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segunda-feira, 4 de julho de 2022

(Continuação)

 
Quartéis
 
 
 
 




Aos dois regimentos, acima referidos, se acrescentariam quatro companhias, às dez companhias iniciais ficando, assim, cada um deles, com catorze companhias.
Ao primeiro regimento, 1º Regimento de Infantaria do Porto, ficou pertencendo o Quartel da Torre da Marca. 
Em 19 de Maio de 1806, o 1º Regimento de Infantaria do Porto passou a designar-se Regimento de Infantaria 6.
O 1º Regimento de Infantaria do Porto recrutava nas sete freguesias da cidade do Porto e seus subúrbios, nos concelhos de Vila Nova de Gaia, Penafiel e Gondomar, na Vila de Melres e nas Honras de Barbosa, Galegos e Entre-os-Rios, assim como na vila de Guimarães, seus arrabaldes e Termo.
O 2º Regimento de Infantaria do Porto acabou sedeado, anos mais tarde, no Quartel de Santo Ovídio, transitando das instalações que ocupava na Cordoaria. Acabaria como Regimento de Infantaria 18.
O 2º Regimento de Infantaria do Porto recrutava em vários concelhos, vilas e coutos das comarcas do Porto e Guimarães.

 
 

Fardamento do século XVIII
 
 
 
 
 
Quartel da Torre da Marca
 
 
Em 1838, a Câmara do Porto, evocando a vitória liberal, determinou que a Rua dos Quartéis, hoje de D. Manuel II, passasse a ostentar a designação de Rua do Triunfo. O topónimo então despromovido - Rua dos Quartéis - tivera origem num conjunto de edifícios destinados a aquartelamento militar que ali haviam sido erguidos pelos finais do século XVII.
 
 
 

Quartel da Torre da Marca
 
 
 
 
Sobre este quartel, Sousa Reis (1810-1876) escreveu:
 
“Não há lembrança ou documento algum que nos indique a época, o modo e as circunstâncias que deram na edificação e fundação deste quartel, ainda que o seu portão indique ser do séc. XVII”.

 
 

Planta Redonda de Balck editada em 1813
 
 
O Quartel da Torre da Marca já vem indicado na Planta Redonda de Balck, acima representada.
Ficaria ligado para sempre à história pela participação na revolução liberal de 1820.
 
 

O capitão S. Machado Sousa Magalhães e o tenente Paulo Correia impedindo a entrada no quartel da Torre da Marca, ao Coronel Grant na madrugada de 24 de Agosto de 1820
 
 
A gravura anterior é a reprodução de uma outra, de autoria de J. Vitorino Ribeiro (1887), com a legenda: "História da Revolução Portuguesa de 1820.
 
 
 
Pinho Leal, In “Portugal Antigo e Moderno”
 
 
 
Começando por albergar o 1º Regimento de Infantaria do Porto que, a partir de 1806, passou a ser o Regimento de Infantaria 6, com a sua ida para o Ultramar, acabaria por dar lugar ao Regimento de Infantaria 5 e, em 1872, seria morada do Regimento de Infantaria 10.
Entre 1829 e meados de 1832, o governo miguelista instalou aqui o Regimento de Infantaria 19. 
Em 14 de Outubro de 1872, o Regimento de Infantaria 10, vindo de Lisboa é transferido para o Porto e troca com o Regimento de Infantaria 5, ficando aquartelado no quartel da Torre da Marca, cujas instalações abandona, quando foi extinto, por ter participado na malograda revolta do 31 de Janeiro de 1891.
Em 4 de Novembro de 1891, veio de Penafiel para o Porto, o 1º batalhão de infantaria 6, comandado pelo coronel Carlos Augusto Pereira de Chaby, acompanhado pela respectiva banda sob a regência de Pio Isaac Lhansol tendo, no entanto, em 3 de Fevereiro de 1892, o mesmo batalhão, regressado a Penafiel.
Finalmente, em 10 de Maio de 1894, por determinação do Ministro da Guerra do governo de Hintze Ribeiro, general Luiz Augusto Pimentel Pinto, todo o Regimento de infantaria 6, comandado pelo coronel José Joaquim Pinto de Almeida, veio para o Porto. A respectiva banda fez o mesmo trajecto com o mesmo regente atrás referido que, anos mais tarde, seria substituído por Sousa Moraes.
Em pleno século XX, o Batalhão de Metralhadoras 3, ocupa instalações no quartel da Torre da Marca.
O Batalhão de Metralhadoras 3 acabará por ceder, mais tarde, as instalações até 1975, ao Centro de Instrução de Condutores Auto do Porto (CICAP).
Após a revolução de 25 de Abril de 1974, uma parte do edifício foi entregue à Universidade do Porto e outra parte aos Serviços do Hospital de Santo António, após um incêndio ocorrido em 1975, que atingiu as instalações dos serviços da Reitoria da Universidade do Porto, à Praça dos Leões.
Em 2007, os serviços da Reitoria da Universidade do Porto mudam-se para o antigo edifício da Faculdade de Ciências, deixando de vago parte do edifício e, em 2008, dá-se início das obras para construção do Complexo de Ciências da Saúde da Universidade do Porto, para instalação do ICBAS - Instituto Ciências-Biomédicas Abel Salazar, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e Pólo Ambulatório do Centro Hospitalar do Porto.
 
 
 
 
Quartel de Santo Ovídio (à Praça da República)
 

O quartel de Santo Ovídio foi mandado construir em 1790 pela rainha D. Maria I e serviu como aquartelamento das unidades de infantaria, entre 1798 e 1952.
Depois, aqui estiveram instalados os Comandos da I Região Militar do Porto até 1970, da Região Militar do Porto entre 1970 e 1975, da Região Militar do Norte de 1975 a 2006. Desde esta data, alberga o Comando do Pessoal.
 
