segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

25.35 O Amigo do Porto (Actualização em 16/02/ e 23/03/2021)


Estavam passados cerca de 30 anos sobre o Cerco do Porto imposto pelas tropas do usurpador do trono, D. Miguel, e morria o rei D. Pedro V (16/09/1837; 11/11/1861).
Dois anos antes, já o rei tinha ficado viúvo após o falecimento de D. Estefânia (15/07/1837; 17/07/1859), com a qual nunca teria consumado, de facto, o matrimónio, pois, quando foi feita a autópsia à rainha, verificaram que continuava virgem.
Pedro era o filho mais velho do 2º casamento de D. Maria II com o rei-consorte, D. Fernando II e neto de D. Pedro IV.
D. Maria II tinha ficado viúva em 1835, de um primeiro casamento com Augusto Beauharnais que durou apenas 2 meses.
Pedro era dotado de uma grande cultura (teve como pedagogo Alexandre Herculano) e de uma apurada sensibilidade artística, sendo ainda conhecedor das novidades científicas da época.
Depois de muita insistência da família real, teria aceitado casar-se com uma menina escolhida, para ele, filha de um príncipe Hohenzollern e de uma filha do grão-duque de Baden.



Desenhos de D. Pedro V quando tinha 12 anos – Fonte: “gisaweb”



O casamento com a prussiana era politicamente útil.
Os noivos tinham feitios compatíveis e, acima de tudo, Portugal precisava de um herdeiro, o que o futuro revelaria nunca se concretizar.
Casados por procuração, o casamento só sobreviveria um ano ao enlace, pois, a rainha morreria de difteria.
As comemorações acontecidas na cidade do Porto aquando do casamento real foram muito participadas pelos portuenses, como nos dão conta os textos jornalísticos seguintes.

 
 


Jornal “O Comércio do Porto” de 22 de Maio de 1858

 
 





Jornal “O Comércio do Porto” de 22 de Maio de 1858


Enquanto durou a união, o casal real dedicar-se-ia, sobretudo, a dar o seu apoio a obras de assistência social.
Assim, sendo a saúde pública um dos interesses do casal real, D. Pedro V correspondendo à vontade da mulher, fundou o hospital público D. Estefânia (em Lisboa), assim como diversas outras instituições de caridade.


«Escreveu Ricardo Jorge, nos cinquenta anos da morte da rainha: "[Estefânia] faleceu, como se sabe, de difteria: como as falsas membranas se propagassem à vulva, os médicos examinaram-na, ficando surpreendidos ao deparar-se-lhes o hímen". O assunto era melindroso, e obviamente não foi divulgado. E é impressionante lermos hoje os relatos da época: ela ia no caixão vestida de branco, grinalda de flores brancas, sapatos de cetim branco, luvas brancas. Uma rainha virgem para um rei virgem.»
Fonte: Cortesia do Dr. Pedro Mexia (11/04/2009), In “publico.pt”


Depois de um primeiro enquadramento da estória de vida que se pretende transmitir, o que interessa para aqui, é a ligação de D. Pedro V à cidade do Porto.
Diga-se, porém, em complemento, que alguns anos antes, a 9 de Julho de 1832, tinha desembarcado na Praia de Pampolido, também conhecida por Praia dos Ladrões, D. Pedro IV e uns milhares de patriotas, vindos dos Açores, para fazer da cidade do Porto o seu quartel-general e daí implantarem a liberdade e estendê-la a todo o país.
Por sinal, essa data de 9 de Julho, ainda nas últimas décadas do século XIX, era comemorada com uma festa popular levada a cabo na Praça D. Pedro, antiga Praça Nova (actual Praça da Liberdade).
A seguir pode visualizar-se o programa dos festejos para comemoração do 9 de Julho no ano de 1882:
 
 
Jornal “O Comércio do Porto”, em 2 de Julho de 1882




Veteranos reunidos, em 1883, durante as comemorações do cinquentenário do 9 de Julho – Ed. revista “O Occidente”


Aquela festa lembrava as que ocorriam em honra dos oragos das capelas de aldeia, com luminárias e bandeiras.
Bandas de música tocavam durante as comemorações, em coretos improvisados, principalmente os acordes do “Hino da Carta” que sobrou da revolução Liberal.
As mamãs e as meninas burguesas escutavam as flautas das bandas dos Regimentos 6 e 18, sentadas em cadeiras alugadas e abanando-se com os seus leques de cores berrantes, 
Os visitantes passeavam-se, então, em volta da estátua do rei-soldado e iam matar a fome e a sede ao “Restaurante Rainha” (ficava onde hoje está a delegação do Banco de Portugal) ou ao Camanho que lhe ficava em frente, a nascente da praça (onde hoje está o Mcdonalds).
Por sua vez, o povo originário das classes laboriosas, olhava com curiosidade aquela burguesia, pavoneando-se como se estivessem numa romaria da aldeia.
À noite apareciam alguns veteranos das lutas pela Liberdade que contavam as suas histórias e passeavam as suas condecorações.


