Desabamento nos
Guindais
A derrocada e incêndio dos Guindais, 27 de Janeiro de 1879 –
Fonte: Gravura de Soares dos Reis
O local, por alguma razão, parece ser propenso a eventos,
muitas vezes pouco agradáveis. Desta vez, tratou-se do terrível desabamento,
ocorrido em 27 de Janeiro de 1879.
Derrocada nos Guindais, seguida de incêndio (27 de Janeiro
de 1879) – Fonte: Desenho de J. J. Pinto, In “O Occidente”
“Em 27 de Janeiro de
1879, a escarpa dos Guindais desabou, levando consigo o casario existente no
local, nomeadamente todo aquele que se estendia pela sua base.
Seguidamente, por
entre os destroços das casas, deflagrou um grande incêndio que se prolongou por
toda a tarde. A catástrofe atingiu tal magnitude, que nem no próprio rio Douro
se estava a salvo. Uma embarcação despedaçou-se, após de ter sido atingida por
um penedo que, após rolar pela encosta, a alcançou.
A Ponte Pênsil (Ponte
D. Maria II) oscilou com as ondas de choque, originadas pelo impacto da
derrocada”.
Fonte: “monumentosdesaparecidos.blogspot.pt”
Cais dos guindais c. 1900
Em 5 de Março de 1959 ocorreu um grande desmoronamento de
parte da muralha fernandina dos Guindas, com 8 mortos.
Morre o industrial Carlos de Sousa Oliveira, da Sociedade
Têxtil do Seixo, da Fábrica de Sedas Nogueira, etc.
Muralha Fernandina nos Guindais em 1959 – Ed. José Marques
Abreu Júnior; Fonte: “monumentosdesaparecidos.blogspot.pt”
Reparação da muralha fernandina após derrocada de 1959
Ponte Maria Pia vista dos Guindais
Tragédia durante o
alargamento de um troço da Rua do Pombal em 1865
Eram 6 horas da manhã de uma 5ª Feira, do dia 8 de Junho de
1865.
Na Rua do Pombal, hoje baptizada de Rua Adolfo de Casais
Monteiro, alguns operários procediam à recolha de terra para ser usada nos
trabalhos do Palácio de Cristal, num pedaço de terreno de uma quinta situada já
próximo da Rua do Triunfo, hoje a Rua D. Manuel II.
A Rua do Pombal é a que liga aquela rua, com o Largo da
Maternidade.
O Palácio de Cristal estava, à data, a ser preparado para a
Exposição Internacional do Porto, que iria ocorrer a 18 de Setembro daquele
ano.
Os referidos trabalhos visariam ainda, em complemento,
segundo algumas opiniões, fazer o alargamento de um caminho, e imporiam para
que tal fosse possível, o derrube de um muro que vedava a quinta do Palácio
Real; pretendia-se em sequência, fazer a ligação da inacabada Rua do Pombal à
antiga Rua dos Quartéis (desde 1838, denominada Rua do Triunfo). Toda a cena
viria a desenrolar-se junto de um muro que delimitava a quinta com a
intervenção, como era prática nesse tempo, também, de algumas mulheres e
crianças.
Relembre-se que o Palácio das Carrancas tinha sido comprado
pela Coroa, quatro anos antes.
A tragédia aconteceria quando o muro citado, pela retirada pouco
cuidada das terras adjacentes, ruiu.
Na Planta de Balck de 1813 o caminho a azul viria a ser a
Rua do Pombal
Planta de Joaquim Costa Lima em 1839 e a amarelo a Rua do
Pombal ainda sem ligação à Rua dos Quartéis
Planta de 1838 na qual se observa a necessidade da ligação
da Rua do Pombal à Rua dos Quartéis, à data, um tortuoso caminho – Fonte:
“Gisaweb”
Nas três plantas anteriores com a letra A, está identificado
o Palácio dos Carrancas com a sua planta em U.
O Jornal O Comércio do Porto noticiaria da seguinte forma os
factos:
“À hora em que
escrevemos tinham sido extraídas umas doze pessoas, quatro das quais já
cadáveres. As outras, umas com o corpo completamente esmagado quasi da cinta
para baixo, outros com as pernas e braços quebrados, e todas gravemente feridas
e escorrendo em sangue, foram transportadas em macas para o hospital da
Misericórdia.
Por enquanto é difícil
fixar o número dos desgraçados a quem àquela hora matinal estava já reservada
tão negra sorte. Em mais de vinte porém se calculam os que mais ou menos
terrivelmente sofreram as consequências deste desastre.
A não serem os prontos
socorros prestados pelo resto dos operários do Palácio de Cristal, tratando de
desentulhar o muro desabado, muitos dos que saíram vivos, teriam ali encontrado
uma morte infalível.
As vitimas compõem-se
de mulheres, homens e crianças de um e outro sexo.
Com duas destas deu-se
um caso que se pode dizer providencial. No desabamento do muro, de tal modo se
entestaram as pedras que caíram sobre elas, que estando as crianças
completamente sepultadas debaixo das ruínas, a abóbada, contudo, formada pelas
pedras, as preservou da morte e até de ferimentos importantes.
O desastre da rua do
Pombal foi uma cena de horror que é fácil de imaginar mas que custa a
descrever.”
O Comércio do Porto,
1865, 8 de Junho
Por sua vez o
“Jornal do Porto” a 8 de Junho de 1865 escrevia a propósito do mesmo
acontecimento:
“Jornal do Porto”
em 8 de Junho de 1865
O Hospital da
Misericórdia referido nas notícias ficava bem perto do local do acidente. É o
actual Hospital de Santo António.
“ (…) As escavações a
que nos referimos são as que tem tornado necessárias a construção de um novo
muro que substitua o que até agora vedava a quinta do palácio real, por aquele
lado, a fim de que, demolindo-se o que existe, se verifique o alargamento
daquela rua projetado pela excelentíssima câmara”.
O Comércio do Porto,
1865, 9 de Junho
Por sua vez o
“Jornal do Porto” dava no dia 9 de Junho uma versão algo distinta sobre os
possíveis responsáveis pelo desastre.
“Jornal do Porto”
em 9 de Junho de 1865
Como balanço final
do desabamento do muro, ter-se-ia: 5 homens mortos, e 2 homens e 11 mulheres
feridas.
Entrada para a
quinta do antigo Palácio dos Carrancas e Palácio Real, hoje o Museu Soares dos
Reis – Fonte: Google maps
Na foto acima,
observa-se um pequeno troço do muro que hoje delimita a quinta do Museu Soares
dos Reis, com entrada pela Rua de Adolfo Casais Monteiro e, que, substituiria
um outro, que originaria durante o seu derrube, uma grande tragédia.
Confluência da Rua Adolfo Casais Monteiro e a Rua de D.
Manuel II – Ed. Nuno Cruz, adm. blogue Porta Nobre
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