quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

(Continuação 1)


A Consoada


Há mais de 100 anos, a ceia de Natal apenas existia no Porto e no Norte de Portugal. A Sul, cumpria-se o mais rigoroso jejum.
A partir do início do advento, as famílias faziam jejum de carne, e na véspera de Natal, no Sul do País, jejuavam até à Missa do Galo.
Advento vem do latim “ad-venio”, que quer dizer “vir, chegar”. Começa com o Domingo mais próximo da festa de Santo André (Apóstolo, irmão de Pedro e patrono da Igreja Ortodoxa e com festa a 30 de Novembro) e dura quatro semanas – uma espécie de Ramadão.
No Porto, toda a família se sentava à mesa para passar a noite de Natal, comendo o tradicional bacalhau regado com o bom azeite de Trás-os-Montes e todas as outras iguarias próprias da quadra festiva.

 
 

Publicidade ao azeite das Quintas de Jerusalém do Romeu, in “A Voz Pública”, em 13 de Dezembro de 1891 (Domingo)


A Missa do Galo também não fazia parte da tradição dos Portuenses.
Nesse momento, o portuense estava deglutindo uma boa posta de bacalhau acompanhado de umas suculentas couves e ninguém estava preocupado em rezar ao Menino Jesus.
Ninguém, não é bem assim.
Uma minoria da nobreza nortenha dava uma saltada até à Missa do Galo.
À mesa dessa nobreza, poderia estar, em 1891, segundo Maria Antónia Lopes, do Centro de História da Sociedade e da Cultura, da Universidade de Coimbra, um menu para ceia de Natal, do género: “puré de jardineira, arroz de fantasia caseira, costeletas nacionais e "ervilhas idem" e couve flor composta. Para sobremesa, bolo experimental, pudim incógnito e broas de Natal, entre outros”. O bacalhau ficava para o povo.
A tradição em Lisboa ainda na década de 30 do século passado, impunha que, só após a Missa do Galo se tinha, finalmente, direito a comer qualquer coisa – normalmente, era servido um doce para quebrar o jejum. No dia 25, então, era servido um almoço completo e, no Alentejo, era sempre porco – peru nem vê-lo.
Hoje, a Sul, a ceia da véspera de Natal tem tanta importância como o almoço de dia 25.
Sobre a noite de Natal em Lisboa, Ramalho Ortigão, dizia ser:

“Uma invasão do lar pela sacristia” e “um intrometimento sacerdotal que interrompe um jantar com uma missa” e, ainda, “Os padres, sem de modo algum lhes discutirmos o muito que sabem do pecado, não sabem nada acerca da família”.


Quanto à ceia de Natal no Porto, M. R. d’Assis e Carvalho, no Tripeiro, de 20 de Dezembro de 1909, dizia:



“As famílias geralmente não jantam; n’esse dia apenas lancham e das 7 para as 8 horas da noite, pouco mais ou menos, começa a ceia da consoada, que é somente composta de pessoas da família e exclusivamente obrigada a peixe, não faltando nunca o tradicional prato de bacalhau cosido com as couves, que vimos em tão grande abundância nos mercados. Há creadas, dignas discípulas de Brillat-Savarin, que fazem seis e mais variedades de iguarias de bacalhau, e creiam os leitores que o fiel amigo e as couves attingem, nesta época, preços sensivelmente elevados. A ceia é abundantíssima, bem regada com os preciosos vinhos do Alto Douro, bem adoçada com as rabanadas, e enfim qualquer chefe de família portuense pode dizer, sem perigo de faltar à verdade, que Lucullo ceia n’esta noite com Lucullo”.


Entretanto, Sousa Viterbo emite a sua opinião, em 25 de Dezembro de 1895, sobre a consoada, do seguinte modo:
 
 


 
 
Uma tradição que durante muitos anos fez parte do Natal de muitos portuenses e que ainda se mantem, reside na comparência de muitos à feira dos Capões de Freamunde, pois preferem o repasto natalício deliciando-se com estes galináceos “eunucos”, do que com os conhecidos perus.
Dela nos dá conta o texto que se segue:

 