O “9 de Julho” na Praça Nova – Desenho de Manuel Monterroso



“Escrito pelo Rei D. Pedro IV em homenagem à Carta Constitucional que o próprio outorgou aos portugueses em 1826, o Hino da Carta (Hymno da Carta na grafia antiga) foi o hino nacional de Portugal entre Maio de 1834 e Outubro de 1910.”
Fonte: “pt.wikipedia.org”


LETRA do HYMNO da Carta

Ó Pátria, Ó Rei, Ó Povo,
Ama a tua Religião
Observa e guarda sempre
Divinal Constituição

(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição

II
Ó com quanto desafogo
Na comum agitação
Dá vigor às almas todas
Divinal Constituição

(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição

III
Venturosos nós seremos
Em perfeita união
Tendo sempre em vista todos
Divinal Constituição

(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição

IV
A verdade não se ofusca
O Rei não se engana, não,
Proclamemos, Portugueses
Divinal Constituição

(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição



Uma comemoração do 9 de Julho ficou célebre, quando, em 1872, o rei Luís I e a rainha Maria Pia presidiram aos festejos, no 40º aniversário da entrada na cidade do exército libertador.
Tudo começou a ser preparado, uns dias antes, nomeadamente, a 21 de Junho, quando se iniciaram os preparativos para os paços do concelho serem iluminados a gás nas noites em que a família real permanecesse na cidade.
Às duas da tarde, do dia 9 de Julho, daquele ano, saiu do edifício da Câmara uma bandeira do batalhão de Caçadores 5, empunhada por um ex-sargento, condecorado com Torre e Espada, de seu nome, António Carlos Araújo Mota, e que tinha estado quarenta anos antes presente no desembarque na praia de Pampolido, que desfilou sob aplausos da multidão pelas ruas da cidade, acompanhado por dezanove sobreviventes do batalhão dos Voluntários da Rainha, sob o comando do general Mosqueira.
O cortejo seguiu para a igreja da Lapa, onde as comemorações tiveram o seu início com um “Te Deum” na presença do rei, da rainha, dos príncipes reais e do infante D. Augusto.
A cerimónia religiosa teve a oração pronunciada pelo abade de São Cristovão de Mafamude, o célebre abade Santana, amigo de Camilo Castelo Branco.
Ali às portas, no Campo de Santo Ovídio, as tropas de Cavalaria 6 e cavalaria 7, começaram um desfile, que seguiu pela Rua do Almada abaixo em direcção à Praça D. Pedro, com os Voluntários da Rainha e o seu estandarte, à frente, seguindo-se, Caçadores 5 e Caçadores 9, Infantaria 5 e Infantaria 18 e a Guarda Municipal.
Logo que chegados à praça, junto da estátua equestre de D. Pedro IV, subiram ao ar os morteiros e os aplausos da multidão, enquanto que as bandas de música tocavam o “Hino da Carta”.
A tudo isto, assistiam das varandas da Câmara, o rei, a rainha e os membros do governo presentes.
À noite houve sessão de teatro com a representação da peça “A Boceta de Pandora”.
De referir que as senhoras presentes tinham combinado, previamente, apresentarem-se todas vestidas de azul e branco.
No primeiro intervalo da representação foi proferida a partir de um camarote uma longa poesia por Manuel Vieira de Andrade, enquanto em resposta Guerra Leal recitou um soneto.
No segundo intervalo, o entusiasmo atinge o rubro quando Guilherme Braga declama uma poesia da sua autoria alusiva ao desembarque, 40 anos antes, do exército do Duque de Bragança.
Ao desfazer do espectáculo, quando a comitiva real voltava para o paço ao passar defronte da igreja de Santo Ildefonso, foi lançado ao ar um “bouquet” de setenta dúzias de foguetes.
As comemorações contemplaram ainda, nos restantes dias da presença da comitiva real, um faustoso baile de gala na sede do Clube Portuense e um concerto realizado no Teatro S. João, em benefício da Academia de Música de que era director o maestro Carlos Dubini e organizado por distintas senhoras da sociedade portuense.
Antes destas comemorações, cujo alvo era avivar a memória do 9 de Julho de 1832, decorriam no mesmo local, umas outras, com o mesmo folclore, mas em que a motivação era diferente.
Tratava-se de assinalar, em 8 de Setembro, o dia da Senhora da Natividade, que tinha imagem e devoção assente na chamada fonte da Natividade, aí existente e que dava, inclusive, nome à Calçada da Natividade (hoje a Rua dos Clérigos).
Aquele dia era, assim, o da comemoração do nascimento da mãe de Cristo.
A dita fonte era sucessora no local de uma outra chamada de fonte da Arca que tinha já sido transladada, do que é agora a área fronteira à Igreja dos Congregados (inexistente à data).
A fonte da Natividade estava a cota mais baixa do que a Praça das Hortas, depois Praça Nova, descendo-se para ela por umas escadas. Em volta existiam uns barracões de madeira, constituindo um pequeno mercado – o mercado da Natividade.
Num nicho existente no espaldar da fonte encontrava-se uma imagem de Nossa Senhora da Natividade, alvo da devoção e dos cuidados dos comerciantes das redondezas.
Depois do fim das lutas liberais o complexo de fonte e mercado foi sendo abandonado.
Primeiro a fonte, da qual alguns elementos arquitectónicos (carrancas) foram para a Praça de Santa Teresa (hoje a Praça Guilherme Gomes Fernandes) e, por fim, o mercado que se tinha degradado completamente.
Voltando a D. Pedro V, diga-se que morreu de febre tifóide, no Paço de Vila Viçosa, em 11/11/1861, tendo sido acometidos do mesmo mal, no mesmo ano, dois dos seus irmãos: o príncipe Fernando Maria Luís de Bragança, em 6/11 e o príncipe João de Bragança (Duque de Beja), em 27/12.
Desconfiando de envenenamento, o povo, de início, esboçou amotinar-se, mas não passaria daí.
D. Luís, um outro irmão de D. Pedro V, por certo só sobreviveu a esta catástrofe por se encontrar, à data, a viver no estrangeiro, donde foi chamado para assumir a sucessão ao trono.
Por certo aquela desgraça teria tido a sua origem na água inquinada de um poço existente no Paço de Vila Viçosa.
Ruben Andersen Leitão considerava D. Pedro V o «primeiro homem moderno do nosso país» e na sua obra “D. Pedro V, Um Homem E Um Rei”, apresenta-nos um olhar perspicaz sobre a breve vida do monarca.
Ruben Alfredo Andresen Leitão foi um escritor, romancista, ensaísta, historiador, crítico literário, e autor de textos autobiográficos, português, com o pseudónimo Ruben A.
Foi ele que escolheu o nome e a sigla PPD para o Partido Social Democrata num encontro com Francisco Sá Carneiro.
Era primo da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, com quem passava umas temporadas na quinta da família que agora acolhe o Jardim Botânico do Porto.

