domingo, 4 de outubro de 2020

25.99 Quintas com história em V. N. de Gaia


Quinta e Casa de Fiães ou Quinta de Santo Inácio

 
Localizada em Avintes, foi esta propriedade pertença da família Vanzeller, desde 1773, mais propriamente de Pedro Vanzeller (1736/1802). No seu auge, a casa desta quinta emanava todo o romantismo da época.
Os Vanzeller, vindos da Holanda, viviam no Porto e tinham uma vida abastada, ligada ao comércio e à indústria.
Estavam muito ligados à freguesia de S. Nicolau, por aí terem morada, e à confraria sedeada na igreja de S. Nicolau. Os primeiros Estatutos da Confraria do SS. de S. Nicolau foram confirmados em Abril do ano de 1663, e revistos no de 1683.
Entre outras disposições, prescreveu-se que o Juiz seria pessoa nobre e que os irmãos “seriam convocados ao som de campa tangida”.
Inscritos como Juízes ou Mordomos no Tombo da Confraria do SS. de S. Nicolau, no âmbito da família Vanzeller, encontramos:
 
 
1º" Joam Vanzeller, desde 1697 a?;
2º Arnaldo João Vanzeller, desde 1730 a 1740;
3º Pedro Vanzeller, desde 1758 a 1759 e 1784; 
4º João Vanzeller (11), desde 1767 a 1797 e 1799;
5º Arnaldo João Vanzeller (II), desde 1773 a 1774;
6º Henrique Vanzeller, desde 1779 a 1780;
7º Antonio Vanzeller, desde 1780 a 1781;
8º Luiz Vanzeller, desde 1794 a 1795;
9º Francisco Vanzeller, desde 1798 a 1799 e 1818 a 1820;
10º lgnacio Vanzeller Junior, desde 1707 a 1708; 
11º Arnaldo João Vanzeller (III), desde 1808 a 1809 e 1826 a 1827;
12º Ignacio Vanzeller (II), arcediago, desde 1820 a 1821;
13º Roberto Vanzeller, desde 1835 a 1836;
14º Pedro Vanzeller (II), desde 1846 a 1847;
15º João Vanzeller (III), em 1857.
 
O texto que se segue narra um pouco da história da Casa de Fiães ou Quinta de Santo Inácio.
 
 
“A casa entra para o património da família pela morte de Vitória Maria Maynard que, por ter professado, vê-se com Pedro van-Zeller como único descendente. Este passa a utilizar a quinta como local de recreio no período de Abril a Novembro. Pedro van-Zeller é, na altura, um prestigiado comerciante e proprietário no Porto, de uma família que cedo se impõe no panorama industrial nortenho. A viagem desde o Porto era feita por barco, demorando a chegar até à quinta mais de cinco vezes do tempo que actualmente demora o percurso entre Porto e Avintes. A burguesia de então vinha também visitar os van-Zeller, chegando de barco e subindo para um carro de bois para chegar à casa após uma rampa muito acentuada. E na hora da despedida, desengane-se quem pensar que a família acompanhava os visitantes até ao cais do Douro: havia, para o propósito, o «banco da despedida» à saída do portão do bosque, que evitava assim uma longa caminhada até ao rio. Subtilezas de uma família da alta burguesia.
A fachada da casa possui várias janelas envidraçadas no primeiro andar e, em baixo, várias portas que dão entrada para os armazéns. Do lado direito, sobressai a capela dedicada a Santo Inácio, onde se rezavam as missas da aldeia sempre que a família estava por lá. De facto, o próprio padre passava a viver na quinta no período de Abril a Novembro, evitando que os van-Zeller se deslocassem à aldeia para assistir à missa. No centro da casa, uma dupla escadaria vinda do primeiro andar desce até ao pátio, um terreiro ou praça privada com três bicas de água. A poente, um bosque de carvalhos plantados geometricamente; a nascente, um jardim francês de camélias plantadas por Roberto van-Zeller, primeiro presidente da Sociedade Agrícola do Porto.”
Cortesia de Álvaro Cúria (2003-02-24)
 