 
 

Planta Redonda de Balck editada em 1813
 
 
O Quartel de Santo Ovídio já vem indicado na Planta Redonda de Balck, acima representada.

 
 

Quartel de Santo Ovídio - Gravura de Joaquim Villanova, em 1833




Pinho Leal, In “Portugal Antigo e Moderno”
 
 
Neste quartel se instalou, a partir de 1808, o 2º Regimento de Infantaria do Porto, vindo da Cordoaria e que, passaria a ser o Regimento de Infantaria 18.
 
 
“Apesar de ter sido construído de raiz como quartel para um regimento de infantaria, foi ocupado ao longo dos anos para outro tipo de tropas. Assim coexistiram, em diferentes épocas, conjuntos diversos de tropas de infantaria com artilharia, cavalaria e engenharia, ou inclusive milícias (durante o cerco do Porto – Batalhão de Milícias de Santo Ovídio)”.
Site do Exército
 
 
 
Em 24 Julho de 1822, o jornal “Borboleta Constitucional” publicava um aviso envolvendo uma lista nominal de sargentos dos regimentos de infantaria 6 e 18 que deveriam prestar serviço de vigilância nos trabalhos de levantamento da estrada Porto – Coimbra.





 
 
O Regimento de Infantaria 18 participou na Guerra Peninsular, na revolução liberal de 24 de Agosto de 1820, no levantamento militar do Porto contra a restauração do absolutismo de 16 de Maio de 1828.
Em consequência da insurreição militar de 1 de Maio de 1851, que provocou a queda de Costa Cabral, o Campo de Santo Ovídio passou a chamar-se Campo da Regeneração. Algumas vezes mais andaria de um topónimo para outro, até acabar como Praça da República, após 1910.
Em 31 de Janeiro de 1891, principiou aí a fracassada revolução republicana na qual, por sinal, o Regimento de Infantaria 18 se negou a participar. Em 1891, o quartel albergava, ainda, um destacamento de Cavalaria 6, sedeado em Chaves.
Entre 1837 e 1840 esteve, provisoriamente, aquartelado em Guimarães.
 
 
 
Parada militar no quartel de Santo Ovídio, no campo da Regeneração (hoje, Praça da República), c.1900
 
 
 
Quartel de S. Bento da Vitória
 
Após a vitória dos liberais sobre os absolutistas, em 1833, e da extinção das ordens religiosas, o mosteiro de S. Bento da Vitória foi ocupado, até 1864, por um tribunal. Durante esse período, albergou durante os anos de 1846 e 1847 as tropas da Junta do Porto e, depois, o batalhão de Caçadores 9 que, por aí se manteria, por várias décadas.
 
 
 

Pinho Leal, In “Portugal Antigo e Moderno” (1885)


Em 1891, as instalações do antigo mosteiro já funcionavam, também, como prisão militar, substituindo nessa função o quartel de Santo Ovídio.
 
 

“Jornal do Porto”, em 3 de Novembro de 1891


Nas instalações deste antigo mosteiro esteve, ainda, um grupo de artilharia 6 que, em 1908, teve a honra de uma visita do rei D. Manuel II e albergou também o Batalhão de Caçadores 1.



In jornal "A Voz Pública" de 27 de Novembro de 1908



Grupo de oficiais de Artilharia 6 (Porto), em Novembro de 1908





Na madrugada de 13 de Março de 1922, as instalações seriam alvo de um incêndio, quando alojavam a casa de Reclusão Militar, o Tribunal Militar e os quartéis dos regimentos de Engenharia e de Infantaria 31. Acabava, assim, o uso do edifício em termos militares.
Na igreja de S. Bento da Vitória, anexa ao mosteiro, costumava-se, todos os anos, prestar homenagem ao Santo António.


 

In “Jornal do Porto” de 14 de Junho de 1872

 
 
 
Quartel das Partidas Avulsas ou Aquartelamento das Partidas Volantes
 
 
Pouco se sabe sobre este quartel, que ocupou instalações durante parte do século XIX, no edifício da Casa Pia.
Destinava-se a alojar militares em trânsito.

 
 

Casa Pia – Gravura de Joaquim Villanova, em 1833

 
 

Cortesia de Lília Paulo Teixeira Ribeiro - Fonte: Dissertação de mestrado em História da Arte da Universidade do Porto (2004)
 
 
Após a decisão régia de 1790, em 1792, o quartel já estava a receber as Partidas Volantes ou temporariamente ali estacionadas. O aquartelamento começaria a partir de 1794 a ser suportado por um imposto lançado sobre o vinho.
À Câmara competia assegurar o funcionamento das instalações.
Em 1823, o local está de tal modo pervertido, com o empilhamento de materiais por lá acondicionados, e a invasão de que as instalações tinham sido alvo por parte de Repartições Públicas, que o aboletamento é feito em casas particulares.
Em 1830, a situação há muito denunciada, não tinha sofrido qualquer alteração.
Foi residência dos Governadores de Armas do Porto e do seu Partido, albergou secretarias e repartições, públicas e da guarnição militar, o Senado (entre 1805 e 1819, vindo do colégio de S. Lourenço), os presos de calceta, etc.
 
