quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

25.268 O Palácio de Cristal e os seus equipamentos

 
Os Jardins e as suas obras de arte
 
Normalmente, o ingresso na área vedada do Palácio de Cristal, para passear nos seus jardins, implicava que fosse adquirido um bilhete.
 
 
 
Frente de bilhete de ingresso no Palácio, em 1906



 
Verso do bilhete da imagem anterior
 
 
 
 
Tempos houve em que nos jardins do Palácio proliferavam os vendedores ambulantes com as suas barracas. Desses tempos, alude a gravura de crítica humorística, seguinte.
 

 
 

Cabeçalho do Jornal humorístico “O Pirolito” na Cancela Velha, nº 39, em 1 Agosto de 1931



 

Capa do jornal humorístico «Pirolito», 1 Agosto de 1931, representando a expulsão pelo "pirolito" dos vendedores ambulantes do Palácio de Cristal – Desenho de António Cruz Caldas
 
 
 
Importa dar uma panorâmica dos equipamentos existentes na área de implantação do Palácio de Cristal, incluindo as obras de arte e espécies botânicas raras, verdadeiras obras de arte da natureza.

 
 
- Jardim Émile David. O seu desenho deve-se ao arquitecto paisagista alemão Émile David. Aqui se encontra um conjunto de esculturas em ferro fundido na Fonderie Val d’Osne:
Cabeça com diadema, Carrancas, Donzela e cavalo, Egípcia (tocheira), Etíope (tocheira), Inverno, Menina, Menino, Menino de Repucho com pato, Ninfa e Eros, Ninfas na Fonte, Outono, Pelicano, Primavera, Sereia Bicaudina, Verão.
E, ainda uma flora composta por: Rododendros; Áceres do Japão (Acer japonicum); Magnólias brancas (magnolia grandiflora); Araucárias; Gingko-Biloba (conhecida no Brasil como ‘árvore dos 40 escudos’) e Faias (Fagus sylvatica) delimitam este espaço.
- Biblioteca Almeida Garrett. Construída segundo risco do arquitecto José Manuel Soares e inaugurada em 2001.
Possui Galeria de Arte e Auditório. Encontra-se equipada com mobiliário desenhado por Alvar Aalto.
- Cedros-do- Líbano (Cedrus libani ), junto à Biblioteca Municipal.
- Mancha de carvalhos (Quercus robur) e bosque das camélias.
- Concha acústica, recentemente recuperada. A sua construção remonta ao final do séc. XIX. Possui boas condições de sonoridade para a actuação de pequenos conjuntos instrumentais.
- Avenida dos Castanheiros da Índia
- Cascatas e bosque
- Fonte de S. Jerónimo, que esteve na Rua de S Jerónimo, actual Rua de Santos Pousada.
- Miradouro da Torre.
- Escultura ‘Ternura’, de Sousa Caldas (1965).
- Capela de Carlos Alberto, inaugurada em 1861, neoclássica, mandada construir pela irmã do Rei da Sardenha que esteve exilado no Porto a residir na Quinta da Macieirinha e onde faleceu em 1849.
No seu interior, destaca-se a imagem de S. Carlos Borromeu, ‘obra de belo e expressivo modelado’, na opinião de Carlos Passos.
Junto da capela esteve implantada a Torre da Marca, demolida em 1854.
- Cruzeiro de Pontevedra, junto da capela de Carlos Alberto, oferecido pelo município galego ao Porto.
- Lago, rodeado de Cedros-do-Himalaia (Cedrus deodara).
- Miradouro das Palmeiras, sobre o Rio Douro e Gaia.
- Palmeiras da Califórnia (Washingtonia robusta).
- Metrosidro (Metrosideros), árvore centenária.
- Jardim do Roseiral, onde se podem admirar várias espécies.
- Casa do Roseiral, que serviu de residência a António Pinto Machado, director do Palácio de Cristal.
- Fonte antiga do Mercado Ferreira Borges (em frente à Casa do Roseiral).
- Fonte do Pelicano, que esteve num pátio interior dos antigos Paços do Concelho, na Praça Nova.
- Fonte do Menino e do golfinho (antiga Fonte da Praça de S. Roque)
- Brasão antigo da Cidade do Porto, que fez parte do espaldar da Fonte da Natividade (antiga Fonte da Arca) na Praça Nova.
- Jardim dos Sentimentos, um espaço dedicado às plantas, às quais se têm associado certos significados e estados de espírito. Exemplos: palmeira (vitória), oliveira (paz), jacinto (sabedoria), zambujeiro (humildade), hera (ambição), alecrim (ciúme), videira (alegria), azinheira (tristeza).
- Escultura ‘A Dor’, de Teixeira Lopes (1898).
- Chafariz do Mitra (séc. XVIII), que veio da Quinta do Mitra ou Quinta de Vila Meã, em Campanhã.
- Carranca da antiga Fonte da Arca ou da Natividade (séc. XVII).
- Varandas da antiga Câmara Municipal que se situava no topo norte da Praça de D. Pedro.
- Pavilhão Rosa Mota (ou Palácio dos Desportos), concebido pelo Arq. José Carlos Loureiro e inaugurado em 1956. Apresenta a forma de calote semi-esférica. A altura máxima da nave é de 30 metros e possui capacidade para alojar cerca de 6.000 espectadores.
- Avenida dos Plátanos, que segue em linha recta desde a entrada no recinto situada mais próxima da Rua Dr. Jorge Viterbo Ferreira.
Fonte: Jorge Carneiro de Melo, In A.C.E.R.

