sábado, 2 de novembro de 2024

25.258 Papelarias com história

 
“Papelaria Araújo & Sobrinho”
 
 
Ao longo dos anos, diversas papelarias implantadas na cidade passaram, por uma ou outra razão, a fazer parte do imaginário dos portuenses.
Entre muitas, aquela que se destaca por ser, dizem, a mais antiga ainda em actividade, é a “Papelaria Araújo & Sobrinho”, no Largo de S. Domingos.
A conhecida “Papelaria Araújo & Sobrinho” tem as suas origens quando, em 1829, António Ribeiro de Faria, sócio fundador da Associação Comercial do Porto, funda a firma “Armazém de Papel do Murinho de S. Domingos”, no Largo de S. Domingos.
A gerência da firma ficou a cargo de Manuel Francisco de Araújo, um primo do fundador.
Entretanto, para Manuel Francisco de Araújo, começou a trabalhar um seu sobrinho, Domingos Gonçalves Araújo que, caindo nas graças do seu tio, em 1866, foi convidado a juntar-se-lhe numa nova sociedade, com a firma “Manuel Francisco de Araújo & Sobrinho”.
Manuel Francisco de Araújo acabaria por comprar o prédio onde se instalava a papelaria, no Largo de S. Domingos, num terreno, antes um quintal de uma casa, expropriado pela Câmara ao Conselheiro Domingos Ribeiro de Faria, onde foi construído um prédio e, na sua fachada fronteira ao convento, uma fonte nela incrustada.
Na planta seguinte, aquele terreno está identificado com a letra D.

 
 
 

Planta, em 1845, de parte do Largo de S. Domingos, na qual o círculo, à direita, é o local do chafariz de S. Domingos, depois deslocado para a Cancela Velha e substituído, por estas bandas, pela fonte apresentada na imagem seguinte, à esquerda
 
 
 
 

À esquerda, a Fonte do Largo de S. Domingos (que substituiu um chafariz) e que, a partir de 1845 até aos primeiros anos do século XX, serviu os portuenses
 
 
 
 
Ainda, em 1866, por doença de Manuel Francisco de Araújo, este faz-se substituir por seu filho, Manuel Francisco de Araújo Júnior que com Domingos Gonçalves de Araújo constituem a firma “Araújo & Sobrinho”.
Será por acção de Manuel Francisco de Araújo Júnior, uma personagem ligada à vida cultural da cidade, que os artistas plásticos da cidade passam a frequentar a papelaria para adquirir os materiais que necessitavam.
Na sua habitação, nos andares superiores do prédio, sucediam-se as sessões de tertúlia e saraus musicais.
Em 1902, retira-se Domingos Gonçalves de Araújo, que falece em 1918, e a firma passa a “Araújo & Sobrinho, Sucessor”.
Em 1932, morre Manuel Francisco de Araújo Júnior.
Desde então, a firma, hoje, “Araújo & Sobrinho, Sucessores”, após atravessar parte do século XIX, todo o século XX e um quarto do século XXI, vem sendo gerida, como o seu nome indica, por sucessores dos fundadores.





Papelaria Araújo & Sobrinho, Sucessores, em meados do século XX
 
 
 
Interior da Papelaria Araújo & Sobrinho, Sucessores



 
Papelaria Araújo & Sobrinho, Sucessores, em 1948
 
 
 
 
No local apresentado na foto abaixo, esteve uma sucursal da Papelaria Araújo & Sobrinho, na Rua dos Clérigos.
Uma outra esteve, durante grande parte do século XX, na Rua de Santa Catarina, nº 103, em frente ao Café Majestic, nos baixos do prédio onde, na segunda metade do século XIX, funcionava a “Padaria Faria” fundada por Ribeiro de Faria, em 1865, que habitava os andares superiores. Os seus herdeiros apenas abandonaram a habitação em 1939.
Nesta casa nasceria Alfredo Ferreira Faria (1867-1930), o fundador da revista “O Tripeiro”.



 

À direita, uma sucursal da Papelaria Araújo & Sobrinho, na Rua dos Clérigos em meados do século XX
 
 
 
A família Araújo, nos nossos dias, explora no local da antiga papelaria e residência da família, uma moderna unidade de hotelaria.

