segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

25.79 Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos - Actualização em 02/02/2021


Durante anos, a Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) esteve sedeada na Rua Ávares Cabral, nº 76.
Haveria de mudar-se, na década de 1980, para a Rua Delfim Maia, nº 405, na freguesia de Paranhos.


Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) na sua antiga morada, na Rua Álvares Cabral – Fonte; Google maps



“Quando começou a trabalhar na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) tinha apenas 14 anos. Nessa altura, em 1956, as instalações estavam ainda localizadas na Rua Álvares Cabral, mas quando começaram as mudanças para a Rua Delfim Maia, em 1984, José Maria Moreira, seguiu-as. Hoje, com 46 anos ao serviço da SRNOM e dos associados da instituição, este funcionário de 60 anos de idade é, talvez, o mais antigo de toda a Ordem dos Médicos. “Sou o trabalhador mais antigo da SRNOM e direi, quase sem receio, que sou o mais antigo de toda a Ordem dos Médicos”, afirma orgulhosamente.”
Cortesia de “nortemedico.pt” em Setembro de 2002


Dada a exiguidade das instalações de Álvares Cabral, facto que se vinha a acentuar de ano para ano, a SROM acabou em 1984, por mudar-se para uma bela propriedade, próxima do Jardim de Arca de Água e com três acessos à mesma: Rua Luz Soriano, Rua Delfim Maia e Praça 9 de Abril.
Em tempos, era mencionada por Horácio Marçal na sua obra “S. Veríssimo de Paranhos” (página 106, edição da CMP), uma Quinta do “Tique-Toque” que se estendia da Rua Carlos da Maia e Rua Carvalho Araújo, até à Rua Leonardo Coimbra, fazendo parte do Casal do Couto, e que corresponderá à área ocupada pela SRNOM.



“O bem conservado jardim da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, junto à Arca d’Água, foi projetado por Jacinto de Matos e pertenceu à família Riba d’Ave. Possui lago, gruta e miradouro decorados com os tradicionais motivos naturais em cimento armado, para além de várias esculturas modernas. A vegetação inclui um cedro-do-atlas e um tulipeiro, ambos classificados em 2011, ciprestes, magnólias, palmeiras, camélias e uma monumental araucária-do-Brasil”.
Cortesia de “100milarvores.pt”



Ordem dos Médicos, em Paranhos – Cortesia de “simedicos.pt”


A propriedade tinha sido pertença de António Manuel Ferreira Braga que, em Outubro de 1913, ainda vivia, de acordo com pedido de licenciamento de obras à Câmara Municipal do Porto, na Rua Costa Cabral, nº 323 e, para esta morada, solicitava obras de beneficiação das instalações.



Fachada do prédio da Rua de Costa Cabral, nº 323, que a partir de 1943, seria ocupada pelo Cinema Júlio Deniz


Na casa da Rua de Costa Cabral, nº 323, morreria em 12 de Setembro de 1871, o escritor Júlio Dinis, nascido em 14 de Novembro de 1849, na Rua do Reguinho, freguesia de S. Nicolau.


Casa onde faleceu o escritor Júlio Dinis


Em 1918, num outro pedido de licenciamento, à mesma entidade, António Manuel Ferreira Braga já se dava como morador na Rua Luz Soriano e, era, para aqui, que solicitava as respectivas obras e, em 1929, continuava a ser dado como o proprietário da propriedade sedeada na Rua Luz Soriano, pois solicitava para aquela morada a construção de uma garagem.
António Manuel Ferreira Braga era genro do industrial e capitalista Narciso Ferreira, casado com uma filha deste industrial, Rita de Oliveira Ferreira, nascida em 9 de Setembro de 1884, em Riba de Ave e falecida em 23 de Dezembro de 1973.
Em 1904, Rita Ferreira (irmã do capitalista Delfim Ferreira e do conde de Riba d'Ave), casou, então, com António Manuel Ferreira Braga, tendo sido ele um dos grandes colaboradores de Narciso Ferreira e um dos continuadores da sua obra.
Do casamento resultaram 5 filhos, Manuel (faleceu prematuramente), António, Luísa, Branca e Eva.
Uma outra irmã, mais nova, de Rita Ferreira, de seu nome Luciana Ferreira, viveria bem perto dela, na Rua do Campo Lindo, nº 234.



