sábado, 20 de janeiro de 2024

25.219 Estúdios Fotográficos e Fotógrafos

 
“A cidade do Porto desempenhou um importante papel na difusão e afirmação da fotografia em Portugal, enquanto expressão artística.
Aqui trabalhou o inglês Frederick William Flower (1815-1889), a partir de 1835 – um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a residir em Portugal. A Academia de Belas-Artes do Porto foi precursora, em 1854, da introdução da fotografia em exposições de belas-artes. O Centro Artístico Portuense, fundado em 1879, acolheu, nesse mesmo ano, as primeiras conferências da história da arte nacional, de Joaquim de Vasconcelos, muito provavelmente apoiadas em documentação fotográfica. Nessa época, e já desde 1874, Emílio Biel (1838-1915) desenvolvia aquele que foi considerado por António Sena como “o mais importante trabalho de levantamento e documentação do país durante o século XIX”. E em 1886, graças à iniciativa da revista A Arte Photographica, editada pela Photographia Moderna - estabelecimento de fototipia da cidade do Porto, tem lugar no Palácio de Cristal desta cidade “a primeira e última exposição internacional de fotografia jamais efectuada entre nós”. 
Fonte – site: “espoliofotograficoportugues.pt”

 
 


 
 
"Frederick William Flower (1815, Edimburgo – Londres 1889), um calotipista inglês, deixou-nos uma visão do Norte de Portugal em 211 calotipias, 120 provas em papel salgado e algumas albuminas deixadas por indicação da família à guarda do IPM em Portugal.
Entre as calotipias aí depositadas uma é a do Pátio do Armazém dos Queimados que mostra três pipas com a inscrição Godfrey & Co., 1853 pelo que “a menos que mais provas surjam, nunca provavelmente se saberá quando começou Frederick William a praticar com sucesso a fotografia pelo processo da calotipia.
A maior parte do que subsiste da sua obra parece ter sido executada entre 1853 e 1858, quando ele tinha entre 35 e 42 anos e antes de ter decidido transferir os seus negócios para Bristol” (Michael Grey para o catálogo da exposição Frederick William Flower Um Pioneiro da Fotografia Portuguesa, 1994.
Em Portugal um dos primeiros a percorrer o trilho da Fotografia foi Frederick William Flower, nascido em 23 de Fevereiro de 1815 na Escócia, no seio de uma família de nove irmãos, pertencente à classe emergente de comerciantes cultos.
Já com 19 anos, em 1834 viajou para o Porto para ocupar o cargo de encarregado de expedição de mercadorias da firma Smith, Woodhouse & Company. Casa em 1849 e em 1853 vê-se obrigado a deixar o seu emprego, formando uma sociedade com um amigo, John Godfrey.
Talvez este facto lhe tenha libertado o tempo suficiente para se dedicar ainda mais às imagens fotográficas. De Frederick Flower chegam-nos trabalhos desde 1848 a 1859 em contínua produção. Mas quem o terá iniciado na complicada técnica de execução de calótipos?
O legado de Frederick foi até ao inicio dos anos noventa conservado no seio da Família Flower de uma forma exemplar, passado de descendente em descendente sem nunca abandonar o país.
Em 1988 o Arquivo Nacional de Fotografia contactou pela primeira vez Katherine Mary Heath, no sentido de perceber a importância do espólio disponível de William Flower e após várias outras abordagens a referida senhora comunicou em 21 de Março de 1990 a resolução dos restantes familiares e herdeiros, favorável ao depósito e reprodução da colecção de calótipos de William Frederick Flower, uma vez que a intenção do A. N. F. era meramente cultural e histórica e nunca comercial.
Um dos parágrafos é digno de destaque e está reproduzido em obra dedicada ao fotógrafo, “Dá-nos grande satisfação que esta colecção de calótipos vá ter um merecido destaque na história da fotografia, pelo que estamos agradecidos”. Flower foi essencialmente um inovador.
Da corrente da pintura romântica podemos encontrar traços na sua abordagem ao objecto fotografado. A busca de paisagem, do património monumental, de aspectos da vida quotidiana são disso exemplo.
Mas mais profundo que isso é o gosto que podemos encontrar nele pela monumentalidade da cidade e norte do país, certamente influenciado por um claro deslumbre típico de um comerciante que chegado a uma nova cidade se deslumbra com a sua vida, com a sua imponência, com a sua localização privilegiada. A característica, que ainda agora encontramos, em alguém que chegado a uma cidade procura incessantemente registar os seus pontos mais marcantes, as igrejas, os barcos, os acontecimentos que arrastam multidões, o aglomerado citadino, a monumentalidade do seu casario.
Todas estas características encontramos na obra de Frederick Flower, reforçadas por uma constante procura do aperfeiçoamento da técnica fotográfica, como o demonstrar o teste de tiras encontrado na sua obra e único nesta época, reforçado por uma procura incessante do melhor enquadramento fotográfico e do constante jogo de linhas das suas imagens, introduzindo e assumindo a perspectiva como linha fundamental das mesmas, em que o mastro presente nunca é deixado ao acaso, dando ao primeiro plano uma importância até agora nunca assumido”. 
In Site: “tipógrafos.net”; Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
 
