segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

25.267 Há Museus que parecem estar amaldiçoados

 

No panorama museológico portuense o destino que tiveram alguns museus fazem crer que teriam sido alvo de uma qualquer maldição.
Enquanto, alguns museus portuenses se reconverteram, caso do Museu do Allen, depois, Museu Portuense, que acabou com o seu espólio integrado no Museu Nacional Soares dos Reis, outros foram fundados e logo encerrados pelas mais diversas razões.
 
 
Museu de Etnologia do Porto
 
 
O Museu de Etnologia do Porto foi criado em 1945, sob a designação de "Museu de Etnografia e História do Douro Litoral".
Este museu esteve instalado no Palácio de São João Novo ou Palacete do Costa Lima, no Largo de São João Novo.
O proprietário do palácio, à data, Álvaro Leite Pereira de Melo Ferreira Pinto, em 12 de Dezembro de 1942, celebrou um contrato de arrendamento com a Junta de Província do Douro-Litoral, para sede e funcionamento, na Casa de São João Novo, do “Museu Etnográfico do Douro-Litoral”, que abriu portas em 1945.
 
 
 
Palácio de São João Novo, em 1958 – Ed. Teófilo Rego
 
 
 
 
O proprietário começou por recusar uma proposta de compra por 500 contos, acabando por fazer um arrendamento por 2500 escudos por mês. Em 1951, aquela renda foi revista, passando a 4500 escudos.
Augusto César Pires de Lima (1883-1959) seria o primeiro director do museu.
Professor do ensino liceal, etnógrafo e filólogo, com o renascer do regionalismo, enquanto movimento cultural, a partir de 1938, passou a colaborar com a Junta de Província do Douro Litoral, que integrou durante quase duas décadas, presidindo à Comissão de Etnografia e História. Nessas funções dirigiu a edição do Boletim Douro Litoral, o periódico da instituição, no qual publicou parte fundamental da sua obra.
Após a sua morte suceder-lhe-ia no cargo, até 1973, o seu sobrinho, o etnógrafo Fernando de Castro Pires de Lima e, a este, Fernando Lanhas (1923-2012) até ao encerramento do museu, em 1992.
Nas várias salas de exposição do museu, eram apresentados ao visitante diversos aspectos da actividade quotidiana em variados espaços: sala das religiões, sala da tecelagem e fiação, sala do trajo, sala do mobiliária, sala das rendas e bordados, sala dos jugos e cangas, sala da lavoura, sala dos brinquedos, sala da habitação, sala dos barcos, sala das utilidades caseiras, etc.
 
 
 
Sala dos Jugos e Cangas - Fonte: “O Tripeiro”, VI série, ano IX, n.º 12 (Dez. 1969)
 
 
 


Sala da Lavoura - Fonte: “O Tripeiro”, VI série, ano IX, n.º 12 (Dez. 1969)

 
 
Alvo de um incêndio em 1984, o “Museu Etnográfico do Douro-Litoral”, no primeiro semestre de 1992, encerraria, quando era dirigido pelo arquitecto Fernando Lanhas e, no início do novo século, é comprado pelo Estado e, apesar de sujeito a obras de restauro, ocorridas em 2000, não abriria jamais.
O acervo do Museu de Etnografia e História foi depositado em diversos museus com vista à sua protecção, sendo algumas peças desviadas para Lisboa.
Diz-se que outra parte daquele espólio teria sido guardada no também desactivado quartel de S. Brás, à Rua da Constituição, ignorando-se o que lhe teria acontecido depois.
Este quartel, em 2024 já estava por terra.
Em 2024, dizia-se que o Palácio de São João Novo iria receber o Museu do Livro.
Do Museu de Etnologia, nem sombras.
 
 
 
 
 
Museu Romântico na Quinta da Macieirinha
 
 
Em 1849, após alguns meses de exílio na cidade do Porto, falecia na casa da quinta por muitos conhecida como Quinta da Macieirinha e, outros, por Quinta de Entre-Quintas, o rei da Sardenha e príncipe de Piemont, Carlos Alberto.
Para preservar essa memória, em 1972, a cidade decidiu na casa da quinta montar um espaço museológico que recriava ambientes interiores de uma casa abastada do século XIX, do Porto Oitocentista, abordando as estéticas, os modos e os costumes relacionados com o Romantismo – o Museu Romântico.
O assim denominado foi durante muitos anos um orgulho dos portuenses que por intermédio da personalidade que aí tinha falecido, no século XIX, os faziam sentir cidadãos do mundo.
Por outro lado, o museu era muito visitado pelos turistas que demandavam o Porto.

 
 
Museu Romântico – Fonte: museudoporto.pt
 
 
 
Na sequência de intervenção arquitectónica de Camilo Rebelo e da execução de obras de restauro em algumas importantes peças da colecção, dar-se-ia a reabertura de portas em 2017, com o Museu Romântico completamente remodelado.


 
 
Interior do Museu Romântico
 
 
 
No entanto, por decisão do presidente da Câmara, Dr. Rui Moreira, em 2021, o Museu Romântico encerraria, para mágoa de muitos portuenses, apesar do coro de protestos que se levantaram. Até agora, em vão.
 
 
 
«O Grupo Saudade Perpétua considerou este sábado que a reconfiguração do Museu Romântico criou um “vazio e empobreceu” o Porto e apelou, numa carta aberta ao presidente da câmara, o independente Rui Moreira, à reversão do “erro cometido".
Esta posição do Saudade Perpétua não é única, estando em curso uma petição pela reposição do espólio do Museu Romântico do Porto, já com mais de 3.178 subscritores, que considera a sua reconfiguração “uma violação patrimonial”, acusando a autarquia de, “com orgulho”, “desfazer” o antigo museu».
Fonte: Lusa, In Jornal Público, 5 de Setembro de 2021, 13:15
 
 
 
 
Museu Nacional da Imprensa
 
 
Este museu situava-se junto do Palácio do Freixo e abriu as suas portas em 1997.
 
