segunda-feira, 25 de novembro de 2019

25.73 Comemorações de alguns centenários e outros festejos ocorridos no Porto


Centenário da morte do Marquês do Pombal


Os festejos evocativos do centenário da morte de Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês do Pombal (Lisboa, 13 de Maio de 1699 – Pombal, 8 de Maio de 1782), ocorreram um pouco por todo o País.
Na cidade do Porto, os festejos que se prolongariam por três dias, iniciaram-se no dia 6 de Maio de 1882, com a inauguração solene no Palácio de Cristal, da Sociedade Filantrópica-Académica do Porto, a que se seguiu um passeio fluvial que, segundo a revista “Occidente”, nº 124, integrou muitos barcos e teve a participação de pescadores e como convidados especiais, os estudantes da Universidade de Coimbra.
Aliás, as academias do Porto e de Coimbra tiveram um papel fundamental na organização dos eventos, que financeiramente teve o apoio do município, da junta geral do distrito e da Associação Comercial, incrementado pelo resultado do produto de uma subscrição pública e de um espectáculo levado à cena no Teatro do Príncipe Real e, ainda, de um pequeno apoio do governo.
Era já noite, quando as embarcações desceram o rio, vindas de Avintes, bem iluminadas e chegaram à Ribeira.
Durante os festejos, também na catedral da Sé se realizariam cerimónias religiosas com Missa e Te Deum.
No dia 7 de Maio, um Domingo, fez-se então, uma imponente procissão cívica ao longo das ruas ornamentadas, com desfile de diversas agremiações e carros alegóricos.
Dos “espectadores saíam incessantes saudações às Academias do Porto e de Coimbra, à Imprensa e à Liberdade”, no entanto, as cerimónias não recolheram a unanimidade dos Portugueses.
Os participantes teriam tido o apoio explícito da maçonaria e sairiam conotados com o movimento republicano.




“Foi a comemoração do centenário de Pombal que incitou toda essa agitação. Jornais como “O Sorvete”, a “Folha Nova” e “A Palavra” reflectiram esse acontecimento.
O jornal “A Palavra”, a 26 de Maio de 1882, refere-se a esse acontecimento como uma «pandorga da rapaziada republiqueira» (pág. 24). Esta citação não agradou aos organizadores da comemoração.
«Chegado o dia 8 de Maio, organizou-se o cortejo» (pág.24). Tudo estava a correr bem até se chegar ao largo da Aguardente, que tinha sido baptizado com o nome de Praça Marquês de Pombal – onde iria decorrer a celebração. Subitamente «desaba um espantoso aguaceiro» (pág. 24). Este episódio foi retratado pelo jornal satírico de então, “O Sorvete”, da seguinte forma: «O Siríaco (Ciríaco Cardoso) estava sublime. Sem chapéu, indiferente à impertinência do aguaceiro» (pág.25). Por sua vez, no dia posterior ao cortejo, o jornal “A Palavra” refere-se a esse acontecimento como uma «corja de faias e das vadias republicanas» ao qual «não se unira um verdadeiro homem de bem (…), eram tudo anónimos sem honra, dignidade, ilustração, nem decoro» (pág.25). Contudo, os visados por estas «violentas expressões» (pág. 25) dirigiram-se ao escritório do referido jornal “A Palavra”, exigindo uma retratação.
O autor conclui que «vê-se perfeitamente que, tanto a organização como a condenação dos festejos de Pombal eram inspirados por motivos de ordem política e são um exemplo do aguerrido combate e intensa renovação de ideias, em Portugal, na última década do séc. XIX» (pág.26).
Para além disso, Artur Basto apresenta uma figura que personifica a intensa actividade jornalística que se viveu no Porto durante este período. O homem a quem Artur Basto se refere era António Rodrigues Sampaio, o antigo recluso do Aljube do Porto, em 1828, cuja morte determinou que se fundasse, como homenagem, a Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, cujo patrono ele é. Apesar de ter ocupado um dos mais importantes cargos da Nação, segundo o autor Sampaio morreu pobre. «Ele foi bem a encarnação do verdadeiro jornalismo, no seu melhor sentido do verdadeiro jornalismo dessa época e do de todos os tempos» (pág.27), exclama Artur Basto ao recordar António Rodrigues Sampaio”.
Fonte: Resumo da obra “Três Fases do Jornalismo Portuense”, de Artur Magalhães Basto - Separata do Boletim da Câmara Municipal do Porto, n.º 2, Setembro de 1939



Cortejo cívico na Rua de Santo António – Desenho de Isaías Newton, In revista “Occidente”, nº 124



Na gravura acima, pode apreciar-se o desfile comemorativo do centenário da morte do Marquês do Pombal.
Este cortejo seguiu, num chuvoso Domingo, pela Rua de Santa Catarina até ao Largo da Aguardente, que passaria a Praça Marquês do Pombal, onde foram proferidos os discursos alusivos ao acto e descerrado um busto do Marquês de Pombal, em gesso, da autoria do aluno da Academia Portuense de Belas Artes, Marques Guimarães.
Durante as cerimónias que se iam sucedendo, seria executada uma marcha triunfal, escrita expressamente para aquele momento pelo maestro Ciríaco Cardoso, que seria interrompida devido à queda de uma forte bátega de chuva, que desmobilizou os participantes no desfile.



