terça-feira, 5 de julho de 2022

(Conclusão)

 
Quartéis da Guarda Real da Polícia do Porto e Quartéis da Guarda Municipal
 
 
Guarda Real da Polícia do Porto
 
Em 1808, o Porto vê surgir uma polícia, a Guarda Real da Polícia do Porto também conhecida por Corpo da Guarda da Polícia do Porto, respondendo a uma necessidade sentida pelos portuenses visando a sua segurança.
Em 1814, o general Beresford organizou os chamados Corpos de Guarda Real de Polícia.
 
 

Anúncio, In “Borboleta Constitucional”, em 15 Julho de 1822
 
 
 
Até à guerra civil, que teve por palco principal a cidade do Porto, atendendo à vontade dos vencedores, é óbvia a extinção da Guarda Real da Polícia do Porto, por ter apoiado os derrotados.
A Guarda Real da Polícia do Porto estivera aquartelada em instalações onde tinham estado os efectivos dos Terços, na Cordoaria, a poente. Hoje, está por lá o Palácio da Justiça, mas, antes, tinha estado o Mercado do Peixe, se bem que num outro edifício construído de raiz.
 
 
 

O Quartel da Guarda Real da Polícia do Porto esteve por aqui, até ao dia 19 de Março de 1832, num edifício que foi destruído por um incêndio - Fonte: Google maps
 
 
 
Por lá se tinha alojado a cavalaria da Guarda Real da Polícia do Porto e uma companhia de infantaria.
Ainda antes do desembarque de D. Pedro IV na praia de Pampelido, no limite das freguesias de Lavra e Perafita, a 8 de Julho de 1832, a Guarda Real da Polícia do Porto já se tinha mudado para a zona da Sé, para o Largo do Corpo da Guarda, depois de ter utilizado também, instalações na Casa Pia.
As instalações da Guarda Real da Polícia do Porto, naquele largo, concentravam-se num edifício que na Idade Média, era uma torre pertencente ao Bispo, servindo de cadeia e foi adaptado, mais tarde, a palácio por um oficial régio, e que pela linha de sucessão dos Condes de Miranda do Corvo, passa para os Marqueses de Arronches, recebendo, em 1718, o título de Duques de Lafões. Este solar também terá sido residência de João de Almada e Melo, acumulando na época as funções do Palácio do Governo.
Em 1760, ocorria nas cocheiras do solar o primeiro espectáculo de teatro lírico do País.
 
 

Palácio do Corpo da Guarda, antigo solar dos Duques de Lafões, no Largo do Corpo da Guarda
 
 
 

Quartel do Largo do Corpo da Guarda, na planta de Telles Ferreira, em 1892
 
 
 
“A principal artéria existente nestes quarteirões - ligando a Praça de Almeida Garrett ao Largo da Cividade - apresentava o curioso nome de Rua do Corpo da Guarda, embora anteriormente a sua denominação fosse Calçada da Relação e, posteriormente, Calçada da Relação Velha, como salienta Cunha e Freitas na sua obra sobre a toponímia portuense. Não se conhece com precisão a data em que essa Calçada da Relação Velha se assumiu como uma artéria urbana, mas tudo leva a crer que terá sido durante o século XVI. Cunha e Freitas refere que a sua denominação resultou do facto de em 1583 se ter estabelecido naquele local o Tribunal da Relação, no antigo palácio do governador das Justiças, conde de Miranda. Quando, em 1796, ficou praticamente concluído o novo edifício do Tribunal da Relação, no Campo da Cordoaria, a Calçada da Relação passou a denominar-se Calçada da Relação Velha, em virtude de o tribunal já não se encontrar ali instalado. A adopção da denominação de Calçada do Corpo da Guarda - e do largo do mesmo nome - ocorre já no século XIX, e deriva do facto de para aí se ter transferido, ainda antes do Cerco do Porto, o Corpo da Guarda Real da Polícia do Porto, que anteriormente se encontrava instalado no edifício da Real Casa Pia de Correcção e de Educação, o qual, por sua vez, veio mais tarde a ser ocupado para outras funções, nomeadamente para a instalação do Governo Civil, que ali permaneceu até há bem pouco tempo. Não é conhecida, contudo, a data em que se registou a alteração de Calçada do Corpo da Guarda para a rua do mesmo nome, se é que a mesma veio oficialmente a fazer-se, pois pode ter-se dado o caso de essa nova denominação resultar simplesmente da institucionalização da forma como a população se lhe referia”.
Cortesia de José Manuel Lopes Cordeiro “Jornal Público” de 18 de Março de 2001