Residência de Arnaldo Gonçalves e Luciana Ferreira, na Rua do Campo Lindo, 234. Hoje, é um Centro de Atendimento Temporário – CAT – Fonte: Google maps



Em 20 de Janeiro 1954, os jornais noticiavam o falecimento, à Rua de Campo Lindo, nº 234, de Arnaldo Gonçalves, dono da “Fábrica de Tecidos da Ponte da Pedra” e cunhado de Delfim Ferreira, que tinha sido casado com Luciana de Oliveira Ferreira (irmã de Delfim Ferreira, e do conde de Riba d’Ave) nascida em 2 de Setembro de 1898, em Riba de Ave e, entretanto, à data, já falecida em 5 de Outubro de 1949.
Em 1920, Luciana Ferreira, tinha casado com Arnaldo Gonçalves, que esteve na gerência da Fábrica de Bairro, fundada por seu pai, Narciso Ferreira, o patriarca da família Ferreira.
Arnaldo Gonçalves tinha feito parte da administração da CHENOP (o embrião da actual EDP) e, em 1936, tinha fundado a “Fábrica de Fiação e Tecidos da Ponte da Pedra”, em Leça do Balio.
Do casamento resultaram dois filhos, Maria Luciana e Arnaldo Ferreira Gonçalves.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

25.78 Prédios antigos que ainda mantêm a traça inicial


Prédio na Rua do Ouro, nº 200




Prédio da “Cardosa”, na Rua do Ouro, nº 200 - Fonte: Google maps



Fachada principal de prédio localizado próximo à Fonte do Ouro - Fonte: AHMP


A Fonte do Ouro e, à direita, a “Casa da Cardosa” – Ed. J. Bahia Junior, 1909



O pedido de licenciamento para a construção do prédio, sito como próximo à Fonte do Ouro, foi solicitado em 12 de Março de 1862, por Joaquina Margarida Cardoso.
Este prédio era identificado em 1892, na planta de Telles Ferreira, como “Casa da Cardosa” e localizava-se na esquina da Rua do Ouro com a Calçada do Ouro, confrontando, a nascente, com a Fábrica do Gás.



A Casa da “Cardosa” (à esquerda) e a Fábrica do Gás



Aqui, morou, até ao seu falecimento em 21 de Agosto de 1890, Joaquina Margarida Cardoso, casada em 2ªs núpcias com Francisco Cardoso da Cunha, que foi seu testamenteiro e que haveria de falecer dois anos depois.
Joaquina Margarida Cardoso havia sido casada, antes, com Manuel Cardoso dos Santos, seu primo, de cujo casamento resultaram três filhos: António Cardoso dos Santos, Joaquim Cardoso dos Santos e Joaquina Cardoso dos Santos.
Manuel Cardoso dos Santos (1796-1851), nascido na Quinta da Granja, Lugar de S. Martinho de Lordelo, foi um Brasileiro de torna-viagem, um dos Contratadores do Tabaco e havia adquiri­do o edifício, que era uma ala inacabada do Convento dos Lóios (ou Convento Novo de Santa Maria da Consolação, ou Convento dos Cónegos Seculares de S. João Evangelista), com vista a terminar o edifí­cio.
A Quinta da Granja situava-se no Lugar de Lordelo e dava o nome a uma ribeira que desagua a poucas dezenas de metros, no rio Douro e, que, pelo seu trajecto, vai tomando o nome dos lugares por onde passa: Ribeira da Agra, Ribeira de Ramalde, Ribeira de Lordelo, Ribeira de Grijó, Ribeira de Penoucos, Ribeira do Ouro e finalmente Ribeira da Granja.
À Ribeira da Granja, já praticamente na sua foz, vem desaguar o Rio Escuro (entubado) que vem lá dos lados da Capela de Nossa Senhora da Ajuda, umas centenas de metros mais a montante.
À data do nascimento de Manuel Cardoso dos Santos, S. Martinho de Lordelo ainda pertencia ao concelho de Bouças (Matosinhos) e só integraria o concelho do Porto, como freguesia, com o decreto de 6 de Novembro de 1836.