No início do século XIX, Maria Isabel Vanzeller, nascida em Avintes, na Quinta de Santo Inácio, no seio de uma família inglesa, casaria com 17 anos com Pedro Vanzeller e, desde muito nova, era dada a ter preocupações no âmbito da protecção social.
Assim, em determinada fase da sua vida, perante o estado de saúde em que viviam os portuenses, face a um surto de varíola que se tinha instalado no Porto e conhecendo os progressos que, lá por fora, no campo da ciência, iam acontecendo, tratou de adquirir a expensas suas, uma grande quantidade de vacinas que, contra aquele mal, estava a ser experimentada pelo DR. Jenner (1749-1823), que tendo descoberto a famosa vacina, em 1775, só tornou a sua descoberta pública, em 1796, após vinte anos de experiências.
Maria Isabel Vanzeller, aplicou ela mesmo, as doses respectivas das vacinas a quem se quis sujeitar a tal, a partir de 1805.
Já com alguns milhares de vacinas administradas, Maria Isabel Vanzeller, à data, já viúva de Pedro Vanzeller, foi apelidada por pretensos sábios, de curandeira e conduzida ao Aljube, onde ficou detida.
Reagindo à prisão, levou o seu caso ao conhecimento da Academia Real das Ciências, que reagiria como se impunha.

 

“Caiu, em face da desassombrada atitude da Academia das Ciências, o Carmo e a Trindade. 
D. Maria Isabel foi libertada e, logo a seguir, (…) recebia a benemérita senhora, a 22 de Janeiro de 1814, a medalha de oiro daquela instituição científica, o prémio de 30$000 rs em livros e, pouco depois, o diploma de sócia correspondente do Instituto Vacínico.”
N. S., in revista “O Tripeiro” Vª série, Ano VIII

 

Diga-se, a título de curiosidade que, em 1800, já teria ocorrido no hospital da Misericórdia (Santo António) uma experiência de vacinação que não teve sequência, em virtude dos receios de todas as partes envolvidas.
Na Escola Médica naquele mesmo ano foi fundado o Instituto Vacínico.
Em 27 de Abril de 1834, a Sociedade Literária tomou a seu cargo a aplicação da vacinação, estabelecendo um posto na Escola Médica. Até 1839, foram inoculados contra a varíola 2560 indivíduos.
Ainda sobre esta terrível doença, no dia 1 de Outubro de 1902, o governador civil recebeu ordem para tomar o Hospital do Bonfim (Goelas de Pau) que a Misericórdia se negava a abrir e a recolher os doentes atacados com varíola, pois reclamava o recebimento de um subsídio de 1.000$00 rs.
O hospital acabaria por reabrir no dia 8, passada uma semana, e com o conflito, sanado.

 
Casa da Quinta de Fiães
 
 
Sousa Viterbo disse que Roberto Van Zeller trouxe para a casa da Quinta de Fiães, “duas colunas de granito que teriam pertencido à Nobre Porta da Ribeira da medieval Muralha Fernandina”.
 
 
“Sousa Vitervo, Francisco Marques – Nasceu no Porto, a 28 de Dezembro de 1845. Morreu em Lisboa, a 29 de Dezembro de 1910.
Dedicou-se ao jornalismo. O mundo da imprensa já não lhe era desconhecido, pois desde os seus tempos de seminarista, que vinha publicando a sua poesia em jornais e revistas literárias, como O Mundo Elegante (1858-60), Mosaico (1865), Aurora (1867-68), Grinalda (1855-69) – do Porto; o Boudoir (1863-65) – de Lisboa; A Chrysalida (1863-64) e A Folha (1868) – de Coimbra.
Teve uma ligação forte com a imprensa generalista da cidade do Porto, nomeadamente com o Jornal do Porto (1859-1887); o Jornal da Manhã (1872?-1888), do qual chegou a assumir a direcção política; o Progresso Comercial (1873); e o Comércio Português (1876-1887).
Em Lisboa, foi redactor do Comércio de Lisboa (1878-1880?), substituindo Luciano Cordeiro durante os meses em que esteve no Brasil (1879), e assumiu a direcção do Jornal do Comércio (1853-1989) enquanto Eduardo Burnay, seu director, esteve ausente em Paris (1886).”
Cortesia de Rita Correia (2011)
 
 
 
 
Capela da Casa da Quinta de Fiães
 
 
A capela da Casa da Quinta de Fiães é dedicada a Santo Inácio de Loyola, com uma pintura a óleo deste santo, representando o milagre da Virgem, quando lhe apareceu, e imagens de S. Francisco Xavier.
 
