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terça-feira, 18 de junho de 2019

(Conclusão)


No que concerne à música ligeira, são incontáveis os artistas que passaram pelo Coliseu do Porto.
Em 1951, Amália Rodrigues cantou, pela primeira vez, no Coliseu do Porto e, em 1960, realiza-se lá, o 2º Festival da Canção Portuguesa.


“Festival da Canção”, 1958


O programa anterior diz respeito ao 1º Festival da Canção Portuguesa que se realizou em Lisboa, no cinema Império e que foi ganho pela Maria de Fátima Bravo com a canção “Vocês sabem lá”, em Janeiro de 1958.
O programa exibido diz respeito à repetição feita no Porto, cerca de um mês depois.
O 2º festival realizar-se-ia no Coliseu do Porto, em 31 Maio de 1960, e seria ganho por Guilherme Kjolner com a “Canção do pastor” do compositor Arlindo de Carvalho. Este festival teve a sua repetição em Braga.
Estes certames foram os percursores, em alguns anos, do “RTP – Festival da Canção, que ainda hoje se realiza.


“Em 1991 o Coliseu celebra o seu cinquentenário com um grande concerto de homenagem ao espetáculo de inauguração do edifício, em 1941. O Concerto Inaugural recriou esse primeiro momento musical, com a Orquestra do Porto Régie-Sinfonia e dirigido pelo maestro Jan Lathan-Koenig. Ao piano estava Helena Moreira Sá e Costa, acompanhada pelo seu discípulo Pedro Burmester e, juntos, tocaram obras de Bach. Foi também no início dos anos 90 que Maria João Pires regressou ao palco do Coliseu Porto, 38 anos depois de ter tocado, ainda criança, com a Orquestra Sinfónica da Câmara Municipal do Porto, sob a orientação do maestro Ino Savini. Neste mesmo ano, o mítico trompetista Miles Davis pisou o palco do Coliseu.”
Fonte: “coliseu.pt”


Bilhete para o Coliseu do Porto


Bilhete para o Balcão do Coliseu do Porto


Programa da peça de teatro “Zé Povinho”, 1942


Programas de várias óperas


Em 1952, depois do êxito obtido em Lisboa, a companhia de vasco Morgado mudava-se para o Coliseu do Porto para aí apresentar a opereta “As três valsas”. Esta opereta era:


“Um original de Albert Willemetz e Leopold Marchant, com tradução de Fernando Santos, Almeida Amaral e Vasco de Matos Sequeira. O elenco era do melhor que havia no Teatro Musicado: Laura Alves, o tenor Tomás Alcaide, João Villaret, Manuel dos Santos Carvalho, Eugénio Salvador, Teresa Gomes, Álvaro Pereira, Cremilda de Oliveira, Aida Baptista, Tomás de Macedo entre outros.”
Cortesia de “memoriasdeoutrotempo.blogspot.com”


Cartaz com Laura Alves, em 1952


Cartaz com a actriz Beatriz Costa que actuou no Coliseu do Porto inúmeras vezes



Primeiro filme em cinemascópio passado no Coliseu do Porto


Programa do filme português “Ala Arriba”, 1951


Filme “Marcelino, Pão e Vinho”, 1955



Filme “West Side Story”, 1963



Filme “Pássaros de Asas Cortadas”, 1963



Filme “A Queda do Império Romano”, 1964




Programa do filme “Império do sol”, 1988


 

Para lá da programação regular englobada nas artes do espectáculo, o Coliseu do Porto ficou na memória de muitos portuenses por uma série de reuniões e comícios, dos quais se destacam assembleias gerais do F. C. do Porto e comícios políticos. Neste último caso destaca-se o promovido no dia 14 de Maio de 1958, com a presença do general Humberto Delgado.


 
 

Fonte: PS-Porto


 
Mais tarde, em 1996, ocorreria um grande incêndio.