 
Alguns processos de impressão fotográfica
 
 
“O processo de daguerreótipo (em francês: daguerréotype) foi o primeiro processo fotográfico a ser anunciado e comercializado ao grande público. Foi divulgado em 1839, tendo sido substituído por processos mais práticos e baratos apenas no início da década de 1860. Consiste numa imagem fixada sobre uma placa de cobre, ou outro metal de custo reduzido, com um banho de prata (casquinha), formando uma superfície espelhada. A imagem é ao mesmo tempo positiva e Negativo (fotografia) - negativa dependendo do ângulo em que é observada. Trata-se de imagens únicas, fixadas diretamente sobre a placa final, sem o uso de negativo. Os daguerreótipos são extremamente frágeis. A superfície é facilmente riscada e estão sujeitos à oxidação, por isso precisam ser encapsulados e conservados com cuidado.
O processo de calótipo usado por Frederick Flower, consiste na exposição à luz, com o emprego de uma câmara escura, de um negativo em papel sensibilizado com nitrato de prata e ácido gálico. Posteriormente este é fixado numa solução de hipossulfito de sódio. Quando pronto e seco, positiva-se por contacto directo num papel idêntico.
A fototipia (phototypie em francês, collotipia em italiano, Lichtdruck em alemão e collotype em inglês) foi um processo fotomecânico de impressão (em oficinas de artes gráficas). Idealizado em 1856 por Louis Alphonse Poitevin, foi posteriormente aperfeiçoado por Joseph Albert, pelo que também é conhecido como albertipo.
Sobre uma matriz constituída por uma placa de vidro, estendia-se uma camada de emulsão fotossensível de bicromato de gelatina, que era impressionada mediante cópia por contacto com o negativo fotográfico. A gelatina tornava-se mais insolúvel nas zonas transparentes da imagem. Desta forma, a tinta era mais facilmente absorvida nestas áreas transparentes.
Este procedimento permitia tirar um número limitado de 500 cópias, já que a gelatina se ia deteriorando durante o processo de impressão, perdendo-se a nitidez da imagem. Este sistema foi muito usado na impressão de bilhetes-postais entre 1868 e meados do século XX.
Em Portugal, existe uma controvérsia sobre quem introduziu a fototipia no país. Carlos Relvas gabava-se, em junho de 1875, de ter introduzido este processo de reprodução, não obstante José Júlio Bettencourt Rodrigues (1843-1893), da Secção Photographica da Direcção Geral dos Trabalhos Geodesicos, Topographicos, Hydrographicos e Geologicos do Reino, garantir ter feito, em finais de 1874, ensaios com este processo. Emílio Biel e Domingos Alvão foram ativos praticantes deste processo de impressão em Portugal.
Não obstante tratar-se de um processo de impressão fotomecânica que permitia imprimir muitas provas a partir da mesma matriz, os avanços da tecnologia fotográfica e o surgimento da fotogravura ao serviço da imprensa começaram a destronar a fototipia a partir do início do século XX”.
Fonte: pt.wikipedia.org


 

Mosteiro da serra do Pilar – Calótipo de Frederick Flower, c. 1850

 
 
Os Estúdios Fotográficos mais emblemáticos
 
Em 11 de Janeiro de 1853, o jornal "O Cronista" (p. 4) anuncia que os fotógrafos Corentin & Newman, de Paris, na Rua das Hortas, nº 92, executam retratos a daguerrotypo. 
 
 
Luiz Monet
 
 
Em 1859, o estúdio de fotografia de "Luiz Monnet & Cia." estava pela Rua de Santo António, nº 25.

 
 

Publicidade a "Luiz Monnet & Cia.", no "Jornal do Porto", em 01 de Outubro de 1859

 
 
Um atelier de fotografia, em 1860, abria junto da igreja de Santo Ildefonso.
 
“Anúncio: Domingos Pascoal Júnior: acaba de abrir um atelier de Fotografia sobre papel e vidro, no largo da Batalha, perto da Igreja de Santo Ildefonso”.
In jornal “O Porto e a Carta”, p. 4, de 13 de Abril de 1860
 
 
Fotografia Talbot
 
 
“Fotografia Talbot: em 1866 está na Rua do Bonjardim, 145 a 149, mas antes já estivera na Rua das Flores, 152, no atelier que fora de Henrique Nunes. Intitula-se fotógrafo da Casa Real e participa na Exposição do Palácio em 1865. Teve operadores de Paris, nomeadamente Alexandre Solas e Casimir Lefebvre, que chamou para a sua casa. Publicava séries de fotos a que chamava «Fotografias mágicas». As suas instalações davam sempre que falar, eram atapetadas, mostravam otomanas para descanso e possuíam um gabinete de toilette luxuoso. Ainda se renova em 1875-1876.”
Cortesia de Maria do Carmo Serén, In “ Casas Fotográficas do Porto no século XIX”
 
 
Fotografia “Salla & Irmão”
 
A Sala & Irmão esteve, desde 1862, na Rua do Bonjardim, nº 95, substituindo a sociedade “Sala & Laroche” no número 208, da mesma rua.
A partir de 1863, passa a chamar-se “Fotografia Central”, sita à Rua de Sá da Bandeira, nº 181, sendo seu proprietário José Carvalho.
Em 1879, a propriedade passa para Sousa Reis e, em 1883, é comprada pelo capitalista Fulgêncio da Costa Guimarães, também proprietário da “Fotografia Universal”.
 
 
Fotografia Esperança
 
A Fotografia Esperança, entre 1867 e 1869, localizou-se na Rua do Almada, nº 267.
Seria colocada à venda entre 1867 e 1869, e, vendida, finalmente, em 1871, passando para as mãos do proprietário da “Fotografia Universal”.
 
 
 
Pode afirmar-se, que a Rua do Almada foi, durante a segunda metade do século XIX, a rua dos estabelecimentos e estúdios fotográficos.
 