Fotografia aérea de Lordelo do Ouro em 1939-40 – Fonte: AHMP


Legenda:
1 Rio Douro
2 Foz da Ribeira da Granja
3 Ilha do Frade
4 Terrenos da Quinta da Granja
5 Granja de Cima
6 Largo António Calém
7 Manutenção Militar
8 Estaleiro do Ouro
9 Pasteleira



Decreto de expropriação, em 1919, dos terrenos para construção do Bairro Operário de Lordelo do Ouro, em terrenos da Granja de Cima



Regressando à remodelação do convento dos Lóios, acontece que em virtude do falecimento de Manuel Cardoso dos Santos, não lhe foi possível completar essa tarefa e seria a sua mulher, a quem chamavam “A Cardosa”, a fazê-lo.
À sua morte, Manuel Cardoso dos Santos possuía uma fortuna, que depois de deduzido o dote da mulher, montava em 484.552$315 réis.
Para além dos muitos edifícios no Porto, Gaia, Vila do Conde, Almada, Lisboa e Brasil, tinha um enor­me lote de títulos de crédito, de embarcações, cortinados bordados e de damasco, muitos diamantes, inúmeras joias, faqueiro e muitos objectos de prata, rico mobiliário e piano. Dizem, porém, que nem um único livro possuía.




Moradia na Rua de Alexandre Herculano, nº 289



Moradia na esquina da Rua de Alexandre Herculano e Rua Duque de Loulé – Fonte: Google maps



A moradia localizada na Rua Alexandre Herculano, nº 289 (teve o nº de polícia, 207), esteve durante muitos anos devoluta e em situação de degradação, entrou no ano 2020, em processo de recuperação.
O seu primeiro proprietário foi Joaquim José Dias Pereira, um grande capitalista, dono de uma vasta fortuna, que a mandou erguer em 1888.
Aí, primeiro enviuvou e, depois, faleceu em 1919.
Foi casado com Rita Augusta da Silva Pereira, casamento do qual resultaram 6 filhos (3 rapazes e 3 raparigas).
Em testamento, agindo sobre a sua quota disponível, o prédio foi deixado para as suas duas filhas, Ângela e Alcina.



A partir de 2023, o antigo palacete foi ocupado por uma unidade hoteleira – Hotel G. A Palace – Fonte: Google maps



Prédio a norte da Praça do Marquês



O prédio que se situa a norte da Praça do Marquês, e que faz esquina e tem entrada pela Rua de Costa Cabral, foi começado a construir em 1864.
Foi seu primeiro proprietário, Francisco Ferreira Zimbres, brasileiro de torna-viagem, negociante no Brasil em sal grosso, com várias casas comerciais e sede em Santos e que, em 28 de Abril de 1864, requeria a respectiva licença de construção, que ficou registada com o nº 8/1864.
À data, a Rua de Costa Cabral já tinha sido aberta desde 1851, e a Rua 27 de Janeiro, que havia depois de ser a Rua da Constituição, também.
Por outro lado, a actual Praça do Marquês era o Largo da Aguardente (já com a sua forma rectangular) e só o deixou de o ser, em 1867, quando passou a ser a Praça da Constituição e, alguns anos depois (1882), passou a ter o topónimo que hoje ostenta.
Ao longo dos anos, o prédio haveria de ter diversos inquilinos.



Prédio do Zimbres, na Praça Marquês de Pombal, em meados do século XX, tendo por inquilino uma firma de mobílias






Prédio de Francisco Ferreira Zimbres, na Praça Marquês de Pombal – Fonte: Google maps