 
 
Jardim da Quinta de Fiães – Cortesia de Manuela Ramos
 
 
 
Camélias na Quinta de Fiães
 
 
 
Texto extraído de “portoarc.blogspot.com/” – Cortesia de Rui Cunha
 
 

“Propriedade da família Van Zeller a partir do último quartel de setecentos, a Quinta está ligada à história da horticultura portuense desde Francisco Van Zeller (1774-1852), responsável pela introdução oficial, entre 1808 e 1810, das camélias no nosso país, trazidas justamente para a Quinta de Fiães, onde ainda hoje podem ser admiradas. Além das camélias, os jardins de Fiães, exemplarmente recriados há poucos anos aquando da abertura da Quinta ao público, incluem roseirais e mixed-borders no jardim formal e, no jardim romântico, uma grande colecção de azáleas e rododendros. Na transição entre o jardim romântico e o bosque destacam-se alguns raros eucaliptos monumentais plantados por Roberto Van Zeller (1815-1868), entre eles um dos maiores Eucalyptus obliqua do nosso país. Desde cedo se revelou o interesse desta família pela Natureza. Foi pelas suas mãos, e acompanhado pelo ilustre portuense Alfredo Allen, que se organizou a primeira feira agrícola internacional em Portugal, no ano de 1857.”
Cortesia de Rui Cunha (24 de Maio de 2013)

 
 
Eucaliptos centenários, com mais de 45 metros de altura, plantados c. 1870 – Cortesia de Manuela Ramos.
 
 
 
 
A 10 de Junho de 2000, o Zoo Santo Inácio abriu as portas ao público. Neste parque, vivem mais de 200 espécies de animais exóticos.
 
 
 
 
 
Quinta das Devesas ou Quinta do Conde das Devesas
 
 
A Quinta das Devesas situa-se na freguesia de Santa Marinha, na Rua Leonor de Freitas, entre os armazéns do Porto Barros.
 
 
" (...) antes de ser retalhada pela construção da Estação do Caminho-de-Ferro, a Sul, pelo caminho público que a atravessa de Leste para Oeste (antiga rua Nova das Devesas; depois rua D. Leonor de Freitas) e pela construção de muitos armazéns de Vinho do Porto voltados para a Calçada das Freiras (rua Serpa Pinto) ou para as Azenhas, ocupava toda uma encosta suave voltada a norte e para o rio Douro e era composta por uma extensa área com terrenos lavradios, vinha, pomares e hortas."
Cortesia de Gonçalves Guimarães; Fonte: gaiarevelada.blogspot.com/


Vários autores referem que, em 1601, a propriedade estava nas mãos do “abade de Valbom, padre José Garcês”.
Pinho Leal, de acordo com parágrafo abaixo, na sua obra “Portugal Antigo e Moderno…” dá a propriedade como pertencente, na primeira metade do século XVIII, à família dos condes da Arrochella (entre 1738 e 1744), sendo D. Manuel da Cruz Faria, enquanto pároco da freguesia de Santa Maria Madalena do concelho de Provezende, oriundo, contudo, da Casa das Devezas.

 
 


 
 
 
O capitão Manuel de Freitas de Faria, pai de Thomazia Josefa de Faria, na segunda metade do século XVIII, já era dado como senhor da Casa das Devezas, propriedade, cuja mata, se estendia até ao local onde se instalaria, mais tarde, a estação ferroviária das Devesas.
D. Thomazia casaria com Leonardo da Cunha Godinho, de cujo enlace, não resultariam quaisquer descendentes.
Herdaria depois a propriedade, c. 1779, José de Freitas Faria, que a deixou a sua mulher, D. Leonor Luísa de Freitas (cujo nome seria, mais tarde, atribuído à rua que limita o Parque da Quinta das Devesas a norte) que, por não ter filhos, a deixou a uma sobrinha, D. Mariana Vitória Pinto (1798-1872) que se casaria, por sua vez, com António Borges de Castro (1814-1884) que, tendo enviuvado, ficaria como único proprietário da Casa das Devesas.
Esta última personagem, para além de ter sido presidente da Câmara de Gaia, entre os anos de 1856 a 1857, foi também o primeiro e único visconde das Devesas, por decreto real passado por D. Luís, no ano de 1879.
Sem descendentes, os bens do visconde das Devesas passaram para a sua sobrinha, D. Maria da Conceição Bandeira de Castro, casada, por sua vez, com Francisco Pereira Pinto de Lemos, a quem foi atribuído o título de conde das Devesas por parte do rei D. Carlos, no ano de 1890.
 
