quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

(Continuação 2)




Primeira Carta do Barão de Forrester - 11  de Setembro de 1854

Quem quer seguir viagem do Porto pelo rio Douro acima, deve lembrar-se que até Pé de Moura quase nunca no Verão os barcos carregados poderão passar sem maré, e ainda que a nossa barquinha não levava o que se pudesse chamar carga, contudo os arranjos de camas, baús e mais utensílios próprios ou necessários para uma longa viagem, bem como a tolda, os armários, beliches, mantimentos, etc. pesavam, pelo menos, metade da lotação do barco que era de nove pipas – escolhemos por conseguinte a hora da maré, que deitava das 3 para as 4 horas da tarde para a nossa saída de hoje. 
Também ainda que não somos astrólogos nem sabemos calcular bem as mudanças do tempo, temos tal ou qual fé nas diferentes fases da Lua – e como há 15 dias a esta parte sempre tivemos vento Leste fortíssimo, entendemos que este quarto de Lua crescente nos poderia favorecer, e com efeito assim aconteceu porque não somente podemos aproveitar a maré mas tivemos vento pela popa. 
Chegamos às 8 horas e meia a Carvoeiro, 3 léguas e meia da cidade, andando à razão de 3 quartos de légua por hora.
O leito do rio Douro até este ponto é uma pouca de areia – o canal para a navegação é estreitíssimo e actualmente na maré baixa apenas trás de 2 a 3 palmos de água. Estas areias depositam-se todos os anos com as enchentes do rio, e as marés de Verão concorrem para a sua conservação. Assim tem acontecido desde que os Fenícios se estabeleceram em Portugal – e pelo que se vê, a arte, a ciência, e o mecanismo não puderam remediar o mal! – ao menos pelo que vemos, não parece ter havido tentativa alguma para este fim. 
Pela margem esquerda notamos as pequenas povoações de Quebrantões – Oliveira – Espinhaça de Avintes – Arnelas – Crestuma e Carvoeiro, e pelo lado direito Campanhã, Valbom, Gramido, Atães, Sousa, Gibreiro, Esposar, Lixa e Pombal. 
Quebrantões é notável por ser o sítio onde na guerra peninsular, os exércitos luso-britânicos passaram, quando os franceses evacuaram o Porto. Agora é neste sítio a barreira por onde nenhum barco, por pequeno que seja, pode passar sem ser examinado. 
Defronte são as ruinas do grande Seminário que foi arruinado durante o cerco do Porto e logo ao pé, também se veem algumas paredes do palácio desmantelado do Bispo: tanto as belas árvores desta quinta como as do Convento da Serra foram cortadas em 1833. 
Oliveira, sempre tem sido célebre pelo seu antigo convento e por ser a sua cerca um recreio para os habitantes do Porto. 
Avintes, é a terra das padeiras que abastecem a cidade do Porto com excelente pão. 
Arnelas, notável por suas madeiras e lenha e pela sua feira de S. Miguel, em que as nozes abundam. 
Crestuma, pela abundância de águas e lenhas suficientes para fazer trabalhar imensas fábricas – porém onde por ora ainda não há nenhuma. Aqui no tempo da antiga Companhia havia o registo de todos os barcos com vinho que iam para o Porto. 
Carvoeiro, pela quantidade de lenhas e madeiras que manda para o Porto. 
Campanhã, pelas fábricas de curtume e pelo isolado palácio arruinado do Freixo, que tem as armas dos Lencastres sobre a porta. 
Valbom, por ser a terra dos pescadores, que nas suas belíssimas lanchas vão ao mar. 
Gramido, sítio onde o Sr. D. Miguel em 1833 estabeleceu uma ponte de barcos e onde em 1846 se fez a convenção entre as forças luso-espanholas e a Junta do Porto. 
Os povos desde Atães até Pombal sustentam-se do produto das suas terras mandando apenas de vez em quando algumas melancias, melões e hortaliças para o Porto. 
É para notar que em toda esta extensão do rio, em quanto que os homens se ocupam na agricultura, as mulheres conduzem os seus barcos com géneros ou passageiros para o Porto. Estas mulheres são muito hábeis na sua ocupação; a maneira como elas cantam suas modinhas, que geralmente são originais, faz crer com especialidade ao estrangeiro, que são as criaturas mais felizes do mundo e que ignoram inteiramente o que é a fome e a miséria. 
São muitos os dias que nem dois patacos ganham – porém continuam a cantar e parecem contentíssimas com a sua sorte. 
Chegados ao nosso ancoradouro, tratamos de fazer os arranjos necessários para ai passarmos a noite. 