 
E ainda:

- Avenida das Tílias, formada por duas alas laterais de tílias.
- Pérgula, que pode ser observada num canto do jardim do Roseiral executada com umas colunas que estiveram no convento de Santa Clara (Largo 1º de Dezembro) e que, possivelmente, pertenceram a um pequeno claustro.

 
 

Pérgula (colunas do convento de Santa Clara) – Ed. Manuela Campos
 
 
 
Em 1941, chegou a ser feito um estudo por Francisco da Mota Coelho, para a reconstituição do arco cruzeiro da Capela de Santo António do Penedo (Estilo Bizantino, séc. XVII), com base nos fragmentos de colunas recolhidos nos jardins Palácio de Cristal, o que não se concretizou.
Outros equipamentos existiram naquela área e dos quais só resta a memória. São os casos do mini-zoo, do Palco-coreto e, como é óbvio, do Palácio de Cristal propriamente dito.
 
E, mais recentemente:
 
- Viagens, escultura de Rui Anahori
Desconversadeira, conjunto escultórico de Carlos & Jacinta Casimiro Costa
- Adelino Amaro da Costa (1943-1980), de Laureano Ribatua
- The eagle of the castle, escultura de Minoru Niizuma
 
 
E, algumas outras obras de arte, sem nome.
 
 
 
A arte nos jardins do Palácio de Cristal
 
 
O Palácio de Cristal é um verdadeiro museu ao ar livre.
Os jardins criados na década de 60, do século XIX, por iniciativa de Alfredo Allen, foram projectados pelo paisagista alemão Emílio David e, por isso, o jardim de entrada tem o nome de Jardim Emílio David.
As variadas esculturas e as fontes que, ainda hoje, embelezam estes espaços, têm as marcas de consagradas fundições artísticas francesas, da época.
O jornal O Comércio do Porto, referindo-se aos jardins do Palácio de Cristal, anunciava em Julho de 1865, a chegada das esculturas em ferro que vinham para ornamentar e abrilhantar aqueles espaços:
 
“…devem chegar brevemente as estatuas de ferro bronzeado que tem de ser collocadas nas differentes taças, que se acham construídas em vários sítios dos referidos jardins. São todas de excellente gosto e devem contribuir consideravelmente para o embellezamento d’aquelle local.”
 
 
As fontes do Jardim Emílio David, conhecidas por “Fontes d'Art”, são encimadas por taças com a representação de Vénus a tomar banho.
 
 
 

Taça coroada com Vénus no banho
 
 
 

Fonte simbolizando o oceano, com sereias e tritões, situada a nascente do Jardim Emílio David – Fonte: Google maps
 
 
 
 
 

Pormenor da fonte com as suas sereias – Ed. Paula Torres Peixoto
 
 

 

Fonte situada a poente do Jardim Emílio David – Fonte: Google maps
 
 
 
Na fonte acima, são bem visíveis os estragos sofridos na taça central, que se apresenta incompleta e que, seria, bem como todo o conjunto escultórico do jardim Emílio David, alvo de uma intervenção de manutenção, começada em 2016.
 