 
 

À esquerda, vislumbra-se a Estação de S. Bento. Pela direita, pelo arruamento (Rua do Corpo da Guarda) em frente, se subia para o Largo do Corpo da Guarda
 
 
 

Guarda Municipal do Porto e Quartel de S. Brás
 

Diga-se que a Guarda Municipal do Porto, em 24 de Agosto de 1835, sucedera à Guarda Real da Polícia do Porto, surgida em 1808.
A Guarda Municipal do Porto vai instalar-se no mosteiro dos carmelitas que, como as demais ordens religiosas, foram extintos e as demais instalações ocupadas pela Guarda Real da Polícia do Porto, uns barracões junto da Casa Pia e o quartel do Largo Corpo da Guarda.
 
 
 
 

Pinho Leal, In “Portugal Antigo e Moderno”
 
 

No texto acima deve entender-se que o mosteiro era de religiosos e, por isso, masculino.

 
 

A Escola Médica, o Quartel do Carmo e a Igreja do Carmo, no início do século XX
 
 
 
 

Planta Redonda de Balck editada em 1813
 
 
 
A circunferência amarela na planta acima, indica o edifício da Casa Pia, ao Largo da Batalha que, à data, albergava também a Câmara e, junto do qual, existiram dois barracões que viriam a servir a cavalaria da Guarda Municipal.
Em 1873 é construído um novo e moderno quartel, no Monte de S. Brás, para servir a Guarda Municipal do Porto e colocar um ponto final nos referenciados barracões junto da Casa Pia.
 
 
 

Quartel de S. Brás – Cortesia “portosombrio”
 
 
Depois de ter servido a Guarda Municipal, o Quartel de S. Brás foi sede dos Telegrafistas e, a partir de 1963, Casa da Reclusão da 1ª Região Militar.
No início de 2024, o quartel já estava totalmente demolido para dar lugar a um empreendimento imobiliário.
 
 
 
 
Guarda Nacional Republicana e Quartel da Bela Vista (à Rua de S. Roque da Lameira)
 
 
 
Em 1910, a Guarda Municipal do Porto seria substituída pela Guarda Republicana, em sequência da instauração da República, passando a utilizar as mesmas instalações da Guarda Municipal.
Entretanto, viriam a ampliar ao longo dos anos a sua área de ocupação.
Assim, a partir de 1919 até 1995, foram ocupadas pela Guarda Nacional Republicana, as instalações que tinham sido, entre 1914 e 1918, a sede do Colégio Moderno.
Seguiu-se a PSP, até aos nossos dias, sendo o local onde está instalado o seu “Corpo de Intervenção”.
 
 
 

Quartel da Bela Vista, observado a partir da Rua de S. Roque da Lameira, em 1920

segunda-feira, 4 de julho de 2022

(Continuação)

 
Quartéis
 
 
 
 




Aos dois regimentos, acima referidos, se acrescentariam quatro companhias, às dez companhias iniciais ficando, assim, cada um deles, com catorze companhias.
Ao primeiro regimento, 1º Regimento de Infantaria do Porto, ficou pertencendo o Quartel da Torre da Marca. 
Em 19 de Maio de 1806, o 1º Regimento de Infantaria do Porto passou a designar-se Regimento de Infantaria 6.
O 1º Regimento de Infantaria do Porto recrutava nas sete freguesias da cidade do Porto e seus subúrbios, nos concelhos de Vila Nova de Gaia, Penafiel e Gondomar, na Vila de Melres e nas Honras de Barbosa, Galegos e Entre-os-Rios, assim como na vila de Guimarães, seus arrabaldes e Termo.
O 2º Regimento de Infantaria do Porto acabou sedeado, anos mais tarde, no Quartel de Santo Ovídio, transitando das instalações que ocupava na Cordoaria. Acabaria como Regimento de Infantaria 18.
O 2º Regimento de Infantaria do Porto recrutava em vários concelhos, vilas e coutos das comarcas do Porto e Guimarães.