Imagem do interior do Coliseu do Porto após o incêndio de 28/09/1996 - Fonte: “coliseu.pt”

segunda-feira, 17 de junho de 2019

25.52 Coliseu do Porto na vida cultural da cidade


A história do Coliseu Porto começa antes mesmo da construção do seu edifício em 1941.
O Salão Jardim Passos Manuel foi o precursor da grande sala que hoje conhecemos, e foi este espaço que começou por moldar os hábitos de entretenimento da sociedade portuense do início do século passado.
Em permanência, actuava uma orquestra e dois sextetos.
Sobre o Jardim Passos Manuel, inaugurado em 1908 e encerrado em 1938, pode ler-se no site: “coliseu.pt”,


“Um local elegante, com amplos jardins, que proporcionava todo o tipo de entretenimento. Tinha um jardim-esplanada, um cinematógrafo, uma sala de "loto" (espaço que hoje é ocupado pelo cinema Passos Manuel), um cinema ao ar livre, quiosques, um restaurante de luxo, um café de negócios, um café-concerto onde actuavam permanentemente uma orquestra e dois sextetos, um salão de festas, um clube nocturno, um coreto em forma de concha onde tocavam as bandas filarmónicas e um parque para as crianças. Estar no Porto e não ir ao Jardim Passos Manuel era como ir a Paris e não ver a Torre Eiffel ou ir a Roma e não ver o Vaticano.
O espaço era de tal forma importante para a cidade, que até se cunhou uma moeda própria, aceite nas lojas e cafés das redondezas



Moedas “cunhadas” pelo “Jardim Passos Manuel”


Entrada para o “Jardim Passos Manuel”, no local em que hoje está o Coliseu do Porto


Sobre o Jardim Passos Manuel, inaugurado em 1908 e sobre a actividade do seu animatógrafo, dizia a revista “Cine-Revista” de 1 de Julho de 1912:

“Trazendo-nos de assombro em assombro, a casa Gaumont projectou na semana finda, no écran do Jardim Passos Manoel, uma autêntica maravilha da cinematografia.
Falamos do film «Ouro que fascina e mata», e bastará uma enunciação rápida da sua afabulação para dar a quem o não viu ideia clara da nova obra, formidável de fantasia e encenação que a casa Gaumont acaba de realizar.
Nunca, talvez, a sensação de vertigem foi tão nitidamente transmitida e espectadores da cinematografia.”


Anúncio do Jardim Passos Manuel


Publicidade ao Jardim Passos Manuel, 1910


Em 19 de Dezembro, no local do Jardim Passos Manuel, nascia, fruto do investimento de 11000 contos, o Coliseu do Porto.



Planta do Coliseu do Porto



Em 1946,  num Tripeiro V Série-ano-I, escrevia-se:

