




Publicidade em 1922



“ (…) António do Nascimento e o seu irmão Venâncio, naturais de Trás-os-Montes, instalaram-se no Porto no início da segunda metade do século XIX, tendo o primeiro inaugurado em 1877 (13 de Junho) um estabelecimento de marcenaria e loja de mobiliário, na rua da Ferraria de Baixo. Com o desenvolvimento dos negócios, as instalações da firma transitaram sucessivamente para a rua Ferreira Borges e, em 1927, para a rua Passos Manuel. No início da década de '20, a firma "António do Nascimento e Filhos" encontrava-se numa excelente situação económica, como o comprova o facto de dois anos antes ter adquirido a fábrica de marcenaria mecânica a vapor "A Económica" - ainda segundo António Cardoso, ao engenheiro Raul Tavares Bastos -, o que lhe possibilitava o fabrico de mobiliário, a partir de então, em grande escala, transformando-se deste modo num importante empório comercial e industrial. Na publicidade com que nessa época se apresentava, reclamava constituir "a mais importante fábrica de móveis da península, e o maior estabelecimento de estojos, papéis pintados, decorações, oleados e faianças artísticas". Salvaguardando o possível exagero publicitário, não há dúvida que os Armazéns Nascimento e, principalmente, a sua fábrica "A Económica", apresentavam uma enorme capacidade de produção, investindo igualmente na qualidade do mobiliário que fabricavam, não sendo portanto de estranhar que algumas das mais importantes entidades e empresas nacionais contratassem os seus serviços para mobilar e decorar as respectivas instalações”.
Após um pavoroso incêndio ocorrido em finais de 1934 que destruiu os armazéns e a fábrica da rua do Freixo, a empresa nunca mais seria a mesma. Apesar das instalações fabris terem sido de imediato reconstruídas (…), o certo é que em finais de 1939 a firma se vê obrigada a vender o imóvel de Santa Catarina.
Com a devida vénia a José Manuel Lopes Cordeiro 




Em 31 de Agosto de 1890, o “Jornal do Porto” na sua página 2, dava conta de que no dia anterior tinha ocorrido a abertura de um estabelecimento de móveis, na Rua do Bonjardim, próximo da Rua do Estevão, da firma "Venâncio do Nascimento & Filho"e, mesmo defronte, do outro lado da rua, num prédio mandado restaurar por António Bernardo Ferreira, o filho da Ferreirinha, haveria de ter o seu armazém.



Publicidade a Venâncio do Nascimento & Filho, em 1908




É um facto, que os dois irmãos, oriundos de Trás-os-Montes, tiveram percursos comerciais distintos.



Localização de armazém de Venâncio do Nascimento & Filhos, no Largo do Bonjardim, n.ºs 155-159 (Largo Tito Fontes), que obteve a licença de obra n.º 52/1914, para execução de obras



No dia 21 de Março de 1919, era publicitado que a firma Venâncio do Nascimento & Filho tinha sido escolhida para fornecer as mobílias que haveriam de servir nos aposentos do Palácio da Bolsa que se destinavam ao alojamento do Presidente da República na sua próxima visita ao Porto. Cumpria, à data, o seu mandato, entre 16 de Dezembro de 1918 e 5 de Outubro de 1919, João do Canto e Castro.
Em 1944, a firma Venâncio do Nascimento & Filho, Sucessores já estava localizada na Rua de Antero de Quental, para onde solicitava uma licença de obra (n.º 57/1945), com projecto do arquitecto Júlio José de Brito (1896-1965).
Por outro lado, o projecto (1914) do empreendimento encomendado por  "António do Nascimento & Filhos", na Rua de Santa Catarina, foi do arquitecto Marques de Silva, começado a executar em 1916 e, à data da inauguração, em 1927, já António Nascimento tinha falecido.




Inauguração dos Armazéns Nascimento em 13 de Junho de 1927





Nas amplas montras do edifício, passaram então, a ocorrer várias exposições de produtos, para além do sector do mobiliário de luxo.
Porém, decorridos que foram sete anos, aquela fábrica e armazéns anexos da Rua do Freixo foram destruídos por um incêndio em 1934, o que levou os herdeiros de António Nascimento a vender o prédio, em 1939, a um grupo de comerciantes e industriais do Porto que fizeram a sua adaptação para o café Palladium, cujo interior foi de autoria do arquitecto Mário Abreu.
Os Armazéns Nascimento reservaram, então, apenas uma pequena área de exposição para os seus artigos, com entrada pela Rua de Passos Manuel e, a partir daí, continuaram a servir uma clientela endinheirada.