 
 

Fardamento do século XVIII
 
 
 
 
 
Quartel da Torre da Marca
 
 
Em 1838, a Câmara do Porto, evocando a vitória liberal, determinou que a Rua dos Quartéis, hoje de D. Manuel II, passasse a ostentar a designação de Rua do Triunfo. O topónimo então despromovido - Rua dos Quartéis - tivera origem num conjunto de edifícios destinados a aquartelamento militar que ali haviam sido erguidos pelos finais do século XVII.
 
 
 

Quartel da Torre da Marca
 
 
 
 
Sobre este quartel, Sousa Reis (1810-1876) escreveu:
 
“Não há lembrança ou documento algum que nos indique a época, o modo e as circunstâncias que deram na edificação e fundação deste quartel, ainda que o seu portão indique ser do séc. XVII”.

 
 

Planta Redonda de Balck editada em 1813
 
 
O Quartel da Torre da Marca já vem indicado na Planta Redonda de Balck, acima representada.
Ficaria ligado para sempre à história pela participação na revolução liberal de 1820.
 
 

O capitão S. Machado Sousa Magalhães e o tenente Paulo Correia impedindo a entrada no quartel da Torre da Marca, ao Coronel Grant na madrugada de 24 de Agosto de 1820
 
 
A gravura anterior é a reprodução de uma outra, de autoria de J. Vitorino Ribeiro (1887), com a legenda: "História da Revolução Portuguesa de 1820.
 
 
 
Pinho Leal, In “Portugal Antigo e Moderno”
 
 
 
Começando por albergar o 1º Regimento de Infantaria do Porto que, a partir de 1806, passou a ser o Regimento de Infantaria 6, com a sua ida para o Ultramar, acabaria por dar lugar ao Regimento de Infantaria 5 e, em 1872, seria morada do Regimento de Infantaria 10.
Entre 1829 e meados de 1832, o governo miguelista instalou aqui o Regimento de Infantaria 19. 
Em 14 de Outubro de 1872, o Regimento de Infantaria 10, vindo de Lisboa é transferido para o Porto e troca com o Regimento de Infantaria 5, ficando aquartelado no quartel da Torre da Marca, cujas instalações abandona, quando foi extinto, por ter participado na malograda revolta do 31 de Janeiro de 1891.
Em 4 de Novembro de 1891, veio de Penafiel para o Porto, o 1º batalhão de infantaria 6, comandado pelo coronel Carlos Augusto Pereira de Chaby, acompanhado pela respectiva banda sob a regência de Pio Isaac Lhansol tendo, no entanto, em 3 de Fevereiro de 1892, o mesmo batalhão, regressado a Penafiel.
Finalmente, em 10 de Maio de 1894, por determinação do Ministro da Guerra do governo de Hintze Ribeiro, general Luiz Augusto Pimentel Pinto, todo o Regimento de infantaria 6, comandado pelo coronel José Joaquim Pinto de Almeida, veio para o Porto. A respectiva banda fez o mesmo trajecto com o mesmo regente atrás referido que, anos mais tarde, seria substituído por Sousa Moraes.
Em pleno século XX, o Batalhão de Metralhadoras 3, ocupa instalações no quartel da Torre da Marca.
O Batalhão de Metralhadoras 3 acabará por ceder, mais tarde, as instalações até 1975, ao Centro de Instrução de Condutores Auto do Porto (CICAP).
Após a revolução de 25 de Abril de 1974, uma parte do edifício foi entregue à Universidade do Porto e outra parte aos Serviços do Hospital de Santo António, após um incêndio ocorrido em 1975, que atingiu as instalações dos serviços da Reitoria da Universidade do Porto, à Praça dos Leões.
Em 2007, os serviços da Reitoria da Universidade do Porto mudam-se para o antigo edifício da Faculdade de Ciências, deixando de vago parte do edifício e, em 2008, dá-se início das obras para construção do Complexo de Ciências da Saúde da Universidade do Porto, para instalação do ICBAS - Instituto Ciências-Biomédicas Abel Salazar, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e Pólo Ambulatório do Centro Hospitalar do Porto.
 