 
 
 
Quartel da Serra do Pilar
 
 
Tendo servido as hostes dos liberais durante o Cerco do Porto, após o conflito ocorreu o abandono do mosteiro.
Em 1835, um ano depois de ser decretada a extinção das ordens religiosas e de o edifício ser incorporado no património do Estado, o sítio da Serra do Pilar era elevado a Praça de Guerra de 1ª classe.
Ao longo do século XIX, instalam-se ali diversas unidades de artilharia, como a Brigada de Artilharia de Montanha e baterias destacadas de vários regimentos de artilharia.
O Regimento de Artilharia Nº 6 (RA6) foi criado em Penafiel em 1889 e, em 1901, passa a ser uma unidade de artilharia montada. Durante a década de 1900, um grupo deste regimento, esteve nas instalações do antigo mosteiro de S. Bento da Vitória. 
Em 1911, é transferido de Penafiel para a Serra do Pilar.
É aqui que, em 1914, durante a sua recruta, o músico Raúl de Lemos irá organizar e dirigir o um orfeão de soldados do regimento, o primeiro de que há conhecimento. Aquele músico tinha tido como professor, seu pai, António de Lemos, também um músico de grande talento.
Raúl Lemos vai, também, três anos mais tarde, em 1917, criar o Orfeão do Regimento de Artilharia Nº 5, à data, aquartelado em Viana do Castelo.
A moda tinha pegado e, em 1924, o capitão Emílio Couto incumbe o músico Manuel Tino de formar o orfeão do Batalhão de Metralhadoras nº 3, sedeado no Porto.


Soldados do Regimento de Infantaria nº 18, em exercícios, no campo de manobras do Quartel da Serra do Pilar, em 1911


Em 1926, o RA6 passa a designar-se "Regimento de Artilharia Nº 5" e, em 1927, passa a aquartelar-se em Penafiel.
Antes, entre 3 e 7 de Fevereiro de 1927, o Regimento de Artilharia Nº 5, juntamente com o Regimento de Infantaria 18 (Santo Ovídio) e Regimento de Cavalaria 9 (Monte Pedral), colocam fim à malograda revolta surgida no Porto, que pretendeu replicar ao 28 de Maio de 1926.

 
 

Soldados entrincheirados no Quartel da Serra do Pilar, em 3 de Fevereiro de 1927
 
 
 
À frente dos revoltosos do Porto, que pretendiam fazer frente à ditadura que se adivinhava, estiveram militares e civis, como o general Sousa Dias, o comandante Jaime de Morais, o capitão Sarmento Pimentel e personalidades do meio cultural, como Jaime Cortesão e José Domingos dos Santos.
As unidades revoltosas, que não seriam bem-sucedidas, foram o Regimento de Caçadores 9, a que se juntou uma companhia da Guarda Republicana; e outros regimentos da cidade e arredores.
As guerras ocorridas ao longo dos anos deixaram várias edificações do complexo militar arruinadas, em particular a ala sul. Em 1927, era dado início à sua reconstrução.
Em 1939, é criado, na Serra do Pilar, o Regimento de Artilharia Pesada Nº 2 (RAP2). Em 1975, o RAP2 herda as tradições do extinto RAL5 e passa a designar-se "Regimento de Artilharia da Serra do Pilar (RASP)".
Em 1993, o RASP passa a designar-se "Regimento de Artilharia Nº 5".
Em 2006, vindo do Quartel do Monte Pedral, aqui se instalou o Serviço de Classificação e Selecção do Porto (Inspecções Militares).

 
 

Igreja e mosteiro da Serra do Pilar, em estado de ruína devido à guerra entre absolutistas e liberais

 
 

Igreja da Serra do Pilar, no início da segunda metade do século XX
 
 
 

Quartel da Serra do Pilar
 
 
 
 

Casernas do Quartel da Serra do Pilar – Ed. JPortojo
 
 
 

Igreja e mosteiro da Serra do Pilar – Ed. JPortojo
 
 
 
 
 
Mosteiro da Visitação e Seminário de Vilar
 
 
O Mosteiro da Visitação de Santa Maria e respectivo colégio (o Colégio da Visitação) foram criados em finais do século XIX, por iniciativa da Marquesa de Monfalim, que habitava o Palácio dos Terenas, ali perto, no que foi secundada pelas condessas de Resende, de Pangim, do Bolhão e de Samodães e outras senhoras da melhor sociedade da época.
Com a implantação da República, em 1910, as religiosas viram-se obrigadas a abandonar as instalações que seriam ocupadas pelo Regimento de Infantaria 31, em 11 de Janeiro de 1912.
Em 15 de Outubro de 1915, ainda fora do conflito da 1ª Grande Guerra na qual Portugal só participou a partir de 1916, um contingente do Regimento de Infantaria 13, que embarcava na Estação de S. Bento com destino a Angola, foi alvo de uma grande e patriótica manifestação de despedida.
Em 7 de Junho de 1922, a propriedade foi comprada por D. António Barbosa Leão para ali instalar o Seminário de Nossa Senhora do Rosário.
Em 1975, com a mudança de instalações do seminário, o edifício foi temporariamente cedido à Universidade do Porto, voltando a funcionar lá, o Seminário de Vilar, entre 1986 e 1989.
Hoje está por lá a Casa Diocesana.
 
 
 

Instalações do Regimento de Infantaria 31, na Rua de Vilar
 
 
 
O Regimento de Infantaria 31 ficou célebre pela atitude que teve de oposição à contra revolução ocorrida na cidade do Porto, em 19 de Janeiro de 1919, pelas juntas militares favoráveis à restauração da monarquia, em Portugal, e que ficaria conhecida por Monarquia do Norte.
Esta revolução não vingaria e, a 13 de Fevereiro do mês seguinte, estava dominada.
Ocorreriam, então, diversas homenagens ao Regimento de Infantaria 31, por parte da sociedade portuense. 
Este regimento tinha também sido notícia por, durante a 1ª Grande Guerra, ter estado destacado em Moçambique, numa zona muito inóspita, denominada Mocimboa, quando de um efectivo de 1000 militares pereceram 427.
Aliás, há quem diga que aquele destacamento se tinha ficado a dever a uma série de desacatos protagonizados por alguns dos seus soldados, nos dias 9 e 10 de Outubro de 1916, durante os quais, fruto de uma rixa com um polícia, a esquadra nº 13, situada na Praça Coronel Pacheco é cercada pelo povo e é morto um polícia e quatro ficam feridos.
 
