sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

25.173 A introdução do consumo da cerveja nos hábitos dos portuenses

 
Os primórdios
 
A produção de cerveja, em Portugal, aponta para o ano de 1689, com o aparecimento da primeira fábrica. A relutância da sociedade para o consumo de cerveja, que era considerada uma bebida de baixo preço e inimiga do vinho, estendeu-se às autoridades que proibiram a sua importação entre 1710 e 1810, o que suscitou, nesse período, a entrada de algumas quantidades por contrabando. Entre as diversas mercadorias entradas por contrabando e apreendidas pelos fiscais da Alfândega do Porto, entre 1788 e 1791, contavam-se 10 almudes de cerveja (cerca de 250 litros).
O hábito do seu consumo acelarou, porém, quando começaram, no século XIX, a abrir os primeiros botequins e cafés.
Ainda nas primeiras décadas do século XIX, o consumo de cerveja na cidade do Porto estaria circunscrito quase exclusivamente aos residentes estrangeiros, sobretudo aos ingleses.
Contudo, a partir da década de 1830, a cerveja foi conquistando um número crescente de adeptos e, nesses tempos, já se divulgavam receitas para fazer cerveja caseira.
No entanto, habituados ao consumo de vinhos, a mudança não foi fácil.
Disso nos é dado prova, pelos fazedores de opinião desses tempos – os escritores.
Assim, Júlio Dinis na sua obra “Uma Família Inglesa” descreve a posição de um típico inglês, Richard Whitestone, perante o consumo de cerveja:
 
 
A mesma indiferença, a mesma, senão absoluta impassibilidade, estabilidade de razão pelo menos, com que, uns após outros esvaziava copos de cerveja e cálices de Porto e Madeira, de rum, de conhaque, de kummel, de ginger beer, e até de absinto, libações que a qualquer pessoa menos inglesmente organizada ameaçariam, em pouco tempo, com as mais pavorosas consequências de um completo alcoolismo”.
 
 
Por sua vez, Ramalho Ortigão, nas FARPAS, faz alusão ao consumo de cerveja, após uma noitada de batota na Foz, nos seus tempos de juventude, na década de 1860, numa “espelunca” improvisada “no lindo cottage do Mallen, na Praia dos Ingleses, com um terraço sobre o mar e a entrada pela rua da Senhora da Luz”. Quando todos abandonaram a sala, já ao romper do dia, os vestígios eram indisfarçáveis:
 
 
 
 




 
Na gravura acima, publicada no livro "As Praias de Portugal, Guia do Banhista e do Viajante", editado em 1876, talvez numa das casas representadas, funcionasse o tal cottage do Mallen de que falava Ramalho Ortigão.
Camilo Castelo Branco várias vezes aludiu, nos seus romances, ao consumo de cerveja. Entre essas ocasiões, no romance “Duas Horas de Leitura” fê-lo, quando com o seu companheiro de viagem, que tinha por destino Vila Nova de Famalicão, param na estalagem da Mariquinhas, na Carriça, para darem descanso aos cavalos e matarem a sede.
 
 
 


 
 
 
 
Por outro lado, Camilo Castelo Branco, na sua obra “O Cego de Landim” (1877), criticava o uso imoderado da cerveja pelos jovens da época.
Camilo tinha as suas razões para fazê-lo, já que, o seu filho Jorge acumulava a infelicidade da demência com bebedeiras de cerveja.
Já, Eça de Queiroz nos seus “Contos” faz referência à nova bebida.
 
 
 
“Meu caro amigo! Os meses cerimoniais de luto passaram, depois outros, e José Matias não se arredou do Porto. Nesse Agosto o encontrei eu instalado fundamentalmente no Hotel Francfort, onde entretinha a melancolia dos dias abrasados fumando (porque voltara ao tabaco), lendo romances de Júlio Verne, e bebendo cerveja gelada até que a tarde refrescava e ele se vestia, se perfumava, se floria para jantar na Foz.”