 
 
Museu Nacional da Imprensa, junto da Marina do Freixo, na margem esquerda do Rio Torto, que aí tem a sua foz
 
 
 
“O Museu Nacional da Imprensa/Jornais e Artes Gráficas é propriedade de uma entidade cultural privada, sem fins lucrativos, a AMI Associação Museu da Imprensa, reconhecida pelo Estado como instituição de Utilidade Pública, com manifesto interesse cultural e abrangida pela lei do Mecenato Cultural. Está também reconhecida como instituição relevante para o desenvolvimento Científico e Tecnológico do País”.
Fonte: museudaimprensa.pt
 

 
Cortesia de António Manuel Passos de Almeida, In revista “O Tripeiro”, Setembro 2007
 
 

 
“NASCIDO EM 1997, SURGIU FACE À NECESSIDADE DE MOSTRAR A HISTÓRIA DA IMPRENSA E ARTES GRÁFICAS.
Este espólio, recuperado pelo Museu Nacional da Impresa – Porto, encontra-se dividido em quatro grandes sectores: a FUNDIÇÃO, a COMPOSIÇÃO, a IMPRESSÃO e a ENCADERNAÇÃO e ainda algumas colecções pertencentes a um outro sector – a GRAVURA.
É o único museu vivo do sector na Península Ibérica. Na Sala Rodrigo Álvares – exposição permanente – pode ver-se parte de um dos maiores espólios tipográficos do mundo. São dezenas de máquinas que os visitantes podem manipular exercitando-se nas antigas artes da composição e impressão. Na Galeria de Exposições Temporárias sucedem-se mostras ilustrativas da importância social, educativa e cultural da imprensa e das artes gráficas.
O Cartoon constitui um dos eixos principais do museu, através da Galeria Internacional do Cartoon e do PortoCartoon-World Festival. A Galeria está aberta todo o ano e nela pode ver-se o melhor do cartoon internacional.
O PortoCartoon realiza-se anualmente, desde 1999, sendo já considerado pela FECO (Federation of Cartoonists’ Organisations) um dos três principais festivais de desenho humorístico do mundo. Todos os anos, sempre com temas de grande impacto internacional, centenas de cartunistas participam nele com cartoons que enobrecem essa linguagem universal, perceptível em qualquer parte do mundo. É visto por milhares de visitantes na sede do Museu e nas diferentes cidades por onde passa.
Abertos a qualquer visitante estão, também, os museus virtuais da Imprensa e do Cartoon (criados e geridos pelo Museu Nacional da Imprensa que tem um lema: activar o prazer da cultura”.
Fonte: agendaculturalporto.org
 
 
 
Interior do Museu Nacional da Imprensa
 
 
 
 
O Museu Nacional da Imprensa fecharia por existirem problemas de segurança, após mudança de direcção, em meados de 2022.
Os problemas de segurança foram detectados pelos Sapadores Bombeiros, mas a situação financeira da associação que gere o espaço, apresentava um deficit de cerca de 200.000 euros.
Continua a desconhecer-se o seu futuro. No seu edifício, cedido pela Câmara do Porto, poderá nascer um media center.
 
 

 
Museu da Ciência e Indústria do Porto
 
 
 
No ano de 1993, uma parceria entre a Associação Industrial do Porto e a Câmara Municipal do Porto, constituiu uma associação para a criação de um museu nesta área, então denominado Museu da Ciência e Indústria do Porto, que esteve em actividade até meados de 2010.
O museu abriu portas nas instalações das antigas Moagens Harmonia, junto do Palácio do Freixo.
 
 
 

À direita do Palácio do Freixo, as antigas instalações das Moagens Harmonia




Cortesia de António Manuel Passos de Almeida, In revista “O Tripeiro”, Setembro 2007
 
 
 
 
Maria da Luz Sampaio, licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), em 1992, participou no projecto de investigação do Inventário do Património Industrial da Cidade do Porto e, em 1996, no programa museológico e na abertura do Museu da Ciência e Indústria do Porto.
Em 1997, ocorrerá a 1.ª exposição e, em 2000, o Museu alcançou o Estatuto de Utilidade Pública.





Máquina a vapor; Museu da Indústria
 
 
 
De 2000 a 2011, Maria da Luz Sampaio assumiu funções de Directora do Museu da Indústria do Porto, responsável pela gestão de colecções, programação e serviços educativos.
Em 2005, a situação de degradação das instalações era bem visível e a solução foi a entrega, em 2006, do edifício das antigas Moagens Harmonia e do Palácio do Freixo à entidade privada Grupo Pousadas de Portugal.
A exposição permanente “A Cidade e a Indústria”, que estava previsto montar no Freixo, viria a ser exibida, em 2008, nas novas instalações “temporárias” do museu, nuns armazéns de Ramalde.
Assim, desde 2006, que o espólio do Museu da Ciência e Indústria abandonou as suas primeiras instalações, na antiga fábrica das Moagens Harmonia, para que aí nascesse uma Pousada de Portugal (que também ocupa o Palácio do Freixo).
Em Janeiro de 2011, tomou posse uma comissão liquidatária, pois foi decidido por unanimidade a «extinção da Associação para o Museu da Ciência e Indústria».
O espólio do museu, desde então, passou a estar encerrado no tal armazém da freguesia de Ramalde, na Rua Eng.º Ferreira Dias, n.º 1095.
Diz-se que o museu será reactivado nas recuperadas instalações do antigo Matadouro, na Corujeira.

Sem comentários:

Enviar um comentário