Sou de VV. & c. 
J. J. Forrester 




Observações:

-Pé de Moura fica na actual freguesia de Lomba pertencente a Gondomar, mas na margem esquerda do rio Douro.
-Por Decreto de 2 de Maio de 1855 foi estabelecida a "légua métrica", equivalente a 5 000 metros.
- Carvoeiro situa-se entre Lever e Lomba

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

(Continuação 1)

 22.2 Cartas do Barão de Forrester

 

As cartas que se seguem foram publicadas em 1854 no jornal “O Commercio”, futuro "O Comércio do Porto", que tinha sido fundado em Junho daquele ano, narrando uma viagem pelo rio Douro do Barão de Forrester tendo sido extraídas do blogue “aportanobre.blogspot.pt.”
No fim de cada carta estão alguns comentários nossos.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

22. Diversos - Actualização em 13/12/2020 e 13/12/2020


 
22.1 O museu do filumenismo que não se concretizou
 
 
No prédio da esquina da Rua da Restauração e do Largo do Viriato, observável na foto seguinte, ainda hoje existe uma casa que foi morada do Dr. Fernando Valente, um dos maiores coleccionadores filumenistas de Portugal e que é ocupada, actualmente, por um escritório de advogados. 




Casa na esquina da Rua da Restauração e do Largo do Viriato – Ed. JPortojo



Em parte desta casa, esteve prevista a instalação de um museu de filumenismo, o que não se viria a concretizar, devido ao falecimento do Dr. Fernando Valente.
Sobre a instalação desse museu de filumenismo, que não se concretizou, narra o texto que se segue:



“Não fora a amizade que nos liga, há muitos anos, ao Dr. Fernando Valente, e isto seria quase uma indiscrição. E curioso que numa das mais pequenas freguesias do Porto se tenha concentrado uma tão grande gama de museus, mas este é muito especial, porque se trata de um museu dedicado a uma particular forma de coleccionismo.
Filumenismo é uma palavra composta que significa, simplificadamente, o amigo de coleccionar o que diga respeito às embalagens dos fósforos e de tudo o que se lhe refira. Fernando Valente desde sempre se dedicou à colecção do que podemos chamar pecas completas, ou seja, de caixas e carteiras com o seu rótulo e os fósforos que lhe dizem respeito. E são milhares de caixas, pequenas, medias e gran­des, simples ou duplas, com ou sem publicidade, que aqui estão alinhadas nas vitrinas para o efeito especialmente con­cebidas. Estão em fase de colocação e etiquetagem. E, para que o visitante tenha uma noção mais exacta de uma das fases do fabrico, exactamente a colagem da etiqueta nas antigas caixas de fósforos, o nosso amigo conseguiu adquirir um exemplar de uma dessas máquinas que serviu numa das grandes unidades fosforeiras da cidade. Depois de conve­nientemente restaurada na sua simplicidade original, aí está ela no Museu a mostrar como trabalhava ao serviço da fábrica.
Logo que concluída a instalação, o proprietário tem todo o prazer em facultar ao público a visita e quem quiser pode deliciar-se com a vista de caixas de fósforos, desde aquelas do tempo dos nossos avós ate as mais actuais.
A instalação e na cave do edifício que existe na esquina da Rua da Restauração com o Largo do Viriato, em frente ao antigo Museu Allen, e não deixa de ser curioso que o prédio ainda pertença a esta família a quem Fernando Valente está ligado; e o tal prédio onde durante algum tempo esteve ins­talado o famigerado Partido do Progresso... A entrada será pela porta do Largo do Viriato. Que em breve tenhamos mais um museu na freguesia ao serviço de quantos o quei­ram visitar. E se nos lembrarmos que em Portugal só conhe­cemos outro (em Tomar), já se poderá avaliar da importância deste nosso Museu”.
Fonte: j-f.org/miragaia/gentes.htm (2003)




quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

(Conclusão) - Actualização em 19/03/2019


No ano de 1868, Serafim Ribeiro apresentou proposta para a construção da sua futura habitação.  Aquela personagem pertenceu à mesa administrativa da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Senhor do Bonfim e Boa-Morte.