Carro da Ciência


Carro do Comércio



Carro da Indústria



Carro dos Actores do Teatro do Príncipe Real


“Foi em 1882, com o centenário da morte de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal e com as grandes festividades que tiveram lugar na cidade que, por deliberação da Câmara Municipal do Porto, o lugar se passou a designar como “Praça do Marquês de Pombal”. Não nos parece que o nome tenha sido facilmente interiorizado, pois o Porto nunca esqueceu a governação de “mão pesada” do Marquês de Pombal e a forma como mandou castigar, em 1757, a gente do Porto que participou no Motim dos Taberneiros.
Também, com a comemoração do centenário, no dia do encerramento das comemorações (8 de Maio de 1882) e debaixo de um enorme temporal que não largava a cidade há vários dias, foi descerrado um busto de gesso do Marquês, na recentemente denominada Praça do Marquês de Pombal. Talvez a chuva torrencial que caiu, durante os dias em que se comemorou o centenário, tenha desfeito o busto do Marquês, porque… ninguém sabe onde ele se encontra!”
Cortesia de Maximina Girão Ribeiro



Placa Toponímica



“A comemoração do centenário da morte do Marquês do Pombal foi muito polémica no Porto de 1882, pois existiam dois grupos antagónicos. Teve, no entanto, um cortejo triunfal e as ruas por onde passou foram ricamente engalanadas, tendo terminado na praça do Marquês, onde foi inaugurado um busto. As despesas foram pagas pela Câmara, pela Associação Comercial e uma pequena verba vinda do governo”.
Cortesia de Rui Cunha (portoarc.blogspot.com)


No dia que se seguiu ao do cortejo cívico, as Praças de D. Pedro e do Marquês, bem como as Ruas de Santo António e Santa Catarina, foram profusamente iluminadas e, desta última rua, seriam lançados muitos foguetes.
A Praça do Marquês seria iluminada “à Minhota”, com as luzes no meio da ramagem das árvores.
As cerimónias encerrariam com um sarau literário e musical, levado a cabo pela comissão académica, no Teatro S. João, a que não faltaram a música e os discursos patrióticos.  


(Continua)

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

25.72 Duas Empresas Industriais de Sucesso


EFACEC


Esta empresa, com sede na Arroteia - Leça do Balio, tem origens que remontam a mais de 100 anos e, presentemente, está estabelecida, para além de Portugal, em Espanha, Europa Central (República Checa, Roménia e Áustria), EUA, América Latina, Brasil, Magrebe, África Austral e Índia.
Contando com 2.300 colaboradores, 2.000 dos quais em Portugal, a Efacec tem, actualmente, dois pólos industriais a Norte – Pólo da Arroteia, em Matosinhos, que constitui a sede da empresa e onde estão localizadas as unidades dedicadas aos Produtos de Energia; e o Pólo da Maia, dedicado às áreas da Mobilidade Elétrica, Automação, Transportes e Ambiente e que, em Fevereiro de 2018, neste município, inauguraria as novas instalações dedicadas ao reforço da Mobilidade Elétrica.
A Efacec conta ainda com um Pólo de Serviços no Lagoas Park, em Oeiras, onde se localiza a Unidade de Energia.


“Temos quase 70 anos de marca, feita por grandes personalidades, e a nossa origem, com mais de 100 anos de história, remonta à fundação, em 1905, da “A Moderna” Sociedade de Serração Mecânica.
Em 1921 “A Moderna” dá origem à “Electro-Moderna, Lda.”, empresa já dedicada à produção de “motores, geradores, transformadores e acessórios eléctricos” e onde se criaram as competências necessárias para suportar os grandes desenvolvimentos futuros do que viria a ser a “EFACEC”.
Fonte: “efacec.pt”


Em 5 de Julho de 1901, o jornal “A Voz Pública”, na sua página 2, noticiava:
 
 



 
 
 
A firma J. Nunes & C.ª acima referida e estabelecida, em 1901, na Rua de Camões, 202, passaria, anos mais tarde (entre 1916 e 1918), na mesma a morada, a ser “A Moderna” - Fábrica de Carpintaria e Madeiras que viria a desenvolver uma Secção Metalúrgica para o conserto de máquinas elétricas, e com os seus rudimentares conhecimentos, procurar alternativas às carências então existentes, recuperando sucatas, reciclando materiais e construindo, assim, motores elétricos.



“A Moderna, Lda” esteve por aqui, na Rua de Camões, 322 (nº de polícia actualizado), com o viaduto da Rua de Gonçalo Cristovão, em fundo - Fonte: Google maps






“A Moderna L.da”, In jornal “O Comércio do Porto” de 14 Fevereiro 1919





Publicidade à "A Moderna, Lda." - Fonte: jornal "O Comércio do Porto" de 24 de Dezembro de 1919