 
“A Câmara do Porto concluiu esta semana a primeira fase do restauro das fontes do Jardim Emil David, inserido nos Jardins do Palácio de Cristal.
A última intervenção tinha ocorrido em julho de 1994. Na altura, os trabalhos tinham-se resumido à limpeza, remoção da pintura existente, aplicação de várias camadas de primário de zinco e pintura final de proteção. 
Com mais de 151 anos de exposição ao ar livre, as fontes importadas de fundições francesas apresentavam já evidentes sinais de degradação.
 Após a queda de uma Araucaria (Araucaria Heterophyilla) em 2001, a fonte localizada a poente sofreu várias fraturas, com visíveis danos na taça de maior dimensão, motivo que terá acelerado o processo de corrosão do ferro. 
Conhecidas pela designação de Fontes d'Art, por terem nascido do casamento da indústria com a arte, as fontes do Jardim Emil David, inaugurado a 18 de setembro de 1865, foram obtidas a partir da repetição em série de modelos originais, concebidos por alguns dos mais conceituados escultores franceses, entre os quais se celebrizaram Mathurin Moreau, a quem se atribui as esculturas das quatro estações colocadas no mesmo jardim. 
O reconhecido valor histórico e patrimonial destas fontes tornou ainda complexo e sensível este trabalho de conservação e restauro, concretizado em parceria pelos pelouros do Ambiente e da Cultura da autarquia”.
Fonte: “porto.pt”, 27 Jan 2017
 
 
 

Fonte situada a poente, já com a taça central reparada – Ed. MAC
 
 
 
 
“Os jardins albergam ainda esculturas representando as estações do ano. A temática das Quatro Estações, que inspirou uma das peças mais populares da música barroca, do celebrado compositor A.Vivaldi foi, também, motivo inspirador para fundidores que emprestaram às esculturas a sua visão e sensibilidade. Vamos encontrá-las no jardim central que antecede a entrada principal do palácio.”.
Com o devido crédito a Paula Torres Peixoto


 
 

Estatueta (poente) feminina, simbolizando o Verão, sem identificação. Aventa-se a hipótese de ser da fundição Durenne – Ed. Paula Torres Peixoto


 
 

Estatueta (poente) feminina, simbolizando a Primavera, produzida pela Barbezat & C.ie, Val d’Osne – Ed. Paula Torres Peixoto



Estatueta (nascente) feminina, simbolizando o Inverno, saída das Fonderies de Sommevoire, Haute Marne – Ed. Paula Torres Peixoto
 



Estatueta (nascente) masculina, simbolizando o Outono,  produzida pela Barbezat & C.ie, Val d’Osne – Ed. Paula Torres Peixoto
 
 
 
Referente à estatueta acima, Paula Torres Peixoto é de opinião que ela representa, de facto, o Verão, pois, era essa a representação no catálogo da firma “Val d’Osne”, donde as estatuetas são originárias.
Nessa estatueta, o jovem está recostado a um feixe de espigas, atributo associado à escultura que simboliza o Verão.
Com efeito, no catálogo da fundição artística do Val d’Osne, o Verão surge representado desta forma. O Outono, por sua vez, é simbolizado neste catálogo por um jovem recostado a um tronco com folhas de videira e cachos de uvas.
Portanto as “Quatro Estações” de Vivaldi são, neste caso, de facto, três e uma repetida.
 


 

Avenida das Tílias - Ed. “bucolico-anonimo.blogspot.com”

 
 
 

Biblioteca Almeida Garrett, na Avenida das Tílias, mais a norte


 
 

Fonte dos Cavalinhos, no miradouro, na Avenida das Tílias, mais a sul,
 
 
 

“A Ternura”(1965) de Sousa Caldas, exposta no Jardim do Lago - Ed. “bucolico-anonimo.blogspot.com”


 
 

“Viagens” (1993), de Rui Anahori, localizada no miradouro, na Avenida das Tílias

 
 
 

“Desconversadeira” (2016), conjunto escultórico de Carlos & Jacinta Casimiro Costa, localizado em frente ao Pavilhão Rosa Mota
 