 
 
 
Quartel do Monte Pedral ou Quartel de Serpa Pinto
 
 
Localizado entre a Rua da Constituição (antiga Rua 27 de Janeiro), a Rua Serpa Pinto – para onde oferece a sua fachada principal – e a Rua Egas Moniz, o Quartel do Monte Pedral, ocupa uma área que, inicialmente, estava destinada à implantação do Asilo-Escola D. Maria Amélia.
A Câmara Municipal do Porto cedeu gratuitamente ao então Ministério da Guerra, por escrituras assinadas a 26 de Outubro de 1904 e de 5 de Maio de 1920, para a construção e instalação de um Quartel de Cavalaria, duas áreas de 20.217,25 m2 e 4.440 m2, ao Monte Pedral.
O Regimento de Cavalaria 9 instalou-se no complexo em 1912. No entanto, a obra, que um primeiro acordo estipulava durar seis anos e um segundo dez, acabou por ter uma construção faseada que se prolongou por cinco décadas.
Em 1939, o Regimento de Cavalaria 9, sedeado no Monte Pedral, é substituído pelo Regimento de Cavalaria 6.
 
 
 

Quartel de Serpa Pinto, em 1939

 
 
Em 1977, o Esquadrão de Lanceiros da Região Militar do Norte (ELN) foi aqui instalado.
Em 31 de Julho de 1979, o Regimento de Cavalaria do Porto, sucessor em 1975, do Regimento de Cavalaria 6, foi transferido para Braga e o complexo passou a acolher o Centro de Classificação e Selecção do Porto, sendo aí realizadas as Inspecções Militares.
Este serviço, entretanto designado Gabinete de Classificação e Selecção do Porto em 2006, foi transferido no mesmo ano para o Quartel da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. Foi então criada e instalada a Unidade de Apoio do Comando do Pessoal, que se manteve no Quartel de Monte Pedral até Setembro de 2014, altura em que se transferiu também para o Quartel da Serra do Pilar.
Desde então, o Quartel – que se encontra à responsabilidade da Unidade de Apoio do Comando do Pessoal – está desactivado, existindo uma possibilidade de construção de habitações com arrendamento acessível.

 
 

Parada do Quartel do Monte Pedral



Quartéis de Arca d’Água e da Circunvalação ou do Viso
 
 
O Quartel de Arca d’Água, que se serviu das instalações do antigo Recolhimento (feminino) do Bom Pastor e de toda a área envolvente alojou, durante boa parte do século XX, a Escola Prática de Transmissões. Em 10 de Maio de 1993, a unidade foi transferida para o Quartel da Circunvalação, também conhecido por Quartel do Viso.
As instalações do convento seriam, mais tarde, ocupadas pela PSP.

 
 

Fachada do antigo Recolhimento do Bom Pastor voltada para a Rua do Vale Formoso

 
 
Em 1887, o Recolhimento do Bom Pastor funcionava como Colégio do Bom Pastor.
O Quartel de Arca d’Água começou por albergar unidades de engenharia (Regimentos de Sapadores Mineiros 1 e 2, Engenharia 1 e 2 e respectivas unidades de Transmissões).
De 1965 até 1977, por lá esteve o Regimento de Transmissões e, entre 1977 até 1993, a Escola Prática de Transmissões.

 
 

Instalações do antigo Quartel do Bom Pastor . Fonte: Google maps

 
 
O Quartel do Viso, na Circunvalação, acabou por alojar uma unidade militar que, há quase 200 anos antes, se tinha instalado no Porto, o Regimento de Infantaria 6.
Em 17 de Setembro de 1950, se instalaria no novo quartel, à face da Estrada da Circunvalação, aquele famoso regimento de infantaria, até aí sedeado em Penafiel e, a partir de 1993, a Escola Prática de Transmissões, vinda da freguesia de Paranhos.

 
 

Quartel do Viso na Rua 14 de Agosto, ao Viso – Fonte: Google maps

 
 

In “Diário de Lisboa”(1ª edição) de 17 de Setembro de 1950 – Fonte: Fundação Dr. Mário Soares




(Continua)

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

25.70 Centro Democrático Federal 15 de Novembro e a Revolta de 31 de Janeiro (Actualização 22/04/2020 e 26/01/2021)


O «Centro Democrático Federal 15 de Novembro» foi um centro republicano, fundado no Porto, a 11 de Janeiro de 1891 (primeiro aniversário do Ultimatum britânico), e tendo entre os seus iniciais 150 membros, os destacados dirigentes republicanos Alves da Veiga (advogado e publicista), Magalhães Lima (fundador e ex-director do jornal «O Século») e Teófilo Braga (professor universitário).
Tal centro localizava-se na Praça dos Poveiros, em cuja fachada degradada ainda se pode ler uma placa evocativa:



«Casa onde foi fundado o Centro Democrático Federal 15 de Novembro cuja bandeira foi hasteada no edifício da Câmara Municipal do Porto na Revolução do 31 de Janeiro de 1891».




Em 15 de Novembro de 1919, ainda estava em plena actividade o Centro Republicano 15 de Novembro e para comemorar o seu 29º aniversário promoveu uma animada festa no salão do Grupo dos Modestos, à Rua de Gonçalo Cristovão, de homenagem ao Brasil, a que presidiu Aurélio da Paz dos Reis, secretariado por Henrique Santana e António Martins e os professores Jaime Cirne e Ribeiro Gonçalves, entoando o hino português e o hino brasileiro um coro infantil.