 
Casa Fritz
 
Na Rua do Almada, o local talvez mais icónico na actividade fotográfica é o identificado com o nº 122, onde esteve a “Fotografia Fritz” ligada a Emílio Biel e, posteriormente, a “Royal Foto” ligada a António Beleza.
 
 

Cartão-de-visita, em 1857, da Fotografia “M. Fritz”, na Rua do Almada, nº13 (passaria a nº 22) e instalar-se-ia, depois, no nº 122, em 1865

 
 
Em 1856, pela Rua do Almada, nº 13, 2º andar, já estaria a Casa Fritz de Joaquim Friederich Martin Fritz. Pouco depois, passaria a ser o nº 22 (em virtude de renumeração dos números de polícia, na cidade do Porto, em 1860) e acabaria por ocupar o nº 122, da mesma rua.
Aquando da visita de D. Pedro V, em 1861, à Exposição Industrial, que ocorreu na Praça do Comércio, o rei admira as suas ampliações e encomenda-lhe um álbum de fotos de Braga, que ele depois produz e oferece em 1862.
Encerraria, na década de 70, quando Emílio Biel se torna seu sócio, passando a chamar-se «Antiga Casa Fritz – Emílio Biel



 

Cartão Comercial de M. Fritz


 
 
Alfredo Fillon
 
Vindo de Lisboa, em 1852, onde tinha chegado no ano anterior, oriundo de Paris, estabelece-se na Rua do Almada, nº 151, permanecendo no Porto até 1859.
Voltando a Lisboa, aí fica até 1868, ano em que ruma a Paris. Regressaria a Lisboa, definitivamente, em 1874.

 
 
Fotografia Portuguesa
 
 
Na Rua do Almada, nº 294, esteve a “Photografia Portuguesa” desde 1871 a 1877, pertencente a José de Sousa da Silva Fernandes e, posteriormente, entre 1883 e 1898, a “Photografia Peixoto & Irmão”.
A casa incendeia-se em 1884, e é reconstruída em 1885.
 
 
 
 
Fotografia Universal
 
Na Rua do Almada, nº 140, entre 1872 e 1877, esteve a “Photografia Universal” de Figueiredo & Reis, com Pinto Soares aos comandos e, no final do século XIX, por aí estaria a “Photografia Portuense”, de Fulgêncio da Costa Guimarães, depois de, desde 1879, ter passado a alojar a “Fotografia Salvini”.
Em 1915, passou, nessa morada, a estar a “Fotografia Braga & Ferreira”.
 
 

Trabalho fotográfico de Júlio Braga, com estúdio na Rua do Almada, nº 140 - Cortesia de Maria João Castro

 
 
Entretanto, no que diz respeito à Fotografia Universal, passaria a ser, desde 1884, seu proprietário o capitalista Fulgêncio da Costa Guimarães que compra a “Fotografia Salla & Irmão”, em 1886, e faz nova sociedade com Guedes de Oliveira, sendo contratado, então, o operador José Perez.
Em 1889, a Fotografia Universal muda-se para a Rua de Cedofeita, 67, sendo dirigida por José Perez, após incorporar a “Salla & Irmão”, já adquirida por Fulgêncio da Costa Guimarães.
Vindo da “Salla & Irmão” em 1886, Guedes de Oliveira colabora nas novas publicações, álbuns sobre a ponte D. Luís e arte portuguesa, acabando por constituir sociedade com Fulgêncio Guimarães originando a “Guedes & Guimarães”.
Em 1906, já a empresa passaria a ter firma “Magalhães & C.ª.”
 
 
 
Fotografia Portuense
 
Na Rua do Almada, nº 140, estaria também, nos finais do século XIX, a Fotografia Portuense fundada por José da Rocha Figueiredo (antigo operador de Luís Monnet), em 1864, na Praça dos Voluntários da Rainha (Largo do Carmo).

 
 
Fotografia Águia
 
 
 

Carimbo da Foto Águia, na Rua do Almada, nº 270
 
 
 
A Foto Águia de Araújo & Paul instalou-se desde 1915, na Rua do Almada nº 270 e, julga-se que, por aqui esteve, também, em 1864 a “Photrografia Ingleza”.
 
 
Mas nem só na Rua do Almada estavam os estúdios de fotografia.


 
Henrique Nunes
 
Em 1863, Henrique Nunes instalar-se-ia no Porto, tomando conta do estabelecimento da Rua das Flores, nº 152, intitulando-se já fotógrafo da Casa Real.
Em 1865, transfere-se para o estúdio de Miguel Novaes, na Rua do Bonjardim, nº 233.
Nos dois anos anteriores ocupara-se, com Miguel Novaes, de fotografar a evolução da construção do Palácio de Cristal. Receberá uma menção honrosa na Exposição de 1865, no Palácio.
Desde 1866, trabalha em sociedade com Novaes, ano em que este retoma a actividade normal.
Em 1868, devido ao regresso a Paris, de Alfred Fillon, Henrique Nunes fica com o estúdio do francês, em Lisboa, que passaria a chamar-se “Antiga Casa Fillon”.
 