Revista “O Tripeiro”, VIª série, IIº ano, página 6




Os Doces


Não há quadra festiva mais propícia para se falar de doçaria que a do Natal.
No século XIX, os doces transacionavam-se, por alturas das festas de Natal, Páscoa, S. João e nas romarias.
Em tempos em que os botequins começam a aparecer, as confeitarias não eram muito numerosas.
A doçaria confeccionava-se em casa ou vinha de fora, de outras paragens.
Eram os casos das cavacas de Resende, o pão-de-ló de Margaride e o de Ovar, o “toucinho-do-céu”, de Braga, o Doce de Paranhos (quando Paranhos ainda era termo do Porto), os “bolinhos de amor” de Penafiel, as fogaças da Vila da Feira, o pão-de-ló de Arouca, etc.
Os conventos e mosteiros tinham a sua produção organizada desde há anos e abasteciam a população gulosa.
Entre alguns, na região do Porto, tínhamos com mais fama o convento de S. Bento da Avé-Maria e o mosteiro de Santa Clara, mas também os produtos conventuais com origem em Braga ou Arouca.
As doçarias eram, nessa época, comercializadas em feiras e mercados ou vendidas porta-a-porta.
A área de actuação dos chamados “Mercados do Doce” espalhava-se pelo Largo da Feira de S. Bento, Praça D. Pedro, Rua das Carmelitas e mercado do Anjo.
Para esse efeito, estava consagrado já há vários anos, o mercado da feira de S. Bento.


“Viam-se já ontem levantadas no largo da Feira (S. Bento) as barracas que todos os anos, por igual tempo, costumam armar-se para a vendagem do doce de Natal.”
In jornal ”O Comércio do Porto”, de 20 de Dezembro de 1865 – 4ª Feira


“Conhece-se que estamos em vésperas de Natal. Os mercados são concorridos como em tempo nenhum do ano; em algumas ruas é difícil transitar. É a gente do campo e da cidade que principia a fazer as suas provisões para a grande noite e para os dias subsequentes.
Na feira de S. Bento já se acham as vendedeiras do doce, que por este tempo ali costumam estabelecer-se.
Os vendedores de mel espalham-se pela cidade e, em clamorosos reclamos, inculcam o melhor que podem a excelência do género que vendem”.
In jornal “O Comércio do Porto”, de 21 de Dezembro de 1870 – 4ª Feira


Como já se disse, confeitarias havia poucas, mas, aos poucos, acabaram por aparecer, para fazer parte do quotidiano dos portuenses, e estes foram-se deixando seduzir pelo fabrico e pelo consumo de doçuras de outras paragens, casos das arrufadas de Coimbra ou das queijadas de Sintra.
No começo a confecção esteve muito ligada a padarias.


Sobre a Nova Padaria, sita, no Largo de S. Bento das Freiras, 11, dizia-se:

“Propriedade de António Guilherme de Araújo e Silva. Biscouto e bolacha de embarque. Peixes de doce de várias qualidades”.
In jornal “O Noticiador Portuense”, de 5 de Setembro de 1857 – Sábado


Uma desordem ocorrida na Padaria Vilar na Rua Formosa era narrada assim:

“Ontem pelas 9 horas da manhã, na rua formosa, na padaria do sr. Vilar, houveram gritos de socorro. Um galego espancava o mestre da fábrica”.
In jornal “Periódico dos Pobres”, de 29 de Março de 1858 – 2ª Feira

Na Rua do Calvário,31, esteve a Nova Confeitaria:

“Há sempre um completo sortido de doce fino. Preparam-se queques, faz-se pão-de-ló de Arouca, pudins, travessa de ovos de fio”.
In o jornal “O Comércio do Porto”, de 29 de Fevereiro de 1860 – 4ª Feira


Quanto às confeitarias dessa época, conhece-se a Confeitaria Barbosa, do Largo de S. Domingos, 37, fundada em 1857. 
Sobre a sua produção, dizia-se:

“Biscoutos de canela, dito Harmonia, dito Ovelhas, dito d’argolinhas”.
In “O Primeiro de Janeiro”, de 28 de Dezembro de 1888


Publicidade à Confeitaria Barbosa, In o semanário "O Imparcial" de 16 de Outubro de 1899



E não podia deixar de fazer-se referência, à Confeitaria Cascais, onde surgiu pela 1ª vez, no Porto, o bolo-rei, em 1890.


Confeitaria Portugueza (Confeitaria Cascais) de Júlio Cascaes, na Rua de Santo António, 232-235 – Cartão comercial



Publicidade ao Bolo-Rei inserida no Jornal “A Voz Pública” de 23 de Dezembro de 1900


Pelos anúncios anteriores se observa que o Bolo-Rei já estava a ter grande aceitação e, alguns, até já se reclamavam de ter sido, na cidade, os lançadores do doce que ganhou fama.



Publicidade ao bolo-rei, in jornal “A Voz Pública” de 30 Dezembro 1900




Até o bolo-rei se impor definitivamente, pelo Natal, o rei era, de facto, o Pão-de-ló e, também, o “Pão pôdre doce”, como atesta o anúncio abaixo.



