segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

25.31 Taça de Portugal (futebol)

O que é que terá a ver com a cidade do Porto, a Taça de Portugal todos os anos entregue a uma equipa de futebol, após um jogo realizado, normalmente, no Jamor?
A prova nos moldes em que, actualmente, é disputada, foi instituída na época 1938/39.

 
 

Taça de Portugal (peça executada, em 1922) - Fonte: “Leitão & Irmão”




A conexão é antiga tendo o seu início cerca de 100 anos antes da data em que foi executado o troféu que premeia o vencedor. Vamos à história.
José Pinto Leitão (1798-1866) com 24 anos, em 1822, registou o punção (marca pessoal de fabrico) “JPL” e abriu o seu negócio na Rua das Flores, o clássico arruamento dos ourives do ouro no Porto.
Bem perto na Confraria de Santo Elói, onde hoje é a Praça do Infante, junto ao Palácio da Bolsa, se faziam à época os exames e as provas para os ourives do ouro.
Em 1837, José Pinto Leitão lança-se definitivamente e em grande escala na actividade que vinha já exercendo (após o seu casamento com Maria Delfina), com a ajuda do seu sogro, um abastado comerciante, de seu nome, José Teixeira da Trindade.
José Pinto Leitão dedica-se, a partir de então, ao trabalho do ouro que vinha do Brasil, com uma loja-oficina aberta na Rua das Flores, dando assim continuidade nesse local ao negócio do seu sogro, destacado cidadão ligado ao comércio com o Brasil e ao negócio do ouro.
Diga-se que José Teixeira da Trindade tinha estabelecido relações particulares com D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil, desde o Cerco do Porto em 1832.
Em 1862, são os filhos de José Pinto Leitão, Thomaz Pinto Leitão e Olindo José Pinto Leitão, que tomam conta do negócio e fundam a firma “Leitão & Irmão”.
Em 1872, “Leitão & Irmão” recebe o título de “Ourives da Casa Imperial do Brasil”.
Em 1877, a firma sita na Rua das Flores, começa a dar corpo ao projecto de mudança de instalações para a Praça D. Pedro.
Entretanto, naquele mesmo ano de 1877, a firma abre em Lisboa, no Largo do Loreto ou Largo das Duas Egrejas, hoje, Largo do Chiado, uma sumptuosa loja.
No dia 1 de Dezembro de 1877, D. Luís atribuiu à casa Leitão & Irmão o título de “Joalheiros da Coroa” que adquire um novo punção, com número de ordem 33, sendo actualmente a mais antiga ourivesaria portuguesa com punção próprio.


Punção de “Leitão & Irmão”




Projecto de montra da loja da “Leitão & Irmão”, em 1877, para a Praça D. Pedro – Fonte: “gisaweb.cm-porto.pt”


Publicidade à Ourivesaria “Leitão & Irmão” já na Praça D. Pedro, 42-44, e com instalações também em Lisboa



Publicidade a ourivesarias da cidade do Porto – Fonte “O Illustrado da Tarde” – 28/08/1880; Cortesia de José Leite administrador de “restosdecoleccao.blogspot.com”


Contemporâneas com “Leitão & Irmão”, sita na Praça D. Pedro, são as ourivesarias citadas no quadro publicitário anterior, em 1880.
Nos dias de hoje, a “Leitão & Irmão” continua, apoiada em várias lojas, a exercer a sua actividade na capital.
Entretanto, no Porto, a firma encerrou a actividade há muitos anos (em data que não é possível precisar) transferindo-se integralmente para Lisboa.
São inúmeras as obras célebres e requintadas da “Leitão & Irmão” que ficaram para a história.




Peças célebres executadas por “Leitão & Irmão”


-1888- Cálice oferecido por D. Luís ao Papa Leão XIII, para a comemoração do Seu Jubileu em 1888. Com particular demonstração de agrado, o Papa Leão XIII celebrou a missa do Jubileu com o cálice oferecido pelo Rei de Portugal.