 
Fotografia Novaes
 
 
A Fotografia Novaes, de Miguel Novaes, estabelecer-se-ia em 1854, na Rua do Bonjardim nº 233, e pratica sobretudo a retratística.
Aliás, Miguel Novaes será o primeiro fotógrafo a abrir um atelier comercial. Formado na Academia das Belas Artes, aluno do pintor João Baptista Ribeiro, habituado a reproduções, tinha uma casa de impressão oferecida por D. Pedro IV, após o Cerco do Porto;
Além disso, da sua autoria conhecem-se algumas publicações sobre aspectos técnicos da Fotografia, nomeadamente no Jornal da Associação Industrial Portuense, em 1857.
Por outro lado, António Joaquim Pinto Ferreira de Mello tinha em 1877, um estabelecimento fotográfico, “Fotografia Pinto & Ferreira” também na Rua do Bonjardim, nº 123 e, mais tarde, em 1883, seria co-proprietário da “Photografia Popular” na Rua de Fernandes Tomás, nº 415.
A partir de 1895, ele ou algum sucessor na família, já está instalado na “Photografia Nacional”, primeiro na Rua dos Mártires da Liberdade nº 139 e depois no nº 220 da mesma rua.
 
 

Publicidade à Photografia Nacional
 
 
 

Carimbo da “Photografia Nacional” na Rua Mártires da Liberdade nº 220
 
 
Antes, a Fotografia Nacional, com estabelecimento virado, principalmente, para o retrato, esteve instalada desde 1864, na Rua da Picaria, nº1, onde lhe sucederá a Fotografia Moderna. Desde 1879, teve Casimir Lefebvre, como operador, vindo da Fotografia Talbot.
Em 1875, muda-se para Rua do Bonjardim, nº 362, e, posteriormente, para o número 115 da mesma rua.
Na Rua do Coronel Pacheco nº 11, dá-se conta da existência em 1912, da “Fotografia Artística” de Gaspar José Gonçalves.
 
 
 
Fotografia Moderna
 
Na Rua da Picaria, nº 1, desde 1883, sendo seu proprietário Leopoldo Cirne, sob a firma Leopoldo Cirne & Cia., na antiga casa fundada pela Fotografia Nacional.


 


 
 
 
Teve como director artístico Ildefonso Correia, que também dirigiu a revista «A Arte Photographica» (1884‑1885), com direcção literária e artística de Leopoldo Cirne, inspirada por Carlos Relvas e apoio de António e Adriano Ramos Pinto, James Searle e Augusto Gama, entre outros.
Havia duas edições, uma com reproduções em fototipia e outra, mais restrita, com vários processos. Apesar de ter sido programada para um máximo de dois anos, é suspensa antes desse prazo.
A Moderna entra em declínio financeiro e o capitalista (e também fotógrafo amador) Leopoldo Cirne deixa de a financiar, assumindo Ildefonso Correia a direcção.
Em 1889, é contratado o operador José Perez, que dirigira a Universal e fora operador de Biel. A Moderna sobrevive até 1905, já sem Ildefonso Correia, comprada pela firma Monteiro & Barbosa.
 
 
 
 
 
Fotografia União
 
 
Na Praça de Santa Teresa, antiga Praça do Pão, no palacete Barroso Pereira, entre o fim da década de 1870 e 1902, esteve sedeada a “Photo União” (Fornecedora da Casa Real).
Este estúdio fotográfico teve como antecedente, no local, a “Fotografia Portuense”, fundada em 1864, por José da Rocha Figueiredo, que fora operador de Luís Monnet, um dos pioneiros da fotografia no Porto.
Em 1866, a Fotografia União está na Praça dos Voluntários da Rainha, ao Carmo, tendo ganhado, a partir de 1874, o título de “Fotografia da Casa Real”, quando fez o retrato de D. Luís I, durante uma sua visita ao Porto.
Em 1876, a “Fotografia União” ainda estava sedeada na Praça dos Voluntários da Rainha, nº 28, de acordo com o anúncio publicado no “Guia do Viajante na cidade do Porto e seus arrabaldes” de Alberto Pimentel, passando, no fim da década de 1870, para a Praça de Santa Teresa, 42, já então dirigida por António Correia da Fonseca, que contrata operadores espanhóis.

 
 


 
 

No prédio à esquerda da escadaria estavam, em 1876, os estúdios da “Fotografia União” – Fonte: Google maps

 
 
Em 1887, D. Luiz I voltaria aos estúdios da Fotografia União, quando ela já era propriedade de António Correia da Fonseca e Miguel Fernandes Ferrer.
Muitos outros trabalhos saídos do seu laboratório fotográfico ficaram célebres.
 
 
 
 

Geração de 70 (da esquerda para a direita: Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Antero de Quental, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro)
 
 
 
A foto acima, tirada no Palácio de Cristal, foi executada pela “Fotografia União, de Fonseca & Cia.”, estando a imagem ligada a um mítico almoço e à compra de um leque para oferecer a D. Emília, noiva de Eça, em 1885.
António Correia da Fonseca foi fotógrafo da Casa Real, Sócio da Academia Nacional de Paris e, por ela, premiado, bem como galardoado na Exposição de Philadelphia, em 1876.
A «União», por sua vez, seria premiada com uma Menção honrosa pela Academia Nacional de Paris em 1878, e nas exposições Universal de Philadelphia em 1876, Rio de Janeiro em 1879, Cadiz em 1880, no Palácio de Cristal do Porto em 1882, Madrid em 1884 e, em Anvers, em 1885.
 