Aqui foram os Grandes Armazéns Nascimento, mais tarde, Galerias Paladium



Interior dos Grandes armazéns Nascimento em 1927







Publicidade cedida por António Duarte a “restosdecoleccao.blogspot.pt”




Entrada do Café Palladium


“Palladium”, um dos maiores Salões de Chá e Café da Península que, ontem, abriu as suas portas ao público.
O acto inaugural constitui para o Porto um acontecimento sensacional.
Nas novas instalações do “Palladium” houve a preocupação de adaptar em salão de chá, café e jogos o rés-do-chão e 1º andar do antigo edifício dos Grandes Armazéns Nascimento, sem alterar a sua estrutura, obra conseguida pelo arquitecto Mário Abreu.”
In jornal “O Comércio do Porto” de 5 de Novembro de 1940





O café Palladium em 1941



Na foto acima estão alguns frequentadores habituais do Palladium, sendo que, da esquerda para a direita, temos: João Alves, Sant’Ana Dionísio, Carlos Sanches, José Régio, Jorge de Sena, Alfredo Pereira Gomes, Adolfo Casais Monteiro e Alberto Serpa.



“O café Palladium, aberto em 4 de Novembro… cujas obras foram da autoria de Mário de Abreu. Tinha salão de jogos, salão de chá e um cabaret. Atraía uma clientela ligada às artes e às letras, como Jorge de Sena, José Régio, Adolfo Casais Monteiro, Sant’Ana Dionísio, Alfredo Pereira Gomes, Alberto Serpa, Nadir Afonso, Júlio Resende, Manuel Pereira da Silva, entre outros, e foi encerrado nos anos 70.
Fonte:  portoarc.blogspot 



Inaugurado, então, o café Palladium em 4 de Novembro de 1940, por António Ferro (1895-1956), director do Secretariado de Propaganda Nacional, uma figura de proa do Estado Novo, apresentava o salão de café no piso térreo e a sala de chá no piso sobre-elevado, enquanto, no 1º andar, ficava o salão de jogos e de bilhares e no 3º andar um "cabaret", com acesso aos andares através, também, de elevadores exclusivos.



Piso térreo do café Palladium, sendo visível o salão de chá, no piso sobre-elevado





Os antigos Grandes Armazéns Nascimento, a partir de 1974, após o fecho do famoso Café Palladium, passou a albergar uma loja de pronto-a-vestir, as “Galerias Palladium” e a mostrar um interessante relógio com carrilhão, com figuras que se movimentam no exterior do edifício.
De três em três horas, saem do relógio e apresentam-se de frente para Santa Catarina, num patamar do 1º andar, quatro imagens representando figuras emblemáticas do Porto: S. João, o Infante D. Henrique, Almeida Garrett e Camilo Castelo Branco. Após um desfile de dois minutos, ao som do carrilhão, as figuras regressam ao relógio.
Actualmente, o icónico edifício alberga as firmas C&A e Fnac.




Na foto, o elemento arquitectónico, em ferro e vidro para protecção das adversidades atmosféricas, denominado "marquise", à entrada do edifício que alojou o Café Palladium, resulta de um projecto de 1914 do arquitecto Marques da Silva





Relógio – Fonte: “restosdecoleccao.blogspot.pt”



Rua de Santa Catarina, no Natal de 1973



Na foto acima, à direita, vê-se o Café Palladium e, na esquina oposta, a “Casa Inglesa”, de confecções, que nos dias de hoje já não existe e, cujas instalações, foram ocupadas pelo joalheiro “Marcolino”.


Casa Inglesa


A poucos metros da “Casa Inglesa”, na Rua de Passos Manuel, quase em frente ao Coliseu, abriria em 12 de Dezembro de 1931 o “Restaurante Escondidinho” que, ainda hoje, tem as suas portas abertas.
Em 1936, o restaurante seria o primeiro a receber duas estrelas Michelin.



“O industrial António Joaquim da Silva abriu "O Escondidinho" em 12 de Dezembro de 1931, na Rua de Passos Manuel. O projeto foi de autoria de Manuel Marques e Amoroso Lopes, discípulos do arquitecto Marques da Silva.
Modelada segundo o estilo das velhas casas solarengas do norte de Portugal, a sala de jantar, reproduz na sua traça, o aconchegado conforto das residências do século XVIII, a que não falta, sob os tectos apainelados, a pujança ornamental das antigas faianças portuguesas e os vistosos lambris cerâmicos.
Seguiu-se na gerência Joaquim Araújo e Amarílio Barbosa, tendo ambos conseguido dar continuidade ao mais apurado bom-gosto da ementa do restaurante até aos dias de hoje”.
Fonte: Wikipédia


(…) sob os tetos apainelados, a pujança ornamental das antigas faianças nacionais e os vistosos lambris cerâmicos, imitando a escola de Delft, cujos azulejos sobressaem pela extraordinária beleza.
O projecto de Amoroso Lopes, habilmente executado pelos Grandes Armazéns Nascimento, é de notável concepção artística, destacando-se a fachada na qual, como nos interiores, se revelam trabalhos valiosos da Fábrica Constância, dirigida então por Leopoldo Battistini.”
Fonte: “escondidinho.pt”


Restaurante Escondidinho