 
 
 

A Papelaria Araújo & Sobrinho encontra-se no Largo de São Domingos dividindo espaço com o “A. S. 1829 Porto Hotel”
 




“Porto A.S. 1829 Hotel” e o “Restaurante Galeria do Largo”
 
 
 
 
Assim, após remodelação do edifício em 2015, é Miguel Araújo, da 5ª geração da família Araújo, que continua o legado da papelaria “Araújo & Sobrinho, Sucessores”, administrando juntamente com a cunhada Maria José Fontes e uma prima, Joana Araújo Jorge, já da 6ª geração, um pequeno espaço com artigos de papelaria, característicos, que divide com “Porto A.S. 1829 Hotel” e o “Restaurante Galeria do Largo”.
 
 
 
«Manuel Francisco de Araújo, trisavô de Miguel, foi um dos primeiros portuenses a meter-se num barco a vapor e ir a Inglaterra fazer compras para a colónia de ingleses, que era quem tinha dinheiro aqui na altura.
“O centro do Porto era aqui. Ele começou com uma loja de bricabraque, vendia sabonetes, água-de-colónia, chocolates e instrumentos musicais porque a papelaria resumia-se a papel, tinta e pena. A papelaria pura e dura eram esses três artigos. A papelaria cresceu imenso depois, mas praticamente desapareceu com a informática. Deixou de fazer sentido.”
Miguel nasceu no edifício de seis pisos. “Vem do meu trisavô. O meu bisavô ergueu o edifício porque a loja era pequena. Quando o meu pai se casou, o meu avô fez uma remodelação e construiu um apartamento maravilhoso. Era a nossa casa, uma casa fantástica”, conta o bisneto, neto, filho e protector da marca Araújo & Sobrinho que vive nas paredes, nos corredores, nas escadarias e nas gavetas do Porto A.S. 1829 Hotel, há sensivelmente um ano no Largo São Domingos, no Porto. Nos três últimos pisos viveram vários ramos da família. A “casa fantástica”, recorda Miguel, olhos vidrados, tinha “quartos gigantes”... “Depois descíamos e tínhamos a casa dos nossos avós que era maior ainda. E descíamos mais ainda e tínhamos a sala de armas, a biblioteca, o salão de jogos... E depois a loja. Eu era miúdo, havia a porta do cavalo, que era uma passagem directa para a loja, onde chegaram a trabalhar cerca de 150 funcionários. Ainda existiam as oficinas, a gráfica, a serralharia, a carpintaria... Era um mundo, fazia-se tudo aqui”».
Testemunho de Miguel Araújo; Fonte Site: “fugas.publico.pt”
 
 
 
 
No Largo de S. Domingos, existiu uma imagem de Santa Catarina colocada num nicho aberto na fachada de um prédio já desaparecido e que ornando uma pequena fonte, estava na frontaria de um prédio existente num recanto voltado para a Rua das Flores. Aliás, em 1728, a imagem já lá estaria.
A imagem de Santa Catarina recolheu depois ao interior da Papelaria Araújo & Sobrinho adornando a denominada Fonte de Santa Catarina.
Ocupando o hall de entrada do “Porto A.S. 1829 Hotel”, com um pequeno espaço de venda ao público de artigos de papelaria, pode observar-se que a memória da Fonte de Santa Catarina e a imagem de Santa Catarina a ela associada foram preservadas.

 
 

Hall de entrada do “Porto A.S. 1829 Hotel” com uma alusão à Papelaria Araújo & Sobrinho
 
 
 
 