Com o fim da 1ª Guerra Mundial e o desaparecimento da protecção dada ao mercado, “A Moderna” viria a parar a produção de motores.
Em 1921, a Secção de Metalúrgica viria a autonomizar-se criando uma sociedade composta por 19 sócios capitalistas e assumindo a denominação de EML-Electro-Moderna Lda”.
Seria sob a orientação de Albino Ribeiro Gonçalves que esta firma iria avançar, com o grande objectivo do fabrico de motores eléctricos, desiderato que seria abandonado por falta de apoios governamentais, solicitados e recusados.
A partir de 1925, a EML-Electro-Moderna Lda” passa, apenas, a fazer reparações de máquinas eléctricas.
Naquele ano (09/10/1925), durante um pedido de licenciamento à CM Porto para execução de obras (colocar duas vigas de ferro no r/c para suporte de motores; pintar caixilhos e janelas das fachadas principal e posterior; limpar e caiar interior; substituir madeiramento da claraboia), a firma apresenta-se como “A Moderna, Lda” – Fábrica de Carpintaria e Madeiras, sedeada na Rua de Camões, nºs 196-202, no Porto.
Em 13 de Setembro de 1935, num outro pedido de licenciamento para alargamento de portas a firma “A Moderna, Lda” é localizada na Rua de Camões, nº.s 314-322, o que prossupõe que, entretanto, houve uma renumeração dos números de polícia dos prédios desta rua.
Com o advento da 2ª Guerra Mundial, o fabrico de motores eléctricos regressa, mas com o falecimento precoce de Ribeiro Gonçalves, a empresa passa a ser liderada pelos seus filhos: Guilherme e António Ricca Gonçalves.
Este último vai ocupar o cargo de Director-Geral.



Placa identificadora de motor de “A Moderna” - Fonte: “efacec.pt”



Secção de Bobinagem (os primórdios) - Fonte: “efacec.pt”



Motor eléctrico da “Electro-Moderna, Lda.”, c. 1930 – Cortesia da Doutora Maria da Luz Braga Sampaio



“A 12 de Agosto de 1948  constituímo-nos como EFME – Empresa Fabril de Máquinas Eléctricas, SARL, dando origem ao nascimento da marca e do projecto Efacec. O capital da empresa estava então distribuído entre a Electro-Moderna, com 20%, os ACEC – Ateliers de Constructions Électriques de Charleroi com igual valor, a CUF – Companhia União Fabril com 45%, estando os restantes 15% distribuídos por outros accionistas”.
Fonte: “efacec.pt”





Em 24 de Novembro de 1950, de madrugada, arde a fábrica de carpintaria e mobiliário "A Moderna", que tem anexa, aquela que era, à data, a única fábrica de motores eléctricos portuguesa a "Electro-Moderna".
Em 23 de Junho de 1951, é inaugurada a fábrica da EFA - Empresa Fabril de Máquinas Eléctricas, na Arroteia.
Na mesma data, é inaugurada, em S. Mamede de Infesta, a fábrica da Soprel, que era accionista da belga ACEC.
Em 4 de Janeiro de 1952, ocorre um incêndio na fábrica EFA, com elevados prejuízos.
Entre os impulsionadores da Efacec, a partir de 1948, estão o engenheiro Guilherme Ricca Gonçalves (1918-2011), o engenheiro António Ricca Gonçalves (1913-1992) – um dos seus irmãos – e Mário Botelho de Sousa. 
Licenciado em Engenharia pela Universidade do Porto (FEUP), Guilherme Ricca Gonçalves foi docente de Desenho Técnico e de Geometria Descritiva durante mais de quatro décadas, tendo sido uma grande influência para o desenvolvimento do Desenho Técnico Moderno no Ensino Universitário, que culminou com a publicação em 1992, de “Geometria Descritiva – Método do Monge” editado pela Fundação Calouste Gulbenkian, ainda hoje uma referência dos estudantes.
Por sua vez, António Ricca foi, efectivamente, o homem do leme na empresa, embora tenha estado dela ausente, no estrangeiro, durante 10 anos.
Nesse período de tempo, conduziu os destinos de várias empresas do grupo ACEC no exterior e obteve a cidadania Belga, regressando a Portugal em 1969, onde encontraria já dois polos industriais, pois passadas cerca de duas décadas sobre o arranque da EFACEC, as instalações da Arroteia tinham-se já revelado exíguas.



“A saturação das instalações na Arroteia limitando a sua capacidade de produção de motores (25.062 motores, 2.746 bombas e 1.008 ventiladores), levou à aquisição de 6,4 hectares de terreno na Maia, em 1965, onde a EFACEC inaugurou uma nova fábrica dedicada à produção de motores trifásicos blindados utilizando métodos como a fundição injetada e apostando na larga utilização da liga de alumínio para o fabrico dos seus diversos órgãos de suporte: carcaças, caixas de terminais, tampa de proteção do ventilador. A nova linha de produção recorreu a máquinas semiautomáticas e aperfeiçoou os métodos de ensaios e controle de qualidade. A sua aposta concentrou-se na produção de gamas de motores entre os 0,2 kW e os 7,5 kW, incidindo sobre motores trifásicos blindados e motores monofásicos.”
Crédito a Maria da Luz Braga Sampaio, In Tese de Doutoramento apresentada à Universidade de ÉVORA, JULHO, 2015



Diga-se que, aquela estadia de António Ricca fora do País, durante cerca de 10 anos, ficou a dever-se ao facto da ocorrência de uma greve na empresa, em 22 de Junho de 1958, em plena campanha para a presidência da república, em que foi interveniente Humberto Delgado, num dia em que, aquele Director, estava no estrangeiro.
Em sequência daqueles acontecimentos, a empresa foi fechada pelo governo (23 de Junho).
Salazar não gostou do acontecido e António Ricca foi obrigado a exilar-se. Voltaria com Marcelo Caetano.
A Direcção-Geral da empresa foi então ocupada pelo Eng. António Augusto da Costa Reis, que veio da SOPREL, uma empresa que possuía posição na belga ACEC.
O ano de 1958 é, também, aquele em que a CUF- Companhia União Fabril, que até então detinha uma posição maioritária na sociedade, aliena a sua participação financeira no grupo luso-belga sendo tomada pelos ACEC.
De realçar que no rumo contínuo de expansão, a Efacec adquiriria em 1973, uma posição maioritária na “JORRO”, empresa produtora de bombas hidráulicas e na década de 1980, tomaria o controlo da “RABOR Construcções Eléctricas SARL.”, sedeada em Ovar, que fabricava motores de corrente continua e alternada.