Publicidade ao “Pão pôdre doce”, In jornal “A Voz Pública” de 25 Dezembro de 1907


(Continua)


terça-feira, 10 de dezembro de 2019

25.75 Natal portuense


«Quem leu o famoso romance “Reviver o Passado em Brideshead”, de Evelyn Waugh, lembrar-se-á de uma conversa entre Charles e Sebastian sobre a fé em que Charles se afirma não-crente e exprime a sua estranheza perante o facto de o amigo acreditar na lenda do Natal (com Reis Magos e burrinho junto da manjedoura). Diz Charles: “Mas, meu caro Sebastian, não podes acreditar naquilo a sério.” Ao que Sebastian responde:
“Claro que acredito: a ideia é lindíssima.”»
Cortesia de Frederico Lourenço, In semanário Expresso de 8/12/2015



A ideia do Natal pode ser linda, mas tem diferentes versões.
Assim, só nos escritos do evangelho de Mateus é que encontramos os Magos, a Estrela de Belém, o Massacre dos Inocentes e a Fuga para o Egito.
Fica subentendido para Mateus, que José e Maria são naturais de Belém e só depois do regresso do Egito é que se mudam para Nazaré.
Dado que, em Mateus, tudo leva a crer que Jesus nasceu, sem percalço de maior, na morada belenense de Maria e de José, neste Evangelho não há manjedoura nem adoração dos pastores. Não há presépio.
Por outro lado, a versão de Lucas é diferente. Lucas vê a situação ao contrário: José e Maria são naturais de Nazaré, mas têm de se deslocar a Belém para a formalidade de um recenseamento romano (cujos contornos, tal como são narrados por Lucas, colidem com a realidade histórica). O ideólogo do presépio é Lucas.
O portuense Almeida Garrett, refugiado em Londres, no Natal de 1823 recordava, em noite de consoada, o que iria pela sua terra, a cidade do Porto, a essa hora:


Natal da minha terra, que lembranças
Saudosas e devotas
Tenho das tuas festas tão gulosas
E de teus dias santos
Tão folgados e alegres! Como vinhas
Nos frios de Dezembro
De regalados fartes coroados
Aquecer corpo e alma
C’o vinho quente, c’os mexidos ovos,
E farta comezaina!


Este Natal, do Garrett, era o do Porto, não engana. Vinho quente e mexidos, o Natal de Lisboa, não tinha.
Fernando Pessoa associava o Natal nortenho ao frio.



DIA DE NATAL (De Fernando Pessoa)

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.








Hilda Paz dos Reis a colocar um postal de Natal num marco do correio



A fotografia acima mostra, em 1909, na então Praça de D. Pedro IV (actual Praça da Liberdade), a filha de Aurélio da Paz dos Reis, conhecido fotógrafo e vereador da Câmara do Porto e ainda dono da "Flora Portuense", que ficava do outro lado da praça. 



Correio de Boas Festas, de Hilda Paz dos Reis, desejando um ano feliz de 1910

 
 
 

Cartaz publicitário natalício do Bazar Esmeriz, localizado na Rua dos Clérigos n.° 70 - 74, c. 1910








Natal de 2007 na Rua de Santa Catarina



Rua de Cedofeita no Natal de 2014 – Ed. Teo Dias



Rua de Brito Capelo em Matosinhos no Natal de 1980



(Continua)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

(Conclusão) - Actualização em 10/10/2020


Romaria ao Senhor da Pedra


A capela do Senhor da Pedra situa-se na praia de Miramar, na freguesia de Gulpilhares, no concelho de Vila Nova de Gaia. Esta capela foi construída em 1686 sobre um rochedo, tem um formato hexagonal e possui um Altar-mor.
É aqui, que todos os anos acontece uma concorrida romaria, no Domingo da Santíssima Trindade até à 3ª Feira seguinte.
Aquele Domingo é o que sucede a um outro chamado de Pentecostes que ocorre 50 dias depois da Páscoa.



“É considerada um local de culto e peregrinação. Anualmente, nesta praia, é realizada uma romaria ao Senhor da Pedra. Esta festa remonta de uma tradição muito antiga e é realizada no domingo da Santíssima Trindade e prolonga-se até à terça-feira seguinte. Reza a lenda que quando os habitantes de Gulpilhares se preparavam para construir uma ermida ao Senhor da Pedra, no terreiro conhecido por arraial, era frequente aparecerem sobre os rochedos junto ao mar uma certa luz.
Todas as noites essa mesma luz misteriosa reaparecia fazendo os habitantes acreditar que seria um sinal do Céu.
Por este motivo, desistiram da construção da ermida no arraial e resolveram construir a capela no sítio onde a luz costumava aparecer, ou seja, em cima de um rochedo à beira-mar.
Nesse rochedo, atrás da capela, existe incrustada uma marca semelhante a uma pegada de boi.
Os habitantes desta terra acreditam ser de um boi bento (boi que afagava o menino Jesus na manjedoura)”.
Cortesia de “radioportuense.com”



Capela do Senhor da Pedra



Para ajudar ao esforço da caminhada, os romeiros costumavam cantar muitas músicas folclóricas, em que uma das quadras era:
 
Bendito o Senhor da Pedra
Bendito sempre sejais
Não tenho nada de meu
Oh Senhor tanto me dais
 
 
Em 20 de Junho de 1859, o jornal “O Commercio do Porto” sobre a romaria, desse ano, noticiava.
 