 
 

Hotel Francfort, c. 1900
 
 
 
 

A meio da foto, na esquina das ruas do Laranjal (à esquerda) e de Elias Garcia (à direita), nos andares superiores esteve o Hotel Francfort. Eram tempos em que estava a decorrer as demolições para abertura da Avenida dos Aliados
 
 
 
As experiências industriais para produção de cerveja começariam em 1836, e progrediriam, em crescendo, até ao fim do século XIX. Durante esses anos a cerveja era designada por “bock”, por analogia a termos resultantes da sua importação.
Assim, um copo de cerveja equivalia a um “bock”.
 

 

 
“A expansão do consumo da cerveja no Porto romântico, em especial a partir de meados de Oito­centos, provocou um crescente dinamismo da indústria cervejeira local, multiplicando‑se os pedidos de alvarás para a instalação de novas unidades, que contribuíram para a substituição gradual da cerveja importada (sobretudo, inglesa e alemã) por cerveja de produção nacional.
Se as primeiras experiências industriais deste sector, como a Fábrica de Cerveja Portuense, de 1836, parecem ter sido efémeras, outras unidades que se instalaram depois seriam mais duradouras.
Em 1861, existiriam já, pelo menos, treze fábricas de cerveja nos concelhos do Porto e Gaia, embora se tratasse, na maior parte dos casos, de pequenas unidades artesanais, correspondendo a consumos ainda bastante reduzidos. Como referia o deputado do Porto Faria Guimarães, em 1860:
“Estas fábricas [de cerveja] fazem entre nós poucos interesses, porque o nosso povo prefere o vinho à cerveja, e mesmo o verde, quando o há, é melhor do que ela; mas se for maduro não se estima menos. A cerveja apenas se gasta entre nós em alguns meses do verão, e nesses mesmos em pequena quantidade”.
Mas a tendência crescente de expansão dos consumos estimulou a instalação de unidades maiores e mais bem apetrechadas, como a “Fábrica de Cerveja da Baviera”, de Jansen & Cª, que se associou a Agostinho Moreira dos Santos, na Rua da Piedade, desde 1863, e que construiu, na década seguinte, uma nova fábrica na Rua do Melo, inaugurada em 1876.
Ou a modernização, desde 1884, da velha Fábrica da Piedade pelo alemão Maximiano Schreck, que dispunha também de uma afamada cervejaria na Rua do Laranjal, anunciando, além da “cerveja nacional”, “cerveja alemã branca e preta, a qual rivalizando com a estrangeira custa pouco mais do que metade do preço”.
Num mercado em expansão, a concorrência das cervejeiras portuenses através de uma rede de distribuição dominada por depositários (armazenistas), que impunham preços e condições que limitavam as margens de lucro dos industriais, conduziria, nos anos oitenta, a estratégias de carteli­zação do sector. Esse movimento de concentração dos industriais cervejeiros do Porto culminaria na criação da CUFP – Companhia União Fabril Portuense das Fábricas de Cerveja e Bebidas Refrigerantes (antepassada da actual Unicer), em 7 de Março de 1890, reunindo capacidades financeiras e técnicas para desenvolver a produção industrial e controlar o mercado portuense e nortenho. No ambiente anglófobo que se vivia então na cidade, na sequência do Ultimatum inglês de 11 de Janeiro, vale a pena destacar que a primeira marca de cerveja lançada pela nova empresa foi a “Serpa Pinto”, numa clara afirmação nacionalista e nacionalizadora da bebida que muitos continuavam a considerar anti‑nacional”.
Com a devida vénia a Gaspar Martins Pereira, Professor catedrático do Departamento de História e de Estudos Políticos e Internacionais da FLUP


Agostinho Moreira dos Santos, acima referido, foi quem inaugurou, no início da década de 1860, uma fábrica de cerveja na Rua da Piedade e terá ficado conhecido na cidade, também, por ser o gerente dos teatros Circo e Camões e neles promover, pelo Carnaval, animados bailes de máscaras.
 