Imagem de Santa Catarina, no interior da papelaria
 




Papelaria Reis
 
 
A Papelaria Reis nasceu na Rua do Almada, em 1865, tendo sido seu fundador Manuel Alves dos Reis. Por morte deste, sucedeu-lhe na administração do negócio seu filho José Alves dos Reis, que Carlos Bastos biografou no "Livro de Ouro do Comércio e Indústria do Porto".
A transferência da Papelaria Reis para a Rua das Flores ocorreu em 1907. Mas não foi logo para o sítio onde esteve a casa que foi de João de Barros, o autor da Geographia de Entre Douro e Minho, genro do reverendo Martinho do Couto, que a construiu na primeira metade do século XVI.
Instalou-se, primeiro, no prédio com os números de 21 a 25, onde já funcionava um estabelecimento do mesmo ramo - a Papelaria Rebelo, que havia sido fundada em 1877 por João Vieira Rebelo.
Foi só, muito mais tarde (Dezembro de 1931), que a Papelaria Reis se mudaria para o prédio com a numeração de 150 a 160, em local onde séculos antes tinha sido levantada a residência do reverendo Couto, uma casa tipicamente de estilo manuelino que, na sua fachada, exibia uma imagem de São Miguel significando, assim, que era foreira do Cabido.
 
 
 
 
Casa do reverendo Couto demolida no dealbar da segunda metade do século XIX. Desenho (1908) de Karl Albrecht Haupt






Antiga Papelaria Reis - Fonte: Google Maps
 
 
 
 
Na foto anterior, entre o nº 150 e 160 da Rua das Flores, observa-se o local onde esteve a casa do reverendo Couto. 
Neste local, em meados do século XIX, existiu uma outra papelaria e livraria, nos baixos de um prédio, explorada pelo comerciante João de Freitas Fortuna Júnior, ao qual sucedeu no negócio seu filho João António de Freitas Fortuna, cuja família como era tradição habitava os andares superiores.
Esta personagem era irmão do Dr. Vicente Urbino de Freitas e amigo do escritor Camilo Castelo Branco recebendo, assiduamente, a sua visita.




 
Papelaria Peninsular
 
 
Foi pela mão de Valentim Ribeiro Gonçalves Basto, natural de Padronelo – Amarante, que nasceu a denominada “Typographia Peninsular”, hoje, Peninsular – Papelaria e Artes Gráficas. Com instalações, à data da fundação, na extinta Rua de São Crispim, números 18 e 22.
Depois, até hoje, na Rua Mouzinho da Silveira.


 
 
Papelaria Peninsular, na Rua Mouzinho da Silveira
 
 
 
“A fundação data de 1905, mas Valentim Ribeiro Gonçalves Basto abriu a Typographia Peninsular em finais do século XIX. Aliás, a brochura “A minha defesa” de António Vasconcellos foi inteiramente composta na tipografia e faz parte do espólio mais antigo deste estabelecimento. É também na capa da revista Algazarra, de agosto de 1902, que surge, pela primeira vez, uma referência à tipografia. No entanto, é na data da fundação que se adiciona a papelaria à tipografia, que permitiu a expansão do negócio. Em 1928, por falecimento do fundador, a Peninsular passa para as mãos da sua esposa, filha e genro, que imprimem um dinamismo e tornam este estabelecimento num espeço de referência. É desta altura que advém o seu slogan “Não perca tempo a pensar… compre na Peninsular”. Atualmente, a empresa vai na quinta geração da família e continua atual, sendo uma referência no setor”.
Fonte: comerciocomhistoria.gov.pt
 
 
Sucessivamente, na mão da mesma família, actualmente, é José Eduardo Barbedo (4° geração) e Diogo Barbedo (5° geração) que estão no comando da empresa, que continua a ser uma referência no sector.
 
 
 
Outras papelarias portuenses
 
 
Papelaria Académica
 
 


Papelaria Académica, à direita, junto do cinema Batalha
 
 
 
A Papelaria Académica atravessou, na Praça da Batalha todo o século XX. Era conhecida pela qualidade das canetas de tinta permanente que vendia aos seus balcões.
Em 1 de Dezembro de 1901, anunciava no jornal “A Voz Pública” os seus serviços, como se pode observar a seguir.

 
 


 
Publicidade à Papelaria Académica, In "Anuário Comercial para o Porto e seu Districto", para o ano de 1908, do jornalista Alexandre Barros

 

Papelaria Académica, localizada entre os cinemas Águia d’Ouro e Batalha, exibindo o seu icónico reclame às canetas Pelikan
 
 
 

Papelaria Papélia
 
 
Na Rua de Santa Catarina, desde da década de 1930, fronteiro ao Café Majestic e, durante muitos anos, vizinha da sucursal da Papelaria Araújo & Sobrinho esteve a Papelaria Papélia.
 





