segunda-feira, 7 de novembro de 2022

25.169 Pequena mostra das obras de um arquitecto de reconhecido mérito

 
O arquitecto Arménio Taveira Losa (Braga, 28 de Outubro de 1908 - Porto, 1 de Julho de 1988) licenciou-se em arquitectura pela Escola de Belas-Artes do Porto, em 1932, tendo abandonado a actividade de arquitecto apenas em 1985 (com 77 anos). Casou, em 1935, com a escritora de literatura infantil de origem judaica alemã Ilse Losa, de quem teve duas filhas.
 
 
“Foi no Norte de Portugal um dos portas-vozes do Movimento Moderno, deixando a sua marca em diversos projectos para habitação e serviços, destacando-se na cidade do Porto: a remodelação de uma destilaria de açúcar, a habitação no Pinheiro Manso, a Fábrica de Sedas, o bloco de habitação colectiva da Carvalhosa, o prédio de escritórios na Rua de Sá da Bandeira, o edifício da CUF na Praça da Galiza e o Edifício de Escritórios na Rua de Ceuta. E ainda a repartição de finanças em Viana do Castelo e a Fábrica de Cerveja em Leça do Balio, entre outras.
Com o arquitecto Cassiano Barbosa, em 1954, colaborou num conjunto para habitação na Ponte da Pedra. Fez ainda estudos para Quelimane (Moçambique) e para o Lobito (Angola).
Realizou vários estudos de planeamento para a Câmara Municipal do Porto entre 1939 e 1945. Interveio ainda em zonas como a Sé do Porto e na zona do Hospital Escolar, em Vila Nova de Gaia. Fez ainda estudos para localidades como Carrazeda de Ansiães, Vila Nova de Famalicão, Guimarães, Matosinhos e Viana do Castelo.”
Fonte: “pt.wikipedia.org/”
 
 
“Do riquíssimo curriculum de Losa como "arquitecto de profissão" consta, ainda, a passagem pela Câmara do Porto, onde foi autor e actor de muitas operações urbanísticas que, não raro, mudaram a cidade. É, por exemplo, o caso da reformulação da área envolvente da Sé que, nos anos 40, foi levada a cabo a propósito das Comemorações dos Centenários e de que resultou a criação do actual Terreiro, que deu novo enquadramento ao conjunto monumental aí existente”.
Cortesia de Manuel Correia Fernandes, arquitecto e professor catedrático da FAUP
 
 
 

Tourada realizada no Terreiro da Sé durante as Comemorações dos Centenários da Fundação e Restauração da Nacionalidade, no Porto. Após a intervenção urbanística que se impunha, com a contribuição, entre outros, de Arménio Losa, todo o espaço em volta da catedral foi remodelado
 
 
 
Deambulando pelas ruas do Porto, podemos observar a evolução da arquitectura dos seus edifícios e a co-habitação de vários estilos arquitectónicos, lado a lado. Um desses estilos, apelidado de “Modernismo”, reporta a um arquitecto que tem obra de vulto na cidade do Porto.
Trata-se de projectos do arquitecto Arménio Losa que, no seu conjunto, contemplam várias fases da sua actividade profissional.
Entre eles, contam-se os da Refinaria de Açúcar (1935, Rua da Restauração), da Cooperativa do Pinheiro Manso (1935), da Fábrica de Sedas (1943-1946, na Rua do Monte dos Burgos), do Edifício da Carvalhosa (1945), do Edifício Soares e Irmão (1949), do Bloco da Rua da Constituição (1949), do Edifício DKW (1950, na Rua Sá da Bandeira, do Conjunto de Habitações Operárias na Ponte da Pedra (1954) e da Sede das Caixas de Previdência na Rua António Patrício (1968).
Alguns destes projectos foram realizados em parceria, que durou entre 1939 e 1963, com o arquitecto Cassiano Barbosa (Porto, 30 de Dezembro de 1911 - Porto, 22 de Maio de 1998), diplomado pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, em 1945.
Por outro lado, obras como o edifício da CUF, na Praça da Galiza (1935) ou a Casa Mário Amaral, na Rua Latino Coelho (1953), foram já demolidas, na totalidade ou parcialmente.
 
 
 

Edifício CUFP, na Praça da Galiza, demolido na década de 1970. Brevemente, no seu chão, surgirá uma estação de Metro depois de, durante cerca de 50 anos, ter sido um jardim público – o Jardim de Sophia, da autoria da arquitecta Marisa Lavrador
 
 
 

Vista do edificado no gaveto observado na foto anterior, quando ainda estavam de pé as instalações inauguradas, em 1904, da antiga fábrica da CUFP (Companhia União Fabril Portuense de Cerveja e Bebidas Refrigerantes - Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada)



 

O Jardim de Sophia, em Julho de 2014 – Fonte: Google maps
 
 
 
A conhecida por Casa Mário Amaral (1953), na Rua Latino Coelho, no Porto, é mais um projecto de Arménio Losa.
Referenciada como uma obra de arquitectura moderna, sofreria há poucos anos uma verdadeira mutilação, pois deixaria de funcionar como habitação para passar a ser utilizada como armazém.
O que dela resta é apenas a fachada, visto que o seu interior foi demolido e o piso inferior, que originalmente dava acesso à habitação e à garagem, encontra-se, hoje, transformado num portão de garagem.
 