Entre as janelas do 1º andar do prédio, é possível divisar a placa alusiva ao Centro Democrático Federal 15 de Novembro – Ed. Graça Correia




Bandeira do Centro Democrático Federal 15 de Novembro




“A inclusão da data «15 de Novembro» no nome daquele núcleo republicano é homenagem ao golpe que levou à implantação da República no Brasil, ano e meio antes, precisamente a 15 de Novembro de 1889. E o termo «federal» dizia respeito à assumpção de uma corrente de pensamento político descentralista, municipalista e regionalista, que sempre se manifestou com alguma força no Porto, mesmo no seio e no âmbito das lutas intestinas do partido Republicano/Democrático durante toda a I República.
Aquando da Revolta de 31 de Janeiro de 1891, o presidente do Centro Democrático Federal 15 de Novembro, Alves da Veiga proclamou a república da varanda da Câmara Municipal do Porto, então situada na Praça D. Pedro (actual «da Liberdade»), sendo hasteada a bandeira acima reproduzida.
À época não existia uma bandeira do Partido Republicano (cuja implantação incipiente se resumia precisamente em diversos e atomizados «centros»), nem sequer uma definição cromática com sentido revolucionário ou político. No entanto, tal como ao longo dos tempos e em tantos lugares, a cor vermelha simbolizava a «revolta», ou «revolução» pretendidas. Na bandeira em análise, juntou-se um círculo verde central, precisamente em homenagem ao recém republicanizado Brasil, pois que essa era (e é) a cor tradicional e principal do estandarte daquele país sul-americano.
Assim, é apenas depois da revolta portuense que os republicanos portugueses, por solidariedade e homenagem, assumiram como suas aquelas cores - verdade e vermelho - já então tingidas de «martírio» dos mortos, presos e deportados que tinham levantado a primeira bandeira e proclamado a efémera e frustrada república no Porto. Logo de seguida o PRP adoptou essa simbologia e a mesma veio a tornar-se definitiva aquando da implantação da República em 1910.”
Cortesia de “portoantigo.blogspot.com” (2010)



O embrião de todo o mal-estar, confrontação e revolta que se vivia naquela época na sociedade portuguesa, tinha origem no Ultimato Inglês de 1890.


“O Ultimato Inglês de 1890 e a onda de patriotismo que gerou, radicalizaram e popularizaram o movimento republicano, sobretudo no Porto. Lembremos a constituição da Liga Portuguesa do Norte, no Porto, logo após o Ultimato, sob a presidência de Antero de Quental. O Porto era, então, o maior centro industrial do país, com um proletariado vivendo em péssimas condições económicas, mas com dirigentes capazes e com grande consciência de classe.
Neste ambiente de exaltação, não é de admirar a impaciência que precipitou a Revolução do Porto (31 de Janeiro de 1891), e que, provavelmente, ditou o seu fracasso”.
Cortesia de “amaroporto2.blogs.sapo.pt/”




“Caçadores 9, sahindo do quartel, subiu em boa ordem a rua de S. Bento e dirigiu-se á cadeia da Relação, onde estacou. A guarda á cadeia, fornecida por aquelle corpo, era commandada pelo alferes Malheiro. Desde que nenhum dos officiaes, conhecidos como republicanos, que estavam dentro do quartel, tinha querido assumir o commando do regimento, os sargentos lembraram-se durante o trajecto de o offerecer áquelle subalterno, que sabiam tambem professar ideias democraticas. E um d'elles, abeirando-se da porta da casa da guarda, gritou para dentro:
—Ó sr. Malheiro, venha d'ahi...
O alferes não sahiu e a mesma voz tornou a insistir:
—Ó sr. Malheiro, tome o commando do regimento, porque o official de inspecção não quiz acompanhal-o...
O alferes então accedeu ao convite e voltando-se para o sargento da guarda recommendou-lhe que vigiasse bem o edificio da cadeia, não fossem os presos aproveitar o ensejo para se evadirem. Ninguem se lembrou, n'esse momento, que lá dentro estava João Chagas e que era natural gosasse immediatamente da liberdade para collocar o seu nome, o seu talento, o seu esforço individual e a sua energia ao serviço da revolução. Pensou-se apenas—e n'isso o alferes Malheiro deu provas de extraordinario sangue frio—em deixar guarnecida a prisão, com o receio de que o menor descuido fizesse extravasar para as ruas do Porto a grande massa de criminosos ali agglomerada.
Liquidado este incidente, caçadores 9 proseguiu a sua marcha em direcção ao grupo de Santo Ovidio. Dentro de pouco reunia-se-lhe o de infantaria 10.
As condições topographicas do quartel que então alojava o segundo d'aquelles regimentos permittiram que elle formasse na parada interior sem que o official de inspecção desse por tal. Ás 2 e meia da madrugada, um dos revoltados foi avisar o capitão Leitão, que morava proximo e que não tardou a comparecer no edificio. Dirigiu-se logo á arrecadação, poz um capacete na cabeça e tendo inquirido dos outros officiaes compromettidos na conjura foi esperal-os para um caramanchão. Estava bem longe de suppôr que uma vez chegado ao Campo de Santo Ovidio, teria que assumir o commando superior das forças revoltadas…
Os minutos, no emtanto, iam decorrendo e como não apparecessem no quartel outros officiaes republicanos, um sargento veiu convidar o capitão Leitão a seguir immediatamente com as forças para o campo de Santo Ovidio. Assim se fez e o regimento marchou em acelerado para o local da concentração. Á entrada na rua da Rainha, encontrou o tenente Coelho, que fora chamado ao quartel por um grupo de cabos. O tenente Coelho conferenciou rapidamente com o capitão Leitão, trocou o kepi que levava pelo capacete do 1.º sargento Vergueiro e assumiu o commando do 2.º pelotão de infantaria 10. No Campo de Santo Ovidio, os dois regimentos formaram d'este modo: o de caçadores 9, em quadrado, proximo da porta principal do quartel de infantaria 18; o de infantaria 10 em dois circulos na outra extremidade do Campo.
(…) Momentos depois, o destacamento de cavallaria 6, alojado n'uma das dependencias do quartel do 18, sahindo pela porta posterior do edificio, veiu a galope formar em linha parallela á fachada. As saudações e os vivas redobraram de intensidade. Ao mesmo tempo convergiam para o campo as forças da guarda fiscal. O cabo João Borges apresentou-se á frente de 87 praças de infantaria e o 2.º sargento Silva commandando 24 praças de cavallaria da mesma guarda. Quer dizer: ás 4 da manhã de 31 todas estas forças estavam revolucionadas e só aguardavam a sahida de infantaria 18 para iniciarem marcha contra o inimigo monarchico, apenas representado, dentro do Porto, pela guarda municipal e a policia civil.
Varios officiaes superiores tentaram, emquanto o 18 não appareceu no local, fazer voltar aos respectivos quarteis as outras forças sublevadas. O primeiro foi o major Graça, da guarda pretoriana. Sahindo do quartel do Carmo, á frente de infantaria e cavallaria, dirigiu-se ao Campo da Regeneração e chamando o commandante de caçadores 9 já ali estacionado, intimou o alferes Malheiro a render-se.
(…)Tratava-se agora de invadir o quartel de infantaria 18 e impellir de qualquer maneira esse regimento para a revolta. Os populares que se tinham collocado na vanguarda das forças do 9 e do 10 fôram a uma estação de incendios, que havia perto, trouxeram de lá dois machados e abriram um rombo na porta do quartel do lado da Lapa, que o coronel Lencastre de Menezes fizera pouco antes barricar.
Fonte: Jorge d’Abreu, In “A Revolução Portugueza – O 31 de Janeiro”