«Em 19 Dezembro de 1941, foi inaugurado o Coliseu do Porto. Ar solene, de gala, e um ambiente de justificada curiosidade.
O interesse despertado durante os 22 meses que demorou a sua construção, pôs os portuenses num estado de espectativa ansiosa pelas maravilhas que já dele se contavam.
De facto, ao abrir as suas portas, o Coliseu foi, para todos, uma revelação. O Porto sentiu-se mais orgulhoso de si por poder mostrar que no seu seio, existe ainda, como outrora, o espirito votado a grandes revelações.
Como Casa de espectáculos para as modalidades de teatro, cinema e circo, o Coliseu do Porto tanto honra o País, como honraria qualquer grande cidade da Europa. Cá, não sofre confrontos; lá fora, poucas com ele rivalizam.
A ideia de dotar o Porto com um Coliseu, com o seu Coliseu, vinha de longa data e constituía uma das mais justas aspirações da cidade. Já desde 1911 que se vinham fazendo estudos e tentativas para isso. No entanto, só ao cabo de trinta anos, essa ideia encontrou quem a materializasse, não só com a forma do nosso tempo, mas também com uma larga visão do futuro.
O incansável propagandista e infatigável animador da sua construção, que se chama João José da Silva, tinha encontrado quem o compreendesse na pessoa do Sr. Joaquim José de Carvalho, presidente do conselho de Administração da Companhia de Seguros Garantia, cuja perseverança e vontade se igualaram, em altura e grandeza, ao sonho de João Silva.
E foi deste modo que o Porto teve o seu Coliseu. Três nomes se aliam, convém não esquecê-lo, aqueles dois: os de Raul Marques, Adão Vaz e Conde da Covilhã, também do Conselho de Administração da mesma Companhia, os quais, contagiados pelo fluxo da própria ideia, igualmente concorreram para a sua magnífica consolidação.
A construção do Coliseu do Porto veio, ainda, demonstrar o quanto de útil e de grandeza da nossa terra se poderia projectar com o formidável potencial financeiro que para aí está parado, em parte, até, ingloriamente gelado, nos cofres da Banca portuense!
O quanto, em obras de interesse imediato e duradoura projecção, se poderia fazer com as astronómicas somas que constituem as reservas das grandes empresas nacionais!
Só por isso - por inteligentemente e utilmente terem aplicado a uma obra de valorização citadina, as disponibilidades financeiras da "Garantia" -, os nomes apontados merecem a simpatia de todos os portuenses, verdadeiramente amigos do progresso da sua terra.
Pode parecer reclamo, mas não é. Regista-se um facto e tira-se dele a sua conclusão lógica. Com as reservas duma empresa, o Porto ganhou um monumento, no género, hoje, único no País, de que os "Tripeiros" se orgulham. Isso é o que interessa ser focado nesta página.
O Coliseu com os seus 3300 lugares espaçosos, honra a cidade. A técnica moderna aplicou ali tudo quanto uma casa de espectáculo exige nos nossos dias. A higiene e o conforto, tanto para o público como para os artistas, ali se encontram também aplicados, de harmonia com as exigências do nosso tempo. à grandiosa construção, ainda, ligados os nomes do Engº Teixeira Rego e Arquitectos Júlio de Brito, Cassiano Branco e Mário Abreu.
Concluindo: sob as ruínas do velho "Passos Manuel", de tão velhas como gloriosas tradições portuenses, pede a generosa vontade dos homens, com o dinheiro duma das maiores empresas portuenses a "Garantia" -, erguer uma das mais modernas, das mais belas e das mais grandiosas do Porto e de Portugal. Bem hajam!»


Após o sarau de gala de inauguração do Coliseu do Porto, realizaram-se ao longo dos anos, espectáculos que ficaram na memória de muitos.


“Desde logo a programação dava particular atenção à ópera, ao ballet e aos espetáculos de variedades. Um ecletismo que faz parte do ADN desta sala. Da década de 40 até ao final dos anos 60, pisaram o palco do Coliseu figuras como Beatriz Costa, Marcel Marceau, Hermínia Silva, Rudolf Nureyev, entre tantas outras. As óperas La Bohème e Rigoletto pela Orquestra Sinfónica Nacional e pela Escola do Corpo Coral do Teatro São Carlos, os filmes musicais West Side Story e Música no Coração, e o Festival da Canção Portuguesa são exemplos da popularidade de alguns géneros artísticos à época.”
Fonte: “coliseu.pt”


No que às óperas diz respeito, em Maio de 1945, são apresentadas as óperas “La Bhoème” de Bizet e “Rigoletto” de Verdi, pela Orquestra Sinfónica Nacional e pela Escola do Corpo Coral do Teatro de S. Carlos;
Em Fevereiro de 1946, o “Elixir do amor” de Donizette e o “Trovador” de Verdi, pela Grande companhia de Ópera Italiana, dirigida por Ino Savini;
Em 1950 “Tosca” de Pusccini e Rigoleto de Verdi;
Em Dezembro de 1959, “Rosas de todo o ano” e “O Cavaleiro das mãos irresistíveis”, pela Companhia de Ópera portuguesa”;
Já em 1990, apresentou-se a ópera de Pequim.
O tenor Beniamino Gigli também passou pelo Coliseu do Porto.
Assim, em 3 de Março de 1947, seria a estreia da Grande Companhia Lírica Italiana, no Coliseu do Porto, cantando o tenor italiano, Beniamino Gigli, a "Aida" de Verdi, em homenagem à Armada Real Britânica que, por essa altura, estava de visita à cidade e que, passados três dias, era presenteada com um baile de gala no Palácio da Bolsa.