“ (…) Entre 1966 e 1973, a Efacec vê crescer 2,5 vezes a sua área fabril e 6 vezes o seu volume de encomendas.
Em 1976, a Efacec arranca com a sua atividade na área dos Sistemas de Tração e entrega o primeiro transformador trifásico de 420 kV, 315 MVA, com 450 toneladas de peso, a maior unidade trifásica construída em Portugal.
Em 1981, a Efacec regista 4 milhões de contos em vendas internas e externas. Em 1990, o número sobe para os 25 milhões e, em 1998, para os 48 milhões. Em 1998, a Efacec atinge 237.753 milhões de euros, tendo o mercado externo atingido os 84.046 milhões de euros e um resultado antes de impostos de 6 milhões de euros.
Em 1999, a Têxtil Manuel Gonçalves entra no capital da empresa, com uma tomada de posição de 10,682% do direito de voto. A 2 de março de 2000, o Grupo José de Mello adquiriu ao IPE uma posição de 10,56% dos direitos de votos da Efacec. E é assim que a herança do Grupo CUF reaparece, 42 anos depois, na História da Efacec.
Em 2003, a Efacec define três grandes áreas de atividade, como resultado da avaliação estratégica que mereceu o acordo dos seus acionistas de referência: Soluções para a Energia, Soluções para Transportes e Logística e Soluções de Engenharia e Serviços.
Em setembro de 2005, os grupos Têxtil Manuel Gonçalves e José de Mello lançaram uma OPA sobre o capital da Efacec ainda disperso em bolsa.
Em 2007, com o apoio dos seus dois accionistas (GJM e TMG), desenvolve-se um novo modelo organizacional com dez Unidades de Negócio: Transformadores; Aparelhagem de Média e Alta Tensão; Servicing de Energia; Engenharia; Automação; Manutenção; Ambiente; Renováveis; Transportes e Logística.
Entre 2007 e 2010, o volume de negócios da Efacec ultrapassa os mil milhões de euros, compra várias empresas em todo o mundo e arranca vários projectos de raiz, como a construção de uma nova fábrica de transformadores nos EUA, crescendo em todos os indicadores e oferecendo soluções tecnologicamente avançadas em todo o mundo.
No final de 2014, a Efacec Power Solutions passou a constituir um grupo de empresas que reúne todos os meios de produção, tecnologias e competências técnicas e humanas para o desenvolvimento de actividades nos domínios das soluções de Energia, Engenharia, Ambiente, Transportes e Mobilidade Eléctrica, abrangendo ainda uma vasta rede de filiais, sucursais e agentes espalhados por quatro continentes.
A 23 de outubro de 2015, o controle acionário da Efacec Power Solutions passou a pertencer à Winterfell Industries, passando os antigos controladores, Grupo José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves (TMG), a accionistas minoritários.
A Efacec fecha 2015 com prejuízos de 20 milhões de euros, voltando aos lucros em 2016 com o volume de negócios a atingir os 440 milhões de euros.
No início de 2016 o grupo de Matosinhos lançou o programa Efacec 2020 com o objetivo de “repensar o grupo nas suas diferentes vertentes, nomeadamente produtos e serviços, competências, mercados, clientes, organização e modelo de governo". Até 2020 a Efacec Power Solutions quer crescer em volume de negócio e estar entre as três marcas líderes no domínio da inovação e tecnologia. Nesse ano, a Efacec fechou o último exercício com lucros de 4,3 milhões de euros, contra prejuízos de 20,5 milhões de euros. A faturação do grupo Efacec em 2016 fixou-se em 431,5 milhões de euros, mais 15,5 milhões do que no ano anterior, com as exportações a gerarem 76% do total.
Em agosto de 2017 a Efacec ganhou um projeto internacional para a construção do metro de Odense, na Dinamarca, para desenvolver toda a parte eletromecânica. Este projeto será desenvolvido juntamente com a COMSA e com a MUNCK e, para a Efacec, o valor do negócio é de aproximadamente 47 milhões de euros, o que reflete a dimensão e a integração de soluções que serão prestadas pela empresa. A Efacec já tem experiência nesta área de negócio, tendo estado envolvida na construção dos metros de Bergen, na Noruega, Dublin, na Irlanda e Porto, sendo que o mercado europeu cerca de metade do seu volume de negócios.
Em outubro de 2018, a Efacec venceu um dos mais importantes concursos do segmento de passagens de nível da Europa. O concurso foi lançado pela Trafikverket, a entidade gestora da infraestrutura ferroviária e rodoviária da Suécia, para o desenvolvimento, certificação e fornecimento de sistemas automáticos de proteção de passagens de nível de nova geração. Na sequência deste concurso internacional, onde participaram os maiores fabricantes europeus do setor, a Efacec, em conjunto com um parceiro local, fechou um negócio avaliado em cerca de cinco milhões de euros anuais. Este tornou-se o maior contrato de exportação neste segmento para a empresa.
Em fevereiro de 2019, um ano após a inauguração da Unidade de Mobilidade Elétrica da Efacec, a área cresceu cerca de 100% em volume de negócios (17 vs. 36 milhões de euros), recrutou mais 100 pessoas e triplicou a capacidade de produção de carregadores rápidos e ultrarrápidos para veículos elétricos. A Mobilidade Elétrica representa, no arranque de 2019, 6% do total da atividade da Efacec.
Fonte: “pt.wikipedia.org”