 

 



 

No ano de 1864, já os romeiros chegavam de comboio ao Senhor da Pedra, pois o troço ferroviário entre as Devesas, V. N. de Gaia, e Estarreja, tinha ficado concluído em 8 de Junho de 1863.



In jornal "O Commercio do Porto" de 23 de Maio de 1864



A propósito da romaria do Senhor da Pedra, em 1873, escrevia o “Jornal do Porto”:
 
 
“Ainda mal repousados das fadigas recentes, já se dispõem para nova peregrinação os romeiros do devoto Senhor da Pedra, cuja imagem se venera na respectiva capela erecta à beira-mar, dentro dos limites da freguesia de Gulpilhares.
É um nunca acabar de romarias, desde que lhes abre a porta, de par em par, o venerado S. Salvador de Quebrantões, até que a fecha a Senhora do Rosário, de S. Cosme de Gondomar.
As romarias constituem toda a alegria e distracção deste bom povo, que gosta de folgar por festas e arraiais para poder recomeçar, com mais ardor, no dia seguinte, a labutação donde aufere os recursos com que se ampara a si e aos seus.
Os romeiros de S. Salvador, pode dizer-se que são os do Senhor de Matosinhos, Senhor da Pedra e outras festas de oragos.
Da romaria do Senhor da Pedra derivam mais dois arraiais que são o da Raza e o das Devezas.
Para estes dois sítios vai de tarde muita gente, aguardando o regresso dos romeiros”.
In “Jornal do Porto” de 7 de Junho de 1873 - Sábado
 
 
E o jornal “O Commercio Portuguez” descreve a romaria de 1877:
 
 
“É amanhã domingo, 27 de Maio, a festa ao Senhor da Pedra.
O sítio da romaria é um extenso areal onde dardeja, de manhã à noite, um sol metálico, candente, capaz de fundir as pedras, sem uma sombra benéfica; há apenas o resguardo dos pavilhões de lona das tendas volantes que abrigam numerosas pipas de vinho, montes de pescado frito, que chia, de salsichas, de frangos, de caldeiros de arroz amarelo e outros víveres componentes destes regabofes populares.
As padeiras de Valongo alinham os seus enormes canastrões cheios de pão, tendo ao lado as mulas presas pelo cabresto e dando ao local o aspecto dum grande acampamento, vivacando.
Vareiras morenas e de olhos negros, com as suas cântars de água fresca, fervilham por entre a multidão sequiosa e as camponesas de Valadares e de Andorinho, exemplares de formusura e saúde sem confeição, oferecem pequenos encanastrados, forrados de alvíssimo linho, as laranjas e os mais rubicundos morangos do tempo.~
Aparecem a scerejas, as frutas da novidade, os doces de Paranhos, que parecem seixos, na moleza, os pães doces de Coimbrões e Avintes, chamados velhotes, as cavacas de Arouca, os doces de Milheiroz, que figuram burrinhos, aves, cães, vasos e leques.
Os pescadores do litoral atacam as famosas caldeiradas de peixe, que ali mesmo cozinham e comem.
Os romeiros espetam nos chapéus as estampas da imagem milagrosa e ramos de camarinhas, brancas como pérolas, e chamadas bagos de orvalho; com as jaquetas traçadas a tiracolo, inundados de suor, não sentindo o calor nem o vento de areia, dançam heroicamente todo o dia, esgadanhando na viola e fazendo enrouquecer as cantadeiras, as mais afamadas, que vêm de longe, contratadas para a festa.
Ao meio-dia sai a procissão arrostando intrepidamente um sol a prumo.
Na segunda-feira há corridas de cavalos sobre a areia; os “jockeys”não trajam jaqueta de setim, são os próprios donos, com os seus grossos jaquetões, hercúleos, pesados, valentes.
É uma romaria muito pitoresca e notavelmente concorrida e uma das que a classe média do Porto mais ama. A cidade costuma despejar-se e nas aldeias vizinhas não fica em casa, nesse dia, fôlego vivo, porque tudo quer ir ver a Pégada milagrosa que está gravada narocha, onde se ergue a capelinha, como um ninho de águia em frente da amplidão do mar e fitando o astro-rei que campeia no espaço infinito.
Mas aquela alegria imensa e ruidosa tem um lado repugnante, costuma ser cortada por vozes lancinantes dos mendigos que ali acodem de pontos longínquos.
Manetas, mancos, cegos, leprosos, aparecem ali em burros lazarentos, também dignos de comiseração, vê-se a morfeia, a elefância, as herpes, a gota, todas as excrescências cancerosas, todas as mutilações, todas as contracções, todos os defeitos do organismo, com grande cortejo de horrores”.
In jornal “O Commercio Portuguez” de 26 de Maio de 1877