“De acordo com os dados recolhidos por um dos seus mais recentes biógrafos, Luigi Inzaghi, Gigli terá visitado Portugal só depois da Guerra, por quatro ocasiões – 1946, 1947, 1948 e 1955 –, as primeiras das três apresentando-se tanto em Lisboa (São Carlos, Coliseu dos Recreios, Tivoli) como no Porto (Rivoli, Coliseu e no, já então, Cinema São João, no qual, a 10 de Março de 1947, realizou uma récita de beneficência, seguida da apresentação do seu filme Mamma).
O ano de 1948 é particularmente extraordinário, porque, primeiro em Lisboa, depois no Porto, de seguida de volta a Lisboa, com uma passagem por Évora, Gigli permanece em Portugal entre 19 de Fevereiro e 8 de Maio, participando em 12 óperas, além de concertos.”
Cortesia de Paulo Eduardo Carvalho


Entretanto, no estilo da zarzuela (estilo musical e teatral tipicamente espanhol), pode ser referida a 1ª temporada, em 1945, em Novembro, com a actuação da “Grande Companhia Sagi-Vela”.
Na dança é de destacar, em 1961, o “Ballet do Marquis de Cuevas”, em 1962, o “London’s Royal Ballet”, com Margot Fontayne e Rudolf Nureyev e, ainda, o “Ballet de câmara de Paris”.
A partir dos anos 70, sucederam-se as actuações de companhias soviéticas.
Na música clássica são de destacar as actuações de dois meninos, Roberto Benzi e Pierino Gamba, dois prodígios.
Sobre os músicos Roberto Benzi e Pierino Gamba, alguém que assistiu aos espectáculos, em 1950, escreveu:

“Assistimos, maravilhados, aos concertos dados, em 1950,  por estes dois meninos, prodígio, maestros de orquestra, a dirigir as Orquestras do Porto e a Nacional. Foram noites inesquecíveis!”
Cortesia de Rui Cunha, em “portoarc.blogspot.com”




De facto, Piero Gamba (1936-2022), o menino-prodígio, esteve no dia 21 de Dezembro de 1948, no Coliseu do Porto, a dirigir a Orquestra Sinfónica de Madrid e, no ano seguinte, em Março, voltaria a visitar a cidade. 
Então, vai actuar no Coliseu do Porto, nos dias 16 e 17 de Março de 1949, em concertos nos quais dirigiu a Orquestra Filarmónica do Conservatório de Música do Porto.
Na continuação da sua visita à cidade, no dia 28 de Março de 1949, esteve presente no Teatro S. João, dando um recital de piano na abertura da festa das "Pequenas Cantoras do Postigo do Sol", que vinham fazendo as delícias dos portuenses, nomeadamente, pelo seu desempenho, nas vésperas do Natal anterior quando, no Teatro S. João, actuaram sob a direcção de Virgílio Pereira. 
No dia seguinte, Piero Gamba visitou o Orfeão do Porto, onde lhe foi oferecido o emblema de ouro da colectividade.
Nos dois últimos dias daquele mês de Março, o maestro dirigiu a Orquestra Sinfónica do Conservatório em mais dois concertos, ainda no Coliseu do Porto.
Ainda, reportando à música, em 5 de Novembro de 1954, Ino Savini, regendo a orquestra Sinfónica de Música do Conservatório do Porto, apresenta Maria João Pires, uma menina com apenas 9 anos, cuja interpretação do concerto K:V. 246 de Mozart é considerada genial.



Maria João Pires com 6 anos




A 8 de Junho de 2009, o Coliseu do Porto assistiria a um concerto que ficou registado em lápide.
Nesse dia, o Presidente da República agraciou Álvaro Cassuto com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Santiago e Espada, durante a realização de um concerto comemorativo dos 50 anos de carreira daquele músico (mais um nascido no Porto), e homenageou-o, descerrando uma lápide no "foyer" do Coliseu.
Nascido no Porto, em 1938, Álvaro Cassuto diplomou-se em director de orquestra pelo conservatório de Viena. A partir daí, adquiriu fama mundial tornando-se assistente do famoso Leopold Stokowski junto da "American Symphony" de Nova Iorque.
Como compositor, Álvaro Cassuto afirmou-se como um dos compositores de destaque da vanguarda portuguesa dos anos 60.



(Continua)