segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

25.292 A urbanização da antiga Rua do Castelo do Queijo (Avenida de Montevideu)

 
Em 15 de Fevereiro de 1865, o empreiteiro Manuel José da Silva arrematou, no 3º Bairro Fiscal, pelo preço de 3 590$000 réis, a empreitada para a construção do 2º lanço (Carreiros - Castelo do Queijo) da estrada marginal Foz - Leça da Palmeira.
Aquele lanço de via que, hoje é, desde 1926, a Avenida de Montevideu, foi, noutros tempos, a Estrada da Marginal ou Rua do Castelo do Queijo, tendo sido começada a ser urbanizada, ainda antes do fim do século XIX.
A Avenida de Montevideu desenvolve-se desde o seu entroncamento com a Rua do Molhe até ao largo onde se encontra o Forte de São Francisco Xavier (Castelo do Queijo).
Na foto abaixo, a Rua do Molhe, à direita, faz a separação das avenidas Brasil e de Montevideu.
 
 
 
 

O carro eléctrico, vindo do Castelo do Queijo, pela Avenida de Montevideu (onde se situam uns magníficos palacetes), vai entrar na Avenida Brasil

 
 
Naquele mesmo local esteve, nos primeiros anos do século XX, a “Casa Gianola”.
 
 
 

Casa Gianola – Confeitaria, Salão de Chá e Restaurante, em chalet na esquina da Rua do Molhe e Avenida de Montevideu – Cortesia de Foto-Porto
 
 
 
Todo o complexo habitacional da Avenida de Montevideu está instalado no lado nascente da avenida e, no lado poente, hoje, apenas está uma construção – a antiga Estação de Zoologia Marinha (Aquário Augusto Nobre).
No início do século XX, um outro prédio se encontrava no areal, como se pode observar na foto seguinte e que teria sido demolido para arranjo do local.

 
 

Rua do Castelo do Queijo, ainda com casa sobre a praia, em 1903 - In revista "Brasil-Portugal”, nº 96, de 16 de Janeiro de 1903
 
 
 
 

Vista aérea da Avenida de Montevideu, c. 1935

 
 
Assim, desde há algumas décadas, caminhando pela Avenida de Montevideu, no sentido do Castelo do Queijo, partindo da “Esplanada 28 de Maio” (Esplanada do Molhe), encontrávamos alguns palacetes de algumas famílias abastadas.
Alguns deles tinham a particularidade de ter acesso, também, pela Rua de Gondarém.
 
 
 
Palacete Andresen
 
 


Palacete Andresen, depois, da família Moreira
 
 
Este palacete, projecto do engenheiro António Silva, foi das primeiras construções a fazerem parte da Estrada do Castelo do Queijo, tendo sido mandado erguer por Alberto Henrique Andresen.
Teve licença de obra n.º: 228/1897.
Pertenceu, depois, até aos nossos dias, à família Moreira, sendo que, em 1924, já era seu proprietário Joaquim Alves Moreira.
Em 2017, o palacete foi vendido ao mesmo operador hoteleiro que lançou o Hotel Teatro, na baixa da cidade, à Rua de Sá da Bandeira.
 
 
 
Casa do Barão de Fermil
 
 
Esta moradia, na Avenida de Montevideu, n.º 66, na primeira década do século XX, era propriedade do negociante de vinhos de nacionalidade inglesa, Albert Mathias Feuerheerd (1870 - 1933), com escritórios na Rua do Rei Ramiro, em V. N. de Gaia.
Para a moradia, Albert Mathias Feuerheerd ainda solicitava, em 1919, à Câmara do Porto, uma autorização para nela executar obras que receberá a licença de obra n.º: 114/1919.
A residência, em questão, passará depois para as mãos do Barão de Fermil e, após ele aí ter falecido, será morada da sua filha, Delminda Sampaio Machado, casada com Dr. Francisco da Cunha Freitas Mourão de Sotomaior.
 
 
 

Casa do Barão de Fermil

 
 
Na casa da foto, anterior, viveu e aí faleceu Manuel Guilherme Alves Machado (Celorico de Basto, Veade, 25.10.1873; Porto, Nevogilde, 05.06.1943), 1º Barão de Fermil, casado, em 1900, com Maria Augusta Sampaio de Brito que, desde 1898, era proprietária do chamado Palacete dos Barroso Pereira, à Praça de Santa Teresa (actual Praça Guilherme Gomes Fernandes).
Em 1956, a sua filha Delminda Sampaio Machado e o seu genro, o Dr. Francisco da Cunha Freitas Mourão de Sotomaior, haveriam de receber a propriedade da Praça Guilherme Gomes Fernandes por doacção.

 
 

Casa do Barão de Fermil, actualmente – Ed. Graça Correia
 
 
 
 
Casa de Alfredo Carneiro Soares ou da “Viscondessa” de Carreiros
 
 
Esta moradia, na Avenida de Montevideu n.º 156, teve licença de obra n.º: 212/1901 e como primeiro proprietário Alfredo Carneiro Soares, que nela faleceu em 1918, tendo sido  casado com Maria Margarida Peixoto Guimarães e Silva Carneiro Soares.
O projecto inicial da moradia remontará a data anterior a 1897, pois, neste ano, é solicitado à Câmara do Porto, licença para levantamento de um portão em muro exterior.
A moradia terá passado, mais tarde, para a família Jervell.

 
 

Casa de Alfredo Carneiro Soares, depois, da família Jervell

 
 

Casa de Alfredo Carneiro Soares, actualmente – Ed. Graça Correia
 
 
 
 
Casa da Família Cálen
 
 
O prédio teria sido mandado construir, na década de 1940, por José Joaquim de Oliveira Cálem.
Em 1943, este proprietário solicita à Câmara do Porto uma licença para construir nessa morada um anexo, que terá como projectista o conhecido arquitecto Manoel da Silva Passos Júnior…o do cinema Júlio Deniz.
Localizada na Avenida de Montevideu, n.º 166, no final do século XX, a propriedade era de Maria Alice Cálen.




Casa da família Cálen

 
 

Casa da família Cálen, actualmente – Ed. Graça Correia
 
 
 
 
Vivenda Maria Borges
 
 


Actualmente (2024), a vivenda em trabalhos de remodelação que foi mandada erguer por Maria Fernandes Borges – Fonte: Google maps
 
 
 
 
A vivenda que, originalmente, em 1951, foi projecto do arquitecto Viana de Lima, foi mandada construir por Maria Fernandes Borges, gestora do Teatro Rivoli e mecenas, à data, viúva, para sua habitação e teve a licença n.º 267/1951. 
Localizava-se na esquina da Avenida de Montevideu e da Rua de Pero da Covilhã.
No ano anterior, para a mesma cliente, o arquitecto Viana de Lima tinha também executado um projecto para um Jazigo-Capela para ser instalado no Cemitério Oriental da cidade, também conhecido como Prado do Repouso.
Maria Assunção Fernandes Borges foi casada com Francisco António Borges (1861-1939), administrador do Banco Borges & Irmão, de cujo enlace houve uma filha, de seu nome, Maria Emília Fernandes Borges (1914-2000), condessa da Covilhã, e um filho, de seu nome, Francisco Manuel Fernandes Borges (1916-1959), de profissão engenheiro e que foi administrador do Banco Borges & Irmão.
Maria Emília Fernandes Borges ostentou aquele título nobiliárquico pelo seu casamento com o 3º conde da Covilhã, Júlio Anahory de Quental Calheiros (1900-1970), de cujo enlace houve a filha, Maria Manuela de Quental Calheiros.
O 3º conde da Covilhã chegou a este casamento, no estado de viúvo, vindo de um primeiro casamento, sem geração, com Vera de Sousa e Cruz, que faleceu muito nova, filha do Banqueiro Sousa e Cruz e de sua mulher, sendo reconhecido pelo povo anónimo como o fundador da fábrica de pneus MABOR.
 
 
 
Moradia de José Prata de Lima
 
 
Na esquina, a norte da Rua Pero da Covilhã e Avenida de Montevideu, situa-se a moradia que foi de José Prata de Lima e tem projecto do arquitecto José Luís Porto e licença de obra n.º: 118/1937.
 
 
 

Moradia José Prata de Lima – Fonte: Google maps
 
 
 
A foto anterior é da moradia emblemática da Avenida de Montevideu, existente no nº 644 (esquina com a Rua Pêro da Covilhã), é um projecto do arquitecto José Porto (1883-1965), autor de imensas obras espalhadas por várias cidades, inclusivamente pelas ex-colónias e, para sempre, ligado à Casa Manoel de Oliveira na Rua da Vilarinha. 
Actualmente, a casa foi intervencionada pelo atelier de arquitectura, Barbosa & Guimarães - Arquitectos, fundado em 1994, pelos arquitectos portuenses José António Vidal Afonso Barbosa e Pedro Luís Martins Lino Lopes Guimarães. 
 
 
 
Palacete do Rosas
 
 
Este palacete foi mandado construir por José Rosas Júnior (1885-1958), um negociante conhecido do sector da ourivesaria, possivelmente, na segunda década do século XX, com projecto do arquitecto Miguel Ventura Terra (1866-1919).
Em 1929, o palacete é dotado de um Jardim de Inverno, sob a autoria do arquitecto Leandro de Morais.
Em 1945, pela licença de obra n.º: 166/1945, são executadas obras importantes no palacete, com projecto do arquitecto António Júlio Teixeira Lopes (1903-1971).
 
 
 

Palacete do “Rosas”, depois o Restaurante D. Manoel, projecto inicial de Ventura Terra

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