 
 

Cartão Comercial da Photo União, na Praça de Santa Teresa, nº 47
 
 
Praça Santa Teresa quando o palacete Barroso Pereira estava ocupado pela Fotografia União

 

Na metade, à esquerda, da foto acima, sobressai, com a sua pedra de armas na frontaria e o seu mastro de bandeira que assinalava os dias festivos, o palacete onde esteve instalada a "Fotografia União, de Fonseca & Cia.".
Quando é feito o levantamento industrial de 1881, as maiores casas fotográficas são a União e a Biel, altura em que diversas outras casas fotográficas são arroladas.
A Fotografia União terá como operador na década de 1890, Raúl de Caldevilla, que foi cônsul em Espanha e agente comercial em diversos países e fundou a Caldevilla Films, no Porto.
Naquele estúdio, Caldevilla trabalhou e dele foi sócio, mas haveria de ceder a sua posição em 28 de Outubro de 1903, a Pinho Henriques, quando enveredou por uma breve carreira desenvolvida no estrangeiro.
Na primeira década do século XX, a “Fotografia União” foi instalar-se no prédio da Praça da Trindade que, durante mais de meio século, passaria a ser a morada da Assembleia Portuense e as anteriores instalações, na Praça Santa Teresa, seriam ocupadas, a partir de 1903, pela Fotografia Perez, de José Perez.
Este profissional do ramo teve um trajecto de sucesso na actividade fotográfica.
Assim, começou como operador na Casa Fritz, sendo depois requisitado para a nova Fotografia Universal do capitalista Fulgêncio da Costa Guimarães, que comprara a Fotografia Esperança, e anexado a existência de “Sala & Irmão”, criando a nova casa fotográfica Universal.
Após esta experiência, José Perez passará, em 1889, para a Fotografia Moderna.
O edifício atrás referido como morada da Assembleia Portuense, poderemos localizá-lo na esquina das ruas Dr. Ricardo Jorge e Clube dos Fenianos, próximo das traseiras da Câmara Municipal.
 
 
 

Publicidade à “Fotografia União”, na Praça da Trindade, em 1907, na revista Illustração Portugueza
 
 
 
Começariam, então, os salões da “Fotografia União” a ser usados para exposição de trabalhos de alguns artistas.
Foi o caso de uma exposição, levada à cena em 1908, da autoria de Aurélia de Sousa.
Mas aqueles salões seriam usados para muitas outras actividades.
 
 
 
Jantar oferecido pela magistratura portuguesa ao conselheiro Campos Henriques, no salão da Foto união, em 1908 - Cliché de Benoliel
 
 
 
 
As manifestações musicais também tiveram ali expressão, nomeadamente as interpretadas pelo compositor Pedro Blanco, nos anos 1909, 1910 e 1911, mas já no ano anterior ocorrera uma outra em 18 de Abril de 1908, em substituição da que deveria ter-se realizado, quatro dias antes, no Teatro S. João e que um pavoroso incêndio impediu.
 
 
 

Por aqui, esteve a “Foto União”, na Praça da Trindade
 
 
 
 
 
 
E. Biel & Cia
 
 
Emílio Biel (1838-1915) foi um dos mais famosos nomes dos primórdios da fotografia por­tuense.
Em 1857, estabelece-se em Lisboa, como empregado da casa Henrique Schalk, mas em 1860, vai para o Porto, como representante dessa firma de Lisboa. Em 1864, estabelece-se por conta própria com uma fábrica de botões de seda, duraque, metal e vidro e fivelas de metal na Rua do Moreira, nº 5, tendo-a, ao fim de 2 anos, transferido para a Rua da Alegria, 373, para o que teve de adquirir uma propriedade a José Joaquim Pereira Lima, na Travessa do Luciano (Rua da Escola Normal), à Rua da Alegria.
Começa, então, a dedicar-se ao comércio e à edição de livros.
Como editor publicou uma edição de Os Lusíadas considerada uma raridade nos dias de hoje, e importantes publicações sobre fotografia portuguesa.
Possuía a representação no nosso país de firmas como, Coats & Clark, Benz, entre outras.
Em 1874, comprou a Casa Fritz, que tinha sido fundada em 1854 (mais tarde conhecida por Casa Biel), na Rua do Almada, nº 122, casa comercial dedicada à fotografia, iniciando, assim, a sua carreira no mundo da fotografia.


 

Emílio Biel & Cia, na Rua do Almada, nº 122



Emílio Biel é considerado um dos introdutores da fototipia em Portugal.
Mais tarde, em 1890, a sua firma de fotografia passaria para o Palácio do Conde do Bolhão, no nº 342 da Rua Formosa, agora como "E. Biel & Cia".
Com a morte de Emílio Biel, o palacete depois de ter sido utilizado por Raúl Caldevilla, foi convertido na sede da litografia do Bolhão, pelo novo proprietário, tendo sido, para o efeito, construído um anexo de dimensões consideráveis cobrindo o antigo jardim.



 

Folheto publicitário à firma Emílio & Biel no Palacete do Bolhão
 



Photo Guedes
 
 

Colchoaria Modelar e Photo Guedes



 
Na foto acima na Rua de Santa Catarina, nº 270-272, entre a Rua Formosa e a Rua de Fernandes Tomás, está a colchoaria Modelar.
Pegado, ainda é parcialmente visível a Photo Guedes, e a seguir mais a Sul, seria o edifício dos Castro Pereira.
Falar de fotografia, no Porto, é relembrar Henrique Guedes de Oliveira, nascido em 1865 e falecido em 1932.
Guedes de Oliveira colaborou com Rafael Bordalo Pinheiro em jornais como, a Voz do Operário de Lisboa, e n’ “O Operário, do Porto” e, colaborou também, com o Dr. Manuel Monterroso n’ “A Voz do Operário, do Porto”.
Em 1892, Guedes de Oliveira fundou a sua própria casa de fotografia na Rua de Santa Catarina, 262 – A “Foto Guedes”.
A partir de 1905, contou com a colaboração de seu irmão Constantino Guedes, que durante algum tempo exerceu funções de operador na Casa Biel.