“Voltar ao Campo Alegre foi para mim qualquer coisa de enorme na vida, mais importante do que ir à Lua, ou andar em órbita à volta da Terra,”
Ruben A. (1964), In texto introdutório à edição da sua autobiografia “O Mundo à Minha Procura”





D. Pedro V e a cidade do Porto


Desde as lutas Liberais, durante o Cerco do Porto, de que resultaram alguns milhares de vítimas, que a família real ficou com uma dívida de gratidão para com a cidade.
Desse facto decorre desde essa época a atribuição pela rainha D. Maria II, ao Porto, do título de “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade” (título único entre as demais cidades de Portugal e, ainda hoje, presente no listel das suas armas).
Falecido D. Pedro IV, em 1834 (pois durou apenas alguns meses para além do desfecho do Cerco do Porto), a rainha D. Maria II e o rei-consorte D. Fernando II foram os executantes de relações privilegiadas com as gentes do Porto.
Subindo ao trono, D. Pedro V acabou por ser o continuador da política dos seus pais, principalmente da de D. Fernando II que governou quando ele ainda era menor de idade.
Esteve assim ligado a várias intervenções e visitas à cidade, e não escondia o carinho que nutria pelos portuenses.
A infância e a adolescência do monarca ficaram marcadas por tempos de convulsões políticas e sociais, como sejam o pronunciamento de Castelo Branco, a restauração da Carta Constitucional por Costa Cabral, a revolta Setembrista de Torres Novas, a revolta da “Maria da Fonte”, a Patuleia e o golpe da Regeneração.
Em 1852, com 15 anos, D. Pedro faz com os pais, a primeira visita ao Porto, enquadrada numa mais ampla ao Norte de Portugal.
A passagem pela cidade do Porto aconteceu, numa primeira fase, entre 29 de Abril e 5 de Maio e antes do retorno à capital, entre 18 e 22 de Maio. Pelo meio ficou uma digressão pelo norte do País.
Foi durante o breve reinado de D. Pedro V que se iniciou a Regeneração e Portugal entrou na modernidade - de que a inauguração do telégrafo e do caminho-de-ferro são talvez os exemplos mais evidentes.
O monarca acabaria por criar um laço com a cidade que haveria de perdurar muito para além da sua morte.
Como rei, D. Pedro V visitou a cidade em 1860 e 1861.
Em 1860, chegaria à cidade no dia 20 de Novembro, viajando desde Lisboa, por terra.
No dia seguinte, o jornal “O Commercio do Porto” descrevia o término daquela viagem.