Papelaria Papélia, na Rua de Santa Catarina, 123
 
 
 
 
Papelaria Progresso
 
 
Na esquina das ruas de Santa Catarina e António Pedro esteve, durante várias décadas, a Papelaria Progresso.
Presentemente, encontra-se numa loja na Rua Antónia Pedro, a poucos metros da loja primitiva.
 
 
 

Papelaria Progresso, c. 1930, na sua primitiva loja, na Rua de Santa Catarina
 
 
 

Papelaria Progresso, na Rua de António Pedro
 
 
 
 
 
 
Papelaria Modelo
 
 
A Papelaria Modelo situou-se, desde 1921, no Largo do Lóios, nº 76. Possivelmente, vinda da Praça de Carlos Alberto, conforme se pode observar no anúncio inserido no jornal “A Voz Pública” de 1 de Dezembro de 1901.


 
 



Teria ocupado, então, as instalações da Papelaria dos Loyos - Costa & Carvalho, na mesma morada.

 
 


 
 
 
 

A meio da foto, a Papelaria Modelo, no Largo dos Lóios, c. 1937




Papelaria Modelo
 
 
 
 
Papelaria Azevedo
 
 

À direita, a Papelaria Azevedo, no Largo dos Lóios, em duas épocas distintas
 
 
 
 
A papelaria Azevedo foi fundada por Manuel José Alves Azevedo e após o seu falecimento, em Abril de 1912, haveria de dar lugar ao Café dos Lóios.
 
 
 
 
Papelaria Sousa Ribeiro
 
 
“A M. Sousa Ribeiro…Nasceu em 1956, exactamente na Rua Sá de Bandeira, pela mão de Manuel Sousa Ribeiro, pai dos actuais sócios. Na altura, era uma papelaria e chamava-se, apenas, Sousa Ribeiro. Mais tarde, o dono decidiu especializar-se num ramo do negócio para escapar às dificuldades económicas. Surge, assim, a M. Sousa Ribeiro, especializada em artigos artísticos, na Rua Sampaio Bruno”.
Fonte: jpn.up.pt
 
 
 
Nas antigas instalações do Excelsior Café abriu, em 2008, a M. Sousa Ribeiro, empresa que deriva da primitiva Papelaria Sousa Ribeiro e que, até então, ocupava instalações na vizinha Rua Sampaio Bruno.


 
 

Aqui, na Rua de Sá da Bandeira, esteve o café Excelsior ou café dos ciclistas –Jportojo


 

Interior da Papelaria M. Sousa Ribeiro, nas instalações do antigo café Excelsior, no qual o espaço era composto por duas partes separadas por degraus

 
 
A partir de Dezembro de 2016, as instalações da Papelaria M. Sousa Ribeiro, na Rua de Sá da Bandeira, seriam ocupadas pela empresa internacional do ramo óptico, Leica.
A Papelaria M. Sousa Ribeiro acabaria por ocupar uma loja na Praça Guilherme Gomes Fernandes.

 
 
 
Papelarias diversas
 
 

Papelaria Guimarães
 
 
 

Papelaria Guimarães, no Palacete das Cardosas, à direita, durante desfile de cortejo carnavalesco




Papelaria Pirata
 

Ao Bonfim, a Papelaria Pirata, ainda de portas abertas, serviu os estudantes dos Liceus Alexandre Herculano e Rainha Santa Isabel, desde sempre.
 

 

À esquerda, na esquina, a Papelaria Pirata, no tempo em que ainda circulavam os trólei-carros


 
 
Papelaria Nelita
 

 

Papelaria Nelita na esquina das ruas do Almada e Ramalho Ortigão
 
 
A Papelaria Nelita não resistiu à pressão turística e encerrou já na segunda década do século XXI.
 
 
 
 
Papelaria Fidélia
 
 
Ainda, na Rua de Santa Catarina, nº 293, a Papelaria Fidélia, desde 1968 serviu os portuenses pela mão da família Fontes. Antes, o serviço foi prestado pela família Machado.
Em 2017, não resistiu à pressão urbanística e Fátima Fontes encerrou o estabelecimento.
 