 
 
Texto extraído da obra “Portugal Antigo e Moderno…” de Pinho Leal
 
 
 
Calótipo (editado) de Frederick W. Flower da Quinta das Devesas, em meados do século XIX, presente num quadro informativo do actual Parque municipal da Quinta das Devesas – Fonte: “gaiarevelada.blogspot.com/”
 
 
 
Na imagem anterior, a seta branca assinala os armazéns do Vinho do Porto, ainda existentes, na actual Rua Serpa Pinto, enquanto a seta amarela identifica a capela, junto do antigo solar.
 
 
 
 
Calotipo de Frederick William Flower, da Quinta das Devesas, c. de 1853, extraído do livro "Ensaio sobre as Camélias" de Nuno Gomes Oliveira – Fonte: “gaiarevelada.blogspot.com/”
 
 
 
Na imagem acima, ao longe, vê-se a cidade do Porto.
À data daquela impressão fotográfica, após uma visita, em 1857, o francês Olivier Merson, escrevia:
 
 
“…O Porto está ligado com Vila Nova de Gaia por uma ponte suspensa; navios de todas as nações enchem o porto; desde a base até ao cume das colinas desenham-se ruas a prumo, escadas cortadas na rocha; o Douro desaparece num fundo obscuro; nas duas margens, rochedos inacessíveis, à maneira de bastidores, fazem sobressair o motivo principal do quadro, e tudo isto, visto em distância, é de um efeito majestoso. Como decoração de teatro, como mise-en-scéne, é imponente, imenso, grandioso…”.
In O Tripeiro, Volume 3, (1/10/1912)
 
 
Ponte Pênsil D. Maria II
 
 
 