Vista aérea das instalações fabris da Efacec na Arroteia


Instalações da Fábrica de Motores Eléctricos da EFACEC


Transporte de um equipamento junto aos armazéns da Efacec



Vista aérea das instalações do pólo da Arroteia em 2003


Na foto acima, pode observar-se uma vista aérea do pólo da Arroteia e alguma da gama de produtos aí produzidos, com destaque para os Transformadores de Potência, Transformadores de Distribuição, Aparelhagem de Alta Tensão, Subestações Móveis e Aparelhagem de Média Tensão.



Vista aérea do pólo da Maia da EFACEC – Fonte: “efacec.pt/”



Carregador Eléctrico da marca EFACEC para veículos - Fonte: “efacec.pt/”



A Efacec ficaria para sempre ligada ao quotidiano dos portuenses por, em parceria com a empresa “Salvador Caetano”, de construção de carrocerias, ter posto nas ruas, a circular, os icónicos troleicarros.


“Em meados da década de 1950, a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, operadora dos transportes públicos da cidade, defrontava-se com alguns problemas operacionais e de segurança uma vez que o sistema de alimentação de energia dos carros eléctricos que atravessam o rio Douro com destino a Vila Nova de Gaia pela ponte metálica de Ponte Luís I estaria alegadamente a provocar uma corrosão eletrolítica acelerada nos pilares da ponte, impondo-se a sua substituição por outro meio de transporte que não originasse tal efeito. Para além disso, a própria infraestrutura do sistema de carros eléctricos existente em Vila Nova de Gaia apresentava um evidente desgaste físico que impunha a sua substituição.
Atendendo à existência de várias infraestruturas de distribuição de energia elétrica para transporte público, nessa zona, optou-se por manter a tração elétrica, pelo que a solução foram os troleicarros, veículos que já circulavam com sucesso no país, em Coimbra, desde 1947.
Embora aquando do seu aparecimento tenha tido um enorme sucesso, as dificuldades operacionais começaram a aparecer na década de 1990, devido ao elevado tráfego automóvel existente na cidade. A rede acabou por ser encerrada totalmente na noite de 27 de Dezembro de 1997.
Após mais de dois anos estacionados na Estação de Recolha da Areosa, no Porto, o seu tradicional e, nos últimos anos, exclusivo depósito, 23 dos 25 troleicarros Efacec foram vendidos. Esta venda sucedeu após diversas e goradas tentativas para diversos países e cidades. E, um facto incompreensível para todos os que se interessam por este meio de transporte, foi o completo desinteresse manifestado pelos SMTUC de Coimbra, o remanescente operador de troleicarros no País e, até agora, a única cidade onde circula(va)m troleicarros deste modelo: Apenas dois dos troleicarros do Porto circulam ainda hoje pelas ruas de Coimbra.
Felizmente ficaram preservados e em perfeito estado de funcionamento um exemplar de cada um dos modelos que circularam na cidade, para constituírem um futuro Museu do Troleicarro do Porto (à semelhança do Museu do Carro Eléctrico). Assim, poderão ser vistos o primeiro troleicarro do Porto, o BUT n.º 1, o BUT n.º 23 — um dos com 3 portas — o Lancia de um piso n.º 49, o Lancia de 2 pisos n.º 102, o Efacec simples n.º 64 e o Efacec articulado n.º 167”.
Fonte: “pt.wikipedia.org”



Troleicarro Efacec, na Rua de Sá da Bandeira, na década de 1980


Na foto acima, observa-se um troleicarro servindo na linha nº 49, entre a Alfândega e o Hospital de S. João. A partir de Dezembro de 1997, os troleicarros foram substituídos nesta linha, pelos autocarros, com percurso entre o Bolhão e o hospital de São João.
A linha nº 49 foi a última linha de tróleis da cidade do Porto


Trólei Efacec em Coimbra, igual ao que circulou na cidade do Porto - Fonte: “pt.wikipedia.org”




Alumínia, Lda


A Alumínia, Lda., situada na freguesia de Lordelo do Ouro, na Rua da Pasteleira , nº 219, começou a sua actividade no começo do século XX, com o fabrico de utensílios de cozinha.
Foi fundada em 1902, pelo engº Francisco de Albuquerque, tendo arrancado com o fabrico de louça de alumínio da marca “TREVO”.
O alumínio começado a usar em utensílios de cozinha, permitia uma melhor condutibilidade térmica, melhor facilidade de limpeza e maior durabilidade, face às outras soluções do começo do século.
A Alumínia, Lda., fabricava ainda serviços de alpaca e latão niquelado, vasilhas para leite e embalagens para as indústrias de farmácia e perfumaria.