 

sábado, 26 de outubro de 2024

25.257 Um pequeno largo que desapareceu há pouco mais de 100 anos

 
Ed. Domingos Alvão (1872-1946)
 
 
 
Sobre as fotos acima, c. 1918, socorrendo-nos do testemunho de Guilherme Faria, exarado na revista “O Tripeiro”, nº 4, Agosto de 1954, a poucos metros da esquina da Rua de Santa Catarina e da Rua de Passos Manuel, formava-se um pequeno largo fruto do recuo de alguns prédios.
Um pouco mais ao longe, já no alinhamento da rua, nasceu o escritor Arnaldo Gama.
Naquele largo, os artistas de feira montavam os seus espectáculos de rua e, por vezes, no mesmo espaço, eram montados palcos e coretos onde tocavam algumas bandas. Aí, se encontravam as costureiras dos ateliers da zona e as operárias da Camisaria Confiança.

 
 

Guilherme Faria – Fonte: revista “O Tripeiro”, nº 4, Agosto de 1954
 
 
 
 
Na esquina, em primeiro plano, em tempos, houve um marco fontenário da Companhia das Águas.
Partindo dessa esquina, a casa com uma pedra de armas na fachada era a habitação e o consultório de dentista, do Dr. Alfredo Nazaret e, no rés-do-chão, existiu um armazém de gelo e águas de mesa, da Fábrica de Sulfureto da Serra do Pilar, situada junto à Ponte Maria Pia, a montante.
Esta fábrica, que esteve em actividade até à década de 1990,  pertenceu, a partir de 1948, à Companhia União Fabril (CUF). No dia 15 de Agosto de 1916, um violento incêndio ocorrido na área da sua fábrica em V. N. de Gaia, reduziria a escombros um armazém de enxofre e carvão.
À data do sinistro, a fábrica era propriedade da firma Guimarães Pestana & Cia. Lda.


Com o n.º 2 se identifica a localização da Fábrica de Sulfureto e Gelo da Serra do Pilar - Planta editada; cortesia de Gonçalves Guimarães



Retomando o périplo pela Rua de Santa Catarina, seguia-se uma casa (onde antes, teria estado um café) de malas, que seria transferida para a Rua de Cedofeita – Artigos de Viagem de José Álvares. Mais tarde, foi transferida para a Rua Miguel Bombarda.
Depois, encontrava-se a Fotografia Alvão, que  Domingos Alvão aí instalou no dia 2 de Janeiro de 1902 na Rua de Santa Catarina n.º 120, entre o tal estabelecimento de Artigos de Viagem de José Alvares e a casa da Viúva Cunha, sócia de uma casa de câmbios na feira de S. Bento (Praça Almeida Garrett).
 
 
 

Fotografia Alvão, entre a casa de “Artigos de Viagem de José Alvares” e a casa da Viúva Cunha
 
 
 
 
Por fim, duas casas de andar da família Queirós, com os baixos da última, ocupados por uma fábrica de cartonagem.
A casa que fecha o largo estando já no alinhamento, à época, albergava a família Ventura e, no seu rés-do-chão, a casa de panos “Vilaça”.
Passado alguns anos, o prédio recebeu os sócios do Sport Clube do Porto (o que ainda perdura) e, nos baixos, a “Casa das Gabardines”.
Defronte deste último prédio, desde 1865 até 1939, aí existiu a Padaria Faria e, a partir desta data, uma sucursal da Papelaria Araújo & Sobrinho.
Aquela conhecida padaria foi alvo de obras de beneficiação importantes e, após as mesmas, reabriria em 4 de Abril de 1903.
Os fundadores desta padaria foram, Maria Ferreira, cuja família tinha uma loja de venda de cereais (um “farinheiro”) na Rua de Sá da Bandeira, na esquina com a actual Rua Dr. António Emílio de Magalhães, à data, a Travessa de Sá da Bandeira, e Joaquim Pedro de Faria.
A Padaria Faria estava no nº 103, onde nasceria, fruto do casamento do casal mencionado no parágrafo anterior, Alfredo Ferreira Faria, o fundador da revista “O Tripeiro”.
No início da década de 1920, já tinha sido executado o alinhamento dos prédios até então desalinhados, e o pequeno largo desapareceu.
Surgem novos inquilinos para as novas construções, mas a Foto Alvão mantem-se, tendo agora como vizinho, a partir de 1922, o Café Majestic.
Vai ser, em 15 de Agosto de 1921, que a firma Royal Café L.da situada na Rua de Santa Catarina, nº 114 apresentou à CMP um projecto no sentido de reformar a frente do seu estabelecimento.
A nova e elegante fachada do que virá a ser o Café Majestic foi aprovada em Setembro de 1921.
O estabelecimento de cafetaria estava destinado a ser denominado por Café Elite, mas acabaria a partir de 2 de Dezembro de 1922, dia da sua inauguração, por ser até hoje o Café Majestic.
 