Prédio na Rua do Bonfim, nº 328/ 334 (antes de ser intervencionado) e Fábrica de Tecidos do Bonfim, à direita – Fonte: Google maps


Em 1883, Serafim Ribeiro terá solicitado licença para acréscimo de um novo piso, com a introdução de um terraço e portais em arco quebrado, destacando-se o prédio pela sua fachada coberta de azulejos de tonalidade azulada e branca em contraste com o vermelho sangue das janelas e das portadas.
Em 1921, o prédio foi adquirido por Manuel Pinto de Azevedo que detinha, desde há alguns anos, a sua Fábrica de Tecidos do Bonfim, mesmo ali ao lado.


Prédio na Rua do Bonfim, nº 328/ 334 (depois de ser intervencionado) e Fábrica de Tecidos do Bonfim, à direita – Fonte: Google maps




Casa dos Freire


Situa-se na Rua D. Hugo data de finais do século XVII, princípios do XVIII. Tem dois pisos e possui o brasão dos Coutinhos, Pereiras, Andrades e Bandeiras.
No séc. XVIII o edifício sofreu algumas modificações. O portal que dá acesso ao átrio da casa é encimado por cartela com escudo esquartelado e sobrepujada por coroa. No andar nobre há seis janelas de peito três de cada lado do brasão.
Nesta casa está presentemente sedeada a Fundação Guerra Junqueiro.
É provável que a casa tenha pertencido primordialmente, ao arcediago Luís de Magalhães da Costa, instituidor do morgadio de Oliveira do Douro. António Mateus Freire de Andrade Coutinho Bandeira herdaria a casa do arcediago que foi seu avô, tendo mandado brasonar a fachada da mesma.
Na viragem do século XVIII para o XIX viveu nesta casa, António Mateus Freire de Andrade Coutinho Bandeira (1747-1820), com sua mulher D. Tomazia Joaquina de Mendonça Cardoso Figueira de Azevedo. 
A casa seria vendida à Câmara Municipal do Porto e alberga, hoje, o museu da Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro cuja primeira fase de instalação ocorreria em Abril de 2000, com a consequente abertura ao público, localizando-se mesmo em frente à Casa-Museu Guerra Junqueiro. 
O espólio do Museu da Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro é constituído por antiguidades de diversas origens, adquiridas por Guerra Junqueiro durante a sua vida, numa actividade que era uma verdadeira paixão.


Casa dos Freire de Andrade

Casa dos Freire de Andrade – Ed. IRSU, SIPA

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

(Continuação 57)



Edifício situado na Rua D. Hugo, antes chamada Rua de Trás-da-Sé, muito próximo da Catedral, construído no 2º quartel do século XVIII para habitação de um cónego da Sé, o Doutor Domingos Barbosa, e passaria por herança para o seu sobrinho Fernando Barbosa de Albuquerque, que mandaria construir o famigerado palacete da Quinta do Chantre em Leça do Balio.
De arquitectura barroca, com projecto de autor desconhecido, apresenta duas torres angulares largas e baixas, a recordar as casas quinhentistas portuguesas. Actualmente reúne as colecções de arte doadas à Câmara Municipal do Porto pelos herdeiros do poeta Guerra Junqueiro e passou a ser conhecido por Casa Museu Guerra Junqueiro.
Expostas no museu podemos ver uma colecção de arte sacra, faiança de Viana do Castelo, pratos de Nuremberga, cerâmicas e mobiliário.


