Em 9 de Maio de 1855, Domingos de Oliveira Maya, natural da
casa da Quinta do Paiço, em Alvarelhos (Maia/Santo Tirso/Trofa), compra ao
“brasileiro” Bento de Souza Villa Nova o terreno onde irá construir a casa
“acastelada” ou amuralhada, na Rua do Passeio Alegre, n.º 954, com projecto do
próprio comprador, que foi, depois,
pertença da família Pinho e onde esteve, até Setembro
de 2017, o colégio Ramalhete.
Assim, em 25 de
Julho de 1855, já Domingos de Oliveira Maia solicitava à Câmara Municipal do
Porto as respectivas licenças para construir a sua casa.
Passado um ano, em 7
de Outubro de 1856, no periódico “Clamor Público”, um texto com o estilo de ter sido escrito por Camilo Castelo Branco, destacava a bizarria do prédio que se vinha construindo:
“Modelo de Arquitetura – As
construções luxuosas aumentam na Foz. Já não se edificam casinholas apenas
cómodas. Entre os edifícios de mais lavor distingue-se o do sr. Domingos Maia,
cujas portas e janelas da fachada tem a ogiva aguda e arabescos e rendilhados
as cornijas.
Este edifício tem suscitado mais questões do
que as problemáticas pirâmides do Egipto. Não se harmonizam os entendedores da
arquitectura na classe em que devem por a casa. Entre os partidários da dórica
e coríntia, da bizantina, da gótica e da egípcia há uma outra escola que nos
quer convencer que a entrada da casa é pela trapeira. Se não é mangação este
género de arquitectura sempre os homens têm inventado coisas! Como quer que
seja o frontispício é bonito, e aformoseará, quando estiver ultimado, o local.
O segundo no aparato é do sr. Gandra. Tem altura para três andares, e é tão
sólida como elegante. Não tem ventilado tanta argumentação como a do sr. Maia,
porque na opinião geral a entrada é pela porta. Também nos parece que é.”
Para lá do
edifício de Domingos de Oliveira Maia referido por Camilo no texto acima, um outro também por ele
referenciado como pertencente ao senhor Gandra, esta personagem talvez seja João
Nogueira Gandra, um conhecido tipógrafo, homem das letras, poeta e militante da
causa liberal, que acabaria por falecer em 1858.
Domingos de Oliveira Maia que tinha o seu nome ligado à Casa dos Maias (ou Ferraz) da Rua das Flores, nº 29, haveria de mandar erguer, na Rua Bela, n.º 3, muito próximo do seu “castelo” do Passeio Alegre, um outro prédio menos exuberante.
Domingos de Oliveira Maia que tinha o seu nome ligado à Casa dos Maias (ou Ferraz) da Rua das Flores, nº 29, haveria de mandar erguer, na Rua Bela, n.º 3, muito próximo do seu “castelo” do Passeio Alegre, um outro prédio menos exuberante.
“A 5 de Junho de 1860,
Domingos de Oliveira Maya apresentou um projecto para a construção de um novo
prédio, contíguo ao da Rua do Passeio Alegre, mas apenas com frente para a Rua
Formosa – actual Rua Bela. Na realidade, a proposta submetida a apreciação
municipal propunha reformar desde os alicerces, subindo-lhe hum andar com águas
furtadas. Ouvidos os membros da Junta das Obras Públicas – entre eles Joaquim da
Costa Lima Júnior e José Luiz Nogueira –, foi passada a Licença n.º 332, de 6
de Junho”.
Cortesia de Manuel de Sampayo Pimentel Azevedo GRAÇA
Casa dos Oliveira Maya, na Rua Bela, n.º 3
A casa abaixo foi
projectada com dois pisos e um pequeno recuado, com portas e janelas ogivais,
dando-lhe um aspecto romântico e “gótico”.
Sobre a foto seguinte,
o prédio, à esquerda, mais baixo, acabou por ser demolido e o seu chão passou a
ser o quintal da casa, adjacente, de Margarida Rosa de Pereira Machado.
À esquerda, no prédio de que só se vê o cunhal, esteve o
Casino Internacional da Foz - Ed. Alberto Ferreira-Batalha-Porto
“A foto acima é de antes de 1910. Adiante
vê-se a Rua das Motas onde esteve a Pensão Mary Castro (...). Era a mais
luxuosa da Foz e era frequentada por Eça de Queirós e Ramalho Ortigão nas suas
épocas de praia”.
In portoarc.blogspot
“Constantino Batalha,
“senhor de uma considerável fortuna e empresário de sucesso da Baixa portuense”
(p. 111) que em 1896 decidiu transferir-se para um palacete defronte do Jardim
do Passeio Alegre, de cuja reconstrução parcial encarregou António da Silva e a
sua equipa. Com espaçosas varandas em ferro fundido, trata-se de uma das
construções mais vistosas daquele lugar que Raul Brandão imortalizou com
algumas páginas de livro, e na verdade também uma grande prova de capacidade
técnica dos seus construtores, que imaginaram “uma hábil solução para um
terreno muito difícil” (p. 111), tornando imperceptível o pesado muro de
suporte existente nas traseiras da casa, junto à sobranceira Rua da Bela
Vista.”
Fonte: “observador.pt” (06/03/2018) e livro de Domingos
Tavares, “Transformações na Arquitectura Portuense” – Ed. Dafne Editora/F. A.
U. P. (2017)
Miguel de Sousa Guedes e Agostinho de Sousa Guedes foram
dois irmãos, negociantes de vinhos que, naquela actividade, fizeram uma fortuna
colossal.
Ambos acabariam por escolher a Foz do Douro para residirem.
Perspectiva actual da foto anterior - Fonte: Google Maps
Casa de veraneio que
pertenceu, antes de 1930, às famílias Magalhães Forbes e Tameirão Navarro - Ed.
“A Nossa Foz do Douro–facebook”
A casa acima, desde 2010, pertence à Sociedade Portuguesa de Autores, que
a recebeu em doacção.
Nela, viveu o escritor portuense António Rebordão Navarro.
Nela, viveu o escritor portuense António Rebordão Navarro.
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