“Ao contrário do que se possa pensar, os títulos "conde" e "visconde das Devesas" não têm origens antigas e não pertenceram a uma única família. São, na verdade, títulos concedidos pelo rei de Portugal, no século XIX, a duas diferentes famílias de Vila Nova de Gaia, em reconhecimento dos benefícios económicos prestados à cidade e do país. O título de visconde das Devesas foi criado por D. Luís, em 1879, a favor de António Joaquim Borges de Castro, 1.º (e único) visconde das Devesas, nascido na Feira, em 1814 e falecido na Quinta das Devesas em 1884; como não teve descendência, a Quinta acabou na posse da sua sobrinha D. Maria da Conceição Bandeira de Castro e Lemos, que viria a casar com o 1.º conde das Devesas, título criado em 1890 do rei D. Carlos. Usaram este título:
1º conde das Devesas: Francisco Pereira Pinto de Lemos (1849-1916).
2º conde das Devesas: Alfredo Pereira Pinto de Lemos (1875-1945).
3º conde das Devesas: Ernâni Carlos Pereira Pinto de Castro e Lemos (1876-1965).
O 3.º conde das Devesas não teve descendentes e legou os seus bens à Misericórdia de Gaia, com usufruto para as cunhadas, a última das quais faleceu no solar em 1976, ficando a propriedade ao abandono até 2012. Em 2009 veio a ser acordada entre a Misericórdia e o Município uma solução urbanística para a quinta, que previa a entrega do solar e da sua zona adjacente a Câmara Municipal de Gaia.
O Conde Alfredo, homem profundamente religioso e sempre pronto a auxiliar os mais desfavorecidos, envolveu-se no movimento iniciado no dia 27 de novembro de 1928 pelo Notário Miguel da Silva Leal Júnior e por outros bons gaienses, para a criação da Misericórdia de Gaia. E quando a 26 de junho de 1929 a Misericórdia foi, oficialmente, constituída, os seus pares quiseram que fosse o Conde Alfredo a ocupar o lugar de Provedor.
Tinha então 54 anos e, durante mais sete, até 1936, ocupou esse cargo, tendo desenvolvido uma tarefa extremamente valiosa, para que fosse devidamente consolidada a vida da jovem e, então, ainda frágil instituição.
Por falecimento dos progenitores Conde Francisco e Condessa D. Maria da Conceição, herdaram os três filhos – Alfredo, Ernani e Jorge – em partes iguais, o património da família, de que era a parcela mais valiosa a chamada Quinta das Devezas, também então conhecida por Quinta do Estado, situada em Vila Nova de Gaia, onde a família tinha o seu solar.
Esta propriedade tem a sua entrada principal na Rua D. Leonor de Freitas, junto às instalações da firma Barros, Almeida & C.a. – Vinhos S.A. e era constituída por uma casa apalaçada, de dois andares, capela, anexos, jardim, estufas, pomares, hortas, adegas, casa para gado e terras de lavradio e de vinha, com uma área de 101.500 metros quadrados.
Graças à benemerência desta magnífica família, a referida Quinta é propriedade da Misericórdia de Gaia. Esta passagem realizou-se de forma faseada:
Por legado em testamento do Conde Ernani Carlos Pereira Pinto de Castro Lemos, falecido a 2 de agosto de 1965, da terça parte desta propriedade.
Por doação feita no dia 8 de março de 1966, pelas Senhoras D. Camila Machado dos Santos Castro Lemos, viúva do Conde Alfredo, falecida a 20 de maio de 1967, e de D. Maria Amélia Feio de Oliveira Leite Castro Lemos, viúva de Jorge Pereira Pinto de Castro Lemos, falecida a 14 de fevereiro de 1971, das outras duas terças partes de que eram pertença das mesmas, deduzidas de uma parcela de 21.206 metros quadrados, que as doadoras reservaram para si. Estas doações, segundo os termos da escritura, foram feitas pelo facto de ambas desejarem contribuir para “os altos fins de assistência a que se dedica a Misericórdia de Gaia”.
Na altura da morte da última das senhoras, em 1971, a Misericórdia tornou-se proprietária da Quinta das Devezas.
Entretanto, para homenagear os dadores, a Misericórdia construiu um magnífico lar para idosos, que foi inaugurado no dia 4 de julho de 1992, a que deu o nome de Lar Residencial Conde das Devezas, atualmente designado de Residências Seniores Conde das Devezas.
Fonte: “scmg.pt/historia”
 
 
No início da segunda metade do século XIX, o antigo solar foi renovado, adquirindo o aspecto que ainda hoje mantém.
Na fotografia seguinte, é possível observar-se o aspecto que a casa tinha antigamente.
 
 
 
Escadaria principal do solar da Quinta das Devesas – Cortesia Alexandre Silva
 
 
 
Capela (em ruínas) do solar da Quinta das Devesas – Cortesia Alexandre Silva
 
 
Fachada principal do solar da Quinta das Devesas – Cortesia Alexandre Silva
 
 
Presentemente, com o antigo solar da quinta, em ruínas, os seus jardins foram transformados no “Parque da Quinta das Devesas/Jardim das Camélias”, um equipamento municipal, aberto ao público, onde sobressai o Jardim das Camélias. 
O Parque conta com 118 variedades diferentes de japoneiras, 91 das quais obtidas em Gaia e no Porto, nos séculos XIX e XX.


 
 
Painel existente no Parque da Quinta das Devesas



 Jardim das Camélias


 
 
 
Entrada do Parque da Quinta das Devesas. Em primeiro plano, as instalações da firma Barros, Almeida & C.ª

 
 
Pequeno lago com escultura na Quinta das Devesas – Cortesia de “gaiarevelada.blogspot.com/”
 
 
 
Lago e ponte da Quinta das Devesas – Cortesia de “gaiarevelada.blogspot.com/”




Quinta da Costa e solar dos Condes de Resende
 

Situa-se esta quinta na freguesia de Canelas, no Lugar de Negrelos, em V. N. de Gaia e dela se diz que o solar tem raízes em 1042 (referência em Carta de Negrelos).
 