 





 
No dia 21 de Novembro de 1860, D. Pedro V esteve na abertura da Exposição da Sociedade Agrícola do Porto (sem aviso prévio) que decorreu no Campo da Torre da Marca e que contou ainda com a presença dos Infantes D. Luís e D. João.
Durante a visita real à cidade do Porto, ficou célebre o encontro que teve com Camilo Castelo Branco e Ana Plácido na Cadeia da Relação, onde o casal aguardava julgamento, indiciados pelo crime de adultério.
Foi a 23 de Novembro de 1860 que D. Pedro V visita a Cadeia da Relação do Porto.



“O Rei apeara inopinadamente à porta da cadeia.
O carcereiro era um alferes dos veteranos…
… D. Pedro V correu-o com os olhos, e disse:
– Conduza-me às enxovias.
Abriram-se os alçapões dos calabouços…
Sua Majestade desceu rapidamente, como se pisasse os tapetes das marmóreas escadarias dos régios paços. À sua chegada uns presos petrificaram, outros ajoelharam, e alguns, voz em grita, pediam a liberdade…
… Passou Sua Majestade à enfermaria dos presos, e à das presas, em seguida. Na extrema desta há uma porta que se abre para o quarto de uma senhora, que ali estava presa.
– Que é ali dentro?
– Saberá Vossa Majestade – disse o carcereiro – que é o quarto da senhora [D. Ana Plácido].
O rei entrou, e a senhora foi chamada do corredor aonde tinha a seu asilo de trabalho.
Com a senhora veio um menino nos braços de sua ama.
D. Pedro V cumprimentou a presa, perguntando-lhe o tempo de sua prisão. Reparou no menino, e acarinhou-o, perguntando-lhe o nome e a idade. A mãe respondeu pela criancinha, e o rei deteve-se a contemplar a infeliz. Ao lado do monarca compungido estava o marquês de Loulé, pensando, porventura, que naquele dia tinha de banquetear-se no palácio de ima irmã daquela encarcerada.
Saiu Sua Majestade e, ao descer as escadas, proferiu as palavras iniciais deste capítulo:
Isto precisa de ser completamente arrasado.”
Camilo Castelo Branco (In Memórias do Cárcere)


Retrato de D. Pedro V



A viagem de D. Pedro V ao norte do país, em 1861, teve como principal objectivo a inauguração da Exposição Industrial Portuense, embora não se esgotasse apenas neste acontecimento.
O rei permaneceria no Porto entre os dias 24 e 28 de Agosto, partindo na madrugada do dia 29 para Braga, onde se demorou até ao dia 2 de Setembro. Retorna, às 10 da manhã do referido dia ao Porto e partirá para Lisboa definitivamente no dia 4 de Setembro.
D. Pedro V, ao contrário do que inicialmente se esperava, viajou para o Porto “numa carruagem mala-posta”, saindo de Lisboa às 3 horas da tarde do dia 22 de Agosto, parando em Caldas da Rainha, Leiria e Condeixa, até Oliveira de Azeméis, onde chegou no dia 23, pelas 8 horas e 37 minutos, pernoitando lá.
Entrou finalmente no Porto no dia 24 de Agosto por volta das 3 horas da tarde. No regresso, voltou de barco, no vapor Mindello, para Lisboa.
Sobre a Exposição Industrial Portuense diz, Pedro Joaquim Martins, In Seminário de História Contemporânea, UP-2011:

“decorreu no Palácio da Associação Comercial, ou da Bolsa, entre os dias 25 de Agosto e 16 de Setembro de 1861, dedicando oito galerias, numerosas salas e o pátio à exibição dos produtos, um autêntico estado da arte da indústria nacional ou “verdadeiro recenseamento das forças produtivas do país.”

Sobre a estadia de D. Pedro V, diz Pedro Joaquim Martins, In Seminário de História Contemporânea, UP-2011:

«A crónica jornalística d’ O Comércio do Porto destacava, nesses dias, a beleza da iluminação nocturna da cidade (curiosamente esta começou a ser iluminada a gás em 1855, ano da aclamação de D. Pedro V) e dava-nos conta do percurso do monarca desde a rua das Flores, onde “foi acompanhado por grande quantidade de povo e pelas pessoas que tinham formado alas com as tochas”, subindo para a Rua da Almada “sempre vitoriado por uma grande quantidade de cidadãos”, seguindo para a praça de Carlos Alberto e “dali para a rua dos Clérigos, dignando-se suas M. e A. subir ao adro da igreja, que estava devidamente acomodada para o receber, e dali poder observar o belo efeito da iluminação da calçada dos Clérigos e do fogo de vistas que teve lugar na mesma rua.”»