Casa Museu Guerra Junqueiro


“A casa foi adquirida em 1934 pela filha do poeta Guerra Junqueiro e por ela doada à Câmara Municipal do Porto em 1940, juntamente com o espólio artístico do poeta. Inaugurada em 1942, foi requalificada pelo arquiteto Alcino Soutinho, reabrindo ao público em 1997, ampliada com áreas de exposições temporárias, de reservas e novas áreas de lazer: auditório, loja e cafetaria. 
Este museu de artes decorativas procura reconstituir o ambiente e a disposição original dos objetos na casa onde o poeta Guerra Junqueiro viveu no Porto, expondo coleções de cerâmica, metal, ourivesaria, escultura, mobiliário e têxteis de períodos compreendidos entre os séculos XV e XIX.”
Fonte: “cm-porto.pt/”

Cronologia da Casa-Museu

Em 1730 / 1746 ocorre a construção da casa por ordem de Domingos Barbosa, e após a sua morte torna-se proprietário Manuel Barbosa de Albuquerque, seu irmão, que nomeia seu herdeiro o sobrinho Fernando Barbosa de Albuquerque;
Na década 70 do século XIX, era sua proprietária D. Sancha Augusta de Lemos Barbosa e Albuquerque;
Em 1908 o proprietário era Francisco de Sales Pinto de Mesquita Carvalho, sobrinho de D. Sancha;
Em 1934 passaram a ser proprietários da casa os herdeiros de Francisco Sales Pinto de Mesquita a quem a D. Maria Isabel Guerra Junqueiro, viúva de Luís Augusto Pinto de Mesquita Carvalho, irmão de Francisco de Sales Pinto de Mesquita Carvalho, casado em primeiras núpcias com uma Senhora Catalá Amaral Osório, e em segunda com Maria Isabel Guerra Junqueiro, filha do poeta, que adquire a casa para instalar as colecções de seu pai, o poeta Guerra Junqueiro;
Em 1940, D. Maria Isabel Guerra Junqueiro, juntamente com sua mãe, Filomena Neves doam à Câmara Municipal, a casa e as colecções de Guerra Junqueiro para recheio do Museu que será inaugurado em 1942;
Em 1991 / 1992  é executado o projecto de remodelação e ampliação da Casa - Museu Guerra Junqueiro da autoria do Arquitecto Alcino Soutinho;
Em 1996 ainda decorriam as obras de adaptação a Museu, bem como escavações arqueológicas.

Casa Museu Guerra Junqueiro – Ed. Rui Duarte Silva


Estatuária na Casa Museu Guerra Junqueiro – Ed. Rui Duarte Silva


Sobre uma faceta menos conhecida do poeta Guerra Junqueiro, é o texto seguinte.

“Fez da vida uma permanente busca, em tudo quanto era sítio, de peças, obras de arte capazes de enriquecerem aquele que veio a tornar-se um importante espólio artístico e arqueológico.
Ganhou terreno, até, a caricatura de um Junqueiro, homem viajado, representado como um judeu sovina a atravessar a fronteira portuguesa acompanhado de um burro carregado de antiguidades. Casou rico, beneficiou da herança da mulher, em parte gasta na compra de peças de arte religiosa, quadros, louça portuguesa do século XVI, ou peças italianas ou hispano-árabes. Também negociou. Fez algumas vendas polémicas, como quando o aveirense Francisco Homem Cristo, político republicano, polemista, professor universitário, um dos militares envolvidos na Revolta de 31 de janeiro de 1891, o acusou de, ao rei Dom Carlos e à rainha Dona Amélia, ter vendido como preciosidades, objetos sem valor.
Ao escritor Raul Brandão queixava-se por vezes da atrapalhação da vida em resultado da míngua de fundos. Entre 1895 e 1903 vendeu mesmo uma parte substancial das suas coleções artísticas por precisar de dinheiro para as plantações de vinha nas suas propriedades”.
Fonte: Valdemar Cruz (Semanário Expresso em 28.08.2016) 

Entre 1502 e 1550 numa capela junto do claustro velho da Sé esteve a Misericórdia.
A Casa de Domingos Barbosa teria sido construída no local onde antes estavam três imóveis, incluído um que teria sido Casa de Despacho da Misericórdia e que tinham duas frentes: uma para a Rua dos Redemoinhos e outra para o adro daquela capela.

