sexta-feira, 22 de setembro de 2023

25.204 Rua Fernandes Tomás

 
A Rua de Fernandes Tomás liga a Trindade ao Campo 24 de Agosto.
É possível, ainda hoje, observar, muito próximo da Rua de Santa Catarina, a existência de um antigo arruamento, o Beco de S. Marçal.
Todo o troço da rua que confina com o actual mercado do Bolhão, já se chamou, em tempos, Rua do Bolhão.
Por aqui, existia, no local que hoje é chão da Rua de Sá da Bandeira (que não existia ainda) a fonte do Bolhão que, mais tarde, haveria de dar lugar ao Tanque do Bolhão, à entrada do mercado e do outro lado da rua.
Entre o mercado do Bolhão e o Beco do Marçal, em tempos, foi levantado por operários da Estamparia do Bolhão e da Fundição do Bolhão, em memória da visita de D. Pedro V àquelas unidades industriais, um obelisco designado por “ Memória do Bolhão” e que, mais tarde, seria removido e colocado no cemitério do Prado do Repouso.
 
 
 

Fábrica de Estamparia do Bolhão no Porto, em 1900

 
 
 
Na imagem apresentada acima, fora o obelisco, são ainda visíveis as rampas de acesso ao antigo mercado do Bolhão, a partir da Rua de Fernandes Tomás e a Estamparia do Bolhão.



 
 

Estamparia do Bolhão
 
 
 

Entrada para o que resta do Beco de S. Marçal, à direita, em primeiro plano
 
 
 

Esquina da Rua Fernandes Tomás e Rua D. João IV, em 1950
 
 
 
 

Mesmo local da foto anterior, actualmente - Fonte: Google Maps
 
 
 
 
 
A Rua Fernandes Tomás só tem esse topónimo desde 1835.
A rua foi aberta primeiro em duas fases: o primeiro troço ligou a Rua de Santa Catarina a Malmerendas (Rua Dr. Alves da Veiga) e, a segunda fase, a Rua Sá da Bandeira ao Bonjardim.
Só, em 1882, se fez a ligação à Trindade.
O troço que vai da Rua do Dr. Alves da Veiga até ao Campo 24 de Agosto é mais recente, pois, em 1902, ficava-se pelo Poço das Patas (Rua Coelho Neto, que se chamou, também, Rua do Meio).
Aquele troço foi aberto ao longo dos terrenos da Quinta da Ponte
Houve, efectivamente, nesta propriedade, uma ponte que acabou por dar o nome à quinta. Tratava-se, no en­tanto, de uma pequena ponte de madeira, mais um passadiço, que possibilitava a tra­vessia do rio de Mijavelhas a quem se di­rigia para a feira do gado que, em 1840, se fazia no Campo Grande, nome que, por aquele tempo, era dado ao actual Campo 24 de Agosto.  O rio de Mijavelhas ainda existe. Só que, agora, a sua água corre devidamente enca­nada no subsolo.
Ficou também conhecido por rio das Lavandeiras em meados do século XVIII.
Aquela quinta poderá ser a que foi referida, também, em diversos documentos por Quinta das Lavandeiras, sita junto do rio das Lavandeiras, foreira à câmara do Porto, que pertenceu a Braz de Abreu Guimarães e foi herdada pela sua filha D. Joana Felizarda Delfina.
A referida propriedade acabaria por passar por casamento de D. Joana com o 4º morgado de Aveleda para a posse deste morgadio.
Braz de Abreu Guimarães (falecido em 1774) foi um capitalista que, entre outros cargos, desempenhou o de conselheiro (nomeado por carta-régia de 9 de Maio de 1757) da primeira “Junta da Administração da Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro” (1757-1760).
Na segunda junta (1760-1771) foi deputado.
 
 
 
 
 

O Campo 24 de Agosto na Planta de Telles Ferreira de 1892
 
 
Legenda:
 
1. Rua Fernandes Tomás (acaba nas ruas de S. Jerónimo e Poço das Patas)
2.Rua de S. Jerónimo (Rua de Santos Pousada)
3. Campo 24 de Agosto
4. Mercado coberto, inaugurado em 1884 e demolido em 1897 (emparceirou com um outro do mesmo estilo instalado na Praça do Marquês)
5. Rua do Bonfim
6. Encontro da Rua da Murta (Rua de Morgado Mateus) e Rua de Santo Ildefonso
7. Rua de Monte Belo
8. Travessa das Feiticeiras
9. Quinta da Ponte por onde foi aberto o último troço da Rua Fernandes Tomás.
 
 
Neste troço da Rua de Fernandes Tomás, já nos nossos dias, foi construído um edifício muito familiar aos portuenses, denominado “Edifício Ouro”. 


 
 

Edifício Ouro – Cortesia de Teodósio Dias
 
 
 

 

O Edifício Ouro, situado entre os números 47 e 107 da Rua Fernandes Tomás, é um prédio de rendimento construído entre 1950 e 1954, cujo projecto foi da autoria dos arquitectos Mário Bonito e Rui Pimentel.
Nele está situado (desde sempre) o Café Goa que, em tempos idos, com os seus bilhares, na cave, foi campo de aprendizagem de muitos que se iniciavam na modalidade.
Nos finais da década de 1960, instalou-se ali a Garagem Ouro, que viria a dar o nome ao prédio.



 

Publicidade da "Auto Comercial Ouro", em 1973
 
 
 

 

Noutros tempos, uma outra ponte existiu, mais para Nascente, junto ao edifício da Junta de Freguesia. Sabe-se que essa ponte foi construída por iniciativa da Câmara do Porto, em 1700, pelo mestre pedreiro André Martins, para facilitar a circulação na estrada que do Porto ia para Valongo e, daqui, para Amaran­te e Vila Real. Foi feita em granito, com um arco e quatro metros de largura. E tinha bancos de pedra. Era a Ponte do Poço das Patas.

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