Fase de fabrico no parque oficinal da “Alumínia”



Logotipo da “Alumínia”



Em 1934, a “Alumínia” já tinha na sua carteira os seguintes prémios:
Grande Prémio na exposição do Rio de Janeiro de 1908; Medalha de Ouro na exposição da sociedade de Geografia de Lisboa, 1915; Medalha de ouro da Exposição do Rio de Janeiro de 1922/23; Medalha de Ouro da Exposição Industrial do Porto de 1926; Membro de Júri, Extra-Concurso na Grande Exposição Industrial de Lisboa, 1932.
A meio do século XX, a empresa começa a produção de reservatórios de pressão para gás de petróleo liquefeito (GPL).
Em 1980, deixa de fabricar os utensílios de cozinha e passa a chamar-se “Comanor” (Companhia de Manufaturas Metálicas do Norte, SA).
Os reservatórios de pressão continuariam a ser produzidos, até 1994, nas mesmas instalações.



Neste descampado, na Rua Diogo Botelho, à Pasteleira, esteve, em tempos, a “Alumínia, Lda” – Fonte: Google maps


Em 1965, a “Petróleo Mecânico Alfa”, uma empresa do universo da petrolífera SACOR, com sede em Guimarães e com existência desde 1962, começa a fabricar bombas de combustível. Em 1966, a empresa transferir-se-ia para o lugar de Brito, em Guimarães, e começaria a fabricar reservatórios para GPL.
A partir de 1976, com a exportação a decorrer da melhor forma, para satisfazer os volumes em causa, a empresa de Guimarães associou-se à de Lordelo do Ouro – a “Alumínia”.
Em 1983, o fabrico de bombas de combustível teve que ser descontinuado, e a “Comanor”, com sede no Porto, em 1990, adquiriu a “Petróleo Mecânico Alfa” que sai, assim, definitivamente, da órbita do Estado, vingando na união o nome desta última.
A “Comanor” passa então, naturalmente, para Guimarães e, em 1996, encerra completamente as instalações em Lordelo do Ouro.
Em 1997, a “Petróleo Mecânico Alfa”, foi comprada pela norte-americana “Amtrol, Inc”, dando origem ao aparecimento da “Amtrol-Alfa” e sendo criado, a partir daí, o fabrico de garrafas descartáveis em 1998 e, em 2005, o de garrafas compósitas para baixa pressão (GPL) com interior metálico, conhecida no mercado por “PLUMA” e que foi executada a solicitação da petrolífera Galp.
Em 2011, começa o fabrico de reservatórios a alta pressão (gás pressurizado a 300 bar), em material compósito e interior metálico.
A “Amtrol-Alfa”, nos dias de hoje, continua a ser uma empresa de sucesso do parque industrial de Guimarães.


Parte da gama de fabrico da “Amtrol-Alfa” – Fonte: “amtrol-alfa.com”


Vista aérea das instalações da “Amtrol-Alfa” em Brito-Guimarães – Fonte: “amtrol-alfa.com

terça-feira, 12 de novembro de 2019

(Conclusão)


Empresa Electro Cerâmica, Limitada


A origem desta empresa foi uma pequena oficina que Joaquim Pereira Ramos tinha estabelecido, em 1912, na Rua 24 de Julho, em Lisboa. Nesta oficina, dedicava-se ao fabrico de aparelhagem elétrica, adquirindo na Vista Alegre as necessárias porcelanas nuas.
Dificuldades verificadas no fornecimento destas porcelanas, levaram-no a adquirir, na Quinta das Regadas, no Candal, em Vila Nova de Gaia, uma pequena instalação cerâmica que se dedicava ao fabrico de estatuetas de terracota.
Aqui, tinha sido iniciada, em 1914, a firma Mourão & Companhia Limitada, uma pequena unidade industrial para a produção das referidas porcelanas elétricas, nuas e metalizadas, sob a administração de Joaquim Pereira Ramos.
Por volta de 1915, com o intuito de expandir o negócio, o Sr. Joaquim Pereira Ramos procedeu à transferência de Lisboa para as instalações do Candal, em Vila Nova de Gaia, tendo para isso criado a “Empresa Electro Cerâmica, Limitada” que, em 1919, passaria a “Empresa Electro Cerâmica, SARL”.
Em 12 de Março de 1921, era inaugurada festivamente a iluminação do Lugar do Candal, com 108 potentes lâmpadas, cuja energia eléctrica foi fornecida pela Electro-Cerâmica.
Para além do fabrico de pequena aparelhagem eléctrica de baixa tensão, a empresa iniciou, em 1919, o fabrico de tubo isolante, e deu início às instalações necessárias para o fabrico e ensaios de isoladores de alta tensão, tendo iniciado a sua produção em 1922.




Cartaz da “Empresa Electro Cerâmica, SARL”


Isoladores de alta tensão da “Empresa Electro Cerâmica do Candal”


Por volta de 1930, a empresa começaria também a produzir louça utilitária e decorativa.



“Empresa Electro Cerâmica, SARL”, em 1930



Publicidade à “Empresa Electro Cerâmica, SARL”


Interruptores produzidos na “Empresa Electro-Cerâmica, SARL”




Em 1936, a “Empresa Electro-Cerâmica, SARL” faz uma parceria com a Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, adquirindo, cada uma delas, 50% do capital da Sociedade de Porcelanas de Coimbra (SP-Coimbra).
As peças produzidas, pelo menos até 1940, inclusive, ostentam o carimbo com as letras EC sobrepostas, inscritas num losango, com a designação Empreza/Electro/Cerâmica/VNGaia distribuídas pelos quatro lados.
Posteriormente, e até 1945, o carimbo simplifica-se reduzindo-se ao EC inscrito no losango, sobressaindo o nome Candal. Estamos, pois, perante um curto período de cerca de quinze anos de produção de porcelana utilitária e decorativa.