 
 
 

Adelino Amaro da Costa (1943-1980), escultura de 2013 de Laureano Ribatua, localizada em frente ao Pavilhão Rosa Mota
 




“The eagle of the castle” (1985), escultura de Minoru Niizuma, localizada na Avenida das Tílias
 
 
 
 
 

Alameda dos Plátanos de acesso à entrada mais a nascente - Ed. “bucolico-anonimo.blogspot.com”
 
 


 
Equipamentos transferidos de outros locais e Jardim dos Sentimentos
 
 
A área de jardins anexa à Casa do Roseiral, apresenta alguns equipamentos retirados da cidade, sobretudo, fontes e alguns jardins temáticos.
 


Escultura no jardim da Casa do Roseiral que esteve, antes, na Fonte do Mercado Ferreira Borges


 
 

Entre os dois lanços de escada de acesso ao Mercado Ferreira Borges na Praça do Infante observa-se uma espécie de gruta onde esteve a fonte da foto acima e, cujo espaço, foi aproveitado para um posto da EDP – Fonte: AMP 1950
 


 

Fonte do Pelicano, actualmente – Ed. Manuela Campos

 
 

Fonte do pátio da antiga Câmara do Porto, também conhecida por fonte do Pelicano, implantada no seu lugar original – Ed. J. Bahia Junior (1909)


 

Espaldar da Fonte da Natividade (antiga Fonte da Arca) – Ed. Manuela Campos

 
 
Na foto anterior pode observar-se o espaldar da Fonte da Natividade do qual algumas pedras foram aproveitadas para embelezar o frontão do palacete Monteiro Moreira, onde estava sedeada a Câmara. 
 
 
 
“Quando D. Pedro IV entrou no Porto à frente do exército libertador, em 9 de Julho de 1832 dirigiu-se imediatamente à Câmara que funcionava no edifício da então chamada Praça Nova e logo ali tomou uma resolução, mandar destruir a Fonte da Natividade para possibilitar o alargamento da Praça. Assim aconteceu. O brasão da cidade e as grinaldas que emolduravam o frontispício da fonte foram embelezar a fachada do palacete da praça onde funcionava a Câmara. Esse belíssimo conjunto, uma excelente obra de granito trabalhado, está hoje no espaço conhecido por Roseiral no Palácio de Cristal”.
Cortesia de Germano Silva
 
 
 

“Menino montado em golfinho” (antiga fonte que esteve na Praça de S. Roque, junto à capela do mesmo nome) – Fonte: “bucolico-anonimo.blogspot.com”
 



Janelas e respectivas varandas, que fizeram parte do edifício da Câmara, na Praça da Liberdade, até 1916, com vistas para o Jardim do Roseiral
 
 
 

O edifício da Câmara Municipal, em 1916, pronto para ser demolido
 
 



Chafariz do Mitra que veio da Quinta do Mitra, situada em Vila Meã, Campanhã - Ed. “bucolico-anonimo.blogspot.com”
 
 
 
 
 

Fonte de S. Jerónimo ou Chafariz de S. Crispim, que esteve ao cimo da Rua de Santos Pousada - Ed. “bucolico-anonimo.blogspot.com”
 
 
 
 
 
Jardim dos Sentimentos
 
 

Adjacente à Casa do Roseiral está, em patamar, a uma cota mais baixa o Jardim dos Sentimentos.


 

Jardim dos Sentimentos - Ed. “bucolico-anonimo.blogspot.com”
 
 
 

"A Dor", do escultor Teixeira Lopes (filho), no Jardim dos Sentimentos
 
 


Bosque
 
 
Na vertente onde se observa uma torre-miradouro, voltada para o Largo de Massarelos, existe um bosque adjacente com diversas fontes e linhas de água.
Nessa área estava situado, em tempos, o mini-zoo e as barracas de comes e bebes da Feira Popular.
Este cenário, no século XIX, foi usado por Gervásio Lobato para escrever algumas cenas do seu romance “Mistérios do Porto”.
 



