segunda-feira, 25 de junho de 2018

(Continuação 4)


Desabamento nos Guindais


A derrocada e incêndio dos Guindais, 27 de Janeiro de 1879 – Fonte: Gravura de Soares dos Reis


O local, por alguma razão, parece ser propenso a eventos, muitas vezes pouco agradáveis. Desta vez, tratou-se do terrível desabamento, ocorrido em 27 de Janeiro de 1879.

Derrocada nos Guindais, seguida de incêndio (27 de Janeiro de 1879) – Fonte: Desenho de J. J. Pinto, In “O Occidente”

“Em 27 de Janeiro de 1879, a escarpa dos Guindais desabou, levando consigo o casario existente no local, nomeadamente todo aquele que se estendia pela sua base.
Seguidamente, por entre os destroços das casas, deflagrou um grande incêndio que se prolongou por toda a tarde. A catástrofe atingiu tal magnitude, que nem no próprio rio Douro se estava a salvo. Uma embarcação despedaçou-se, após de ter sido atingida por um penedo que, após rolar pela encosta, a alcançou.
A Ponte Pênsil (Ponte D. Maria II) oscilou com as ondas de choque, originadas pelo impacto da derrocada”.
Fonte: “monumentosdesaparecidos.blogspot.pt”


Cais dos guindais c. 1900



Em 5 de Março de 1959 ocorreu um grande desmoronamento de parte da muralha fernandina dos Guindas, com 8 mortos.
Morre o industrial Carlos de Sousa Oliveira, da Sociedade Têxtil do Seixo, da Fábrica de Sedas Nogueira, etc.

Muralha Fernandina nos Guindais em 1959 – Ed. José Marques Abreu Júnior; Fonte: “monumentosdesaparecidos.blogspot.pt”


Reparação da muralha fernandina após derrocada de 1959



Ponte Maria Pia vista dos Guindais



Tragédia durante o alargamento de um troço da Rua do Pombal em 1865


Eram 6 horas da manhã de uma 5ª Feira, do dia 8 de Junho de 1865.
Na Rua do Pombal, hoje baptizada de Rua Adolfo de Casais Monteiro, alguns operários procediam à recolha de terra para ser usada nos trabalhos do Palácio de Cristal, num pedaço de terreno de uma quinta situada já próximo da Rua do Triunfo, hoje a Rua D. Manuel II.
A Rua do Pombal é a que liga aquela rua, com o Largo da Maternidade.
O Palácio de Cristal estava, à data, a ser preparado para a Exposição Internacional do Porto, que iria ocorrer a 18 de Setembro daquele ano.
Os referidos trabalhos visariam ainda, em complemento, segundo algumas opiniões, fazer o alargamento de um caminho, e imporiam para que tal fosse possível, o derrube de um muro que vedava a quinta do Palácio Real; pretendia-se em sequência, fazer a ligação da inacabada Rua do Pombal à antiga Rua dos Quartéis (desde 1838, denominada Rua do Triunfo). Toda a cena viria a desenrolar-se junto de um muro que delimitava a quinta com a intervenção, como era prática nesse tempo, também, de algumas mulheres e crianças.
Relembre-se que o Palácio das Carrancas tinha sido comprado pela Coroa, quatro anos antes.
A tragédia aconteceria quando o muro citado, pela retirada pouco cuidada das terras adjacentes, ruiu.


Na Planta de Balck de 1813 o caminho a azul viria a ser a Rua do Pombal

Planta de Joaquim Costa Lima em 1839 e a amarelo a Rua do Pombal ainda sem ligação à Rua dos Quartéis


Planta de 1838 na qual se observa a necessidade da ligação da Rua do Pombal à Rua dos Quartéis, à data, um tortuoso caminho – Fonte: “Gisaweb”


Nas três plantas anteriores com a letra A, está identificado o Palácio dos Carrancas com a sua planta em U.
O Jornal O Comércio do Porto noticiaria da seguinte forma os factos:



“À hora em que escrevemos tinham sido extraídas umas doze pessoas, quatro das quais já cadáveres. As outras, umas com o corpo completamente esmagado quasi da cinta para baixo, outros com as pernas e braços quebrados, e todas gravemente feridas e escorrendo em sangue, foram transportadas em macas para o hospital da Misericórdia.
Por enquanto é difícil fixar o número dos desgraçados a quem àquela hora matinal estava já reservada tão negra sorte. Em mais de vinte porém se calculam os que mais ou menos terrivelmente sofreram as consequências deste desastre.
A não serem os prontos socorros prestados pelo resto dos operários do Palácio de Cristal, tratando de desentulhar o muro desabado, muitos dos que saíram vivos, teriam ali encontrado uma morte infalível.
As vitimas compõem-se de mulheres, homens e crianças de um e outro sexo.
Com duas destas deu-se um caso que se pode dizer providencial. No desabamento do muro, de tal modo se entestaram as pedras que caíram sobre elas, que estando as crianças completamente sepultadas debaixo das ruínas, a abóbada, contudo, formada pelas pedras, as preservou da morte e até de ferimentos importantes.
O desastre da rua do Pombal foi uma cena de horror que é fácil de imaginar mas que custa a descrever.”
O Comércio do Porto, 1865, 8 de Junho 

Por sua vez o “Jornal do Porto” a 8 de Junho de 1865 escrevia a propósito do mesmo acontecimento:

“Jornal do Porto” em 8 de Junho de 1865

O Hospital da Misericórdia referido nas notícias ficava bem perto do local do acidente. É o actual Hospital de Santo António.


“ (…) As escavações a que nos referimos são as que tem tornado necessárias a construção de um novo muro que substitua o que até agora vedava a quinta do palácio real, por aquele lado, a fim de que, demolindo-se o que existe, se verifique o alargamento daquela rua projetado pela excelentíssima câmara”.
O Comércio do Porto, 1865, 9 de Junho 

Por sua vez o “Jornal do Porto” dava no dia 9 de Junho uma versão algo distinta sobre os possíveis responsáveis pelo desastre.

“Jornal do Porto” em 9 de Junho de 1865

Como balanço final do desabamento do muro, ter-se-ia: 5 homens mortos, e 2 homens e 11 mulheres feridas.


Entrada para a quinta do antigo Palácio dos Carrancas e Palácio Real, hoje o Museu Soares dos Reis – Fonte: Google maps

Na foto acima, observa-se um pequeno troço do muro que hoje delimita a quinta do Museu Soares dos Reis, com entrada pela Rua de Adolfo Casais Monteiro e, que, substituiria um outro, que originaria durante o seu derrube, uma grande tragédia.


Confluência da Rua Adolfo Casais Monteiro e a Rua de D. Manuel II – Ed. Nuno Cruz, adm. blogue Porta Nobre

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