Casa Domingos Barbosa e Claustro Velho – Fonte: Google maps

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

(Continuação 56) - Actualização em 25/01 e 21/11/2019





Situada na Rua de Passos Manuel, em frente ao Coliseu, esta garagem que se desenvolve em altura, tal como a Garagem do “Comércio do Porto” e o “Silo-Auto”, são edifícios icónicos da cidade.
O seu projecto é de 1930, elaborado pelo arquitecto Mário Abreu e engº  Teixeira Rêgo, sendo de 1938 a data de construção do edifício que seria inaugurado no ano seguinte, a 18 de Março, por Rocha Brito e António Sardinha.
Começou por ser propriedade da empresa do conhecido capitalista, que também administrava o Teatro Sá da Bandeira, Arnaldo Rocha Brito.
No seu piso térreo, a garagem tinha uma estação de serviço com oficina.
A área de implantação da garagem Passos Manuel tinha sido o chão do chamado Grémio Recreativo, desde dos finais do século XIX, que comportava algumas construções ligadas à actividade do lazer, como um cinematógrafo ou um circo e que tinha uma outra entrada pela Rua de Santo Ildefonso, junto à igreja do mesmo nome.



Estação de serviço da Garagem de Passos Manuel



Desenho da fachada da Garagem Passos Manuel Fonte: “doportoenaoso”


“É um edifício Art Déco, contando com 3 andares dedicados ao estacionamento; na sua fachada apresenta um mapa das estradas de Portugal em néon. No rés-do-chão do edifício funciona uma barbearia e, no quarto andar, o Maus Hábitos um espaço de intervenção cultural com galerias de arte, residências artísticas, um restaurante vegetariano e um bar com umas vistas muito bonitas da cidade. Actualmente as Catavino Story Nights têm decorrido neste local”.
Fonte (2014): thecitytailors.com



Garagem Passos Manuel – Fonte: “doportoenaoso”





Casa do Relógio


Esta moradia projectada por José Teixeira Lopes, em 1905, foi o lar de Artur Jorge Guimarães, um coronel republicano, moderado, que chegou a ser perseguido por Afonso Costa.
José Joaquim Teixeira Lopes Júnior, foi um arquitecto nascido na freguesia de Santo Ildefonso, a 28 de janeiro de 1872. Era filho do artista José Joaquim Teixeira Lopes e irmão do escultor António Teixeira Lopes.
 A ele se deve também a  Casa-museu Teixeira Lopes (1898), em Vila Nova de Gaia; o Instituto Moderno (1915), na Quinta da Bela-Vista, em S. Roque da Lameira, premiado pela Câmara Municipal do Porto; o projeto da sede do Banco de Portugal, no Porto, elaborado com Ventura Terra e o plano de urbanização da estância balnear de Miramar, em Vila Nova de Gaia.
Situada em frente ao molhe de Carreiros, na Avenida Brasil, a “Casa do Relógio” é de estilo neomanuelino aqui reafirmado por um revivalismo romântico.


Casa do Relógio com caleche estacionada à sua porta


É um projecto de planta em L em que a entrada principal se faz ao nível do 1º andar, bem dentro de uma varanda, à qual se ascende por uma escada exterior.
Numa esquina da torre-miradouro estava um relógio de sol que acabou por dar o nome à casa. Àquela se subia por uma apertada escada em caracol. De atentar que os vãos do telhado não tinham qualquer aproveitamento.
Actualmente o prédio encontra-se em estado de degradação acelarado, vai para largos anos.


Casa do Relógio – Fonte: Google maps


Interior da Casa do Relógio – Cortesia “ruinarte.blogspot.com”


Escadaria interior Casa do Relógio – Cortesia “ruinarte.blogspot.com”



Palacete Santos Júnior


Este palacete situado na Rua do Campo Alegre (já para além da Cantareira) foi projectado por António da Silva, em 1900, e é uma casa icónica facilmente reconhecível pela sua torre quadrada que domina quase metade da fachada principal e pela sua entrada através de um “expressivo telheiro em ferro forjado e vidro” na lateral poente.