Romeiros ao Senhor da Pedra, em 1900


Aurélio da Paqz dos Reis, com a sua filha Hilda, no Senhor da Pedra, em 1906






"A festa dedicada ao Senhor da Pedra, na freguesia de Gulpilhares, em Vila Nova de Gaia, merece um destaque especial, tanto pelo local em que decorre, como pela grande devoção de que terá sido alvo no passado. O local da festa é uma capela de planta hexagonal erguida sobre um rochedo batido pelo mar na praia de Miramar. A capela que lá está agora data mais ou menos da época do rei D. João V, mas o local em que ela se ergue foi objecto de remotas crenças pagãs. Antes da capela actual, é de admitir que outros templos, pagãos e cristãos, tenham existido naquele rochedo.
Só o próprio facto de uma capela se erguer num local tão junto ao mar, sem que seja destruída por este nos dias de maior temporal, já parece um milagre. Não admira, por isso, que ela tenha sido o centro de um fervoroso culto.
A importância que a romaria ao Senhor da Pedra teve no passado é testemunhada pela existência, num raio de muitos quilómetros em redor, de cantigas de romaria que lhe são dedicadas. Há cantigas ao Senhor da Pedra em localidades como Cinfães e Paredes, entre muitas outras. Quer isto dizer, portanto, que acorriam às festas do Senhor da Pedra muitos romeiros vindos de muito longe, que formavam ranchos e rusgas e iam a pé pela estrada fora, cantando, dançando e tocando bombos, ferrinhos, cavaquinhos, concertinas, rabecas, violas ramaldeiras e braguesas, etc.". In blog A Matéria do Tempo




Senhor da Pedra em 1912 – Fotograma editado da Cinemateca



Em 30 de Junho de 1917, é concluído um restauro da capela, pelo artista Joaquim Esteves de Carvalho, trabalho que foi suportado financeiramente pelos comerciantes António Pinto da Silva, do Porto, e Francisco Ferreira da Costa, de Pernambuco. 



Romaria do Senhor da Pedra, em 1918



Notícia no jornal “O Comércio do Porto”, em 18 de Dezembro de 1936



Capela do Senhor da Pedra, em 2009



À entrada da capela, de cada lado, existem dois painéis de azulejos com as seguintes inscrições:


Painel do lado esquerdo – ” O local onde se levanta esta capela do senhor da pedra é certamente o mais antigo lugar de culto da freguesia antes de nele se celebrar a Cristo seria altar pagão” ;
Painel do lado direito – “A origem do grupo populacional de Gulpilhares remonta a maior antiguidade como bem se demonstra com o notável espólio arqueológico que nesta região tem sido achado”.



Painel de azulejos na entrada, à direita


Painel de azulejos da capela do Senhor da Pedra com datas de referência




Presentemente, para além dos dias consagrados à romaria, são na generalidade conhecidos relatos estranhos sobre visitas à capela e levadas a cabo nas suas traseiras, práticas bizarras que prenunciam actos de bruxaria e feitiçaria.





Vista aérea da Capela do Senhor da Pedra




terça-feira, 3 de dezembro de 2019

25.74 Duas Romarias que dizem muito aos portuenses


Santa Rita (Formiga) e a Quinta da Mão Poderosa

Desde o século XIX, que os romeiros demandam Ermesinde, em Maio, para assistirem e participarem nas festividades que têm subjacente a veneração a Santa Rita de Cássia.
Santa Rita de Cássia foi uma monja agostiniana da diocese de Espoleto, em Itália.
Nascida como Margherita Lotti, em 1381, e falecida a 22 de Maio de 1457, em Cássia, são-lhe atribuídos vários milagres, tendo a Santa Sé instituído a sua beatificação em 1627 e a canonização em 1900.



“Na capela da Formiga teve lugar no domingo, 24 de Maio, com muita pompa, a festividade de Santa Rita.
Houve arraial de tarde, onde, apesar da chuva que caía, afluiu bastante gente desta cidade e aldeias”.
In jornal “O Noticiador Portuense” de 26 de Maio de 1857


“No Convento da Formiga realiza-se nos próximos domingo e 2ª Feira, 22 e 23 do corrente, a grande romaria a Santa Rita de Cássia, muito venerada pela população nortenha como advogada do impossível e por isso de muito especial devoção dos bravos pescadores que, na hora das suas aflicções em alto-mar, a ela recorrem em suas preces.
Haverá arraial com vários atractivos”.
In “Jornal de Notícias” de 19 de Maio de 1949