 
 
 
Quartel de Santo Ovídio (à Praça da República)
 

O quartel de Santo Ovídio foi mandado construir em 1790 pela rainha D. Maria I e serviu como aquartelamento das unidades de infantaria, entre 1798 e 1952.
Depois, aqui estiveram instalados os Comandos da I Região Militar do Porto até 1970, da Região Militar do Porto entre 1970 e 1975, da Região Militar do Norte de 1975 a 2006. Desde esta data, alberga o Comando do Pessoal.
 
 
 

Planta Redonda de Balck editada em 1813
 
 
O Quartel de Santo Ovídio já vem indicado na Planta Redonda de Balck, acima representada.

 
 

Quartel de Santo Ovídio - Gravura de Joaquim Villanova, em 1833




Pinho Leal, In “Portugal Antigo e Moderno”
 
 
Neste quartel se instalou, a partir de 1808, o 2º Regimento de Infantaria do Porto, vindo da Cordoaria e que, passaria a ser o Regimento de Infantaria 18.
 
 
“Apesar de ter sido construído de raiz como quartel para um regimento de infantaria, foi ocupado ao longo dos anos para outro tipo de tropas. Assim coexistiram, em diferentes épocas, conjuntos diversos de tropas de infantaria com artilharia, cavalaria e engenharia, ou inclusive milícias (durante o cerco do Porto – Batalhão de Milícias de Santo Ovídio)”.
Site do Exército
 
 
 
Em 24 Julho de 1822, o jornal “Borboleta Constitucional” publicava um aviso envolvendo uma lista nominal de sargentos dos regimentos de infantaria 6 e 18 que deveriam prestar serviço de vigilância nos trabalhos de levantamento da estrada Porto – Coimbra.





 
 
O Regimento de Infantaria 18 participou na Guerra Peninsular, na revolução liberal de 24 de Agosto de 1820, no levantamento militar do Porto contra a restauração do absolutismo de 16 de Maio de 1828.
Em consequência da insurreição militar de 1 de Maio de 1851, que provocou a queda de Costa Cabral, o Campo de Santo Ovídio passou a chamar-se Campo da Regeneração. Algumas vezes mais andaria de um topónimo para outro, até acabar como Praça da República, após 1910.
Em 31 de Janeiro de 1891, principiou aí a fracassada revolução republicana na qual, por sinal, o Regimento de Infantaria 18 se negou a participar. Em 1891, o quartel albergava, ainda, um destacamento de Cavalaria 6, sedeado em Chaves.
Entre 1837 e 1840 esteve, provisoriamente, aquartelado em Guimarães.
 
 
 
Parada militar no quartel de Santo Ovídio, no campo da Regeneração (hoje, Praça da República), c.1900
 
 
 
Quartel de S. Bento da Vitória
 
Após a vitória dos liberais sobre os absolutistas, em 1833, e da extinção das ordens religiosas, o mosteiro de S. Bento da Vitória foi ocupado, até 1864, por um tribunal. Durante esse período, albergou durante os anos de 1846 e 1847 as tropas da Junta do Porto e, depois, o batalhão de Caçadores 9 que, por aí se manteria, por várias décadas.
 
 
 

Pinho Leal, In “Portugal Antigo e Moderno” (1885)


Em 1891, as instalações do antigo mosteiro já funcionavam, também, como prisão militar, substituindo nessa função o quartel de Santo Ovídio.
 