 


Requerimento dirigido à CMP, por Agostinho Moreira dos Santos, para construção de prédio que viria a ser a sua fábrica de cerveja e que receberia a licença de construção, nº 208/1857 – Fonte: AHMP
 
 
 

Desenho da fachada da fábrica que Agostinho Moreira dos Santos se propunha erigir na Rua da Piedade – Fonte: AHMP
 
 
 
Ainda, no ano de 1857, Agostinho Moreira dos Santos solicita à Câmara a obtenção de licença para acrescentar um andar ao edificado já aprovado, anteriormente, para o mesmo local.

 
 

Nova fachada, constante de projecto apresentado à Câmara do Porto, da fábrica de cerveja da Rua da Piedade, que obterá Licença de obra nº 331/1857

 
 
Agostinho Moreira dos Santos falecerá, em 29 de Julho de 1882, na Rua da Piedade onde, também, residia, deixando viúva e seis filhos herdeiros.
Em 1884, já Maximiano Schreck estava à frente dos destinos da fábrica de cerveja da Rua da Piedade, a qual iria modernizar.
No Porto, em 1890, existiam seis unidades de produção (Fábrica da Piedade, Fábrica do Mello, M. Achvek & Cia., J.J. Chentrino &Cia, J.J. Persival & Cia e M. Schereck) que, a 7 de Março desse ano, foram fundidas com uma unidade de Ponte da Barca, numa única empresa, a Companhia União Fabril Portuense (CUFP), em laboração até 1977, altura em que passa a constituir a Unicer.
O edifício da unidade referida e sita em Ponte da Barca, seria vendido, em 1902, à câmara local e os equipamentos transferidos para o Porto, como forma de obtenção de fundos para a aquisição de um terreno na Rua da Piedade, onde viria a situar- se, por muitos anos, a sede e os escritórios centrais da empresa que, até aí, se localizavam na Rua do Mello.
A ligação entre as unidades fabris da Rua do Mello e da Rua da Piedade remontava a alguns anos atrás quando, em 1863, a “Fábrica de Cerveja da Baviera”, de Jansen & Cª, se associou, a Agostinho Moreira dos Santos, proprietário de uma outra unidade na Rua da Piedade e acabaram por, em 1876, inaugurar uma nova fábrica na Rua do Mello.
Por outro lado, em 1884, já o alemão Maximiano Schreck modernizava a velha fábrica da Rua da Piedade, ele que detinha uma conceituada cervejaria na Rua do Laranjal, nos baixos do prédio onde se situava o Hotel Francfort.

 
 

A cervejaria Schreck localizava-se no rés-do-chão do prédio da esquina, junto à área do gaveto (à direita), onde estava o Café do Chaves. A fachada observável do prédio, onde nos andares superiores esteve o Hotel Francfort, estava voltada para a Rua do Laranjal e, aquando da obtenção da foto, procedia-se a demolições para a abertura da Avenida dos Aliados
 
 
 
“É decidida a venda das instalações de Ponte da Barca, dos armazéns de vinho de Vila Nova de Gaia e de todo o ferro e cobre sem aplicação, como forma de obter fundos para a aquisição do terreno – por 8,5 contos de réis – junto da Fábrica da Piedade. O financiamento é obtido por hipoteca, tendo-se entrado com 6 contos em dinheiro e cinco letras de 500 mil réis pagas semestralmente, sem juros.
O negócio do vinho é extinto por não ser compensador e os produtos armazenados nas Devesas são vendidos em conjunto, permitindo um encaixe de dois contos e 800 mil réis.
Fonte: “unicer.pt”
 
 

Entretanto, outras fábricas, espalhadas pela cidade, terão encerrado. Será o caso da que, abaixo, ainda publicitava, em 1891.

