quarta-feira, 27 de novembro de 2019

(Continuação 2)


Comemorações no Porto do Centenário da morte do Infante D. Henrique


Em 1960, o Porto assistiu às comemorações do 5º centenário da morte do Infante D. Henrique (4 de Março de 1394, Porto - 13 de Novembro de 1460, Sagres), que se realizaram por todo o País.
O ponto alto das comemorações, na cidade invicta, prendeu-se com a inauguração da remodelada Casa do Infante e de outros edifícios a ela anexos e de uma outra inauguração, ocorrida no Largo António Calém, de um monumento dedicado ao esforço que os portuenses desenvolveram na expansão marítima, no tempo do Infante D. Henrique.
Aquele Largo António Calém, que outrora já se chamou Largo do Ouro, deve a actual toponímia em memória de António Alves Calém, nascido em 1829, que por ali teve uma fábrica de Curtumes, apesar de a família da qual foi patriarca ficar a ser mais conhecida, na cidade, pelo negócio que desenvolveu ligada ao vinho do Porto.
Em 1859, deu sociedade ao seu filho António Alves Calem Júnior e criou a “A.A. Calem & Filho, Lda”. 
 
 

Cortesia de Jorge Fernandes Alves
 

 
Assim, por outro lado, aquele topónimo homenagearia também o filho de António Alves Calém,  António Alves Calém Júnior, (Porto n. 7/11/1860 - f. 16/08/1932), que viria a ser Presidente da Associação Industrial Portuense entre 1901 e 1903, tendo um dos seus filhos, António de Oliveira Calém, em 1953, exercido o cargo Presidente interino da Câmara Municipal do Porto



Monumento ao “Tripeiro”, de Lagoa Henriques, inaugurado em 1960, no Largo António Calém – Ed. AHM do Porto



Placa colocada no pedestal do grupo escultórico do Monumento ao “Tripeiro”


Aquele monumento, até à sua implantação, teve uma história um pouco atribulada.
Ele teria sido o resultado de um concurso ganho, em parceria, por Lagoa Henriques, Siza Vieira, Augusto Amaral e Alcino Soutinho.
Diz-se que, devido a ser o betão o material proposto para ser utilizado na escultura, a obra teria sido vetada por Oliveira Salazar.
Mais tarde, seria contactado apenas Lagoa Henriques, que foi incumbido para que projectasse e executasse uma obra, mas individualmente.
O escultor começaria de início por recusar a missão, mas por pressão dos seus parceiros, em reunião ocorrida no café Majestic, acabaria por aceitar a tarefa, fazendo uso de um material mais tradicional.
Assim, nasceria a obra “Memória em Louvor da Grei”.
O acto inaugural da «Memória em Louvor da Grei», no Largo de António Calém, com benção do monumento pelo Administrador Apostólico da Diocese do Porto, D. Florentino de Andrade e Silva, ocorre em 27 de Agosto de 1960.
Quanto à denominada Casa do Infante (actual), ela irá surgir da doação pelo Estado, em 1958, de uns armazéns e anexos, à chamada Casa do Infante D. Henrique, sitos na Rua da Alfândega Velha, à Câmara Municipal do Porto, com o objectivo de aí se instalar um museu, e duma outra doação, dos antigos armazéns da Fazenda Nacional, propriedade do Banco Nacional Ultramarino.
É, por essa ocasião que, nomeada uma Comissão, ela se associa à Comissão das Comemorações Henriquinas, e depois de analisarem a situação, é decidido avançar com uma intervenção para as construções anexas e incorporá-las na Casa do Infante.
O arquitecto Rogério de Azevedo, já com o cargo de delegado da “Comissão das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante”, é o escolhido para intervencionar em todo o conjunto arquitectónico.
Até ao início de 1960, estão concluídas as coberturas e feita a consolidação de paredes.
Até ao fim desse ano, a obra vai ganhar contornos definitivos.
Em 20 de Dezembro, são adquiridos os candeeiros.



Casa do Infante, actualmente


Construção da Nau no Cais do Ouro para as comemorações dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique – Ed. Teófilo Rego (1960)



A Nau que foi construída para as “Comemorações do V Centenário da Morte do Infante” (1960), em 2º plano, durante as cheias de 1962



Lançamento à água, no estaleiro do Ouro, em 1960, de uma nau similar às usadas na expedição a Ceuta (1415)



Cortejo Fluvial. Chegada à Ribeira das réplicas de naus construídas no estaleiro do Ouro para as “Comemorações do V Centenário da Morte do Infante” (1960) – Fonte: “portoarc.blogspot.com”



Cortejo presidencial (Portugal e Brasil) nas comemorações “V Centenário da Morte do Infante D. Henrique”, em 1960, de passagem pela Praça de Almeida Garrett, em frente à estação de São Bento



Subindo a Avenida dos Aliados, o cortejo dos presidentes Américo Tomás, de Portugal, e Juscelino Kubitschek de Oliveira, do Brasil, aquando das comemorações do “V Centenário da Morte do Infante D. Henrique”, em 1960




Vista obtida sobre a Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade, a partir da Praça do Município (hoje, Praça do General Humberto Delgado), durante uma cerimónia, com a presença dos presidentes de Portugal e Brasil, integrada nas Comemorações do “V Centenário da Morte do Infante D. Henrique”, em 1960




Envelope e selo (comemorativo do 1.º dia de circulação - 26 de Junho de 1960) do Centenário da Morte do Infante D. Henrique



Moeda comemorativa do V centenário da Morte do Infante (1960)



(Continua)





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