sábado, 10 de abril de 2021

25.117 Edifício João Marques Pereira e Padaria Bijou

 
João Marques Pereira, conhecido por Caruncho, foi um abastado proprietário que fez fortuna na indústria da panificação.
Na Rua Duque de Loulé (próximo do gaveto com a Rua Alexandre Herculano), o Caruncho explorou a padaria “Bijou”, sendo que era proprietário desse solo e, por aí residiria, também, à data, na Rua Duque de Loulé, nº 84.
Em 22 de Março de 1898, João Marques Pereira solicita uma licença para edificar, naquela área, um edifício para o funcionamento de uma padaria, em cujo projecto vai figurar o nome do mestre-de-obras, Manuel Pimentel Sarmento, trabalhador da Companhia de Fundição Aliança.
Em Janeiro de 1902, é inaugurada a “Padaria Bijou”, que diziam ter a sua construção ficado, por cerca de 70 contos.
 
 
 
Padaria Bijou, na Rua Duque de Loulé – Fonte: Google maps
 
 
No prédio acima, onde funcionou a Padaria Bijou, teve a “Coats & Clark”, durante muitos anos, um seu depósito.
Actualmente, ainda se mantem a “devanture” em ferro fundido, da entrada principal, que seria apresentada a D. Carlos, durante uma visita que o rei fez, em 1 de Novembro de 1900, às instalações da Companhia de Fundição Aliança, onde foi construída.
Em 1903, para o terreno com frente para a Rua de Alexandre Herculano, João Marques Pereira solicitava autorização camarária para construir uma cocheira e, em 1906, no terreno com frente para a Rua Duque de Loulé, uma outra autorização, para a construção de um armazém destinado a depósito de farinhas, anexo à padaria.
Em 1909, no entanto, já apresentava à Câmara do Porto o licenciamento de um projecto de envergadura para os terrenos que aí possuía e que resultou no edificado existente.
O projecto foi da autoria do arquitecto Eduardo da Costa Alves Júnior (1872-1918).
Este conceituado arquitecto, entre muitas outras obras espalhadas pela cidade, tem uma outra que os portuenses conhecem bem, por estar situada num local de frequente passagem.
Trata-se do prédio mandado construir por António Correia de Vasconcelos, em 1916, sob a licença de obra nº 447/1916, situado no gaveto da Rua de 31 de Janeiro e a Rua de Sá da Bandeira (à época, ainda, um troço da Rua do Bonjardim).
 
 
 
Peça desenhada integrada em projecto de pedido de licenciamento de prédio, no gaveto das ruas 31 de Janeiro e do Bonjardim
 
 
 
À direita, no gaveto, o prédio da concepção do arquitecto Eduardo da Costa Alves Júnior – Fonte: Google maps
 
 
O rés-do-chão do prédio, em destaque, foi ocupado, durante boa parte da primeira metade do século XX, pela Confeitaria Palace e, no 1º andar, pela delegação do Jornal “O Século”. A foto é de c.1930
 
 
Voltando ao prédio de João Marques Pereira, alguém aventava que o custo de construção teria sido de cerca de 80 contos.
 
 
 
 
Pedido de licenciamento do qual resultou a Licença de obra n.º: 176/1910 – Fonte: AHMP
 
 
Desenho da fachada principal do edifício do gaveto das ruas Alexandre Herculano e Duque de Loulé, integrante de projecto submetido a licenciamento camarário – Fonte: AHMP
 
 
 
Gaveto ruas Alexandre Herculano e Duque de Loulé – Fonte: Google maps
 
 
No prédio do gaveto esteve instalada a sede no Porto da “Electra del Lima” e, o que lhe é contíguo, na Rua Alexandre Herculano, com risco de Januário Godinho, foi concluído em 1952, e mandado construir pela União Eléctrica Portuguesa que, entretanto, absorveu a “Electra del Lima”.
 
 
 
Publicidade à União Eléctrica Portuguesa, sucessora da Electra del Lima, concessionária da Barragem do Lindoso – Fonte: Revista “Técnica” dos alunos do I.S.T. (Instituto Superior Técnico), de Fevereiro de 1959
 
 
 
Entretanto, em Junho de 1914, morre João Marques Pereira, divorciado, com filhos legítimos, que serão os seus herdeiros, mas vai dispor, no entanto, da sua quota disponível, a favor de Deolinda Judite Amélia, que com ele vivia maritalmente.
Possivelmente, em cumprimento das vontades testamentárias durante a execução das necessárias partilhas e, ou, para solver uma penhora por dívidas, os dois prédios iriam à praça no dia 9 de Janeiro de 1916.
O prédio da Rua Duque de Loulé seria arrematado por 24.301$00 e o do gaveto não teria licitantes, apesar de ter um preço base de licitação, de 19 contos – uma pechincha.
No dia 2 de Março de 1916, quando voltou à praça, os banqueiros Borges & Irmão acabariam por arrematar o imóvel por 15. 600$00.
 
 
Edifício da EDP, na Rua Alexandre Herculano, da autoria do arquitecto Januário Godinho, concluído em 1952, e mandado construir pela União Eléctrica Portuguesa

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