Prédio na Rua Formosa, nº 201-203


Este prédio, sito na Rua Formosa, 201-203, teve licença de construção em meados do ano de 1825.
Foi mandado construir por João Pereira Batista Vieira Soares, bacharel, advogado e juiz de direito criminal substituto, que é citado no processo do julgamento de Camilo Castelo Branco.
Foi esta personalidade, por decisão régia de 1822, nomeado como um dos responsáveis pelo Recolhimento da Porta do Sol / Recolhimento de Nossa Senhora das Dores e de S. José das Meninas Desamparadas.
No ano seguinte, estava sob escrutínio real e impedido de se associar a qualquer sociedade secreta.
Em 1846, o “Directorio Civil, Politico, Commercial, Historico, e Estatistico da cidade do Porto e Vila Nova de Gaia”, apresentava-o como advogado, na Rua Formosa.
Em 1857, depois do prédio ter passado pelas mãos dos herdeiros de João Pereira Batista Vieira Soares, passou a pertencer a Joaquim Pinto da Fonseca (1816-1897) que, naquele ano, solicitava à Câmara uma autorização para acrescentar mais um andar ao edifício.
Os Pinto da Fonseca tinham a sua casa, parque e jardins, um pouco mais a montante da rua, em terreno onde, mais tarde, vieram dar os jardins do “Jardim Passos Manuel”.
Joaquim Pinto da Fonseca foi o fundador da Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão, fundador do Club Portuense, sócio gerente da Casa Bancária Fonsecas, Santos & Vianna.
Entre 1837 e 1851, esteve emigrado no Brasil, onde se dedicou ao negócio de tráfico de escravos, cuja abolição o faz retornar a Portugal.
Em 1851, é um dos fundadores da Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão, com o seu irmão Manoel Pinto da Fonseca.
Em 1861, funda a Casa Bancária Fonsecas, Santos & Vianna e torna-se seu sócio gerente até 1890.
A casa bancária Fonsecas, Santos & Viana foi constituída em 27 de Maio de 1861, pelos negociantes António Pinto da Fonseca, Joaquim Pinto da Fonseca, Carlos Ferreira dos Santos Silva e Francisco Isidoro Viana e tinha sede em Lisboa.
Esta casa bancária já em pleno século XX seria o embrião do banco “Fonsecas & Burnay”.
Voltando ao prédio da Rua Formosa, nº 173, diga-se que, em 1930, a proprietária que solicitava uma licença à Câmara do Porto para proceder a obras, era Arminda da Silva Santos Fonseca.



Termo de responsabilidade do arquitecto para proceder a obras na Rua Formosa, nº 173, em 1929




À direita, na Rua Formosa, 201-203, a casa que foi de João Pereira Batista Vieira Soares – Fonte: Google maps



A porta lateral, mais a montante, indicia ser a entrada para a cocheira, o lugar de garagem desses tempos.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

(Conclusão)


Via Norte


A Via Norte é um nome dado à N14, nos seus primeiros km, entre a VCI e a Maia.
A 3 de Setembro de 1959, foi inaugurada a Via Norte, obra integrada no conjunto dos principais acessos rodoviários do Porto, pelo ministro das Obras Públicas Arantes e Oliveira.



Via Norte na década de 1970, junto do que viria a ser a Estalagem da Via Norte (à esquerda) – Fonte: “Estradas de Portugal”, pág. 48




Jornal de Notícias, de 3 de Setembro de 1959




Arantes e Oliveira discursando no dia da inauguração da Via Norte




Estação de Serviço na Via Norte, junto da “Estalagem da Via Norte”



Com origem nos anos 70, como Estalagem Via Norte, agora é o Hotel Via Norte que ocupa aquele edifício já com alguma história.


“A existência de espaços de reflexão política, vulgo "think thank", não é muito habitual em Portugal. Poucos são os clubes de reflexão política que continuam a existir entre nós com uma atividade regular e com produção de pensamento próprio.
Saliento o Clube dos Pensadores que, graças ao trabalho do Joaquim Jorge, se afirmou, ou a Questão Coimbrã, do Jorge Castilho, que vai dando cartas junto ao Mondego.
Fora dos partidos políticos, lançado pela iniciativa de José Vieira de Carvalho, então autarca da Maia, nasceu, a 4 de dezembro de 1995, o Clube Via Norte, assim chamado por se reunir na Estalagem com o mesmo nome.
Desde então, já lá vão 20 anos, e desaparecidos Vieira de Carvalho, Albino Aroso, Antero Torres ou Lucas Pires, entre outros, o Clube Via Norte, com personalidades da área da social-democracia, reuniu com regularidade todas as segundas-feiras para discutir ideias e políticas. Umas vezes em debate interno, outras com convidados como Adriano Moreira, Cavaco Silva, Jacques Santer, Durão Barroso, Paulo Rangel, Rui Moreira, embaixadores estrangeiros ou Pedro Passos Coelho, o clube soube sempre discutir temas e assuntos que nem sempre estavam na ordem do dia”.
Dr. António Tavares, In JN de 14/12/2015