E Pedro Joaquim Martins, continua:

“(D. Pedro V assiste) dia 24 a um espectáculo da companhia portuguesa no teatro S. João, enquanto no dia 25 deslocou-se ao teatro Baquet, onde representou a companhia nacional de ópera cómica, tendo lá voltado algumas vezes em dias posteriores para assistir a representações de diferentes companhias.
No dia seguinte, antes da partida para Braga, a assembleia portuense organizou um baile dedicado ao rei, tendo a associação britânica organizado outro no dia 2 de Setembro. No baile da associação portuense, os jornais dão nos conta que “S.M. el-rei dignou-se a abrir o baile dançando uma contradança com a Sr.ª marquesa de Monfalin …”


Sobre o espectáculo que o rei assistiu no Teatro Baquet dizia o periódico “A Revolução de Setembro” em 26 Agosto 1861.

“No domingo, quando S.M. assistia ao espectáculo do teatro Baquet, houve um conflito entre o governador civil e o presidente da câmara municipal por causa da precedência dos camarotes […] A questão foi debater-se nos corredores para não incomodar os espectadores, e gastou-se ali legislação sobre o grave assunto, citaram-se autores de nomeada, foram chamadas as ordenações do reino, com um calor tal, que a cena já começava a ter espectadores. Por fim (oh! maravilhosa resolução) o governador civil convidou para o seu camarote o presidente da câmara, e a ordem restabeleceu-se”.


O monarca visitaria ainda o Hospital de Santo António e o Hospital Militar, tendo determinado que a cidade deveria ter um futuro Hospital Militar com a dignidade que a cidade merecia.
O Hospital Militar estava sedeado no convento de S. João Novo desde 12 de Maio de 1835 e aí se manteve até 20 de Maio de 1862, quando foi transferido para o Hospital da Ordem Terceira de S. Francisco até à construção do Hospital D. Pedro V. 
Começado a construir em 1862, o novo hospital militar, teve como principal mentor precisamente o soberano, que entretanto já tinha falecido, tendo ficado, porém, para sempre, com o seu nome – Hospital Militar D. Pedro V (descontado um período de tempo em que alguém pretendeu reescrever a história).


Hospital Militar D. Pedro V no Lugar de Pardelhas c. 1900


Aproveitando a oportunidade, o rei decidiu também visitar algumas unidades industriais de envergadura da cidade.  
É o caso da fábrica de saboaria de Vale de Amores (V. N. de Gaia), depois de no baile da Assembleia Portuense (palacete da Ferreirinha à Praça da Trindade), dignar-se a prevenir o Sr. Visconde de Castro Silva, de que na manhã seguinte visitaria a sua fábrica.
A comitiva visitou também a fábrica de tecidos da Rua do Poço das Patas e a fábrica de estamparia do Sr. Joaquim António da Silva Guimarães, na Rua Fernandes Tomás e, desta vez, sem anunciar.
A fábrica no Poço das Patas (Campo 24 de Agosto) era a “Companhia de Fiação Portuense”.
A estamparia citada era a famosa “Estamparia do Bolhão”, cujos operários haveriam de levantar um obelisco junto das instalações, para que fosse lembrada a visita do rei.
O obelisco seria retirado em 1914 do local, apenas quando o mercado do Bolhão foi sujeito a obras e seria transladado para o cemitério do Prado do Repouso, onde ainda pode ser visto.
Encontra-se junto ao jazigo dos bombeiros falecidos.


Estamparia do Bolhão (à esquerda) e Mercado do Bolhão em obras (à direita) – Ed. Alvão


Na foto acima é possível observar o obelisco que os funcionários da Estamparia do Bolhão e da Fundição do Bolhão, que lhe era próxima, levantaram para comemorar a visita do rei e denominado “Memória a D. Pedro V” ou “Memória do Bolhão”.
No correr de casas da esquerda para a direita é possível divisar, ao fundo, a capela das Almas ainda sem azulejos, que só os ostentaria após 1929.


“Memória do Bolhão” no cemitério do Prado do Repouso - Ed. “andanhos.blogs.sapo.pt”


Depois de um salto a Braga e de uma breve estadia por lá, no dia 2 de Setembro, às 8 da manhã, D. Pedro V parte para o Porto, onde no dia 3 de Setembro, preside ao lançamento da primeira pedra do projecto que conduziria, em 1865, à inauguração do Palácio de Cristal, em terrenos do campo da Torre da Marca.
Inclusive, nesta viagem, o rei aproveita um dos últimos dias para inspeccionar as obras das linhas férreas em Valadares.
Da relação entre a cidade e o monarca sobram para memória, a estátua na Praça da Batalha, a Rua D. Pedro V e uma outra perpendicular a esta com o nome da rainha – Rua D. Estefânia; o museu Soares dos Reis; um quadro do rei no Tribunal da Relação e um outro que pode ser apreciado no Palácio da Bolsa; o obelisco do cemitério do Prado do Repouso.
Cerca de dois meses após esta visita ao Porto D. Pedro V faleceria.
Na cidade do Porto, D. Pedro V ficou ainda com o seu nome associado ao Museu Soares dos Reis, cujo edifício foi comprado por sua vontade e que tinha sido a residência da família Moraes e Castro.
Antes, tinha sido também o quartel-general de D. Pedro IV durante O Cerco do Porto, e a partir de 1840 tinha sido usado como residência real nas deslocações efectuadas pela família real ao Porto, nomeadamente por D. Maria II.
Após a visita régia de 1852, um jornal do jornal do Porto anunciou a venda do palácio "o qual tem lindas vistas sobre uma parte da Cidade, Vila Nova de Gaia, e o mar, capela, jardim, quinta unida de terra lavradia, que dá pão, vinho, fruta e água".
A promessa de venda do palácio só se concretizaria no reinado de D. Pedro V em 1861, que o adquiriu.
O Tribunal da Relação do Porto criou o Museu - Sala D. Pedro V, onde podemos apreciar um quadro de 1860 do monarca.
Cerca de 6 meses após a sua morte, a Escola Médica-Cirúrgica prestava homenagem a D. Pedro V, ao descerrar um seu retrato.
 