“A Igreja de Santa Rita ou Igreja de Santa Rita da Mão Poderosa localiza-se na freguesia portuguesa de Ermesinde, concelho de Valongo, distrito do Porto.
Começou a ser construída na segunda metade do século XVIII, a primeira pedra foi colocada em 1749. É de estilo barroco.
Está ladeada por duas torres sineiras e o seu pórtico é rematado por um frontão triângular interrompido por um nicho barroco onde está colocada a imagem de São Pedro. No interior da Igreja, destaca-se a excelente talha dourada nas capelas laterais, no altar-mor e na estatuária religiosa.
O Santuário de Santa Rita em Ermesinde é um dos santuários do Norte de Portugal mais visitados e alvo de peregrinação. Esta santa é alvo de grande devoção na cidade e também em todo o país.
A romaria de Santa Rita realiza-se no segundo Domingo de Junho. A imagem de Santa Rita localiza-se no interior da igreja do lado direito. O dia de Santa Rita celebra-se a 22 de Maio. Santa Rita é conhecida como a santa dos casos impossíveis”.
Fonte: “pt.wikipedia.org”



A primeira pedra do novo templo, que substitui a primitiva ermida existente, foi lançada em 14 de Outubro de 1749, ultrapassado que foi, por intervenção de D. João V e da rainha (oriunda da Áustria), o processo de embargo da doação da propriedade, que envolvia um processo de enfiteuse, pelo seu senhorio directo.
A partir daí, o templo gozaria da protecção real.
Ambos os santuários tiveram como máxima devoção a Nossa Senhora do Bom Despacho, muito adorada em terras da Maia.
Passados 30 anos, o novo santuário seria inaugurado, envolvendo três dias de festejos no fim do mês de Agosto: a 27 de Agosto, dia de Santa Mónica, mãe de Santo Agostinho; a 28 de Agosto, dia de Santo Agostinho, o patrono da actividade da comunidade que dirigia o Santuário e o Convento Real da Mão Poderosa; e a 29 de Agosto, o dia que evoca o martírio de S. João Baptista.
Santa Rita, cujo dia de festejo é 22 de Maio, aparece associada ao santuário e alvo de devoção por ser, no âmbito da devoção, a exemplo de Nossa Senhora do Bom Despacho, uma intermediária entre os crentes e Cristo e, ainda, da devoção do casal real.
As origens austríacas da rainha determinariam que na fachada do templo fosse exibida, até aos dias de hoje, a característica águia de duas cabeças.



Igreja de Santa Rita em Ermesinde




Colégio da Formiga - Convento dos Eremitas de Santo Agostinho

«Data dos princípios do Sec. XVIII a primeira referência à “Quinta da Mão Poderosa”, em S. Lourenço de Asmes, hoje Ermesinde. Era pertença de Francisco da Silva Guimarães, negociante do Porto, e o conjunto mais notável seria a casa e ermida dedicada a N.ª S.ª do Bom Despacho, provavelmente situada no local onde se ergue o convento.
Em 1745, Francisco da Silva Guimarães e a sua mulher fazem doação da propriedade aos Eremitas Descalços de St.º Agostinho para fundarem uma igreja e convento ou hospício com a denominação de N.ª S.ª do Bom Despacho da Mão Poderosa. A escritura fora lavrada no Porto a 6 de Julho no mesmo ano, tendo como outorgantes os doadores e Dr. Frei José do Nascimento, como procurador do Rev. Pe. Mestre Dr. Frei António da Anunciação, Vigário Geral da Congregação.
A doação fora impugnada por parte do senhorio direto, Francisco Aranha Ferreira, que se recusava a vender-lhes os seus “direitos dominicais”. Foi preciso recorrer a D. João V, de quem doadores e religiosos alcançaram a necessária provisão em 19-4-1747. Não esqueceram os religiosos o favor do Rei, alcançado certamente por sua esposa D. Maria Ana, filha do Imperador Leopoldo I, mandando colocar na frontaria da Igreja e noutros locais do Convento a águia bicéfala e as armas imperiais da casa da Áustria.
Em 1842, foi arrematado em hasta pública por José Joaquim da Silva Pinto. Nesta data funciona no antigo convento um colégio para as famílias Miguelistas que não puderam emigrar. Diz-se que os alunos usavam um emblema com uma formiga, recordando o provérbio da Sagrada Escritura “Vade ad formicam, piger, et disce sapientiam”, e daí a designação do Colégio da Formiga. Este Colégio terá encerrado em 1848, ficando o edifício vago durante vários anos.
Em 1867, é arrematado em hasta pública por Manuel Francisco Cidade. Por seu falecimento em 1875, ficou a pertencer a sua filha D. Margarida Duarte Cidade, que veio a casar com José Joaquim Ribeiro Teles.
Em 1877, Frei João de Santana Gertrudes transfere para o antigo convento a secção masculina do Colégio de Paço de Sousa.
Em 1878, o Pe. José Rodrigues Cosgaya, emigrado político de Espanha em 1868, toma conta do Colégio.
Em 1886, o mesmo Dr. Cosgaya renova o contrato de arrendamento do antigo convento com validade até 1900.
No entanto, em 1894, instalou-se no antigo convento a Congregação do Espírito Santo. Nesta altura o Colégio do Dr. Cosgaya, denominado Colégio da Formiga, passaria a funcionar num edifício próximo: “Colégio do Rego de Água”
Cortesia: “colegiodeermesinde.com/”



