sexta-feira, 22 de março de 2024

25.233 Câmara Municipal do Porto

 
Quanto ao actual edifício da Câmara Municipal do Porto, foi decidido construí-lo em 1916, mas, entretanto, foi necessário proceder a demolições no Bairro do Laranjal. Os seus alicerces estavam prontos em 1920, e só seria ocupado a partir de 1957.
O projecto do novo edifício da edilidade portuense tinha um prazo de construção de 3 anos e um orçamento de 1300 contos. Acabaria por tardar 40 anos para ser finalizado e, no seu termo, ficou por 55 mil contos.
O projecto do edifício foi entregue ao 1.º oficial arquitecto municipal António Correia da Silva, que auferia um ordenado mensal de de 720$00.
Este técnico, que desempenhava funções também relacionadas com o Mercado do Bolhão e com o Matadouro Municipal da Corujeira, viu, por isso, ser-lhe atribuído um subsídio de 300$00, referentes aos meses de Outubro a Dezembro de 1920, referente aos serviços prestados na direcção da obra dos Paços do Concelho.
Em 1920, os alicerces do edifício estavam concluídos, sendo então realizada uma cerimónia pública para encerrar um cofre na chamada pedra fundamental. 



Câmara Municipal do Porto em construção e Avenida dos Aliados a ser rasgada, c. 1925


Câmara actual, em construção, c. 1930
 
 
 
 

Construção da Câmara, vista do Largo da Trindade
 
 
 
 
No projecto de Carlos Pezarat de 1889, a localização do edifício da edilidade seria a poente da Avenida dos Aliados e, segundo a sugestão de Marques da Silva, deveria ser escolhido um outro local, para os lados do Carmo e da Universidade. Acabou por vingar a hipótese de Barry Parker, ao cimo da avenida.
No projecto inicial, o edifício, muito diferente do risco de Barry Parker, foi projectado com uma escadaria frontal e com uma alta torre a encimar o edifício.

 
 
Avenida dos Aliados, em Março de 1930, com a Câmara em construção – Fonte: portoarc.blogspot

 
 
Na foto acima, a Câmara ainda está a ser construída e, no centro, em frente da estátua da “Menina Nua”, observa-se uma bomba de gasolina da Shell (em cada bombada eram 5 litros).




 

Paços do Concelho
 
 
 
Na foto acima, observa-se que o edifício que haveria de surgir à direita da nova Câmara (o Palácio dos Correios), ainda não existe.



 

Construção da Câmara Municipal do Porto - Fonte: Espólio Fotográfico Português

 
 
Na foto acima, observam-se quatro nichos verticais abertos na fachada, dois laterais e dois centrais, que se destinavam a alojar quatro estátuas de figuras de relevo na história da cidade.
Esses nichos acabariam por ser eliminados e a representação daquelas figuras acabou por ser executada, no interior, por intermédio de pinturas do pintor Dordio Gomes.
Por outro lado, o acesso ao edifício não está ainda construído.
 
 
 

Construção da escadaria de acesso à Câmara Municipal do Porto que acabaria por ser demolida
 
 
 
 

Aspecto do edifício da Câmara Municipal, em 1941, ainda dotado da sua torre com o pináculo original e uma escadaria de acesso central
 
 
 

Motociclistas diante da escadaria da CMP, ainda em obras, em 1948

 
 

Torre da Câmara Municipal, antes de ser encurtada, observada a partir da Praça D. João I
 
 
 
 
O arquitecto Carlos Ramos explicou, a 12 de Janeiro de 1951, em sessão na C.M.P., que a torre do edifício iria ter menos 7 metros, não haveria nichos na fachada, e que passariam a existir duas rampas de acesso em vez de escadaria.

 
 
 

Edifício da Câmara já com rampas de acesso

 
 
“O edifício é composto por uma cave, seis pisos e pátios interiores, ocupando uma área de 2.438 m2. A torre central do edifício atinge os 70 metros de altura, com uma escadaria de 180 degraus. Construído em granito proveniente das pedreiras de São Gens e Fafe, sendo os restantes materiais: betão armado, mármores de diferentes cores e madeiras de carvalho e sucupira. À entrada do edifício, uma vastíssima escadaria em granito permite o acesso ao andar nobre, decorada com quatro afrescos de D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, Afonso Martins Alho e Camilo Castelo Branco. Na varanda deste andar encontram-se quatro estátuas simbolizando as riquezas do Norte de Portugal: a Terra, o Mar, a Vinha e o Trabalho. A Sala de Reuniões está decorada com representações dos símbolos da vida do Porto: a famosa Noite de São João e uma alegoria à produção e comercialização do Vinho do Porto”.
Fonte: “portoxxi.com/”
 



Tendo estado previsto para a fachada, no projecto inicial, prestar uma homenagem a figuras de relevo na história do Porto e abandonados que foram os nichos, primitivamente destinados ao efeito, acabaria a mesma por passar para o interior, ao cimo da escadaria, em pinturas de Simão César Dordio Gomes ou Dordio Gomes (Arraiolos, 26 de Julho de 1890 — Porto, 12 de Julho de 1976) com as seguintes representações:
 
 
 
As Origens de Portugal”, onde a figura central é D. Afonso Henriques, primeiro rei da nação.
A Expansão Geográfica”, que dá grande destaque ao Infante D. Henrique e as descobertas ultramarinas.
A Expansão Comercial”, dando relevo ao burguês portuense, Afonso Martins Alho e ao primeiro tratado comercial com a Inglaterra.
O Porto Romântico”, representado por Camilo Castelo Branco e seus locais prediletos.


 
 

As Origens de Portugal – Fresco de Dordio Gomes


 
 

A Expansão Geográfica - Fresco de Dordio Gomes


 
 

A Expansão Comercial - Fresco de Dordio Gomes



 

O Porto Romântico - Fresco de Dordio Gomes
 


Por sua vez, a homenagem da cidade a Garrett que, há anos, tardava, acabaria por ser prestada diante dos Paços do Concelho.
A inauguração aconteceu no dia 11 de Novembro de 1954, durante as comemorações do Centenário da Morte de Almeida Garrett, com a presença do Presidente da República, tendo discursado o Presidente da Câmara, Machado Vaz.
Em 2001, durante os festejos do programa "Porto, 2001 - Capital Europeia da Cultura", em complemento das comemorações do Bicentenário do nascimento de Almeida Garrett, que decorreram em 1999, foi inaugurada, no Palácio de Cristal, a Biblioteca Almeida Garrett.

 
 
 

Estátua de Garrett de Barata Feyo, em frente à Câmara Municipal
 




Câmara Municipal e Avenida dos Aliados, em meados do século XX - Ed. (s.n.) AHMP

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