Carimbo da Empreza Electrocerâmica, até 1940


Carimbo da Empreza Electrocerâmica, após 1940 e até 1945



Jarros da Electro-Cerâmica do Candal



Cinzeiro da Electro-Cerâmica do Candal


Serviço de chá, dos inícios de laboração da Electro-Cerâmica do Candal – Ed. Esmeralda Bernardo



Prato para bolo da Electro-Cerâmica do Candal




Em 1945, a empresa foi comprada pelo Grupo Vista Alegre, tendo alterado o seu objeto social para “exercício da indústria e comércio de porcelanas para usos eléctricos e industriais e louças domésticas e todas as outras indústrias e comércio com ele relacionadas, e bem assim o de todos os artigos em matérias plásticas e metálicas”.
O Grupo Vista Alegre procede a uma reestruturação, estabelecendo no Candal, a produção «da pequena aparelhagem eléctrica, dos isoladores, das tubagens em plástico VD para instalações eléctricas interiores e das tubagens em tubo Bergmann para instalações eléctricas exteriores, isto é, tudo o que se relacionava com electricidade». Assim, a Fábrica de Porcelana da Vista Alegre e a SP-Coimbra concentraram a produção de porcelana de mesa e decorativa a nível nacional.
Em 14 de Fevereiro de 1952, a empresa recebe a visita do Ministro de Economia, Ulisses Cortez, quando se preparava para produzir os isoladores de alta-tensão para expansão da rede nacional.




Material eléctrico do catálogo da EEC


O texto, que se segue, dá-nos uma ideia do percurso feito pela “Empresa Electro Cerâmica” (encerrada em 1987) e o destino do seu complexo fabril entre 1945 e os dias hoje. 


“1945 - 1989
Para a Fábrica de Porcelana da Vista Alegre e para a Sociedade de Porcelanas reservou a produção de porcelana de mesa e de porcelana decorativa. Aqui tem início o grande período áureo da vida industrial da Empresa Electro Cerâmica. Beneficiou da eletrificação do país, da “abertura” dos mercados coloniais, do crescimento económico internacional (exportações para a Índia, Israel, Bélgica, Suécia, Europa do Sul e Estados Unidos da América).

1989 - 2001
É nesta altura, em 1989 que a Empresa Electro Cerâmica inicia uma nova fase, procedendo à gestão do seu património imobiliário do Candal, transformando as suas instalações num Parque Empresarial.
Desta forma, a Empresa Electro Cerâmica começou com 2 inquilinos em 1989, em 1993 tinha já 60 empresas, e desde 2000 conta com cerca de 110 empresas.
Em 1996 a empresa, para se adaptar à sua nova atividade alterou o pacto social para “arrendamento de bens imobiliários, promoção imobiliária, administração de imóveis por conta de outrem, compra e venda de bens imobiliários.” 

Em 1998, devido à contínua procura de espaços para arrendar, procedeu à construção de um edifício para armazéns e escritórios com uma área total de 4.500 metros quadrados. 

Em 2001, o Grupo Vista Alegre Atlantis, com vista à concentração da sua atividade nas cerâmicas, cristais e vidros (produtos complementares entre si, seja na mesa ou na decoração), vende a Empresa Electro Cerâmica ao Fundo de Investimento Imobiliário Aberto BPN Imonegócios, gerido pelo BPN Imofundos Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário, S.A., pertença do Grupo BPN. 

2001 – 2014
A nova Administração entende manter a atividade da empresa nos mesmos moldes, pelo que desde essa altura, tem-se verificado grande estabilidade na atividade da empresa. 
Por força da sujeição às regras da C.M.V.M., e de forma a adaptar a designação social à atual atividade da empresa, procedeu-se em 2006 à alteração da Firma para “Candal Parque Sociedade Imobiliária, S.A.”.

Desde 2014
A 28 de março de 2014, o Centro Empresarial celebra 25 anos de existência e regista a data com a apresentação de uma nova identidade corporativa e uma nova denominação social: Candal Park – Centro de Negócios e Empresas”.
Fonte: “candalparque.pt”



Vista aérea das instalações da “Empresa Electro-Cerâmica do Candal” – Fonte: catálogo da EEC



“Candal Park – Centro de Negócios e Empresas”. Antes, “Empreza Electro-Cerâmica”, na Rua 28 de Janeiro, 350, V. N. de Gaia – Fonte: “facebook”



“Candal Park – Centro de Negócios e Empresas”. Antes, “Empreza Electro-Cerâmica” – Fonte: Google maps





Fábrica Cerâmica do Fojo


“A Fábrica Cerâmica do Fojo, situada na Quinta do Fojo em Canidelo, foi fundada, em 1896, por José Maria Rodrigues Ascensão. Em 1898 foi criada a firma Lopes & Ascensão, sociedade entre o primeiro e Joaquim António Lopes. Especializou-se em telha marselha, tijolo, grés e outros materiais para a construção, dedicando-se também à faiança decorativa. Foi, na primeira década do século, uma das mais mecanizadas e modernas do setor e na região do Porto, tal como descreveu Luís Ferreira Girão. Em 1920 cede lugar à Empresa Cerâmica do Fojo, dedicando-se sobretudo à produção de material de construção”.
Fonte: “reflexosdoporto.wixsite.com”


O que restava da Cerâmica do Fojo (2009) – Fonte: Google maps




Fábrica Cerâmica de Valadares (FCV)


Esta fábrica de cerâmica tem a particularidade, relativamente às anteriores, de ser a única que ainda sobrevive, apesar de percalços vários que teve nos últimos anos e que quase determinaram, em definitivo, o seu encerramento.