 

“Jornal do Porto”, em 3 de Novembro de 1891


Nas instalações deste antigo mosteiro esteve, ainda, um grupo de artilharia 6 que, em 1908, teve a honra de uma visita do rei D. Manuel II e albergou também o Batalhão de Caçadores 1.



In jornal "A Voz Pública" de 27 de Novembro de 1908



Grupo de oficiais de Artilharia 6 (Porto), em Novembro de 1908





Na madrugada de 13 de Março de 1922, as instalações seriam alvo de um incêndio, quando alojavam a casa de Reclusão Militar, o Tribunal Militar e os quartéis dos regimentos de Engenharia e de Infantaria 31. Acabava, assim, o uso do edifício em termos militares.
Na igreja de S. Bento da Vitória, anexa ao mosteiro, costumava-se, todos os anos, prestar homenagem ao Santo António.


 

In “Jornal do Porto” de 14 de Junho de 1872

 
 
 
Quartel das Partidas Avulsas ou Aquartelamento das Partidas Volantes
 
 
Pouco se sabe sobre este quartel, que ocupou instalações durante parte do século XIX, no edifício da Casa Pia.
Destinava-se a alojar militares em trânsito.

 
 

Casa Pia – Gravura de Joaquim Villanova, em 1833

 
 

Cortesia de Lília Paulo Teixeira Ribeiro - Fonte: Dissertação de mestrado em História da Arte da Universidade do Porto (2004)
 
 
Após a decisão régia de 1790, em 1792, o quartel já estava a receber as Partidas Volantes ou temporariamente ali estacionadas. O aquartelamento começaria a partir de 1794 a ser suportado por um imposto lançado sobre o vinho.
À Câmara competia assegurar o funcionamento das instalações.
Em 1823, o local está de tal modo pervertido, com o empilhamento de materiais por lá acondicionados, e a invasão de que as instalações tinham sido alvo por parte de Repartições Públicas, que o aboletamento é feito em casas particulares.
Em 1830, a situação há muito denunciada, não tinha sofrido qualquer alteração.
Foi residência dos Governadores de Armas do Porto e do seu Partido, albergou secretarias e repartições, públicas e da guarnição militar, o Senado (entre 1805 e 1819, vindo do colégio de S. Lourenço), os presos de calceta, etc.
 
 
 
 
Quartel da Serra do Pilar
 
 
Tendo servido as hostes dos liberais durante o Cerco do Porto, após o conflito ocorreu o abandono do mosteiro.
Em 1835, um ano depois de ser decretada a extinção das ordens religiosas e de o edifício ser incorporado no património do Estado, o sítio da Serra do Pilar era elevado a Praça de Guerra de 1ª classe.
Ao longo do século XIX, instalam-se ali diversas unidades de artilharia, como a Brigada de Artilharia de Montanha e baterias destacadas de vários regimentos de artilharia.
O Regimento de Artilharia Nº 6 (RA6), criado em Penafiel em 1889, em 1901, passa a ser uma unidade de artilharia montada, sendo transferido para a Serra do Pilar, em 1911.
Um grupo deste regimento, na década de 1900, esteve nas instalações do antigo mosteiro de S. Bento da Vitória.


Soldados do Regimento de Infantaria nº 18, em exercícios, no campo de manobras do Quartel da Serra do Pilar, em 1911


Em 1926, o RA6 passa a designar-se "Regimento de Artilharia Nº 5" e, em 1927, passa a aquartelar-se em Penafiel.
Antes, entre 3 e 7 de Fevereiro de 1927, o Regimento de Artilharia Nº 5, juntamente com o Regimento de Infantaria 18 (Santo Ovídio) e Regimento de Cavalaria 9 (Monte Pedral), colocam fim à malograda revolta surgida no Porto, que pretendeu replicar ao 28 de Maio de 1926.

