sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

25.266 A propósito da actividade teatral portuense

 
Seiva Trupe
 
 
A Seiva Trupe – Teatro Vivo, CRL é hoje uma cooperativa, oficialmente fundada a 11 de Setembro de 1973, enquanto ‘sociedade artística’ (figura jurídica entretanto desaparecida) por António Reis, Estrela Novais e Júlio Cardoso, na cidade do Porto, onde à data, como única companhia de teatro profissional com actividade contínua, só existia o Teatro Experimental do Porto.
Um dos seus espectáculos mais vistos pelos portuenses ocorreu num espaço (um prédio bem antigo) cedido pela Câmara Municipal do Porto para exibições da companhia teatral, sito, à Rua do Campo Alegre.
 
 
“O ano de 1982 foi assinalado com a estreia do espetáculo “Um Cálice do Porto”, um texto de Benjamim Veludo, Manuel Dias e Norberto Barroca, resultado de uma experiência de café-concerto e do reavivar da tradição da Revista à Portuguesa, tratada com inovadores cânones. Este espetáculo, voltado para a História e costumes do Porto, esteve em cena 2 anos com lotações esgotadas, sendo um dos maiores êxitos da Companhia (e de Portugal), que projectou e consolidou a sua popularidade. E muito embora se aproximasse de um teatro mais ‘ligeiro’, nem com este, nem com outros espetáculos, a Seiva Trupe se afastaria da ideia permanente de cumprimento de um Serviço Público Cultural, onde de par com a criação de Arte, estivesse subjacente um projeto pedagógico de captação, fixação e formação dos públicos”.
Fonte: seivatrupe.pt



 

Cartaz de “Um Cálice de Porto”
 


Saída a Companhia da Rua do Campo Alegre, tomou morada e actuou na Sala do Povo Portuense, na esquina das ruas do Paraíso e de Camões.
 
 
 
 

Cooperativa do Povo Portuense, anunciando um espectáculo da Seiva Trupe
 
 
 
Seguiu-se o Auditório Nacional Carlos Alberto.
Finalmente, quando era presidente da Câmara Municipal do Porto Fernando Gomes e Santana Lopes, Secretário de Estado da Cultura, em 1997, é inaugurado o Teatro do Campo Alegre e a Seiva Trupe passa a ser a companhia teatral residente.
A Fundação Ciência e Desenvolvimento, então formada, em 1995, passou a gerir o Teatro do Campo Alegre, o Planetário (anexo) e, ainda o Pavilhão de Água, presente na Expo 98.
O Teatro do Campo Alegre trata-se de um edifício sito na Rua das Estrelas, junto ao Campus Universitário do Campo Alegre.
Arrancou com um Grande Auditório de 378 lugares, um Café-Teatro de 120 lugares, Sala-Estúdio de 60 lugares e Cine-Estúdio de 70 lugares, apoiado por foyer, livraria e BAR.
Por ali, anos a fio foram apresentados pela Seiva Trupe espectáculos memoráveis, inúmeros e inolvidáveis êxitos, no mesmo espírito e timbre das raízes da Companhia.
Relembra-se a abertura do Teatro do Campo Alegre com “O Trapezista Azul”, texto do autor portuense Mário Cláudio, propositadamente escrito para o efeito, com estreia em 1997.
 
 
 
“Porém, em 2013, num processo muito polémico, aquando da presidência de Rui Rio na CMP, a Seiva Trupe é despejada do Teatro a que ela mesma dera origem. Actualmente, já com Rui Moreira na presidência da Câmara, este processo encontra-se encerrado por decisão da novel Direção Artística de Castro Guedes, convidado para tal pelo próprio Júlio Cardoso. A saída forçada da Seiva Trupe daquele Teatro tornou irrecuperável mais de metade do acervo de guarda-roupa, cenários e até documentação, tudo depositado num armazém da PSP, entre outros danos, morais e de perda de públicos. Estes, muitas veze não sabiam sequer onde ‘encontrar-se’ com a ‘sua’ Seiva Trupe.
É neste quadro que só em finais de 2021 se poria cobro à degradação que a situação provocara, graças à instalação de residência da estrutura, por protocolo com o Centro de Caridade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (cuja designação, ainda que não finalizada do ponto de vista formal, passou a ser Perpétuo Educação e Cultura), que a recebe de braços generosamente abertos. E para o qual, muito por intervenção directa da Seiva Trupe, a CMP, na figura do seu Presidente, Rui Moreira, se comprometeu a fazer obras de adaptação e dotação orçamental de custo nada despiciendo”.
Fonte: seivatrupe.pt
 
 
 
 