“A Fábrica Cerâmica de Valadares foi fundada em 1921 por uma sociedade de seis sócios e sob a firma Fábrica de Cerâmica Valadares, Limitada. Sucessivas alterações no volume de capital obrigaram a sucessivas alterações de estatutos e à sua transformação em sociedade anónima em 1924. O período áureo de fabricação de louça decorativa ocorreu durante os anos que se seguiram à sua fundação, organizando um catálogo nos inícios dos anos 40 onde eram mais de 286 os tipos de peças de faiança pintadas. Dedicou-se posteriormente, e com maior incidência a partir da década de 50, quase em exclusivo à louça sanitária de construção, tornando-se um dos maiores centros fabris nacionais”.
Fonte: “reflexosdoporto.wixsite.com”



Gravura do complexo fabril da FCV – Fonte: “archvaladares.com”



Artigos de barro vermelho (tijolos e telhas, fornos de cozer pão, garfos, sifões, azulejos variados e loiça sanitária) produzidos na década de 20, na FCV – Fonte: “archvaladares.com”



A partir dos anos 30, a FCV inicia a produção de loiça de faiança, a que se iria dedicar por mais de 20 anos – Fonte: “archvaladares.com”


Prato da FCV – Fonte: CustoJusto.pt


Jarro da FCV



Em 1949, assume a presidência do conselho de administração da empresa Augusto Serras que, nas décadas seguintes, irá dar-lhe um novo rumo ao direcionar a produção, principalmente, para o fabrico de louça sanitária, apesar de continuar a produzir peças para a construção civil, nomeadamente, tubos de grés e outros artigos.
Com uma experiência grande no fabrico de faiança, o de louça sanitária envolvia o conhecimento inerente à produção de grandes peças em porcelana.
 
 

Busto de Augusto Serras da autoria do escultor Gustavo Bastos, nos jardins envolventes à Cerâmica de Valadares
 
 
Em 1959, com a aproximação a uma empresa italiana, do mesmo ramo, de Laveno, na Lombardia, que era conceituada na produção de peças em porcelana, era atingido o pleno conhecimento da técnica respectiva.
Então, dezenas de trabalhadores de diversas categorias (modeladores, oleiros, vidradores, etc), irão estagiar naquela fábrica italiana, para perceberem na totalidade os segredos do fabrico de peças em porcelana.
Augusto Serras admite, nessa época, um sócio, o engenheiro Boris Spohd, oferece-lhe uma quota e um lugar na direcção.
A Cerâmica de Valadares atinge o auge e apresenta mais de 2000 operários.





Expansão das instalações da FCV (vista aérea) – Fonte: “archvaladares.com”


A partir de 1980, a FCV dedica-se em exclusivo ao fabrico de louça sanitária - Fonte: “archvaladares.com”



Nos finais do século XX, começam a desenhar-se, para a empresa, os tempos de sobressalto futuros.
Em 1991, é adquirida por um grupo inglês voltando, um pouco mais tarde, a mãos nacionais, mas, apesar do seu prestígio, acabará por entrar em falência.
Na entrada da segunda década deste século, a situação foi de luta árdua para os trabalhadores, e a FCV esteve encerrada entre 2012 e 2015, e ressuscitaria para a actividade industrial, quando foi alvo de um novo processo de gestão.
 
 
“No ano de 2012, a Valadares enfrentou a maior crise dos seus então 91 anos de laboração. A 26 de Setembro de 2012, a Valadares é declarada insolvente e fecha portas, a braços com um passivo de 90 milhões de euros e deixando cerca de 340 operários fabris sem emprego, com salários em atraso e sem resolução em vista para essa situação. Durante três anos os fornos da Valadares não se ligaram, mas não sem que “muita tinta corresse” nos jornais nacionais, em especial os da zona Norte, que nos davam conta dos esforços que se faziam para a reerguer e, acima de tudo, das lutas intermináveis de quem perdeu tudo numa fase em que a economia portuguesa estava a atravessar uma grave crise — com a troika em Portugal –, e o capital escasseava (2013). Em 2014, o Fisco, a Segurança Social e a Banca, principais credores, acreditaram no sonho de Rui Castro Lima, administrador judicial, e Henrique Barros e José Ferreira, dois ex-colaboradores da empresa, e a Valadares renasceu. Ou melhor, uma nova empresa que ficou com a marca Valadares”.
Cortesia de Marta Sofia Moleiro


A partir de 2015, após três anos de encerramento, foi fundada a ARCH (Advanced Research Ceramic Heritage) SA, criada para concretização de uma nova realidade empresarial, cujo principal objectivo é a recuperação da actividade industrial e comercial da marca Valadares e a busca pela introdução no mercado de novos materiais cerâmicos.






Complexo fabril da ARCH, na Avenida António Coelho Moreira, Valadares – Fonte: Google maps