 
 
 

Casa Mário Amaral na Rua Latino Coelho, nº 256

 
 
Ainda de pé, podemos, então, observar algumas outras obras do reconhecido arquitecto.
O projecto (1934) da obra, da foto abaixo, é da década de 30, da altura em que Losa entrou para o gabinete da Câmara do Porto (onde trabalhou com o influente Aucíndio dos Santos), é dos primeiros respeitantes a uma série de habitações que fez para a Baixa.
 
 
 
 

Edifício de apartamentos, em andar, na esquina das ruas D. João IV e do Moreira


O projecto para a Fábrica de Sedas, na Rua do Monte dos Burgos, executado em parceria por Arménio Losa e Cassiano Barbosa, permitiria a este concorrer ao título de arquitecto, em 1945.  A Companhia Portuguesa da Seda Artificial, antes, tinha instalações na Rua do Breiner.
 
 
 

Companhia Portuguesa da Seda Artificial (antiga Fábrica das Sedas), na Rua do Monte dos Burgos, 470



O projecto (1937), ao Pinheiro Manso, na esquina da Avenida da Boavista, 2450/Rua do Pinheiro Manso, 34, foi realizado em associação com Cassiano Barbosa e apresenta a particularidade de agrupar quatro casas.


 

Cooperativa do Pinheiro Manso
 
 
 
O edifício residencial, conhecido como o Bloco da Carvalhosa, construído em 1945, entre os números 571 e 573, da Rua da Boavista, foi a primeira grande obra projectada pelos arquitetos Arménio Losa e Cassiano Barbosa, cujo promotor foi  José do Amaral Guimarães.
Arménio Losa recuou o prédio, de forma a permitir a iluminação lateral dos apartamentos. Introduziu como novidades: um pátio inglês, porteiro com casa própria e a primeira coluna interior de recolha de lixo (que foi um fiasco).

 
 

O Bloco da Carvalhosa, na Rua da Boavista, foi classificado como Monumento de Interesse Público, em Julho de 2017



No fim da década de 1940, com projecto de Arménio Losa e Cassiano Barbosa, é dado início à construção, na então nova Rua de Sá da Bandeira, do edifício que passaria a albergar a sede, no Porto, da construtora de automóveis alemã DKW.
A obra foi encomendada por José do Amaral Guimarães, a exemplo do que acontecera com o Bloco da Carvalhosa.
Para este edifício, que fazia esquina com a Rua Guedes de Azevedo, se haveria de transferir uma parte do Instituto Francês, razão pela qual ele também teria passado a ser conhecido pelo “Edifício do Instituto Francês”.
 
 
 

Edifício DKW, na Rua de Sá da Bandeira
 
 
Para a Rua de Ceuta, haveria de ser projectado um edifício para escritórios e residências, o qual apresenta um mural de Augusto Gomes na fachada.
Apresenta também, entre outras novidades, um corpo avançado para a rua e o ângulo resolvido com uma coluna "perdida", sobre o passeio, solução também usada no edifício DKW, da Rua de Sá da Bandeira.
 
 
 

Edifício Soares e Irmão (Porto, 1949) destinado a escritórios e habitação, na Rua de Ceuta
 
 
 
O prédio da Rua da Constituição, que tem os números de 27 a 63, é um bloco de habitação colectiva cujo projecto (1949) é da autoria dos arquitectos Arménio Losa e Cassiano Barbosa.

 
 
 

Bloco residencial da Rua da Constituição

 
 
De parceria com Cassiano Barbosa, Arménio Losa projecta, em 1952, o bloco residencial para a Rua de Santos Pousada, 1330.

 
 

Ao cimo da Rua de Santos Pousada, nº 1330
 
 
 
Em projecto de 1952/53, de parceria com Cassiano Barbosa, é executado um outro bloco residencial, agrupando quatro casas, para a Avenida dos Combatentes, integralmente revestido a azul (pintado e com azulejos de tons diferentes), o prédio tem apenas quatro janelas na fachada principal.




Bloco residencial de 4 habitações, na Avenida dos Combatentes, 301-309



Arménio Losa em parceria com Cassiano Barbosa são os projectistas, na zona de Gueifães-Maia, na Rua da Ponte da Pedra, entre os nºs 542 e 588, de um conjunto de Habitações Operárias construídas em 1954.

 
 
 

Habitações Operárias, na Rua da Ponte da Pedra

 
 
O edifício que acabou por alojar a sede das Caixas de Previdência e passou, por isso, assim, a ser conhecido, teve um projecto inicial (1968) da autoria do arquitecto Arménio Losa e destinava-se a um edifício de habitação.
Hoje, é o Instituto da Segurança Social.
 
 
“A conclusão do esqueleto data de 1973. Após um período de abandono a estrutura foi adaptada à função que tem actualmente. O edifício foi terminado em 1988. Outros arquitectos que tiveram uma intervenção no projecto: Alfredo Matos Ferreira e B. Madureira.”
Fonte: ruasdoporto.blogspot.com/
 
 
 

Edifício das Caixas de Previdência, na Rua António Patrício, nº 262
 
 
 
 
Outras obras se poderão ainda destacar. São os casos das seguintes, que tiveram por promotores, Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva, com projectos (1953) em parceria de Arménio Losa e Cassiano Barbosa.


 

Edifício residencial, na Rua de Olivença
 
 
 

Edifício residêncial, na Rua da Constituição



 
Moradia, na Rua Tristão da Cunha, nºs134-136, também conhecida por Casa de José Carrapatoso
 
 
 
A totalidade da obra de Arménio Losa versa muitas dezenas de projectos, que seria, aqui, fastidioso enumerar.

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