 
 

Publicidade à Photo Guedes, no "Jornal do Porto", de 20 de Setembro de 1895
 
 
 
 
Antes e no âmbito da fotografia, Guedes de Oliveira, trabalhou inicialmente na firma Sales & Irmão de Fulgêncio da Costa Guimarães, de que se tornou sócio a partir de 1886 (nesta altura, a firma foi renomeada e passou a designar-se Guimarães & Guedes, Sucessores de Sales & Irmão.
Fulgêncio da Costa Guimarães estava estabelecido na Rua do Almada nº 140, com a “Photografia Portuense”.
Guedes de Oliveira foi também autor e produtor de peças populares de teatro – “Por dentro e por fora”, “Na corda bamba”, “O cosmorama”, e “Ali à… preta”!, datadas de 1897, com fundo musical de Ciríaco Cardoso (1846-1900).
Estas peças fizeram grande sucesso tanto em Portugal como no Brasil. É da sua autoria a peça intitulada “Vida airada”, que estava em cena na noite do trágico incêndio do Teatro Baquet, a 20 de Março de 1888. Guedes de Oliveira também escreveu operetas - tais como “Licor de ouro” e “Capitão Metralha”, de igual modo musicadas por Ciríaco Cardoso -, cançonetas, “a propósitos” e monólogos.
 
 
“O valioso espólio fotográfico que a Câmara Municipal detém permite -nos conhecer a cidade de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX, em múltiplas facetas: retratos de famílias de vários estratos sociais; aspectos da cidade; artistas de teatro; personalidades políticas, paisagens, vivências do quotidiano, como a matança do porco, o combate ao fogo dos bombeiros, as touradas, etc.
Em 1898 organizou a Sociedade de Belas Artes, em colaboração com Marques da Silva, Teixeira Lopes e outros artistas, oficializada apenas em 1905 e designada como Sociedade Portuense de Belas Artes 
Sendo já um reputado fotógrafo, frequentou a Escola de Belas Artes do Porto, da qual chegou a ser professor e Director.
Tendo sido condecorado, veio a falecer em 1932”.
Fonte: gisaweb.cm-porto.pt

 
 
Fotografia Alvão
 
 
Leopoldo Cirne, um capitalista e amador de fotografia, que tinha sido proprietário da Fotografia Moderna, na Rua da Picaria, funda em 1899, uma revista a “Photo-Velo-Club – Revista Mensal Illustrada – Photografia, Pintura e Bicicleta”, sedeada na Rua de Sá da Bandeira, como se pode constatar a propósito de uma exposição de fotografia, pelo pequeno extrato da notícia seguinte.
 
 

 

In jornal “A Voz Pública” de 12 Julho de 1900
 
 
 
Entretanto, Domingos Alvão que tinha sido aprendiz de Emílio Biel, após passar uma temporada em Espanha onde estagiou, retorna e junta-se em 1900 a Leopoldo Cirne como operador-gerente e abrir, na Rua de Santa Catarina, nº 120, uma escola de fotografia – “Escola Practica de Photographia do Photo-Velo Club”.
Aqui, irá fundar, em 1903, a sua própria casa fotográfica – a Fotografia Alvão, que viria a ser um dos mais prestigiados da época.
Situado muito perto da esquina da Rua Passos Manuel com Santa Catarina, por aí continuaria (pegado ao Café Majestic) mesmo depois de demolidos os prédios primitivos para edificação de outros mais modernos.

 
 

Escola Practica de Photographia do Photo-Velo Club, no n.º 120, da Rua de Santa Catarina
 



“Domingos do Espírito Santo Alvão (Porto, 1872 – 1946) foi um dos mais importantes fotógrafos portugueses da primeira metade do século XX.
Nascido no seio de uma família da nova burguesia, Domingos Alvão cedo demonstrou interesse pela fotografia. Conheceu Emílio Biel de quem se tornou aprendiz e, depois de um breve estágio em Madrid, entrou como operador para o estabelecimento do capitalista Leopoldo Cyrne.
Dirigiu, no final do século XIX, a Escola Practica de Photographia do Photo-Velo Club no n.º 120 da Rua de Santa Catarina, no Porto. Foi neste local que, em 1903, veio a funcionar a empresa Fotografia Alvão que, em 1926, deu lugar à firma Alvão e Cia. Lda.
Além de ter sido o fotógrafo de grandes empresas e instituições, e do Estado, a sua obra foi vastamente editada em diversas publicações, como a revista Ilustração Portugueza ou a Gazeta das Aldeias.
Apreciado por fazer a simbiose entre um quadro pintado e um documento «etnográfico», Alvão foi galardoado com vários prémios entre 1914 e 1936, entre os quais se salienta a medalha de prata na Feira Internacional de Leipzig, em 1914, pela sua participação na representação portuguesa”.
Fonte: ”tipografos.net”
 


 

Local de instalação da Photografia Alvão
 
 
 
 

Artigos fotográficos Alvão, na Rua de Santa Catarina, antes do aparecimento do Café Majestic - Ed. Alvão



 


Foto Alvão próxima da esquina de Santa Catarina com Passos Manuel
 
 
 