O primeiro proprietário da quinta da “Mão Poderosa” foi o negociante Francisco da Silva Guimarães, morador às Hortas, e falecido em 1756.
Entre outros, tinha negócios de exportação de vinhos para o Brasil.
Aquando da doação, o casal doador deixou expresso que eles e seus descendentes, seriam sepultados na Igreja, a erguer e na qual seriam rezadas duas missas diárias, enquanto “o mundo for mundo” pelas suas almas.
Os Eremitas Descalços de Santo Agostinho (Grilos), à data da doação, estavam no Porto, pelo campo de Santo Ovídio, pois ainda não se tinham instalado na Sé, na Igreja de S. Lourenço que, poucos anos mais tarde (1780), seria por eles ocupada pelo abandono forçado dos jesuítas e pela sua compra à Universidade de Coimbra.


“Primeiro seriam construídos os Dormitórios do Convento, sendo posteriormente erguida a Igreja (1749), sobre as ordens do Frei António da Anunciação, doutor de Teologia e professor da Rainha D. Vitoria. Não admirando por isso que entre as várias doações e legados que permitiram a construção desta Igreja, se destaque, o real patrocínio desta rainha, cujas armas para sempre ficaram gravadas no templo.
A Igreja seria dedicada à Beata Virgem Maria, mas com invocação à Nossa Senhora do Bom Despacho. Aparece também desde o início a referência da Santa Rita de Cássia, que desde sempre foi venerada por esta Congregação e cujo nome sobrepôs o da invocação.
Nas lutas liberais, entre D. Pedro IV e seu irmão D. Miguel, quando ocorreu o cerco à cidade do Porto (1832-33), este Convento serviu de Hospital de sangue, para o exército absolutista. O próprio D Miguel esteve aqui várias vezes, em visita às suas tropas. No Adro da Igreja foram depositados, em vala comum, inúmeros soldados de mortos durante esta guerra civil.
O volumoso imóvel de Santa Rita, surge flanqueado por duas torres sineiras, bem proporcionadas e discretas, enquadrando um frontispício marcado pela sobriedade de linhas. O pórtico rematado por frontão triangular interrompido, é encimado por um nicho barroco, onde está uma imagem pétrea representando a Padroeira.
Adossada à esquerda do templo surge a antiga estrutura monástica, de planta quadrangular. Temos acesso à outrora conventual Igreja, por uma bem delineada escadaria fronteira.
Importante centro de culto, esta Igreja, ainda hoje, como no passado, é local onde convergem todos os domingos centenas de peregrinos, a prestar culto à Santa Rita e a cumprir as suas promessas.”
Fonte: “www.jf-ermesinde.pt”




Colégio da Formiga - Cortesia: “colegiodeermesinde.com/”



Em 1860, o Colégio da Formiga continuava em funcionamento, sob a direcção de um tal Keghels, como prova o anúncio publicado para esse ano lectivo no jornal Comércio do Porto, em 1 de Outubro.


 
 

Comércio do Porto de 1 de Outubro de 1860
 
 
Segundo o texto que se segue, em 1861, o Colégio da Formiga mantinha-se em funcionamento.




Texto de Júlio César Machado, da obra “Scenas da Minha Terra” (1861)





No texto anterior, extraído da obra de Júlio César Machado, "Scenas da Minha Terra", no capítulo Recordações do Porto, e na sequência duma passagem pela cidade do Porto efectuada em 1861, o escritor diz que na Quinta da Formiga visitou uma fábrica de sola do industrial Pinto da Silva (José Joaquim da Silva Pinto) que, em 1842, tinha adquirido a propriedade em hasta pública e as restantes instalações do convento, que tinham servido os fins que mencionou.





Colégio da Formiga - Cortesia: “colegiodeermesinde.com/”