 
 
 

A Foto Alvão, entre o Stand da Fiat (à esquerda) e o Café Majestic



No prédio onde se observa, na foto anterior, o Stand da Fiat está, hoje, uma loja “Bruxelas” e imediatamente, a montante (à esquerda), esteve o prédio que albergou a sede do Sport Clube do Porto e a Casa das Gabardines e que desde sempre esteve no alinhamento do edificado.
 
 
 
 

Bruxelas - Fonte: A Vida em Fotos


 
 

Casa das Gabardines, c. 1930


 
 

Alfaiate Pinheiro da Rocha no prédio da Foto Alvão
 


“No 2.º piso do edifício da Casa Alvão estava instalado o estabelecimento Pinheiro da Rocha, fundado em 1920, e que pertencia a Manuel Pinheiro da Rocha (1893-1973), um conhecido e procurado alfaiate, também ele um competente fotógrafo”.
Cortesia do Arquitecto Ricardo Figueiredo

 
 
 

Café Majestic e a sua esplanada, na Rua de Santa Catarina
 
 
 
 

Esquina das ruas de Passos Manuel e Santa Catarina, c, 1940 – Ed. José Mesquita




Escrutínio da publicidade observada na empena do prédio da foto seguinte
 
 
 

Cortesia do Arquitecto Ricardo Figueiredo
 
 
 
Legenda:
 
1. Café “A Brasileira”
2. Jardim Passos Manuel
3. Máquinas de Costura Singer
4. Vinho Verde Gatão (Sociedade dos Vinhos Borges fundada em 1884)
5. “O Senhor Roubado” (peça de teatro de Vitório Trindade Chagas Roquette (1875-1940)
6. Porto Ramos Pinto
7. Borotalco Ausonia
8. Cartaz parcialmente ilegível mostrando mulher segurando numa garrafa
9. PRECIOSA (água de mesa da Companhia de Pedras Salgadas)

 
 
 

Na década de 1970, o interior do Café “A Brasileira” inaugurado em 1903


 
 

Em 1912, a Esplanada do Jardim Passos Manuel inaugurado em 1908
 
 
 
 

“Edifício Singer” situado na esquina das ruas Formosa e Sá da Bandeira, nos primeiros anos do século XX, onde estava a delegação, no Porto, daquela conhecida marca norte-americana e o novo "Edifício Singer", actualmente





Vinho Verde Gatão
 
 
 

Cartaz da peça “O Senhor Roubado”


 
“A peça em 3 actos “O Senhor Roubado” estreou em 19 de Fevereiro de 1916 no “Theatro do Gymnasio” de Lisboa.pela Companhia Maria Mattos (1886-1952) / Francisco Mendonça de Carvalho (1882-1953) e com o popular actor José d’Almeida e Cardoso (1861-1917)”.
Cortesia do arquitecto Ricardo Figueiredo
 
 

Ramos Pinto, em V. N. de Gaia, c. 1910 e actualmente – Cortesia de Gaia à la Carte
 
 
 
 
 

Borotalco Ausonia


 
 

Preciosa – Água de Mesa
 
 
 
Prédio que substituiu, até aos dias de hoje, aquele outro alvo da atenção dispensada à publicidade inserta na sua empena



O prédio, que se destaca na foto acima, teve licença de obra n.º 406/1916 e foi solicitada na qualidade de proprietária, por Emília Leopoldina Pereira de Morais, casada, mas separada judicialmente, que irá falecer em 4 de Outubro de 1919.