A revolta de 31 de Janeiro de 1891, de acordo com o texto anterior, começaria no início da madrugada daquele dia, quando o Batalhão de Caçadores 9 (sedeado no convento de S. Bento da Vitória), comandado apenas por subalternos, após uma breve passagem pela cadeia da Relação onde o alferes Malheiro se lhe juntou.
À data, nas masmorras da prisão, estava preso João Chagas, redactor do Jornal “República Portuguesa” que, caso alguém se tem lembrado, poderia ter sido uma boa ajuda para o êxito do movimento.
O Batalhão de caçadores 9, pouco depois, estava posicionado junto do Regimento de Infantaria 18, no Campo de Santo Ovídio (actual Praça da República), juntando-se ao Regimento de Infantaria 10 (Em 14 de Outubro de 1872, tinha sido transferido para o Porto e estava aquartelado no quartel da Torre da Marca) e a uma companhia da Guarda Fiscal.
De notar que o coronel Meneses de Lencastre, comandante de Infantaria 18, não permitiu que os efectivos saíssem, mantendo-se neutral.



Pelas portas derrubadas do quartel de infantaria nº 18 saíram os revoltosos



Eram 6 da manhã quando as forças sublevadas (os quartéis de Caçadores 9, Infantaria 10 e Infantaria 18, este último invadido por populares que puseram fim às hesitações quanto à sua adesão), comandadas pelo alferes Malheiro, capitão Leitão e tenente Coelho, se encaminharam para a Praça D. Pedro, posicionando-se frente aos Paços do Concelho.
À frente da coluna, uma banda militar tocava “A Portuguesa”, de Alfredo Keil.
Santos Cardoso, um dos chefes civis da revolta, proprietário, editor e redactor do jornal “A Justiça Portuguesa”, que atiçou durante longos meses a violência contra a Monarquia, e constituiu o elemento preponderante da aliciação dos militares que participaram na revolta, içou a bandeira vermelha do “Centro Democrático Federal de 15 de Novembro” (a bandeira vermelha e verde só será adoptada a partir de 1910) no mastro do frontão, apoiado pelos vivas e pelo entusiasmo da multidão.
Alves da Veiga, às 7 horas da manhã, fez o seu discurso, entrecortado pelos aplausos da multidão presente.



Os Armazéns Bacelar, no rés-do-chão do prédio, no qual esteve, alguns anos antes, no 1º andar, uma agremiação maçónica



Diga-se que, em 1891, no rés-do-chão do prédio situado na esquina das ruas de Santa Catarina e Formosa (foto anterior), estava o Café Lusitano e no 1º andar uma agremiação de cariz republicano frequentada por Alves da Veiga.
Durante a noite anterior à revolta, algumas reuniões ter-se-iam realizado entre militares e civis e geridas por Alves da Veiga, que teria relações à Maçonaria.
No local acima referido teria acontecido uma delas.
Algumas outras ocorreram no Café Central que, à data e desde 1885, ocupava o chão onde, mais tarde, esteve o banco “Credit Franco Portugais”, na Praça D. Pedro (Praça da Liberdade).
Anteriormente, aí estava a “Antiga Casa do Florindo” (café e bilhares).
Na esquina em frente, na Rua de Sá da Bandeira, no Café Suisso, foram escritos, em cima das suas mesas, os discursos que haveriam de ser proferidos durante a sublevação.



Proclamação da República na varanda da C. M. Porto em 31 de Janeiro de 1891


Entretanto, após o discurso proferido da varanda da Câmara, a multidão entusiasmada, subiu depois a Rua de Santo António, tencionando tomar a estação dos Correios e Telégrafos, situada na Praça da Batalha. Porém, entrincheirada no escadório da Igreja de Santo Ildefonso, ao cimo da rua, estava a Guarda Municipal (normalmente aquartelada no convento dos carmelitas) que abriu fogo de metralhadora sobre a multidão, causando vítimas entre os militares e os civis que, em jeito de festa, subiam descuidadamente a rua.