Vista actual de foto anterior – Fonte: Google maps


 
Domingos Alvão tinha como fregueses artistas e a burguesia da cidade que apreciavam as suas obras, muitas vezes expostas no Teatro Príncipe Real ou nas vitrinas da Tabacaria Africana, ao cimo da Rua de 31 de Janeiro.
Faleceria a 20 de Novembro de 1946, e foi sepultado no cemitério da Lapa, sendo alvo de palavras de apreço expressas em todos os jornais.
Seria o fotógrafo Álvaro Cardoso de Azevedo (1894-1969) o grande continuador da obra de Domingos Alvão, na captação de imagens da cidade. Por isso, cada fotografia captada por Álvaro de Azevedo tinha a assinatura "Alvão" tal como o grande fotógrafo assinava.
A viver com a sua família em 1920, no Rio de Janeiro, no Brasil, Álvaro de Azevedo não resistiu a um pedido de Domingos Alvão, seu mestre na arte fotográfica, e voltou para integrar uma sociedade com a firma Alvão e Cia. Lda.
 
 
 
 
Fotografia Beleza
 
 
“O aparecimento no Porto da Fotografia Beleza, fundada por António Beleza, acontece em 1907, na Rua de Santa Teresa.
Antes desta casa, António Beleza tivera a sua “Royal Foto” na Rua do Almada nº 122, espaço de grande tradição fotográfica na cidade. Aí estivera a “Fotografia Fritz”, que o empresário Emílio Biel acabaria por comprar. Quando Biel passou o seu estúdio para o Palácio do Bolhão, em 1888, António Beleza ocupou o espaço da Rua do Almada e, como era habitual, pode ter ainda adquirido parte do espólio das chapas, das máquinas e dos “decors”. Em concreto, sabe-se que após a morte de Emílio Biel, António Beleza comprou parte do espólio da Casa Biel, vendido em hasta pública no ano de 1916.
É na Fotografia Beleza, da Rua de Santa Teresa – a partir de 1918 dirigida por Moreira de Campos e, em 1935, tendo como único proprietário António Lopes Moreira – que a burguesia do Porto se revê, possuindo o estúdio uma elegante sala de espera, onde se exibiam retratos da melhor sociedade do Norte.
De facto, a Fotografia Beleza deixou um conjunto de várias centenas de milhares de documentos fotográficos - um dos maiores espólios que, até ao momento, se conhecem em Portugal, nos quais se incluem mais de 10 000 fotografias em chapas de vidro, de paisagens, nomeadamente paisagem urbana. As restantes espécies são retratos de pessoas do Norte, com relevância para o Porto e arredores”.
Fonte - Site: “espoliofotograficoportugues.pt”
 
 
 

Fotografia Beleza, na Rua de Santa Teresa, nº 10

 
 
“A Fotografia Beleza foi fundada em 1907 por António Beleza. Foi na Rua de Santa Teresa a sua primeira casa mas, anos mais tarde, abriu outra na Rua dos Clérigos. Conhecemos bem o Sr. António Lopes Moreira, seu proprietário bem como um seu fotógrafo de grande qualidade, o Sr. Freitas. Além das fotos de estúdio dedicou-se ao Porto, Norte e Beiras. Também neste trabalho inserimos muitas fotos desta casa.
O seu espólio contém milhares de fotografias e pertence ao Espólio Fotográfico Português”.
Cortesia de Rui Cunha

 
O espólio (Espólio Fotográfico Português), da mais que centenária “Foto Beleza”, foi adquirido há alguns anos por Mário Ferreira, um conhecido empresário do sector do turismo, que tem a fotografia como hobby.
 



Outras personalidades do mundo da fotografia

 
Barão de Forrester
 
“Mas voltemos a Joseph James Forrester de origem inglesa, – tal como Frederick William Flower -, o que explica que o processo da calotipia tenha tido maior expressão no norte, onde os ingleses se encontravam em maior número, e sido quase inexistente no sul do país, mais próximo dos costumes e modas que chegavam de Paris. Joseph James Forrester foi um amante do Douro vinhateiro, do mágico “Rio d’ Ouro” de Paulo Rocha, Aurélio da Paz dos Reis, Leitão de Barros e Manuel de Oliveira o rio que numa derradeira e última viagem dos barcos que lhe cantaram a fama, nos é mostrado por Adriano Nazareth, num documentário de 1960. O rio que nos recorda a frase do dramaturgo alemão Bertolt Brecht “...costuma falar-se da violência do rio que inunda as margens. Mas jamais da violência das margens que aprisionam o rio”. O Barão de Forrester teve câmara escura montada num pequeno barco que navegava pelo rio acariciando as margens para sempre aprisionadas nas calotipias e albuminas deste inglês que acabaria engolido pela violência do amante indomável, o Douro, rio que nenhum português até hoje tão bem conheceu ou tanto lhe fotografou as entranhas. Autor de um importante mapa "O Douro Português", que mostra o curso deste rio desde a fronteira espanhola até à foz e que foi o excepcional trabalho que fez com que o governo lhe atribuísse o título de Barão, honraria pela primeira vez atribuída a um estrangeiro”.
Fonte: “apphotographia.blogspot.pt”
 
 
 

Largo do Terreiro – Ed. Barão de Forrester


 
 