Vista do Miradouro-Torre sobre a Alfândega, em 1902
 
 


Miradouro da Torre ou Castelo – 1904





Vista desde o miradouro do Palácio de Cristal sobre área, em V. N. de Gaia, onde esteve o convento de Vale da Piedade – Ed. Nuno Cruz
 
 
 
 

Fonte do Palácio de Cristal, a caminho do bosque
 
 


Pavilhão Rosa Mota
 
 
 

Palácio de Cristal nos finais dos anos 50
 
 
 
Gorada a ideia de uma Feira Internacional no Parque da Cidade (o que chegou a ser proposto), as Feiras Internacionais promovidas pela Associação Empresarial, realizaram-se no Pavilhão dos Desportos, entre 1968 e 1986.
Recentemente, no Pavilhão Rosa Mota decorreram, desde do fim de 2017, obras de remodelação, na sequência de um contrato de concessão por 20 anos, tendo sido a nova nave inaugurada em 28 de Outubro de 2019. 
Para isso, o interior da estrutura foi totalmente remodelado, passando  a ter bancadas amovíveis e um conjunto de novos equipamentos que permitirão, por exemplo, ajustar a incidência de luz natural dentro do espaço.
No total, o Palácio de Cristal terá uma lotação máxima para congressos de 4727 pessoas. Quando receber eventos desportivos poderá albergar até 5580 pessoas, e 8860 quando se tratar de outros espectáculos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

25.267 Há Museus que parecem estar amaldiçoados

 

No panorama museológico portuense o destino que tiveram alguns museus fazem crer que teriam sido alvo de uma qualquer maldição.
Enquanto, alguns museus portuenses se reconverteram, caso do Museu do Allen, depois, Museu Portuense, que acabou com o seu espólio integrado no Museu Nacional Soares dos Reis, outros foram fundados e logo encerrados pelas mais diversas razões.
 
 
Museu de Etnologia do Porto
 
 
O Museu de Etnologia do Porto foi criado em 1945, sob a designação de "Museu de Etnografia e História do Douro Litoral".
Este museu esteve instalado no Palácio de São João Novo ou Palacete do Costa Lima, no Largo de São João Novo.
O proprietário do palácio, à data, Álvaro Leite Pereira de Melo Ferreira Pinto, em 12 de Dezembro de 1942, celebrou um contrato de arrendamento com a Junta de Província do Douro-Litoral, para sede e funcionamento, na Casa de São João Novo, do “Museu Etnográfico do Douro-Litoral”, que abriu portas em 1945.
 
 
 
Palácio de São João Novo, em 1958 – Ed. Teófilo Rego
 
 
 
 
O proprietário começou por recusar uma proposta de compra por 500 contos, acabando por fazer um arrendamento por 2500 escudos por mês. Em 1951, aquela renda foi revista, passando a 4500 escudos.
Augusto César Pires de Lima (1883-1959) seria o primeiro director do museu.
Professor do ensino liceal, etnógrafo e filólogo, com o renascer do regionalismo, enquanto movimento cultural, a partir de 1938, passou a colaborar com a Junta de Província do Douro Litoral, que integrou durante quase duas décadas, presidindo à Comissão de Etnografia e História. Nessas funções dirigiu a edição do Boletim Douro Litoral, o periódico da instituição, no qual publicou parte fundamental da sua obra.
Após a sua morte suceder-lhe-ia no cargo, até 1973, o seu sobrinho, o etnógrafo Fernando de Castro Pires de Lima e, a este, Fernando Lanhas (1923-2012) até ao encerramento do museu, em 1992.
Nas várias salas de exposição do museu, eram apresentados ao visitante diversos aspectos da actividade quotidiana em variados espaços: sala das religiões, sala da tecelagem e fiação, sala do trajo, sala do mobiliária, sala das rendas e bordados, sala dos jugos e cangas, sala da lavoura, sala dos brinquedos, sala da habitação, sala dos barcos, sala das utilidades caseiras, etc.
 