Palacete Santos Júnior – Fonte: Google maps

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

(Continuação 55)


Um pouco abaixo do Edifício 4 Estações e ocupando todo um quarteirão (Rua das Carmelitas, Rua Conde de Vizela e Rua Cândido dos Reis) fica o, “Palácio do Conde de Vizela, construído para alojar os escritórios da Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela, lojas comerciais e o Clube Portuense. Inicialmente, foi mandado projetar a Émile Boutin por Diogo José Cabral (1864-1923), grande capitalista do Norte do país e primeiro conde de Vizela.
Entre 1920 e 1923, Marques da Silva assume a direcção da obra, introduzindo um aditamento ao projeto, ajustando-se a uma nova tipologia e imprimindo reformulações compositivas que valorizaram esteticamente o edifício e o quarteirão”.
Fonte: “portoby.livrarialello.pt”


O projecto do edifício é de 1905, tendo-se iniciado a obra em 1907 e a sua conclusão foi em 1932.



Palacete do Conde de Vizela na esquina das ruas das Carmelitas e Cândido dos Reis (pela esquerda) – Fonte: “fims.up.pt”

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

(Continuação 54) - Actualização em 07/05/2020

Chalet de José Dias Alves Pimenta


Situava-se este chalet, dotado de um amplo jardim anexo, na Rua do Barão de Nova Sintra, 56, 72, 86, tendo sido mandado construir em 1888, por José Dias Alves Pimenta.
José Dias Alves Pimenta teve negócios no Brasil e era um destacado membro do Ateneu Comercial do Porto, do qual chegou inclusivamente a ser presidente nos anos 1881, 1884, 1892 e 1899.
Juntamente com o seu vizinho Aurélio da Paz dos Reis, que um pouco mais a montante da rua teve o seu horto e residência, participou na revolução de 31 de Janeiro e no desenvolvimento do Núcleo Republicano Regionalista do Norte (1920-1924).
Era um admirador da sua vizinha e conhecida pintora Aurélia de Sousa, residente bem perto, na Quinta da China, da qual possuía algumas obras.
José Dias Alves Pimenta faleceu em 1925 e a propriedade ficou na família, estando desde 1990 na posse do município.
A partir de 1896, a propriedade sofreu algumas alterações importantes, principalmente devido à abertura do Túnel Ferroviário do Seminário que permitiria a ligação entre a Estação de Campanhã e de S. Bento.
Assim, a frente da casa passaria a integrar a Rua do Barão de Nova Sintra, sendo alargada para permitir a deslocação e o movimento dos trabalhadores que laboravam no novo túnel de comboio.
O palacete nas últimas décadas atingiu um grau elevado de degradação, mas há cerca de 3 anos, a autarquia começou a recuperá-lo tentando integrá-lo na área ajardinada contígua dos jardins dos antigos SMAS, razão pela qual foi lançada uma passagem aérea, atravessando a rua, unindo o prédio com aqueles jardins.



O chalet de José Dias Alves Pimenta, há cerca de 10 anos – Ed. JPortojo



O chalet de José Dias Alves Pimenta, há cerca de 4 anos – Cortesia “portosombrio.blogspot.com/”



O chalet de José Dias Alves Pimenta, antes de 1896



Passagem aérea entre o antigo chalet de José Dias Alves Pimenta e os jardins do antigo SMAS – Fonte: Gloogle maps




Edifício 4 Estações


Este edifício com início de projecto em 1905 fica na Rua das Carmelitas.

“O edifício das Quatro Estações, cujo nome deriva dos quatro relevos representativos que encimam as quatro pilastras que caracterizam o seu alçado, é uma obra exemplar das características formais que Marques da Silva introduz no desenho urbano do Porto. Construído na Rua das Carmelitas, onde no início do século XX se experimentavam diversíssimas formas e feitios transformadores das práticas construtivas convencionais (entre as quais a livraria Lello & Irmão, da autoria de Xavier Esteves, é o exemplo mais flagrante), Marques da Silva retoma a construção em granito evitando rupturas de textura com os seus vizinhos”.
Fonte: “fims.up.pt”