 
 
 

In jornal “O Comércio do Porto” de 2 de Maio de 1891
 
 
 
 
 
Companhia União Fabril Portuense de Cerveja e Bebidas Refrigerantes, SARL/
 
 
 
“Poucas empresas podem orgulhar-se de uma tão longa história, com raízes fundas que remontam aos inícios da industrialização do sector das bebidas, na segunda metade do século XIX. As origens da Unicer remetem-nos para o movimento dos industriais cervejeiros do Porto que fundaram, em 7 de Março de 1890, a CUFP - Companhia União Fabril Portuense das Fábricas de Cerveja e Bebidas Refrigerantes, uma sociedade anónima de responsabilidade limitada, dispondo de um capital inicial de 125 contos, com o objectivo de reunir capacidades financeiras e técnicas para desenvolver o seu sector de actividade. Das sete fábricas que se uniram nesse projeto, seis do Porto e uma de Ponte da Barca, algumas tinham já várias décadas de existência. Foram essas fábricas que iniciaram o abastecimento de cerveja nacional aos cafés e cervejarias do Porto, substituindo gradualmente a cerveja importada, numa época de mudança dos hábitos de consumo, sobretudo nos meios urbanos. Num país de tradições vinícolas, a cerveja passou de «bebida estranha» a «bebida da moda». No início, a CUFP começou a laborar nas fábricas da Rua Piedade e da Rua do Melo, em condições pouco mais que artesanais. Empregava apenas 13 trabalhadores e produzia, essencialmente, cervejas, gasosas e gelo, em quantidades limitadas. Nessa altura, a produção de cerveja rondaria os 360 mil litros.
Os negócios da empresa estendiam-se ainda a outras bebidas alcoólicas, como licores, cognacs e aguardentes, vinhos e genebra. A gestão era feita diretamente por acionistas eleitos para o efeito e decorria num ambiente familiar. Desde então até à actual Unicer, mais de 120 anos de história contam uma persistente busca de renovação em todas as dimensões da atividade da empresa”. 
Site da Unicer
 
 
 
Após a data da formação da CUFP - Companhia União Fabril Portuense das Fábricas de Cerveja e Bebidas Refrigerantes, na Rua do Laranjal, nº 22, no prédio onde estava sedeado o Hotel Francfort e a cervejaria do alemão Maximiano Schreck, seriam comercializados os produtos saídos das suas fábricas de acordo com a publicidade seguinte.
Aí, a CUFP passou a ter os seus escritórios e uma cervejaria.
A produção da cerveja fazia-se na fábrica da Rua do Melo e na fábrica da Rua da Piedade.

 
 
 

Publicidade, em 1890, com referência à marca “Serpa Pinto”
 
 
 
 

Publicidade à Companhia União Fabril Portuense, na Rua do Laranjal, nº 22, em 1891
 
 
 

Publicidade, In jornal “A Voz Publica” de 1 Agosto 1891



Catorze anos depois da constituição da CUFP, seria construída uma nova fábrica na Rua da Piedade para substituição da existente.




CUFP, na Rua da Piedade
 
 
Acima está a fachada principal das instalações da fábrica da CUFP - Companhia União Fabril Portuense de Cerveja e Bebidas Refrigerantes - Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada, situada então na Rua da Piedade, hoje um terreno ajardinado, junto de onde se encontram actualmente os edifícios «Mota-Galiza», à Praça da Galiza e onde, presentemente, está a ser construída uma estação do Metro.
O edifício ficou concluído em Janeiro de 1904, situando-se na Rua da Piedade, nº 140, a sede da empresa e unidade fabril.
 
 
 

Cartaz de 1907, anunciando a primeira marca icónica (A Cristal) produzida na nova fábrica da Rua da Piedade
 
 
 
Até a CUFP mudar a sua fábrica para as suas instalações actuais, em Leça do Balio (1964), manteve os seus pólos de produção dispersos, nomeadamente o da Rua da Restauração, nºs 60-82, construído entre 1912 e 1913, com algumas alterações nos anos 1940, conhecida como Fábrica de Cerveja Leão, destinada a fabrico de cerveja e gelo.
Esta unidade é inaugurada a 20 de Novembro de 1914, passando a Companhia a deter duas fábricas (da Piedade e da Restauração) em regime de concorrência. Os investimentos na nova unidade foram de 250 contos. Pretendia-se colocar em Marrocos a cerveja produzida por esta nova unidade.
A conhecida internamente como “Fábrica do Leão” é encerrada em 1916, depois de por decisão governamental terem sido expulsos dois técnicos cervejeiros alemães que prestavam serviço técnico na unidade fabril.
Estava-se em plena 1ª guerra Mundial e as matérias-primas, de diversa ordem, iam escasseando, neste caso, o malte e a cevada.
Em 1929, ainda seria assinado com a Fábrica de Moagens Victória, antiga Fábrica do Corpo Santo, um contrato de venda de água de mina por 6.500$00, que corria nos terrenos da Fábrica do Leão.



Fábrica de Moagem do Corpo Santo, In jornal “A Voz Pública” de 12 Julho de 1900

 
 
Perspectiva actual da gravura anterior - Fonte: Google maps



Publicidade à Fábrica de Moagem de Trigo do Corpo Santo - Fonte: Jornal "A Voz Pública de 12 de Janeiro de 1902



Em 1941, seria montada uma malteria nas instalações da Fábrica Leão e, em 1966, as instalações seriam vendidas para albergarem outros serviços e empresas.
 
 
 
 
Edifício onde funcionou a Fábrica de Cerveja Leão, na Rua da Restauração
 
 
 
A partir da década de 1930, as instalações fabris da Rua da Piedade são alvo de uma ampliação.
 
 
 

Edifícios da CUFP, na Praça da Galiza e Rua da Piedade, após ampliação das instalações primitivas que lhe eram contíguas - Ed. Jornal de Notícias
 
 
 
Na foto anterior, já é possível apreciar, para além do edifício mais antigo de 1904, um outro mais recente, o da esquina, dos anos 30, projectado por Arménio Losa.
Em 1918, já se tinha concretizado, também, a aquisição de um edifício e terreno na Rua da Boavista, pertencentes à antiga Fábrica de Panificação.
Em 1921, foram compradas mais quatro casas contíguas à Fábrica da Piedade, onde seria erguido o tal novo edifício.
 
 
 

Frota de camiões da CUFP, na Rua de Júlio Dinis, junto da fábrica
 
 
 

Instalações da CUFP, em 1957, quando foi inaugurada, a 1 de Maio, a cervejaria, no topo sul (oposto ao visionado) para promover as suas marcas e a fábrica já tinha tomado o local (à direita) onde esteve a primitiva fábrica
 
 
 
Todo a área de implantação dos edifícios fabris da CUFP, hoje uma área que está a ser preparada para que aí surja uma estação de Metro seria, mais tarde, permutado por um outro na Rua Diogo Botelho, frente à Universidade Católica.
Os edifícios «Mota-Galiza» foram por sua vez construídos, no terreno da Fábrica do Jacinto, na Rua da Piedade, mais a poente, o que pode ser apreciado na vista abaixo.


 

Perspectiva do local da foto anterior, que podia ser visionada há poucos anos, quando a área se tinha tornado um amplo relvado – Fonte: Google maps
 
 
 
Um dos ex-libris da CUFP seria lançado em 1927.
 