 
 
“Construída para residência na época Medieval, foi comprada e adaptada em 1984 para Casa Municipal da Cultura, pela Câmara Municipal de V. N. de Gaia depois de ter pertencido aos Condes de Resende que deram origem à actual designação.
De realçar o jardim das Japoneiras ou das Camélias, com exemplares centenários, e a Estátua de Eça de Queiroz que nesta casa se enamorou de Emília de Castro Pamplona, filha dos Condes de Resende.
Aqui funciona um Centro de Documentação Histórica, com documentação original desde a Idade Média, um Núcleo Museológico de Arqueologia, Arte e Antropologia e espaço de exposições temporárias e de Congressos.
Na programação anual destacam-se as festas do solstício de Verão e as comemorações queirosianas em Novembro, para além de actividades quotidianas nos domínios da arqueologia, história, antropologia cultural e património relacionadas com o Município e a região envolvente e afinal com todo o mundo com quem a história da Casa e as suas colecções a relacionam”.
Fonte: solaresebrasoes.blogspot.com/

 
 
 

Solar dos Condes de Resende
 
 
 
 
Reconstruído o solar durante a dinastia filipina, por Tomé da Costa, ficaria conhecida por Quinta da Costa.
Transitaria, depois, para os viscondes de Beires e, finalmente, para os condes de Resende, por casamento do 4º conde de Resende, António Benedito de Castro, em 1843, com Maria Balbina Pamplona Carneiro Rangel Veloso Barreto de Figueiroa (1819-1890).
Será a filha deste casal, Maria Emília de Castro Eça de Queiroz (1857-1934), que casaria em 1886, com José Maria Eça de Queiroz (1845-1900). A Quinta foi, por isso, também, conhecida como “Quinta dos Resende”.
No solar, com três corpos, de dois pisos de planta em “Z”, o seu primeiro piso estava preparado para as tarefas do dia-a-dia e para as despensas. No piso superior, apresentava-se a área de habitação e aí, se desenrolavam, também, todas as actividades de lazer.


Vista área da Quinta dos condes de Resende – Fonte: Google


O solar foi dotado de uma capela de invocação de S. Tomé, semi-privada, pois situava-se extra-muros do edifício.


 
 

Entrada da Quinta dos Condes de Resende – Fonte: Gloogle maps

 
 
No Verão, os condes de Resende costumavam frequentar a quinta em Negrelos, quando demandavam a praia da Granja.
Os Condes de Resende, até 1895, tinham a sua residência principal, no Porto, num magnífico palacete, na Quinta de Santo Ovídio, que abandonaram, naquela data, para ser loteada toda a área e aberta a Rua de Álvares Cabral. 




 
Quinta do Marques Gomes ou Quinta do Montado
 

A Quinta de Marques Gomes, também referida como Quinta do Montado, localiza-se na freguesia de Canidelo, no concelho de Vila Nova de Gaia.
Situada na margem esquerda do rio Douro, constitui-se numa vasta propriedade de 36 hectares e o seu palacete, uma ampla edificação, com 37 salas distribuídas entre o rés-do-chão e dois andares, cercado por árvores e um jardim. No interior tem tectos lavrados e paredes ornamentadas com frescos.
O autor do projecto foi o engenheiro António da Silva que, na transicção para o século XX, ficou ligado a projectos icónicos encomendados por membros dos grupos mais dinâmicos da estrutura industrial e comercial do Porto, de que se destaca o Palacete dos Andresen, na Avenida de Montevideu e, ainda, um já desaparecido chalet, situado junto de um viaduto ferroviário (do qual hoje só o conhecemos, apenas, por algumas fotos) e que se localizava próximo do Largo de Cadouços.

 
 
Palacete do Marques Gomes
 
 
Depois da revolução de Abril de 1974, o espaço albergou o Centro Popular de Canidelo e posteriormente a CerciGaia.
A propriedade passou, recentemente, pelas mãos de um fundo imobiliário que visava nela implantar um projecto de arquitectura da responsabilidade do gabinete Barbosa & Guimarães, autores, entre outros projectos, do edifício sede da Vodafone, na Avenida da Boavista.
 