“A escassas dezenas de metros da Livraria Lello há dois edifícios que passam despercebidos ao transeunte mais apressado, mas que são bem emblemáticos da obra de um dos arquitetos mais profícuos da cidade do Porto. Referimo-nos ao edifício das Quatro Estações e ao chamado Palácio do Conde de Vizela, ambos do arquiteto José Marques da Silva (1869-1947).
O primeiro, no n.º 100 da Rua das Carmelitas, chegou mesmo a ser habitado pelo próprio Marques da Silva. Ostenta quatro relevos representativos das quatro estações do ano, encimando cada uma das pilastras que marcam o alçado. Trata-se de um projeto de 1905, com uma fachada “beaux-arts” – estilo arquitetónico clássico, também conhecido como academismo francês, combinando influências gregas e romanas com ideias renascentistas”.
Fonte: “portoby.livrarialello.pt”


Edifício 4 Estações – Fonte: “doportoenaoso”

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

(Continuação 53)


Sendo um exemplar da chamada «Casa Portuguesa», foi desenhada e construída em 1904, pelo seu primeiro proprietário, Ricardo Severo, importante arquitecto, engenheiro, arqueólogo, escritor e político e situa-se na Rua Ricardo Severo (a antiga  Rua do Conde), já próximo do Largo da Paz.
Essa moradia procurou fazer reviver a antiga casa solarenga e obstar ao aparecimento de modelos oriundos da Europa Central.
Actualmente, encontra-se devoluta e à venda por 2.500.000€.
Em 1954, era habitada pelo Dr. Pinto de Mesquita.


"... esta casa, com as suas magnificencias de interior e os confortos facilmente deprehensiveis, constitue um verdadeiro Museu de pormenores e de motivos que resume epochas, estylos e influencias atravez da capacidade e sentimentos nacionaes..."
Rocha Peixoto (1866-1909); Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”



“Um dos mais belos e ricos exemplares da Casa Portuguesa, do início do séc. XX, foi desenhada e construída por Ricardo Severo (arquitecto, engenheiro, arqueólogo, escritor, político). O palacete é um dos primeiros e mais importantes exemplares da época em todo o Norte do país. Moradia com cave, rés-do-chão, andar, sótão e torre. Implantação da casa isolada dentro de um lote, afastada dos limites do terreno. Disposição num patamar elevado em relação ao nível da rua. A moradia é envolvida por uma área de terreno arborizada e bastante aprazível, que lhe confere um ambiente de apreciável sossego. A casa organiza-se em torno de um pátio central. Toda a arquitectura da casa e jardins têm pormenores absolutamente únicos: vitrais pintados à mão, salões estilo colonial, painéis de azulejos de inspiração barroca, fogão de sala, brasão, alpendres, varandas, rótulas, arcarias, chaminés, azulejos, telhados com beirais, peças decorativas da arquitectura colonial brasileira, portas maciças trabalhadas, tecto sala de baile com pinturas decorativas, etc. A casa precisa de intervenção mas encontra-se estruturalmente em muito bom estado”.
Fonte: UMSEISUM - ARQUITECTURA, CONSTRUÇÃO E MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA


Ricardo Severo da Fonseca e Costa (Lisboa, 6 de Novembro de 1869 --- São Paulo, 3 de Abril de 1940) foi um engenheiro, arquitecto, arqueólogo e escritor que, por se ter envolvido num movimento revolucionário contra a monarquia portuguesa em 1891, foi obrigado, durante uns tempos, a exilar-se no Brasil.



Casa de Ricardo Severo - Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”



Casa de Ricardo Severo – Ed. Revista do Turismo Nº 13, 5 Jan. 1917



Sala de Jantar da Casa de Ricardo Severo – Ed. UMSEISUM - ARQUITECTURA, CONSTRUÇÃO E MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA


Interior da Casa de Ricardo Severo – Ed. UMSEISUM - ARQUITECTURA, CONSTRUÇÃO E MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA


Pátio interior da Casa de Ricardo Severo – Ed. UMSEISUM - ARQUITECTURA, CONSTRUÇÃO E MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA


Traseiras da Casa de Ricardo Severo – Ed. UMSEISUM - ARQUITECTURA, CONSTRUÇÃO E MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA


Vitral da Casa de Ricardo Severo – Ed. UMSEISUM - ARQUITECTURA, CONSTRUÇÃO E MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA