Em 15 de Fevereiro
de 1865, o empreiteiro Manuel José da Silva arrematou, no 3º Bairro Fiscal,
pelo preço de 3 590$000 réis, a empreitada para a construção do 2º lanço (Carreiros
- Castelo do Queijo) da estrada marginal Foz - Leça da Palmeira.
Aquele lanço de via
que, hoje é, desde 1926, a Avenida de Montevideu, foi, noutros tempos, a Estrada
da Marginal ou Rua do Castelo do Queijo, tendo sido começada a ser urbanizada, ainda
antes do fim do século XIX.
A Avenida de
Montevideu desenvolve-se desde o seu entroncamento com a Rua do Molhe até ao
largo onde se encontra o Forte de São Francisco Xavier (Castelo do Queijo).
Na foto abaixo, a Rua do Molhe, à direita, faz a separação
das avenidas Brasil e de Montevideu.
Naquele mesmo local esteve, nos primeiros anos do século XX,
a “Casa Gianola”.
Todo o complexo
habitacional da Avenida de Montevideu está instalado no lado nascente da
avenida e, no lado poente, hoje, apenas está uma construção – a antiga Estação
de Zoologia Marinha (Aquário Augusto Nobre).
No início do século
XX, um outro prédio se encontrava no areal, como se pode observar na foto
seguinte e que teria sido demolido para arranjo do local.
Assim, desde há
algumas décadas, caminhando pela Avenida de Montevideu, no sentido do Castelo
do Queijo, partindo da “Esplanada 28 de Maio” (Esplanada do Molhe), encontrávamos
alguns palacetes de algumas famílias abastadas.
Alguns deles tinham
a particularidade de ter acesso, também, pela Rua de Gondarém.
Palacete Andresen
Este palacete,
projecto do engenheiro António Silva, foi das primeiras construções a fazerem
parte da Estrada do Castelo do Queijo, tendo sido mandado erguer por Alberto
Henrique Andresen.
Teve licença de obra
n.º: 228/1897.
Pertenceu, depois,
até aos nossos dias, à família Moreira, sendo que, em 1924, já era seu
proprietário Joaquim Alves Moreira.
Em 2017, o palacete
foi vendido ao mesmo operador hoteleiro que lançou o Hotel Teatro, na baixa da
cidade, à Rua de Sá da Bandeira.
Casa do Barão de Fermil
Esta moradia, na
Avenida de Montevideu, n.º 66, na primeira década do século XX, era propriedade
do negociante de vinhos de nacionalidade inglesa, Albert Mathias Feuerheerd
(1870 - 1933), com escritórios na Rua do Rei Ramiro, em V. N. de Gaia.
Para a moradia, Albert
Mathias Feuerheerd ainda solicitava, em 1919, à Câmara do Porto, uma
autorização para nela executar obras que receberá a licença de obra n.º:
114/1919.
A residência, em
questão, passará depois para as mãos do Barão de Fermil e, após ele aí ter falecido,
será morada da sua filha, Delminda Sampaio Machado, casada com Dr. Francisco da Cunha Freitas Mourão de
Sotomaior.
Na casa da foto,
anterior, viveu e aí faleceu Manuel Guilherme Alves Machado (Celorico de Basto,
Veade, 25.10.1873; Porto, Nevogilde, 05.06.1943), 1º Barão de Fermil, casado,
em 1900, com Maria Augusta Sampaio de Brito que, desde 1898, era proprietária
do chamado Palacete dos Barroso Pereira, à Praça de Santa Teresa (actual Praça
Guilherme Gomes Fernandes).
Em 1956, a sua filha Delminda Sampaio Machado e o seu genro, o Dr.
Francisco da Cunha Freitas Mourão de Sotomaior, haveriam de receber a
propriedade da Praça Guilherme Gomes Fernandes por doacção.
Casa de Alfredo Carneiro Soares ou da “Viscondessa” de
Carreiros
Esta moradia, na
Avenida de Montevideu n.º 156, teve licença de obra n.º: 212/1901 e como
primeiro proprietário Alfredo Carneiro Soares, que nela faleceu em 1918, tendo
sido casado com Maria Margarida Peixoto
Guimarães e Silva Carneiro Soares.
