A Rua de Fernandes Tomás liga a Trindade ao Campo 24 de
Agosto.
É possível, ainda hoje, observar, muito próximo da Rua de Santa
Catarina, a existência de um antigo arruamento, o Beco de S. Marçal.
Todo o troço da rua que confina com o actual mercado do
Bolhão, já se chamou, em tempos, Rua do Bolhão.
Por aqui, existia, no local que hoje é chão da Rua de Sá da
Bandeira (que não existia ainda) a fonte do Bolhão que, mais tarde, haveria de
dar lugar ao Tanque do Bolhão, à entrada do mercado e do outro lado da rua.
Entre o mercado do Bolhão e o Beco do Marçal, em tempos, foi
levantado por operários da Estamparia do Bolhão e da Fundição do Bolhão, em
memória da visita de D. Pedro V àquelas unidades industriais, um obelisco designado
por “ Memória do Bolhão” e que, mais tarde, seria removido e colocado no
cemitério do Prado do Repouso.
Fábrica de Estamparia do Bolhão no Porto, em 1900
Na imagem apresentada acima, fora o obelisco, são ainda
visíveis as rampas de acesso ao antigo mercado do Bolhão, a partir da Rua de
Fernandes Tomás e a Estamparia do Bolhão.
Estamparia do Bolhão
Entrada para o que resta do Beco de S. Marçal, à direita, em
primeiro plano
Esquina da Rua Fernandes Tomás e Rua D. João IV, em 1950
Mesmo local da foto anterior, actualmente - Fonte: Google
Maps
A Rua Fernandes Tomás só tem esse topónimo desde 1835.
A rua foi aberta primeiro em duas fases: o primeiro troço
ligou a Rua de Santa Catarina a Malmerendas (Rua Dr. Alves da Veiga) e, a
segunda fase, a Rua Sá da Bandeira ao Bonjardim.
Só, em 1882, se fez a ligação à Trindade.
O troço que vai da Rua do Dr. Alves da Veiga até ao Campo 24
de Agosto é mais recente, pois, em 1902, ficava-se pelo Poço das Patas (Rua
Coelho Neto, que se chamou, também, Rua do Meio).
Aquele troço foi aberto ao longo dos terrenos da Quinta da Ponte.
Houve, efectivamente, nesta propriedade, uma ponte que
acabou por dar o nome à quinta. Tratava-se, no entanto, de uma pequena ponte
de madeira, mais um passadiço, que possibilitava a travessia do rio de Mijavelhas a quem se dirigia
para a feira do gado que, em 1840, se fazia no Campo Grande, nome que, por
aquele tempo, era dado ao actual Campo 24 de Agosto. O rio de Mijavelhas
ainda existe. Só que, agora, a sua água corre devidamente encanada no subsolo.
Ficou também conhecido por rio das Lavandeiras em meados do século XVIII.
Aquela quinta poderá ser a que foi referida, também, em
diversos documentos por Quinta das
Lavandeiras, sita junto do rio das Lavandeiras, foreira à câmara do Porto,
que pertenceu a Braz de Abreu Guimarães e foi herdada pela sua filha D. Joana
Felizarda Delfina.
A referida propriedade acabaria por passar por casamento de
D. Joana com o 4º morgado de Aveleda para a posse deste morgadio.
Braz de Abreu Guimarães (falecido em 1774) foi um
capitalista que, entre outros cargos, desempenhou o de conselheiro (nomeado por
carta-régia de 9 de Maio de 1757) da primeira “Junta da Administração da
Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro” (1757-1760).
Na
segunda junta (1760-1771) foi deputado.
O Campo 24 de Agosto na Planta de Telles Ferreira de 1892
2.Rua de S. Jerónimo (Rua de Santos Pousada)
3. Campo 24 de Agosto
4. Mercado coberto, inaugurado em 1884 e demolido em 1897 (emparceirou com um outro do mesmo estilo instalado na Praça do Marquês)
5. Rua do Bonfim
6. Encontro da Rua da Murta (Rua de Morgado Mateus) e Rua de Santo Ildefonso
7. Rua de Monte Belo
8. Travessa das Feiticeiras
9. Quinta da Ponte por onde foi aberto o último troço da Rua Fernandes Tomás.
Neste troço da Rua de Fernandes
Tomás, já nos nossos dias, foi construído um edifício muito familiar aos
portuenses, denominado “Edifício Ouro”.
Edifício Ouro – Cortesia de Teodósio Dias
O Edifício Ouro, situado entre os números 47 e 107 da Rua
Fernandes Tomás, é um prédio de rendimento construído entre 1950 e 1954, cujo
projecto foi da autoria dos arquitectos Mário Bonito e Rui Pimentel.
Nele está situado (desde sempre) o Café Goa que, em tempos
idos, com os seus bilhares, na cave, foi campo de aprendizagem de muitos que se
iniciavam na modalidade.
Nos finais da década de 1960, instalou-se ali a Garagem Ouro,
que viria a dar o nome ao prédio.
Publicidade da "Auto Comercial Ouro", em 1973
Noutros tempos, uma outra ponte existiu, mais para Nascente,
junto ao edifício da Junta de Freguesia. Sabe-se que essa ponte foi construída
por iniciativa da Câmara do Porto, em 1700, pelo mestre pedreiro André Martins,
para facilitar a circulação na estrada que do Porto ia para Valongo e, daqui,
para Amarante e Vila Real. Foi feita em granito, com um arco e quatro metros
de largura. E tinha bancos de pedra. Era a Ponte do Poço das Patas.
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