Cálice – Fonte: “Leitão & Irmão”


-1898- Medalha comemorativa dos 400 anos da chegada de Vasco da Gama à Índia.


Medalha - Fonte: “Leitão & Irmão”


-1900- Baixela Barahona, considerada uma obra-maior da ourivesaria portuguesa. O desenho e a modelação foram confiados a Columbano Bordalo Pinheiro, um dos grandes artistas da época.


Baixela Barahona - Fonte: “Leitão & Irmão”


-1907 – Cofre da Cidadania, oferecido ao príncipe D. Luís Filipe durante a viagem real às colónias portuguesas de África em 1907. Foi manufaturado nas oficinas do Bairro Alto pelas mãos de dois mestres prateiros portugueses: João da Silva, um jovem e promissor cinzelador, aprendiz nas oficinas do Bairro Alto e posteriormente formado em Paris e Genéve, e Júlio Rodrigues Pinto, chefe da oficina. Em prata cinzelada e com quatro presas de marfim aplicadas sobre a tampa, assenta em quatro rinocerontes e ostenta nas arestas figuras de nativos.


Cofre da Cidadania - Fonte: “Leitão & Irmão”




-1922- Taça do vencedor do Campeonato de Portugal (futebol), entre 1922 e 1938, depois, Taça de Portugal, em prata cinzelada.

 
“O troféu oficial da Taça de Portugal, datado de 1922, pertence à Federação Portuguesa de Futebol. O troféu, totalizando 20 kg de peso, é constituído por uma taça em prata cinzelada e ricamente ornamentada em estilo manuelino. Consta de um bojo de prata constituído por caravelas e em segundo plano fragatas. Em cima encontram-se brasões alternados contendo a Cruz de Cristo e o Escudo Nacional. Em baixo destaca-se a decoração com quatro florões. As asas do troféu são elaboradamente entrançadas e encimadas pela esfera armilar e a Cruz de Cristo. A ligar o bojo à base estão 4 colunas, cada uma ornamentada com 145 flores-de-lis concluídas nas extremidades por meias canas. A base, feita de madeira, encontra-se ornamentada com 4 florões de prata, coincidentes com os florões do bojo. A base tem a meio um brasão de prata ricamente estilizado e termina com uma peanha de madeira onde anualmente são colocados os nomes dos clubes vencedores em placas de prata”.
Fonte: pt.wikipedia.org/

 
 
Base da original Taça de Portugal (contém vencedores, também, do Campeonato de Portugal) propriedade da Federação Portuguesa de futebol – Ed. Jornal Sol

 
 
Ao vencedor de cada edição da Taça de Portugal é entregue uma réplica, igualmente ornamentada, mas de menor dimensão, que o original. A réplica tem 1,695 kg de peso e mede 58 cm de altura. 


 
 

Taça de Portugal original e a réplica

 
 
O troféu original, em disputa na Taça de Portugal, é o mesmo que presidia ao Campeonato de Portugal (1921-1938), prova que a antecedeu no calendário futebolístico.




-1942 – Coroa de Nossa Senhora de Fátima, uma das mais divulgadas joias portuguesa. Oferta dos portugueses em sinal de gratidão pelos seus filhos terem sido poupados aos dramas da 2ª Grande Guerra. A coroa, em ouro e pedras preciosas, resultado de uma campanha nacional de ofertas confiadas à casa Leitão, foi trabalhada durante três meses por doze artífices e tem cravadas em ouro 313 pérolas e 2679 pedras preciosas. Quase meio século depois, em 1984, esta obra ganhou outro relevo quando o Papa João Paulo II ofereceu a Nossa Senhora de Fátima a bala que o atingiu no atentado de 13 de maio de 1981 no Vaticano. A bala encontrou o encaixe perfeito no espaço vazio, deixado em 1942 na união das oito hastes que constituem a coroa de Rainha.



Coroa de Nossa Senhora de Fátima - Fonte: “Leitão & Irmão”

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