 
“A propriedade encontra-se hoje em mãos da Espírito Santo Fundos Imobiliários (Banco Espírito Santo) que apresentou um projeto que previa a construção de 1.100 casas ocupando uma área de 148 mil metros quadrados. Este ambicioso projecto construtivo gerou muita polémica, levando a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte a chumbá-lo. Por acordo com a "Gaia Polis" e a Câmara Municipal de Gaia, a entidade promotora acabou por aceitar uma redução em dois terços da capacidade construtiva.
Para além disso, prevê-se preservar 100 mil metros quadrados de espaço verde que, cedidos à autarquia, irão permitir a criação do Parque Urbano do Vale de São Paio.”
Fonte: “pt.wikipedia.org/”
 
 
 
Há cerca de um ano, a propriedade foi comprada pela United Investments Portugal, que ali pretende realizar um investimento de cerca de 200 milhões de euros, a concretizar em várias fases nos próximos "cinco e sete anos", num projecto que inclui um "boutique hotel com uma marca internacional" e também uma "forte componente residencial".
 
 
Palacete do Marques Gomes - Cortesia de “ruinarte.blogspot.com/”
 
 
 
 
Manuel Marques Gomes (Canidelo, 15 de Novembro de 1867 — Canidelo, 18 de Janeiro de 1932) foi um homem de negócios e benemérito.
Filho de pescadores, nasceu pobre, tendo vivido os primeiros anos da sua vida com grandes dificuldades. Teve, no entanto, a sorte de ter despertado a atenção de uma senhora de posses que o retirou da rua e lhe deu educação. Em 1885, com dezoito anos, partiu para o Brasil.
No Pará, ingressou na firma comercial Nunes & Almeida Ld.ª que, em pouco tempo, se iria transformar em Marques Gomes & C.ª.
Importava aguardente, café e açúcar por grosso.
Conheceu, então, Rosalina dos Santos, brasileira com pais portugueses da Figueira da Foz, com quem se casou. Graças também à fortuna da família da mulher, os negócios de Marques Gomes foram crescendo, criando com outros sócios a Empresa de Navegação do Grão-Pará.
Problemas de saúde acabaram por ditar o seu regresso a Portugal, em 1890. Apesar da fortuna acumulada, Manuel Marques Gomes continua a actividade mercantil, na firma exportadora de vinhos Bento Cunha & C.ª, em Matosinhos.
Pai de treze filhos, adquiriu a Quinta do Montado — hoje mais conhecida como Quinta de Marques Gomes —, na Alumiara, Canidelo, Vila Nova de Gaia, começando a construção de um palacete. À volta do seu palacete mandou plantar uma frondosa floresta, com árvores únicas na região, importadas do Brasil. Na sua quinta, ergueu também uma fábrica de conserva do peixe. Investiu, ainda, em fábricas de cerâmica e em armazéns de vinhos do Porto.
Na sua terra natal, apoiou obras paroquiais, financiou o prolongamento da rede eléctrica até à freguesia, construiu o Apeadeiro de Coimbrões, uma escola primária (já demolida), o campo de futebol do Sport Clube de Canidelo, diversas ruas e estradas, etc. Foi, também, financiador do Clube Euterpe.
Faleceu em 1932, com 65 anos de idade, tendo os seus treze filhos se envolvido em disputas quanto à herança.
Abandonada, por isso, a propriedade e o palacete, há muitos anos, a ruína deste levou, a que nos últimos anos, o associem a uma lista de lugares assombrados na região, tendo a vegetação tomado conta do edifício que, entretanto, foi pilhado e incendiado.
Na obra literária “Histórias de um Portugal Assombrado”, Vanessa Fidalgo, faz o seguinte relato:
 
 
«”Saiam daqui, vão-se embora!” – vociferou uma voz metálica e grotesca assim que os elementos da equipa de investigação de fenómenos paranormais Team Anormal passaram um registo de EVP pelo software de limpeza de ruídos. A gravação fora feita poucas horas antes, no interior do Palacete de Marques Gomes, uma antiga mansão abandonada e prostrada aos pés do rio Douro, na margem de Vila Nova de Gaia [...] era a prova de que “as almas do outro mundo existem e andam por aí!”»

 
 
Entrada da Quinta do Montado – Cortesia de “timeout.pt/”
 
 
 

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