 
 
Sala dos Jugos e Cangas - Fonte: “O Tripeiro”, VI série, ano IX, n.º 12 (Dez. 1969)
 
 
 


Sala da Lavoura - Fonte: “O Tripeiro”, VI série, ano IX, n.º 12 (Dez. 1969)

 
 
Alvo de um incêndio em 1984, o “Museu Etnográfico do Douro-Litoral”, no primeiro semestre de 1992, encerraria, quando era dirigido pelo arquitecto Fernando Lanhas e, no início do novo século, é comprado pelo Estado e, apesar de sujeito a obras de restauro, ocorridas em 2000, não abriria jamais.
O acervo do Museu de Etnografia e História foi depositado em diversos museus com vista à sua protecção, sendo algumas peças desviadas para Lisboa.
Diz-se que outra parte daquele espólio teria sido guardada no também desactivado quartel de S. Brás, à Rua da Constituição, ignorando-se o que lhe teria acontecido depois.
Este quartel, em 2024 já estava por terra.
Em 2024, dizia-se que o Palácio de São João Novo iria receber o Museu do Livro.
Do Museu de Etnologia, nem sombras.
 
 
 
 
 
Museu Romântico na Quinta da Macieirinha
 
 
Em 1849, após alguns meses de exílio na cidade do Porto, falecia na casa da quinta por muitos conhecida como Quinta da Macieirinha e, outros, por Quinta de Entre-Quintas, o rei da Sardenha e príncipe de Piemont, Carlos Alberto.
Para preservar essa memória, em 1972, a cidade decidiu na casa da quinta montar um espaço museológico que recriava ambientes interiores de uma casa abastada do século XIX, do Porto Oitocentista, abordando as estéticas, os modos e os costumes relacionados com o Romantismo – o Museu Romântico.
O assim denominado foi durante muitos anos um orgulho dos portuenses que por intermédio da personalidade que aí tinha falecido, no século XIX, os faziam sentir cidadãos do mundo.
Por outro lado, o museu era muito visitado pelos turistas que demandavam o Porto.

 
 
Museu Romântico – Fonte: museudoporto.pt
 
 
 
Na sequência de intervenção arquitectónica de Camilo Rebelo e da execução de obras de restauro em algumas importantes peças da colecção, dar-se-ia a reabertura de portas em 2017, com o Museu Romântico completamente remodelado.


 
 
Interior do Museu Romântico
 
 
 
No entanto, por decisão do presidente da Câmara, Dr. Rui Moreira, em 2021, o Museu Romântico encerraria, para mágoa de muitos portuenses, apesar do coro de protestos que se levantaram. Até agora, em vão.
 
 
 
«O Grupo Saudade Perpétua considerou este sábado que a reconfiguração do Museu Romântico criou um “vazio e empobreceu” o Porto e apelou, numa carta aberta ao presidente da câmara, o independente Rui Moreira, à reversão do “erro cometido".
Esta posição do Saudade Perpétua não é única, estando em curso uma petição pela reposição do espólio do Museu Romântico do Porto, já com mais de 3.178 subscritores, que considera a sua reconfiguração “uma violação patrimonial”, acusando a autarquia de, “com orgulho”, “desfazer” o antigo museu».
Fonte: Lusa, In Jornal Público, 5 de Setembro de 2021, 13:15
 
 
 
 
Museu Nacional da Imprensa
 
 
Este museu situava-se junto do Palácio do Freixo e abriu as suas portas em 1997.
 
 
 
Museu Nacional da Imprensa, junto da Marina do Freixo, na margem esquerda do Rio Torto, que aí tem a sua foz
 
 
 
“O Museu Nacional da Imprensa/Jornais e Artes Gráficas é propriedade de uma entidade cultural privada, sem fins lucrativos, a AMI Associação Museu da Imprensa, reconhecida pelo Estado como instituição de Utilidade Pública, com manifesto interesse cultural e abrangida pela lei do Mecenato Cultural. Está também reconhecida como instituição relevante para o desenvolvimento Científico e Tecnológico do País”.
Fonte: museudaimprensa.pt
 

 
Cortesia de António Manuel Passos de Almeida, In revista “O Tripeiro”, Setembro 2007
 
 