Recontros na Rua de Santo António em 31 de Janeiro de 1891



Escadaria da Igreja de Santo Ildefonso onde se entrincheirou a Guarda Municipal



Os revoltosos retrocederam, tentando regressar à Praça D. Pedro.
Os mais bravos tentaram ainda resistir.
Cerca de trezentos, barricaram-se na Câmara Municipal mas, por fim, a Guarda ajudada por uma bateria de artilharia da serra do Pilar, pela Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, sob as ordens do chefe do Estado Maior do Porto, General Fernando de Magalhães e Menezes, levaram à rendição.
Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40.
Às dez da manhã, o movimento estava derrotado e, em sequência, teria lugar a prisão dos intervenientes e ao seu degredo em África.




Praça D. Pedro. A Guarda metralhando a Câmara Municipal




Após o fracasso da revolta, alguns dos principais implicados conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris; o jornalista Sampaio Bruno e o advogado António Claro alcançaram a Espanha, assim como o antigo militar do Batalhão de Caçadores 9, o Alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Começou por se Instalar em Minas Gerais, e após concluir o curso de engenharia, envolveu-se na revolução brasileira opondo-se a Saldanha da Gama. Foi ferido em combate e, foi feito capitão honorário do exército brasileiro. A sua reintegração no Exército Português foi decretada após a Proclamação da República.
Depois do seu regresso a Portugal, ocupou o posto de capitão no Regimento de Infantaria 16, acompanhou o batalhão expedicionário a Angola como voluntário, durante a Primeira Guerra Mundial e no pós-guerra,  comandou  em 1919 a Coluna Negra, destinada a combater a Monarquia do Norte,  em Monsanto e no Norte do País.
Faleceu em Dezembro de 1924.
O seu nome está ligado a topónimo de rua, no Porto e de avenida, em Lisboa.
Muitos outros revoltosos seriam presentes a julgamento, entre os quais, João Chagas, Santos Cardoso, Verdial, capitão Leitão, os sargentos Abílio, Galho, Silva Nunes, Castro Silva, Rocha, Barros, Pinho Júnior, Fernandes Pinheiro, Gonçalves de Freitas, Villela, Pereira da Silva, Folgado, Figueiredo e Cardoso, os cabos João Borges, Galileu Moreira e Pires e o soldado da guarda fiscal Felício da Conceição, tendo sido condenados com penas de prisão e, em alternativa, com o degredo, pelos conselhos de guerra, que funcionaram em barcos, ao largo da costa, de forma pouco convencional, sofrendo os efeitos de forte agitação marítima, a bordo da corveta Bartolomeu Dias e dos navios India e Moçambique ancorados no Porto de Leixões.
Ao todo, a condenação foi aplicada a 238 dos 505 militares pronunciados: 3 oficiais, 23 sargentos, 49 cabos e 163 soldados. Foram, também, acusados 22 civis. Os concelhos de guerra funcionaram de forma pouco convencional, sofrendo os efeitos de forte agitação marítima, a bordo da corveta Bartolomeu Dias e dos navios India e Moçambique ancorados no Porto de Leixões.
Um caso exemplar foi o do tenente Manuel Maria Coelho, que comandaria o 2º pelotão do Regimento de Infantaria 10, condenado a cinco anos de degredo.
Os regimentos de caçadores 9 e infantaria 10 também sofreram castigo exemplar: o governo dissolveu-os.


Principais revoltosos – Cortesia de Rui Cunha (“portoarc.blogspot.com/”)



Conselho de Guerra a bordo do vapor “Índia”



Presos a bordo do vapor “Índia”



Santos Cardoso a bordo do vapor “Moçambique” – Fonte: “A Revolta do Porto” – João Chagas; Cortesia: Rui Cunha (“portoarc.blogspot.com/”)



Poema de Guerra Junqueiro enaltecendo o feito protagonizado pelos revoltosos



Aquando da inauguração em 17 de Setembro, da Exposição Agrícola de 1903, ocorrida no Palácio de Cristal, o rei D. Carlos concederia o perdão aos deportados de infantaria 18.



E, assim, foram perdoados os revoltosos de 31 de Janeiro de 1891, durante uma visita do rei D. Carlos à Exposição Agrícola do Porto de 1903, na qual também participava como expositor, na qualidade de Duque de Bragança – In jornal “A Voz Pública de 19 de Setembro de 1903



Em 1921, foram atribuídas 177 condecorações a todos os veteranos (quer militares quer civis) envolvidos na intentona republicana ocorrida na cidade do Porto, em 31 de Janeiro de 1891.



Condecorações do 31 de Janeiro de 1891



Manuel Maria Coelho (1857-1943)


O tenente Manuel Maria Coelho, na foto acima, que comandou o 2º pelotão do regimento 10, viria a ocupar, mais tarde, vários cargos de relevo no governo da República.



Mausoléu dos Vencidos do 31 de Janeiro de 1891, no Cemitério do Prado do Repouso – Ed. JPortojo



Convite do “Centro da Mocidade Republicana Intransigente”, sediado na Rua da Murta, 15, para a sessão solene de homenagem aos mártires da República e comemoração do 22.º aniversário do 31 de Janeiro, a decorrer no Teatro Sá da Bandeira.