Ponte da Arrábida


“Ponte da Arrábida – Foi em 1945 que, motivado pelo muito movimento de viaturas na estreita Ponte Luís I se começou a desenhar a ideia de construir uma nova ponte. Discutia-se muito se devia ser viária ou viária-ferroviária. Porém, em 1954, tomou-se a decisão de ser exclusivamente viária e na Arrábida. Foi desenhada pelo Eng. Edgar Cardoso e construída sob a direcção do Eng. José Zagallo. Foi inaugurada em 22 de Junho de 1963. Nos primeiros tempos o trânsito era diminuto e, recordámo-nos bem, os portuenses afirmavam que muito dinheiro tinha sido deitado ao rio. Na verdade, os automobilistas entendiam que seria uma grande e dispendiosa deslocação vir do centro para a Boavista e, entrados em Gaia, terem de voltar para trás, onde tinham as suas casas ou escritórios. Porém, quando se construiu a Via de Cintura Interna e, do lado Sul, se abriram novos arruamentos, bem como o rápido desenvolvimento das cidades a Ocidente, chegou-se a um ponto tal de estrangulamento de trânsito que foi necessário construir nova ponte. Quando havia um acidente na ponte ou seus acessos o Porto ficava bloqueado.”
Cortesia de Rui Cunha (portoarc.blogspot.com/)



Perspectiva sobre a foz do rio Douro obtida a partir do Palácio de Cristal em 1838 – Ed. J. Holland



Projecto de 1960 para a Ponte da Arrábida, não concretizado, da autoria de Inácio Peres Fernandes e Edgar Cardoso



Projecto de 1960 para a Ponte da Arrábida, recusado, da autoria de Inácio Peres Fernandes




Colocação da cofragem central do arco durante a construção da Ponte da Arrábida – Fonte: AHMP



Fase final da colocação do cimbre central do arco durante a construção da Ponte da Arrábida – Fonte: AHMP



Publicidade do fornecedor de betão para a construção da Ponte da Arrábida



A Ponte da Arrábida era, à data da sua inauguração, a ponte com o maior arco em betão existente no mundo.
O engenheiro Edgar Cardoso vinha de conceber uma outra, que se apoiava num arco de betão, embora de dimensões mais reduzidas, na foz do rio Sousa, um afluente do rio Douro, inaugurada cerca de dez anos antes, em 27 de Maio de 1952, pelo presidente da República, general Craveiro Lopes, na mesma ocasião em que foi inaugurado o Estádio das Antas.
 
 

Ponte na foz do rio Sousa, em Gondomar




Sobre a inauguração da Ponte da Arrábida, o jornal “Diário de Lisboa”, a exemplo de outros, fazia uma chamada em destaque na 1ª página.





In “Diário de Lisboa” de 22 de Junho de 1963 - Cortesia  Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos




Américo Tomás percorrendo as ruas do Porto, passando em frente da Feitoria, aquando da sua presença na cidade para inaugurar a Ponte da Arrábida – Fonte: AHMP




Vista panorâmica do Porto, de meados da década de 1960, com destaque para a Ponte da Arrábida, desenhada a aguarela por António Cruz Caldas enquanto litógrafo e maquetista da Empresa do Bolhão – Fonte: AHMP




A Ponte da Arrábida observada desde a zona do Aleixo – Desenho de Gouveia Portuense, 1963 – Fonte: AHMP



Ponte da Arrábida em perspectiva obtida a partir do Palácio de Cristal, com o chafariz que esteve na Rua de Santos Pousada (Rua de S. Jerónimo), em 1º plano



De referir ainda que a ponte foi dotada de quatro elevadores, dois de cada lado, que permitiam o trânsito pedonal entre a marginal e a cota alta e, na própria ponte, entre as duas margens. Devido ao intenso trânsito de veículos, que ocorre nos nossos dias, há já alguns anos que os mesmos foram colocados fora de serviço.
Como curiosidade diga-se que na parede exterior da caixa desses quatro elevadores, se podem ainda observar umas esculturas, com cerca de 5 metros, dos escultores Barata Feio e Gustavo Bastos.
Representam "O Génio Acolhedor da Cidade do Porto", "O Génio da Faina Fluvial e do Aproveitamento Hidroeléctrico", "O Domínio das Águas pelo Homem" e "O Homem na sua Possibilidade de Transpor os Cursos de Água".