 
 

In jornal “O Comércio do Porto” de 7 de Junho de 1862




Retrato a óleo (1860) de D. Pedro V de A. M. Fonseca – Museu judiciário do Porto 



Estátua de D. Pedro V na Praça da Batalha – Fonte: “gisaweb”


A estátua de D. Pedro V é da autoria do escultor J. J. Teixeira Lopes (pai) e foi inaugurada em 1866.
A primeira pedra do monumento foi lançada em 11 de Julho de 1862.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

25.34 “O Pirolito” e “Maria Rita”



 “O Pirolito”

“O Pirolito foi um semanário de humor e caricatura, publicado no Porto entre 24 de Janeiro de 1931 e Janeiro de 1934. O seu proprietário e editor foi Oliveira Valença, embora a direção fosse assumida por Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa e ainda o caricaturista Cruz Caldas. Posiciona-se politicamente ao centro, como os próprios afirmam: “o nosso jornal, sendo das esquerdas e das direitas, confessa a sua predilecção pelo centro”. Quanto ao conteúdo, o mesmo recai sobre a sociedade e os costumes: a liberdade e autonomia da mulher, a moda, a informalidade das relações e os espetáculos. Ligados ao Pirolito estão os nomes de Octávio Sérgio nas artes e Heitor Campos Monteiro como colaborador regular na área das letras.”
Fonte: “pt.wikipedia.org”


“Em 1924, Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa já tinham dirigido o Córócócó, outro semanário humorístico do Porto, que se manteve alguns anos (1927?). De resto, esse antepassado foi evocado na “capa” do primeiro número do Pirolito, o que leva a crer que deixara boa memória na população tripeira. A preponderância do humor literário sobre o gráfico será filha da ligação da equipa com o teatro (comédia e revista).
(…) Materialmente, cada número compunha-se de 16 páginas, sendo que a primeira e a última faziam as vezes de uma “capa”, ostentando uma cor extra, além do preto. Referia-se ainda que o jornal era impresso em papel de tom “rosa” (mais barato que o branco), característica que por ação da passagem do tempo é hoje uma fragrância cromática quase impercetível.
Ainda assim, o número avulso do Pirolito custava 1 escudo, o que não seria propriamente um valor “popular”. Como termo de referência, considere-se que os diários de grande circulação custavam, em média, 30 centavos. Quanto à venda por assinatura, os valores fixados para o trimestre, semestre e ano eram: 11$00, 21$00 e 40$00 escudos, respetivamente. Já a assinatura anual para as Colónias onerava em 50$00, e para o Brasil atingia os 60$00. Apesar do preço pouco amigável, o primeiro número ter-se-á esgotado em poucas horas, o que muito entusiasmou a direção, que no segundo numero já se vangloriava: «digno filho do “Córócócó”, o jovem “Pirolito” entrou com o pé direito na vida citadina, fazendo, desde hoje, parte das necessidades do tripeirinho de gêma.”
Cortesia de Rita Correia – 11/12/2014


Capa do jornal «Córócócó» de 27/02/1926 (desenho a tinta da china) – Fonte: Gisaweb


No desenho acima estão representados Carvalho Barbosa e Arnaldo Leite, em cima de garnizés com as suas penas (de escrever) numa mão e agradecendo com a outra à estátua "Porto", que feliz atira flores aos dois escritores.
Por fundo veem-se a Torre dos Clérigos, a Ponte Luís I e o Palácio de Cristal, ex-libris da cidade do Porto.
Aparecido numa época de recessão económica que abrangeu o fim da década de 20 e o começo da década de 30 do século XX, o semanário “O Pirolito” pretendia face às necessidades económicas da população fidelizar os leitores oferecendo por exemplo por um destacável do jornal, uma sessão de cinema semanal e gratuita.
Dessa campanha usufruíam também os leitores do desportivo “Sporting” de que era proprietário Oliveira Valença, e que tinha sede tal como “O Pirolito” na já desaparecida Rua da Cancela Velha, nº 30.
Foi também estratégia d’ “O Pirolito” no fim de cada edição deixar algo em “suspense” para adoçar a curiosidade dos leitores para o número seguinte, de que fazia parte a realização de vários concursos que tinham associados uma vasta lista de prémios.