O projecto inicial da
moradia remontará a data anterior a 1897, pois, neste ano, é solicitado à
Câmara do Porto, licença para levantamento de um portão em muro exterior.
A moradia terá
passado, mais tarde, para a família Jervell.
Casa da Família Cálen
O prédio teria sido
mandado construir, na década de 1940, por José Joaquim de Oliveira Cálem.
Em 1943, este
proprietário solicita à Câmara do Porto uma licença para construir nessa morada
um anexo, que terá como projectista o conhecido arquitecto Manoel da Silva
Passos Júnior…o do cinema Júlio Deniz.
Localizada na Avenida
de Montevideu, n.º 166, no final do século XX, a propriedade era de Maria Alice
Cálen.
Vivenda Maria Borges
A vivenda que,
originalmente, em 1951, foi projecto do arquitecto Viana de Lima, foi mandada
construir por Maria Fernandes Borges, gestora do Teatro Rivoli e mecenas, à
data, viúva, para sua habitação e teve a licença n.º 267/1951.
Localizava-se na
esquina da Avenida de Montevideu e da Rua de Pero da Covilhã.
No ano anterior,
para a mesma cliente, o arquitecto Viana de Lima tinha também executado um
projecto para um Jazigo-Capela para ser instalado no Cemitério Oriental da
cidade, também conhecido como Prado do Repouso.
Maria Assunção
Fernandes Borges foi casada com Francisco António Borges (1861-1939),
administrador do Banco Borges & Irmão, de cujo enlace houve uma filha, de
seu nome, Maria Emília Fernandes Borges (1914-2000), condessa da Covilhã, e um
filho, de seu nome, Francisco Manuel Fernandes Borges (1916-1959), de
profissão engenheiro e que foi administrador do Banco Borges & Irmão.
Maria Emília
Fernandes Borges ostentou aquele título nobiliárquico pelo seu casamento com o
3º conde da Covilhã, Júlio Anahory de Quental Calheiros (1900-1970), de
cujo enlace houve a filha, Maria Manuela de Quental Calheiros.
O 3º conde da
Covilhã chegou a este casamento, no estado de viúvo, vindo de um primeiro
casamento, sem geração, com Vera de Sousa e Cruz, que faleceu muito
nova, filha do Banqueiro Sousa e Cruz e de sua mulher, sendo reconhecido pelo
povo anónimo como o fundador da fábrica de pneus MABOR.
Moradia de José Prata
de Lima
Na esquina, a norte da Rua Pero da Covilhã e Avenida de
Montevideu, situa-se a moradia que foi de José Prata de Lima e tem projecto do
arquitecto José Luís Porto e licença de obra n.º: 118/1937.
A foto anterior é da moradia emblemática da Avenida de
Montevideu, existente no nº 644 (esquina com a Rua Pêro da Covilhã), é um
projecto do arquitecto José Porto (1883-1965), autor de imensas obras
espalhadas por várias cidades, inclusivamente pelas ex-colónias e, para sempre,
ligado à Casa Manoel de Oliveira na Rua da Vilarinha.
Actualmente, a casa foi intervencionada pelo atelier de
arquitectura, Barbosa & Guimarães - Arquitectos, fundado em 1994, pelos
arquitectos portuenses José António Vidal Afonso Barbosa e Pedro Luís Martins
Lino Lopes Guimarães.
Palacete do Rosas
Este palacete foi
mandado construir por José Rosas Júnior (1885-1958), um negociante conhecido do
sector da ourivesaria, possivelmente, na segunda década do século XX, com
projecto do arquitecto Miguel Ventura Terra (1866-1919).
Em 1929, o palacete
é dotado de um Jardim de Inverno, sob a autoria do arquitecto Leandro de
Morais.
Em 1945, pela
licença de obra n.º: 166/1945, são executadas obras importantes no palacete,
com projecto do arquitecto António Júlio Teixeira Lopes (1903-1971).














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