«Em 1910, com a implantação da República, encerrou o Colégio do Espírito Santo iniciado em 1894 pelos padres dessa Congregação.
Em 1911, no opúsculo “Educação e Instrução”, à laia de propaganda política, é apresentado o antigo convento e ilustrado com diversas fotografias, como “Futuro Instituto Grandella - Escola Guerreiro”.
Neste ano, Amadeu Vilar, presidente da Junta de Paróquia de S. Lourenço de Asmes, propõe ao governo provisório de então que a localidade se passasse a chamar Ermezinde.
Em 12-09-1912, Pe. Manuel da Silva Pontes e Pe António Luís Moreira concluem com o seu legítimo proprietário, José Joaquim Ribeiro Teles, o contrato de arrendamento do antigo Convento.
Em 28-12-1912, por despacho do então Presidente da República, Manuel de Arriaga, é deferida a petição de José Joaquim Ribeiro Teles e Pe Manuel Moreira Reimão de criar “um instituto particular de ensino secundário em Ermesinde, sob a denominação de COLÉGIO DE ERMEZINDE” – Alvará N.º 712.
No ano letivo de 1913-14 figuram como diretores Manuel Moreira da Silva Pontes, Dr. António de Castro Meireles, Dr. Gaspar Augusto Pinto da Silva e Manuel Moreira Reimão.  
Em 8-12-1932, José Joaquim Ribeiro Teles faz testamento dos seus bens. Depois de contemplar diversos herdeiros, assim declara na parte final: “Instituo meu único e universal herdeiro de todo o remanescente da minha herança o Exmo. Senhor D. António de Castro Meireles, Bispo do Porto... É meu desejo... que minha propriedade do convento da Formiga seja utilizada em qualquer Seminário ou Colégio, sob a dependência do Exmo. Senhor D. António Meireles, a fim destes bens poderem assim prestar alguma utilidade à Igreja Católica, de quem me prezo de ser filho, pois dela já vieram, e assim úteis à causa de Deus... “.Faleceu o testador em 22-5-1933.
Por escritura de 29-5-1941 são transferidos os referidos bens para a posse do “Seminário Maior de N.ª S.ª da Conceição do Porto” e assim se cumpria a vontade de José Joaquim Ribeiro Teles: da Igreja vieram, para Ela voltam.
Em 1948, Dr. Gaspar Pinto da Silva vende à Diocese os bens mobiliários do Colégio e é indemnizado pela renúncia dos direitos que lhe advinham como arrendatário e como Diretor do Colégio. Da mesma forma foi indemnizado o Diretor Adjunto e professor Dr. Francisco da Silva Pinto.
A partir de 1948 o Colégio passa, assim, a ser propriedade da Diocese do Porto. A entidade Titular é o Seminário Maior de Nª. Sª. da Conceição, da Diocese do Porto. Os seus Diretores são nomeados pelo Bispo da Diocese, seus mandatários e representantes nesta Comunidade Educativa.
Tem como lema Ciência e Disciplina, Liberdade e Responsabilidade, princípios basilares da formação pessoal e integração na sociedade.»
Cortesia: “colegiodeermesinde.com/”



Sobre o texto anterior e sobre a referência ao “Instituto Grandella - Escola Guerreiro”, não há notícia de ter avançado.
Em 1912, o professor António Maria Guerreiro, tenta ampliar a sua acção até à escola da Quinta da Formiga, no entanto, é todo o projecto que até esse momento parecia estar pujante acaba por encerrar, sem que as causas sejam conhecidas.
António Guerreiro, na companhia dos seus filhos Porfírio e Adelina, abala para o Brasil. Por lá viveu, em S. Paulo, por mais 25 anos.
Assim, uma Escola Guerreiro já tinha existido na Rua de Cedofeita, nº 183-187, em 1909, mas dada a exiguidade das instalações, no ano lectivo 1909/1910, transferiu-se para a Rua de Cedofeita, nº 245, onde tinha estado o Colégio de Nossa Senhora do Rosário.
Passado um ano ou dois, o Colégio Guerreiro transferia-se então, na mesma rua, para o palacete do visconde Barreiros, onde funcionou a Administração do 2º Bairro Ocidental do Porto.
Este projecto educativo, como modernamente se diz, tinha sido obra de um professor, de seu nome António Maria Guerreiro, oriundo de Caminha que, em 1908, tinha fundado um colégio na Rua da Fábrica, ocupando instalações, por cima da Livraria Simões Lopes.





Publicidade à Escola Guerreiro - Fonte: Jornal "A Voz Pública" de 19 de Setembro de 1909


Local de instalação da Escola Guerreiro, na Rua de Cedofeita, 183-187 - Planta de Telles Ferreira de 1892



Local de instalação da Escola Guerreiro, na Rua de Cedofeita, 245, onde esteve antes, o Colégio de Nossa Senhora do Rosário - Planta de Telles Ferreira de 1892



Entretanto, após a implantação da República, em 1910, o Colégio de Ermezinde, sob o Alvará n.º 712 de 28 de Dezembro de 1912, vai singrar, adaptando-se aos novos tempos.
Assim, em 4 de Março de 1918, é notícia pelas festas levadas a cabo, à tarde e à noite, com a participação dos seues professores Drs. Castro Meireles,  Francisco da Silva Pinto e Manuel Augusto de Azevedo e, ainda, de vários alunos.
À noite, ocorreu a distribuição de prémios aos alunos mais distintos, acto presidido pelo Bispo do Porto D. António Barroso.


(Continua)