Capa d’ ”O Pirolito” - sábado, 29/12/1931


”O Pirolito”em plena época natalícia - sábado, 29/12/1931, pág 3


No último número de 1931, o Pirolito lançou o inquérito “O que será o ano de 1932?”.
No mesmo número, num outro concurso, os leitores teriam que glosar o tema: “Há muito tempo que aguardo o dia do fim do mundo.”
O vencedor teria um prémio chorudo - Mil escudos.
O último número d’ “O Pirolito: Bate Que Bate” de que há notícia foi o nº 158, de 27 de Janeiro de 1934.



Anúncio de concurso d’ “O Pirolito: Bate Que Bate”

Como se disse “O Pirolito” com a sua redacção e demais serviços administrativos estava sedeado na Rua da Cancela Velha, já desaparecida. Para nos situarmos quanto à localização daquela artéria, diga-se que ela implantava-se entre a fonte (Fonte dos Aliados) que actualmente está um pouco à frente da estátua de Garrett, ao cimo da Avenida dos Aliados e a Rua do Bonjardim, aqui terminando, no que agora é, o nº 368.
Note-se que o Palácio dos Correios, à data, ainda não existia, bem como a Rua Costa Carvalho.  


A linha a preto representa a implantação da desaparecida Rua da Cancela Velha fruto da demolição do chamado Laranjal para abertura da Avenida dos Aliados

Legenda:

1. Fonte dos Aliados que tenta recriar uma outra que era também enterrada e que para se ter acesso à sua bica (que estava lá em baixo, ao centro e brotava do chão) se descia por uma escadaria.
Por razões óbvias, o povo baptizou-a por Fonte do Olho do Cu.
A pequena praça onde estava essa fonte, mais tarde substituída por um chafariz que veio do Largo de S. Domingos e que agora está, mais acima, junto à igreja da Trindade, chamava-se Largo do Laranjal.

2. Términos da Rua da Cancela Velha, um pouco acima da Casa Januário que fica na esquina da Rua Formosa com a Rua do Bonjardim.

3. Estátua de Almeida Garrett em frente da Câmara Municipal



Estátua de Almeida Garrett na Avenida dos Aliados


Fonte dos Aliados – Ed. JPortojo


“Maria Rita”


Este semanário humorístico do Porto manteve-se nas bancas desde 23 de Abril de 1932 até 9 de Dezembro de 1933. Saía aos Sábados.
A 4 de Agosto de 1934, Maria Rita teve um «Número Especial» dedicado à 1.ª Exposição Colonial Portuguesa, inaugurada no Palácio de Cristal, no Porto, a 16 de Junho de 1934.
O legado do Maria Rita fixou-se, portanto, em 86 números mais um, «Especial» e único.
O Maria Rita era a versão feminina do Zé Povinho, criado por Bordalo Pinheiro, a quem foi rendida homenagem no primeiro número.
A linha editorial está condensada e explicitada no texto seguinte:

“«Engano! A vida é diabolicamente linda, como um sorriso de Greta Garbo, e prodigiosamente alegre, como uma carteira a transbordar. Mas, mesmo que assim não fosse, − tristezas não pagam dívidas. Cá em casa não se admitem lágrimas, a não ser o «lacrima-cristi». E ainda assim, prefere-se-lhe o champanhe: no cristal transparente da Verdade, a espuma saltitante do Riso.»”


Cabeçalho de apresentação do “Maria Rita”



Anúncio do “Maria Rita” publicitando um concurso em 25/06/1932


No anúncio acima pode-se verificar o selo no canto inferior direito: “Visado pela Comissão de Censura”. Eram tempos do início da ditadura.



Regras e prémios de concurso natalício e de fim de ano do “Maria Rita” no ano de 1932