 
 

Soldados entrincheirados no Quartel da Serra do Pilar, em 3 de Fevereiro de 1927
 
 
 
À frente dos revoltosos do Porto, que pretendiam fazer frente à ditadura que se adivinhava, estiveram militares e civis, como o general Sousa Dias, o comandante Jaime de Morais, o capitão Sarmento Pimentel e personalidades do meio cultural, como Jaime Cortesão e José Domingos dos Santos.
As unidades revoltosas, que não seriam bem-sucedidas, foram o Regimento de Caçadores 9, a que se juntou uma companhia da Guarda Republicana; e outros regimentos da cidade e arredores.
As guerras ocorridas ao longo dos anos deixaram várias edificações do complexo militar arruinadas, em particular a ala sul. Em 1927, era dado início à sua reconstrução.
Em 1939, é criado, na Serra do Pilar, o Regimento de Artilharia Pesada Nº 2 (RAP2). Em 1975, o RAP2 herda as tradições do extinto RAL5 e passa a designar-se "Regimento de Artilharia da Serra do Pilar (RASP)".
Em 1993, o RASP passa a designar-se "Regimento de Artilharia Nº 5".
Em 2006, vindo do Quartel do Monte Pedral, aqui se instalou o Serviço de Classificação e Selecção do Porto (Inspecções Militares).

 
 

Igreja e mosteiro da Serra do Pilar, em estado de ruína devido à guerra entre absolutistas e liberais

 
 

Igreja da Serra do Pilar, no início da segunda metade do século XX
 
 
 

Quartel da Serra do Pilar
 
 
 
 

Casernas do Quartel da Serra do Pilar – Ed. JPortojo
 
 
 

Igreja e mosteiro da Serra do Pilar – Ed. JPortojo
 
 
 
 
 
Mosteiro da Visitação e Seminário de Vilar
 
 
O Mosteiro da Visitação de Santa Maria e respectivo colégio (o Colégio da Visitação) foram criados em finais do século XIX, por iniciativa da Marquesa de Monfalim, que habitava o Palácio dos Terenas, ali perto, no que foi secundada pelas condessas de Resende, de Pangim, do Bolhão e de Samodães e outras senhoras da melhor sociedade da época.
Com a implantação da República, em 1910, as religiosas viram-se obrigadas a abandonar as instalações que seriam ocupadas pelo Regimento de Infantaria 31, em 11 de Janeiro de 1912.
Em 7 de Junho de 1922, a propriedade foi comprada por D. António Barbosa Leão para ali instalar o Seminário de Nossa Senhora do Rosário.
Em 1975, com a mudança de instalações do seminário, o edifício foi temporariamente cedido à Universidade do Porto, voltando a funcionar lá, o Seminário de Vilar, entre 1986 e 1989.
Hoje está por lá a Casa Diocesana.
 
 
 

Instalações do Regimento de Infantaria 31, na Rua de Vilar
 
 
 
O Regimento de Infantaria 31 ficou célebre pela atitude que teve de oposição à contra revolução ocorrida na cidade do Porto, em 19 de Janeiro de 1919, pelas juntas militares favoráveis à restauração da monarquia, em Portugal, e que ficaria conhecida por Monarquia do Norte.
Esta revolução não vingaria e, a 13 de Fevereiro do mês seguinte, estava dominada.
Ocorreriam, então, diversas homenagens ao Regimento de Infantaria 31, por parte da sociedade portuense. 
Este regimento tinha também sido notícia por, durante a 1ª Grande Guerra, ter estado destacado em Moçambique, numa zona muito inóspita, denominada Mocimboa, quando de um efectivo de 1000 militares pereceram 427.
Aliás, há quem diga que aquele destacamento se tinha ficado a dever a uma série de desacatos protagonizados por alguns dos seus soldados, nos dias 9 e 10 de Outubro de 1916, durante os quais, fruto de uma rixa com um polícia, a esquadra nº 13, situada na Praça Coronel Pacheco é cercada pelo povo e é morto um polícia e quatro ficam feridos.
 