 
"No dia 9 de Novembro de 1927 foi registado o nome da marca Super Bock, marcando assim início a história de uma das mais emblemáticas marcas portuguesas.
A ideia que culminou no surgimento da marca Super Bock partiu de um dos administradores da CUFP (Companhia União Fabril Portuense das Fábricas de Cerveja e Bebidas Refrigerantes), empresa que acabou por originar em 1977 a empresa que actualmente detém a Super Bock e várias outras marcas, a Unicer.
Esta cerveja é da variedade bock, inserida no tipo Lager, a cerveja mais consumida no mundo, caracterizada por fermentar a temperaturas mais baixas, tendo um teor alcoólico de 5,2%.
A história da Super Bock é inseparável da história da CUFP, sendo que, tal como o nome indica, a produção e consumo da cerveja se situou principalmente no Norte do país durante os seus primeiros anos, facto pelo qual demorou algum tempo a estender-se em massa para o sul do país. Esta expansão deveu-se em muito à inauguração da unidade fabril de Leça do Balio na década de sessenta, unidade que estava preparada para produzir cerca de 25 milhões de litros de cerveja por ano, para responder ao aumento da procura e de consumo que se verificou nesses anos. Assim, com o aumento da produção e com a aposta no reforço da distribuição, a Super Bock chegava a Lisboa no ano de 1972.
A Super Bock recebe a sua primeira distinção internacional, ao ganhar a medalha de ouro no concurso Monde Selection de La Qualité, evento realizado no Luxemburgo, que premeia as cervejas com maior qualidade. O número de medalhas ganhas pela Super Bock neste concurso atinge já as 35, sendo a única marca no nosso mercado que atingiu este feito. A expansão internacional também é notória, estando actualmente a Super Bock presente em cerca de 40 países nos 5 continentes”.
 “aminhagestao.blogspot.com/”
 
 
 
 
A partir de 1927 e anos seguintes, surgem duas novas marcas de cerveja: a Super Bock e a Zirta, logo seguidas pelo aparecimento da Nevália, uma cerveja que existiu, apenas, durante os anos da 2ª Grande Guerra e que serviu para preservar as outras marcas, face à deficiente qualidade das matérias-primas. Em 1941, surge também a Vitória, marca da qual se venderam grandes quantidades para apoiar os soldados aliados que se encontravam em Gibraltar. Para além da aposta no mercado nacional, a CUFP também participa no capital social da CUCA, empresa de cervejas de Angola. O crescimento da empresa era constante e, em meados da década de 1950, a CUFP produzia mais de três milhões de litros e as receitas atingiam o valor recorde de 28 milhões de escudos. Por esta altura, a CUFP produzia as marcas Cristal, Super Bock, Invicta Negra, Invicta Cola, Além-Mar e Zirta.
Com o objectivo de divulgar as marcas da CUFP - Cristal, Super Bock, Invicta Negra, Invicta Cola, Além-Mar e Zirta - é inaugurada, em 1957, uma cervejaria situada num edifício da Rua de Júlio Dinis, contíguo às instalações fabris que rapidamente se tornou num sucesso comercial, depois de em 1960 ser concluída a construção de uma esplanada na parte ajardinada da cervejaria.
 
 
 

À esquerda da foto ficava a esplanada da cervejaria – Fonte: Google maps



À entrada da cervejaria, anexa à unidade industrial que se desenvolvia até à Praça da Galiza, ficava a sua ampla esplanada. 
Ela situava-se junto do cotovelo que faz a Rua de Júlio Dinis no seu traçado para o Palácio.
A conceituada e renomada marca “Super Bock” apareceria em 1927.
 
 
 

Publicidade à laranjada Invicta lançada em 1933
 



Esta marca  de refrigerante «Invicta» surgiu em 1956 e foi comercializada nas variedades de Laranjada, Cidra e Lima – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
 
 
 
Em 1940, ocorreria a comemoração das bodas de ouro da empresa.






 
Dada a necessidade de aumentar a sua produção, seria construída uma nova fábrica, em Leça do Balio, inaugurada em 1964.
A CUFP passaria, a partir dos anos 70, do século passado, por várias fases: após o 25 de Abril, foi nacionalizada em 30/8/1975; reestruturada em 1977 com a fusão da CUFP, União Cervejeira de Portugal e Copeja e reprivatizada em 1990.
Após o ano 2000, diversificou os seus produtos comprando interesses em empresas produtoras de águas, vinho, café e turismo e a empresa adquire o Grupo Vidago, Melgaço e Pedras Salgadas (VMPS) e ainda a totalidade do capital da Caféeira SA, a mais antiga marca de café em Portugal.


 

Instalações em Leça do Balio

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