 
“NASCIDO EM 1997, SURGIU FACE À NECESSIDADE DE MOSTRAR A HISTÓRIA DA IMPRENSA E ARTES GRÁFICAS.
Este espólio, recuperado pelo Museu Nacional da Impresa – Porto, encontra-se dividido em quatro grandes sectores: a FUNDIÇÃO, a COMPOSIÇÃO, a IMPRESSÃO e a ENCADERNAÇÃO e ainda algumas colecções pertencentes a um outro sector – a GRAVURA.
É o único museu vivo do sector na Península Ibérica. Na Sala Rodrigo Álvares – exposição permanente – pode ver-se parte de um dos maiores espólios tipográficos do mundo. São dezenas de máquinas que os visitantes podem manipular exercitando-se nas antigas artes da composição e impressão. Na Galeria de Exposições Temporárias sucedem-se mostras ilustrativas da importância social, educativa e cultural da imprensa e das artes gráficas.
O Cartoon constitui um dos eixos principais do museu, através da Galeria Internacional do Cartoon e do PortoCartoon-World Festival. A Galeria está aberta todo o ano e nela pode ver-se o melhor do cartoon internacional.
O PortoCartoon realiza-se anualmente, desde 1999, sendo já considerado pela FECO (Federation of Cartoonists’ Organisations) um dos três principais festivais de desenho humorístico do mundo. Todos os anos, sempre com temas de grande impacto internacional, centenas de cartunistas participam nele com cartoons que enobrecem essa linguagem universal, perceptível em qualquer parte do mundo. É visto por milhares de visitantes na sede do Museu e nas diferentes cidades por onde passa.
Abertos a qualquer visitante estão, também, os museus virtuais da Imprensa e do Cartoon (criados e geridos pelo Museu Nacional da Imprensa que tem um lema: activar o prazer da cultura”.
Fonte: agendaculturalporto.org
 
 
 
Interior do Museu Nacional da Imprensa
 
 
 
 
O Museu Nacional da Imprensa fecharia por existirem problemas de segurança, após mudança de direcção, em meados de 2022.
Os problemas de segurança foram detectados pelos Sapadores Bombeiros, mas a situação financeira da associação que gere o espaço, apresentava um deficit de cerca de 200.000 euros.
Continua a desconhecer-se o seu futuro. No seu edifício, cedido pela Câmara do Porto, poderá nascer um media center.
 
 

 
Museu da Ciência e Indústria do Porto
 
 
 
No ano de 1993, uma parceria entre a Associação Industrial do Porto e a Câmara Municipal do Porto, constituiu uma associação para a criação de um museu nesta área, então denominado Museu da Ciência e Indústria do Porto, que esteve em actividade até meados de 2010.
O museu abriu portas nas instalações das antigas Moagens Harmonia, junto do Palácio do Freixo.
 
 
 

À direita do Palácio do Freixo, as antigas instalações das Moagens Harmonia




Cortesia de António Manuel Passos de Almeida, In revista “O Tripeiro”, Setembro 2007
 
 
 
 
Maria da Luz Sampaio, licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), em 1992, participou no projecto de investigação do Inventário do Património Industrial da Cidade do Porto e, em 1996, no programa museológico e na abertura do Museu da Ciência e Indústria do Porto.
Em 1997, ocorrerá a 1.ª exposição e, em 2000, o Museu alcançou o Estatuto de Utilidade Pública.





Máquina a vapor; Museu da Indústria
 
 
 
De 2000 a 2011, Maria da Luz Sampaio assumiu funções de Directora do Museu da Indústria do Porto, responsável pela gestão de colecções, programação e serviços educativos.
Em 2005, a situação de degradação das instalações era bem visível e a solução foi a entrega, em 2006, do edifício das antigas Moagens Harmonia e do Palácio do Freixo à entidade privada Grupo Pousadas de Portugal.
A exposição permanente “A Cidade e a Indústria”, que estava previsto montar no Freixo, viria a ser exibida, em 2008, nas novas instalações “temporárias” do museu, nuns armazéns de Ramalde.
Assim, desde 2006, que o espólio do Museu da Ciência e Indústria abandonou as suas primeiras instalações, na antiga fábrica das Moagens Harmonia, para que aí nascesse uma Pousada de Portugal (que também ocupa o Palácio do Freixo).
Em Janeiro de 2011, tomou posse uma comissão liquidatária, pois foi decidido por unanimidade a «extinção da Associação para o Museu da Ciência e Indústria».
O espólio do museu, desde então, passou a estar encerrado no tal armazém da freguesia de Ramalde, na Rua Eng.º Ferreira Dias, n.º 1095.
Diz-se que o museu será reactivado nas recuperadas instalações do antigo Matadouro, na Corujeira.