 
 
 
Quartel do Monte Pedral ou Quartel de Serpa Pinto
 
 
Localizado entre a Rua da Constituição (antiga Rua 27 de Janeiro), a Rua Serpa Pinto – para onde oferece a sua fachada principal – e a Rua Egas Moniz, o Quartel do Monte Pedral, ocupa uma área que, inicialmente, estava destinada à implantação do Asilo-Escola D. Maria Amélia.
A Câmara Municipal do Porto cedeu gratuitamente ao então Ministério da Guerra, por escrituras assinadas a 26 de Outubro de 1904 e de 5 de Maio de 1920, para a construção e instalação de um Quartel de Cavalaria, duas áreas de 20.217,25 m2 e 4.440 m2, ao Monte Pedral.
O Regimento de Cavalaria 9 instalou-se no complexo em 1912. No entanto, a obra, que um primeiro acordo estipulava durar seis anos e um segundo dez, acabou por ter uma construção faseada que se prolongou por cinco décadas.
Em 1939, o Regimento de Cavalaria 9, sedeado no Monte Pedral, é substituído pelo Regimento de Cavalaria 6.
 
 
 

Quartel de Serpa Pinto, em 1939

 
 
Em 1977, o Esquadrão de Lanceiros da Região Militar do Norte (ELN) foi aqui instalado.
Em 31 de Julho de 1979, o Regimento de Cavalaria do Porto, sucessor em 1975, do Regimento de Cavalaria 6, foi transferido para Braga e o complexo passou a acolher o Centro de Classificação e Selecção do Porto, sendo aí realizadas as Inspecções Militares.
Este serviço, entretanto designado Gabinete de Classificação e Selecção do Porto em 2006, foi transferido no mesmo ano para o Quartel da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. Foi então criada e instalada a Unidade de Apoio do Comando do Pessoal, que se manteve no Quartel de Monte Pedral até Setembro de 2014, altura em que se transferiu também para o Quartel da Serra do Pilar.
Desde então, o Quartel – que se encontra à responsabilidade da Unidade de Apoio do Comando do Pessoal – está desactivado, existindo uma possibilidade de construção de habitações com arrendamento acessível.

 
 

Parada do Quartel do Monte Pedral



Quartéis de Arca d’Água e da Circunvalação ou do Viso
 
 
O Quartel de Arca d’Água, que se serviu das instalações do antigo Recolhimento (feminino) do Bom Pastor e de toda a área envolvente alojou, durante boa parte do século XX, a Escola Prática de Transmissões. Em 10 de Maio de 1993, a unidade foi transferida para o Quartel da Circunvalação, também conhecido por Quartel do Viso.
As instalações do convento seriam, mais tarde, ocupadas pela PSP.

 
 

Fachada do antigo Recolhimento do Bom Pastor voltada para a Rua do Vale Formoso

 
 
Em 1887, o Recolhimento do Bom Pastor funcionava como Colégio do Bom Pastor.
O Quartel de Arca d’Água começou por albergar unidades de engenharia (Regimentos de Sapadores Mineiros 1 e 2, Engenharia 1 e 2 e respectivas unidades de Transmissões).
De 1965 até 1977, por lá esteve o Regimento de Transmissões e, entre 1977 até 1993, a Escola Prática de Transmissões.

 
 

Instalações do antigo Quartel do Bom Pastor . Fonte: Google maps

 
 
O Quartel do Viso, na Circunvalação, acabou por alojar uma unidade militar que, há quase 200 anos antes, se tinha instalado no Porto, o Regimento de Infantaria 6.
Em 17 de Setembro de 1950, se instalaria no novo quartel, à face da Estrada da Circunvalação, aquele famoso regimento de infantaria, até aí sedeado em Penafiel e, a partir de 1993, a Escola Prática de Transmissões, vinda da freguesia de Paranhos.

 
 

Quartel do Viso na Rua 14 de Agosto, ao Viso – Fonte: Google maps

 
 

In “Diário de Lisboa”(1ª edição) de 17 de Setembro de 1950 – Fonte: Fundação Dr. Mário Soares




(Continua)