Comemorações do 31 de Janeiro de 1891, na Praça da Liberdade, em 1914 – Ed. revista “O Occidente” em 10 de Fevereiro de 1914


Comemorações na Praça da Liberdade, em 1916, da Revolta de 31 de Janeiro





A um troço da Rua da Alegria chegou a ser atribuído o topónimo de Rua Miguel Verdial (actor), um dos muitos intervenientes no 31 de Janeiro – Fonte: AHMP



Centros Republicanos e Centros Escolares Republicanos, no Porto
 
 
Para além do Centro Democrático Federal 15 de Novembro, com objectivos político-partidários, da área republicana, grande dinamizador das comemorações do tri-centenário da morte de Camões em 1880 e da implantação da república, em 1910, muitos outros centros ligados àquela facção política proliferaram, desde da década de 1880, no Porto, sendo que, alguns deles, tinham também uma faceta ligada ao ensino das primeiras letras.
Em Abril de 1885, existiam cinco clubes republicanos no Porto: o Centro Eleitoral Republicano Democrático do Porto (CERDP), o Clube de Propaganda Democrática do Norte (CPDPN), o Clube Democrático Comercial Portuense, o Clube Guilherme Braga e o Clube Soberania Popular.
Assim, destacam-se:
 
1. Centro Eleitoral Republicano Democrático do Porto
 
Fundado em 1876, com objectivos político-partidários pretendendo, sobretudo, difundir a educação republicana.
Teve sede na Rua de São Bento da Vitória;
 
2. Centro Republicano Democrático Português
 
Fundado em 18/05/1876, com objectivos político-partidários, a sua criação coincide com a fundação do Partido Republicano.
Teve a sua sede na Rua do Laranjal, nº 4, tendo José Elias Garcia estado presente na sua inauguração;
 
3. Centro Republicano do Porto - Centro Republicano Democrático do Porto
 
Fundado em 1- 6-1897, teve a sua sede na Praça de Carlos Alberto, nº 92.
Foi importante na primeira República.
Em 26-11-1924 altera o seu nome para Centro Republicano Democrático do Porto. Foi sede de candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República;
 

Humberto Delgado à varanda da sede da sua candidatura, na Praça Carlos Alberto, em 14 de Maio de 1958
 
 
4. Centro Democrático de Instrução Guerra Junqueiro
 
Com funcionamento provisório, desde 1898, teve este centro uma grande importância antes e durante a primeira República.
Inaugurou-se, definitivamente, em 1907, sendo o seu patrono Cérvulo Correia.
Com sede na Rua Nova de Pereiró, 446 - 1º (actual Rua Dr. Pedro de Sousa), na freguesia de Ramalde.
Teve uma escola do ensino primário, tendo a primeira pedra sido lançada pelo Rei D. Manuel II;  
 
 

In jornal “A Voz Pública” de 11 de Abril de 1907
 
 
5. Clube Eleitoral Republicano Federal Guilherme Braga
 
Em 1885, já tinha portas abertas, na Avenida da Boavista, 1488.
Foi seu presidente José Maria Durão
Para além do objectivo partidário, teve em funcionamento uma biblioteca e uma aula nocturna de primeiras letras;
 
6. Centro Escolar Democrático e Recreativo de Lordelo de Ouro
 
 Com sede na Rua de Serralves, nº 704 – 1º e com estatutos aprovados a 26 -7-1905, foi importante pelo papel desempenhado na primeira república. Teve em funcionamento uma escola primária;
 
 
7. Centro Democrático Duarte Leite
 
O centro esteve sedeado na Rua de Santo Ildefonso, tendo sido Duarte Leite um dos fundadores do Grupo de Estudos Sociais e, no jornal “A Voz Pública”, escrito os primeiros artigos de doutrinação e polémica;
 
8. Centro Democrático Dr. Afonso Costa
 
Sedeado no Largo da Corujeira, 338, a 3 de Dezembro de 1907, inaugurou um curso nocturno para mulheres, em cuja sessão de lançamento Alves Tórgo enalteceu a obra da instrução e educação da mulher.
Alves Tórgo foi um forte republicano, nascido em Vila Real a 25 de Outubro de 1850, dedicou-se durante anos, à educação das classes populares.
 
 
9. Centro Republicano e Democrático de Fânzeres
 
Este centro esteve envolvido com o funcionamento de uma escola primária e com actividade já conhecida, em 5-10-1908, tem estatutos aprovados em 1978.
Localiza-se na Rua da Igreja, nº 306, em Fânzeres-Gondomar, sendo, actualmente, uma Associação Recreativa, Cultural, Desportiva e Social;
 
 
10. Centro Republicano de Instrução e Recreio de Massarelos
 
 
A sua sede foi na Rua da Restauração, nº 47.
Esteve este centro associado a uma escola móvel funcionando, em 1913, na Escola oficial de Campo de Rou;
 
 
 
11. Centro Republicano Evolucionista do Porto
 
Com actividade em 12 de Janeiro de 1913, e sede na Rua de Santa Teresa, 2-C, 1º, teve, apenas, objectivos político-partidários;
 
 
12. Centro de Estudos Republicanos Sampaio Bruno
 
Fundado por António José Queirós, entre outros, na Rua da Conceição, nº 25, 1º Esquerdo (sede provisória), em 2003, foi desactivado com a morte de José Augusto Seabra, em Maio de 2004;
 
 
 
 
13. Centro Democrático de Instrução Latino Coelho
 
Ainda em actividade com acções culturais, diversões lúdicas e convívio para a terceira idade, é considerada uma Instituição de Utilidade Pública (Despacho de 11/4/1990, DR. II Série de 29/4/90).
Tem estatutos aprovados a 13 - 7-1998 e foi fundado em 9-10-1906.
A sua sede é na Rua Machado Santos, 827/31, em Coimbrões-Vila Nova de Gaia;

“O nosso CENTRO DEMOCRÁTICO D’ INSTRUÇÃO LATINO COELHO - uma Coletividade de Utilidade Pública, Fundada como “Centro Republicano” (1906), reconhecida, pela Presidência da República, com as insígnias de “Membro – Honorário da Ordem da Liberdade” (1995) e Membro da Comissão Permanente dos Centros Escolares e Republicanos (1997) – é, implicitamente, credora de grandes tradições históricas, culturais e recreativas e, por isso, terá, seguramente, de proporcionar novos encantos aos seus associados, pelo que, a presente Direcção prometeu muito trabalho para que a nova casa seja complementada pelo rejuvenescimento da colectividade e pelas actividades de interesse que possa desenvolver.”
facebook.com/CentroLatinoCoelho