Marques Abreu
 
José Antunes Marques Abreu nasceu a 14 de Fevereiro de 1879, no concelho de Tábua. Faleceu no Porto, a 3 de Julho de 1958.
Chegado ao Porto, em 1893, iniciou pouco depois o trabalho como gráfico no atelier de Germano Courrége, que acompanhou em 1899 quando integraram no atelier de zincogravura da Fotografia Universal, Courrége como director artístico e Marques Abreu como jovem operador.
Ainda nesse atelier realizou as zincogravuras das revistas Sombra e Luz (1900-1902) e Theatro Portuguez (1902). Passou ainda pelas oficinas de gravura de O Primeiro de Janeiro, em 1901, onde dirigiu as respectivas oficinas de fotogravura.
Matriculou-se na Escola Industrial Faria Guimarães, e, com 19 anos, em sociedade com Cunha Moraes, montou as Oficinas Marques de Abreu zincogravura, fotogravura, símile-gravura, na Rua de S. Lázaro, n.º 336.
Marques Abreu desde o início da sua actividade dedicou-se à gravura, sobretudo no campo da gravura química, especializando-se na zincogravura.
Também é de salientar a produção de zincogravuras para outros editores como o caso de Emílio Biel, na obra O Douro, de Manuel Monteiro.

 
“O que sabemos é que desde cedo Marques Abreu teve contacto com algumas personalidades do meio cultural da cidade do Porto. A sua casa e escritório em São Lázaro eram um ponto de encontro para convívio e discussão entre algumas dessas figuras. Artistas, intelectuais, amigos sempre a frequentaram mesmo que Abreu não pudesse estar presente. Era como que um espaço aberto para colocar em dia os temas do momento e leitura de periódicos e jornais. Este convívio em muito terá influenciado o seu trabalho, os seus desejos e objectivos.
Mas foi com Joaquim de Vasconcelos que se associou mais frequentemente para as suas investigações e empreendimentos no que diz respeito aos monumentos nacionais. «Como quem traz uma chama sobrenatural a brilhar-lhe na alma, Marques Abreu consagrou a sua vida a essa cruzada esclarecida; aplicou-lhe quase exclusivamente, num esforço fecundo, infatigável, desinteressado e brilhantíssimo, cem por cento nacionalista, à tarefa de chamar a atenção para o nosso património artístico e de nos deixar o «inventário sistemático» das principais «relíquias históricas» da nossa arquitectura».
Dos cerca de quinze anos que Marques Abreu passou a trabalhar com Joaquim de Vasconcelos, reunindo informação e fotografias dos monumentos românicos em Portugal, resultou a exposição de 1914, que já referimos, e que ainda hoje é de suma importância para o estudo do Românico em Portugal – A Arte Românica em Portugal”.
Fonte: Mariana Marinho de Sousa Santos; Dissertação de Mestrado da FLUP


 

Mosteiro de Leça do Balio antes da remodelação – Ed. Marques Abreu
 
 
 
João Baptista Ribeiro
 
João Baptista Ribeiro, desenhador e pintor de formação, realizou dois retratos em daguerreótipo de Alexandre Herculano – ambos em 1854; um deles, em formato de busto, é o mais conhecido e divulgado do historiador, sendo que o outro o representa de corpo inteiro, sentado e apoiado numa mesa.
 



Daguerreótipo de Alexandre Herculano – Ed. João Baptista Ribeiro
 
 
 

Exposição de 1886, ao Palácio de Cristal

 
No campo da fotografia, em 1886, acontece um facto de relevo na cidade, graças à iniciativa da revista A Arte Photographica, editada pela Photographia Moderna (estabelecimento de fototipia da cidade do Porto, na Rua da Picaria), que teve lugar no Palácio de Cristal - “a primeira e última exposição internacional de fotografia jamais efectuada entre nós”. 
 
 
«A Exposição, programada para 1885, só se realiza em 1886, por dificuldades criadas com envio de mostras espanholas, numa altura em que o país vizinho se debatia com surtos epidémicos. Estiveram expostos trabalhos dos mais conceituados fotógrafos da fotografia artística e naturalismo fotográfico, os ingleses P. H. Emerson e H. P. Robinson, que escrevera a obra “Do efeito artístico em Fotografia”, que «A Arte Photographica» publica, diligentemente, em fascículos.
Para habituar o olhar, fototipias de diversos amadores e profissionais (como Margarida Relvas, Antero de Araújo, Eduardo Alves, Joaquim Basto, João S. Romão, Rebello Valente…) são anexadas a cada fascículo.
“A Moderna” também publicará a obra Quatro dias na Serra da Estrela: Notas de um passeio, com texto do jornalista Emídio Navarro e um prefácio do Dr. Sousa Martins, médico lisboeta famoso pela sua perseverança em definir locais para estâncias de tuberculose, e um álbum “Fotografia de Braga-Bom Jesus”.
A Exposição estende‑se muito mais tempo do que era previsto, de 4 de Abril a 6 de Junho, devido à chegada contínua de retardatários e adições sucessivas.
O rei D. Fernando, que aceitara ser o seu presidente, tinha morrido em finais de 1885; D. Luís aceita substituí‑lo, mas não poderá estar presente na inauguração, delegando por fim a presidência no conselheiro António Augusto de Aguiar, vice‑presidente. Com o desenvolvimento da polémica provocada pela União contra o júri dominado por artistas plásticos e fotógrafos amadores, que levou à organização de novo júri e atribuição de um número mais elevado de prémios (o 1.º júri atribuíra 24 medalhas e o 2.º, já com dois fotógrafos profissionais, António Peixoto e Guilherme Boldt, atribui 49 — e 19 medalhas de ouro), mas mantendo os prémios atribuídos anteriormente, caso do primeiro prémio de profissionais ao espanhol naturalista Edgardo Debas.”
Cortesia de Maria do Carmo Serén, In “ Casas Fotográficas do Porto no século XIX”

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