“É um jornal de pequeno formato (32 cm), com 16 páginas, impressas a duas cores; a primeira era, em regra, ocupada com um cartoon (vinheta cómica). A estrutura de secções foi variando ao longo do tempo e assumindo a forma de uns supostos «suplementos» que foram crescendo em número. Apresenta publicidade, mas com a particularidade de ser temperada com humor. O preçário do Maria Rita era o seguinte: avulso – 1 escudo; as condições de assinatura contemplavam as opções ano e semestre e variavam de acordo com a geografia - Continente e ilhas (45$00/24$00); Colónias (50$00/70$00); Estrangeiro – 60$00/100$00).
O semanário era propriedade da empresa editora do «Magazine “Civilização”», célebre mensário da invicta, fundado uns anos antes (julho de 1928) por Ferreira de Castro e Abílio Campos Monteiro, que partilharam a sua direção.
(…) Na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira «Maria Rita» é apresentada como uma figura associada ao folclore, por via de um «contarelo popular» que canta o seu espirito otimista, a sua atitude “não te importes” e zombeteira, o que lhe valeu o morrer a rir. Referem ainda que foi a origem da expressão adjetivante «é como a Maria Rita», que entretanto caiu em desuso.
(…)  Maria Rita, filha da Civilização, teve por diretores literários, Arnaldo Leite, Carvalho Barbosa e José Artimanha, pseudónimo usado por Heitor Campos Monteiro; e como diretor artístico, Octávio Sérgio que desempenhava também as funções de «Secretário da Redacção». O editor era E. Costa Monteiro. A partir de julho de 1933, a direção do Maria Rita passou a ser assegurada apenas pelos dois irmãos Campos Monteiro, Heitor (José de Artimanhas) e Germano (Dr. Knox).
A Redação e Administração do Maria Rita estavam sedeadas na Rua do Almada, 107- 2.º, no Porto. O espaço era partilhado com a Civilização, que até ali tinha estado sedeada na Rua Duque de Loulé, 151 – 1.º, na mesma cidade.
Já no que tocava aos serviços de composição e impressão recorriam a tipografias diferentes, sendo a do Maria Rita a Imprensa Portuguesa, na Rua Formosa, 116. As duas publicações também partilhavam redatores, ilustradores, colaboradores (literários e gráficos) e, provavelmente, muitos outros recursos humanos, técnicos e materiais, daí que não surpreenda a constatação de uma série de semelhanças e afinidades, quer na forma, quer na substância.
(…) Nessa altura, Maria Rita vangloriou-se sim de ser descendente ou continuadora da estirpe de outra Maria Rita nascida também no Porto, em 1885: «Só os que forem muito velhos, acima dos setenta e tantos anos, se lembrarão ainda da Maria Rita, esse Demócrito de saias e chinelas de ourelo que passou a vida a rir, e a rir deu a alma ao Criador, certo dia em que dois ou três casos grotescos desabaram sobre ela, ao mesmo tempo,
como uma nuvem densa de gases hilariantes».
 Relativamente a essa antepassada as memórias não só escasseiam como não são completamente coincidentes. Recorreu-se aos apontamentos de Augusto Xavier da Silva Pereira (1838-1902) porque são coevos e reúnem mais informação. De acordo com a sua descrição, Maria Rita foi iniciada a 16 de junho de 1885 e manteve-se até 14 de setembro de 1886; foram seus dirigentes Sá Albergaria e António Cruz e o ilustrador J. M. Pinto; no primeiro número, foi explicado que o título era inspirado num dos vultos políticos do partido monárquico; e trazia na primeira página o retrato da
«Maria Rita (mulher do povo que dizem morreu a rir)», sendo evidentes as
semelhanças com «um distincto general de engenharia que foi ministro d’estado num dos gabinetes organizados pelo partido progressista.»”
Cortesia de Rita Correia, Lisboa, 2/08/2017



Na sequência da morte de Abílio de Campos Monteiro, a 4 de Dezembro de 1933, foi anunciado o fim do Maria Rita, no “último” número sequencial, no qual lhe foi rendida homenagem.
Abílio de Campos Monteiro usava os pseudónimos «Marcial Jordão», para
assinar o editorial «Factos a prestações. Crónica anacrónica», e «Turiddu» na secção «Peças e Fitas».
De entre outras colaborações destacam-se:
Heitor de Campos Monteiro que encarnava a figura do director «José de Artimanha» que assinava a secção «O passado… passado a ferro»;
Germano de Campos Monteiro que tudo indica ter sido o «Dr. Knox» que
redigia as histórias «De arrepiar os Cabelos» e que, a partir de Julho de 1933, passou a figurar no cabeçalho do semanário como director;
Tomaz Ribeiro Colaço assinava a crónica «Folhas de Alface, cartas da Capital»;
Abreu e Sousa e Ascensão Barbosa eram os «Irmãos Unidos», que redigiam a crónica «Por Mal dos Nossos Pecados (Impressões de dois lisboetas de empréstimo)»;
Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa, ambos directores literários, que escreviam a coberto de um nome inventado.
Sobre as secções e rubricas destacam-se:
«Coisas de fora», notícias curtas do estrangeiro;
«Bola ao Centro» noticiário de futebol;
«Nas bocas do mundo» que acompanhava a atividade das «emissoras portuenses»;
«Peças e Fitas», secção dedicada ao teatro;
«Rés-do-chão. Balancete da semana», uma crónica em verso;
«Escola do Cadela», apontamentos de cultura geral;
«Meio conto por semana ou 500$00 de prosa»;
«Farrapos da ciência»;
«Viagens Maravilhosas»;
«Arte de bem redigir»;
«Mariaritadas»;
«ANUNCIOS da Maria Rita», entre outras.


Humor (1) do “Maria Rita” em 1932



Humor (2) do “Maria Rita” em 1932



Capa do Último “Maria Rita”