Caixa de elevador da Ponte de Arrábida com a sua escultura 




Ponte da Arrábida com uma caixa de elevador visível em primeiro plano – Ed. Pedro Fonseca


A Ponte da Arrábida foi classificada Monumento Nacional em 23 de Maio de 2013.




quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

25.77 Algumas realizações do Estado Novo


Centenário da Escola Politécnica - Inauguração da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP)


“O ensino de Engenharia em Portugal teve origem no primitivo núcleo escolar da Aula Náutica, decretado em 30 de julho de 1765. A cidade do Porto era um importante centro de navegação e comércio, tendo nascido rapidamente o espírito mercantil nos seus habitantes. Mas vivia-se, nessa altura, uma situação preocupante: o comércio estava a ser prejudicado pelos corsários, que, escondidos nas praias do Norte de África, assaltavam os navios carregados de mercadorias.
Para resolver o problema, os Homens de Negócio da Praça do Porto pediram ao Rei licença para construir à sua custa duas fragatas de 24 a 30 peças para proteger as esquadras que da cidade saíssem para os portos da América. Com o início da construção, verificou-se a necessidade de apresentar pessoas capazes de comandar e manobrar as referidas naus. E daí surge, na cidade do Porto, a Aula de Náutica.
Em sua substituição e por Decreto de 13 de janeiro de 1837 foi criada no Porto a Academia Politécnica, que tinha como missão formar engenheiros, oficiais de marinha, pilotos, comerciantes, agricultores, diretores de fábrica e artistas.
Por decreto de 21 de julho de 1885 foram organizados cursos de Engenharia de Obras Públicas, de Minas e Industrial, bem como o curso superior de Comércio, todos com 6 anos, sendo 4 de preparatórios e 2 de especialização.
A Academia preparava alunos também para as Escolas do Exército, Naval, de Medicina e Farmácia. Após a implantação da República, o primeiro governo efetuou uma reforma do ensino superior, reformando a Universidade de Coimbra e criando em Lisboa e no Porto duas novas Universidades, com autonomia pedagógica e administrativa.
Por esta reforma, a Academia Politécnica, primeiro estabelecimento de ensino de Engenharia do País, foi transformada em Faculdade de Ciências, a qual ficou anexa à Escola de Engenharia. Esta situação provocou os protestos dos professores, pela boca dos representantes da cidade, o que conduziu à publicação da Lei n. 410, de 1915, que transformou a Escola de Engenharia em Faculdade Técnica com autonomia própria. Esta mesma lei determinou a divisão dos cursos de Engenharia em Civil, Minas, Mecânica, Eletrotécnica e Químico-Industrial. A organização destes cursos foi corrigida por legislação publicada em 30 de novembro de 1918 e 29 de janeiro de 1921.
Em 1926, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – FEUP recebeu a sua denominação atual. O decreto n. 18739 de 26 de julho de 1930, determinou a organização dos cursos lecionados na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto”.
Crédito a “sigarra.up.pt/”


O edifício da FEUP, na Rua dos Bragas, foi inaugurado durante as comemorações dos 100 anos da Academia Politécnica, em 14 de Abril de 1937. Aquelas comemorações estenderam-se por vários dias. O “Diário de Lisboa” daria noticiário detalhado delas.



In “Diário de Lisboa” de 14 de Abril de 1937 - Cortesia  Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos



A alusão da notícia anterior à inauguração da Faculdade de Farmácia, sita na Rua da Carvalhosa (Rua Aníbal Cunha), é relativa, de facto, à conclusão da construção do seu edifício, pois, este, desde há alguns anos, vinha sendo alvo de obras importantes para instalação daquela faculdade, que tendo começado a funcionar numa parte restrita do edifício, via-o, então, praticamente concluído.




In “Diário de Lisboa” de 15 de Abril de 1937 – Cortesia  Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos



Durante os dias em que os representantes do governo estiveram pala cidade do Porto, tiveram ainda a oportunidade de visitar a nova Maternidade Júlio Dinis, que se encontrava praticamente concluída, embora só viesse a ser inaugurada, oficialmente, 2 anos depois.


In “Diário de Notícias” de 16 de Abril de 1937 - Cortesia  Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos




Edifício da FEUP, na Rua dos Bragas, em 1934



Edifício da FEUP, na Rua dos Bragas, após inauguração



Desde do ano 2000, a FEUP conta com novas instalações no polo II da Universidade do Porto – Campus da Asprela, com uma área que quase triplica a anterior.



Novas Instalações da FEUP na Asprela – Ed. Francisco Piqueiro (Fotoengenho, 2013)




O edifício da Rua dos Bragas alberga, agora e, desde 2004, a Faculdade de Direito da Universidade do Porto, que começou por ser instalada, provisoriamente, no Pólo Universitário do Campo Alegre — na antiga sede das Letras — e, posteriormente, no Edifício "Parcauto" (Rua dos Bragas).


(Continua)