Teatro Municipal do Porto – Campo Alegre
 
 
 
Rui Rio baseou o despejo da Seiva Trupe, acima referido, “na falta do pagamento das prestações devidas, no âmbito do contrato de cedência das instalações do Teatro Campo Alegre”.
Os anos seguintes, foram de degradação do acervo da companhia sob vários aspectos.
Desde que, Júlio Cardoso, nos finais de 2018, convidou Castro Guedes para lhe suceder na Direcção Artística da Seiva Trupe – Teatro, este passou, de jure et de facto, a desempenhar funções em 2 de Abril de 2019.
O futuro da Seiva Trupe passou a acontecer na Sala Estúdio Perpétuo, na Rua de Costa Cabral, 128.
 


Sala Estúdio Perpétuo
 
 
 
Foi na Sala Estúdio Perpétuo que a Seiva Trupe se apresentou pela primeira vez no Dia Mundial do Teatro, a 27 de Março de 2022. E onde, uma vez concluído o processo de remodelação e dotação de equipamento de ponta, vai transformar-se no mais bem equipado e apetecível espaço cultural na chamada Zona Alta do Porto.
Neste ano de 2022, faleceu António Reis, um dos fundadores da instituição e do FITEI – Festival de Teatro de Expressão Ibérica.
Destaque-se que recebeu as distinções de Medalha de Mérito Cultural da Cidade do Porto, o Prémio Prestígio da Casa da Imprensa e o Grau de Comendador da “Ordem do Infante Dom Henrique”.
 
 
 
 
 
Pé de Vento
 
 
Foi fundada em Julho de 1978, a Companhia de Teatro Pé de Vento.
São seua fundadores, entre outros, João Luís, Maria João Reynaud, José Martins, Luís Miguel Dias, Manuel António Pina e Manuel Dias da Fonseca.
Na primeira actuação foi levado à cena o Ventolão de Manuel António Pina.
Desde a sua fundação que o Pé de Vento alicerçou a sua direcção artística num núcleo impulsionador, constituído pelo encenador João Luís, pela dramaturgista Maria João Reynaud e pelo escritor Manuel António Pina.

 
 
O Ventolão
 
 
Devido à perda do subsídio usufruído durante dez anos, em 1987, a companhia vai abandonar as instalações que ocupava, a título precário, na Rua do Heroísmo.
Sempre procurando instalações próprias, finalmente, em Outubro de 1996, na sequência de um protocolo de 5 anos, com a Junta de Freguesia de Aldoar, a companhia fixou a sua actividade no Teatro da Vilarinha, num conhecido edifício, na Estrada da Circunvalação, que há mais de cem anos funcionou como posto fiscal onde era cobrado o Real d’Água, nome popular porque ficou conhecida a taxa de entrada de mercadorias na cidade.
 
 
 
 

Teatro da Vilarinha, em 2018 – Fonte:Google maps
 
 
 
 
“Num sintético balanço do trabalho desenvolvido em 22 anos, de 1996 a 2018, registámos que o Pé de Vento recebeu 185. 000 (cento e oitenta e cinco mil) espectadores nessa sala de 106 lugares, num total de 2.310 representações. Para atingir estes números, o Pé de Vento levou à cena 78 criações, com 41 espectáculos em estreia absoluta, a maioria dos quais em resultado de encomendas feitas a autores portugueses. Para além das criações e produções próprias, a equipa do Pé de Vento proporcionou a 89 grupos profissionais e não-profissionais as condições técnico-artísticas de que a sala dispunha para apresentarem os seus espetáculos, fossem eles de teatro, de música ou de dança”.
Fonte: pedevento.pt


 

“O Adamastor” - ESTREIA Fevereiro 1998, Teatro da Vilarinha – 66 representações; 6390 espectadores
 
 
 
 
Nos 25 anos da Companhia, comemorados em 2003, a Câmara Municipal do Porto atribuiu ao Pé de Vento a Medalha de Mérito – Grau Prata.
No final do ano de 2013, pelo Despacho n.º 16789/2013 publicado no Diário da República, 2ª Série, nº 251 de 27 de Dezembro de 2013, o Coletivo de Animação Teatral Pé de Vento foi reconhecido como Instituição de Utilidade Pública.
Em 2018, a Companhia de Teatro Pé de Vento recebeu ordem de despejo do Teatro da Vilarinha, argumentando a Junta de Freguesia, da necessidade de adequar o funcionamento do espaço a novos tempos.
O Teatro da Vilarinha encerrou as suas portas no dia 28 de Outubro de 2018, com uma representação de “O Pássaro da Cabeça”, de Manuel António Pina.
Desde então, as instalações encontram-se encerradas.

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