sexta-feira, 29 de junho de 2018

(Continuação 6)


Desastre da Ponte das Barcas

A Ponte das Barcas onde ocorreu o fatídico desastre, a 29 de Março de 1809, era um pouco diferente da que lhe sucedeu.
Com cerca de mil palmos de extensão, 33 barcaças eram ligadas por cabos de aço, podendo abrir em duas partes para dar passagem ao tráfego fluvial, havendo circulação sobre um passadiço de madeira. Em tempo de cheias a ponte era desmantelada para evitar a sua destruição.
Foi inaugurada em 15 de Agosto de 1806.
Aquela que a veio substituir tinha barcos mais altos, mais largos e mais afastados, de forma a poder deixar passar pequenos barcos a remos sem ter que ser aberta. Era mais larga e resistente que as anteriores. Só tinha 20 barcos, enquanto a anterior, tinha as tais 33 barcaças.
No extremo do Muro da Ribeira vê-se hoje um baixo-relevo, em bronze, da autoria de Teixeira Lopes (pai), em memória do Desastre da Ponte das Barcas, ocorrido em 29 de Março de 1809. Neste local, está exposto desde 1897.
Esta placa, mais resistente aos elementos atmosféricos, substituiu uma outra, nova, nesse local colocada e inaugurada em 1891 quando, em virtude do arranjo do acesso à Ponte Luís I, teve que ser removida a primitiva placa que a antecedeu num outro local, das imediações, de cota mais baixa.




Placa mural alusiva à tragédia da autoria de Teixeira Lopes (pai)



Naquele dia 29 de Março, a população aterrorizada pelo avanço das tropas francesas comandadas por Soult, aquando da 2ª invasão francesa, tentou fugir para Gaia atravessando a ponte assente em barcas que cederam ao peso excessivo, provocando inúmeras vítimas.
Os motivos para o sucedido variam segundo os relatos: uns dizem que a ponte, constituída por 33 barcaças não aguentou a pressão e desfez-se, provocando a queda no rio, da multidão.
Outra versão refere que do lado de Gaia, alguém abriu um alçapão na ponte para impedir que os franceses a atravessassem, que "engoliu" os que seguiam à frente na fuga, empurrados para a morte pelos que lhes seguiam na peugada.
Na tragédia morreriam, segundo as várias fontes consultadas, entre 4.000 e 10.000 portuenses, e a pilhagem da cidade durou 3 dias.
Após cerca de quarenta dias os franceses acabarão por ser expulsos.
A Ponte das Barcas foi a primeira ponte do género construída em Portugal, como solução a mais longo prazo e, podia ser aberta, para permitir a passagem do tráfego fluvial. Carlos Amarante foi o seu autor, tendo ficado ligado a outras obras célebres da região norte do país, como o Bom Jesus e a igreja do Pópulo, em Braga; a Igreja da Trindade, no Porto; e a reconstrução das muralhas de Valença.
A Ponte das Barcas seria substituída pela Ponte Pênsil, praticamente no mesmo local, a partir de 1843.



Quadro alusivo à tragédia da Ponte das Barcas existente na capela das Taipas



“Este quadro foi colocado depois onde estivera a ponte, e tornou-se local de romaria popular. Aí eram deixadas velas e dinheiro pelas alminhas – as "Alminhas da Ponte”, agora assinaladas na Ribeira por uma placa evocativa de Teixeira Lopes que continua a ser local de devoção. Quanto ao quadro, pintado depois a óleo, ficou à guarda da capela das Almas (ou das Taipas), na Cordoaria, que passou também a assegurar a gestão do dinheiro deixado nas Alminhas. É uma das imagens escolhidas para a exposição sobre o Porto e as invasões francesas que vai ser inaugurada, no Domingo, na Galeria do Palácio de Cristal”.
“noticias.sapo.pt” em 27/03/2009


“(…) Havia muita concorrência na sua passagem, sobretudo às terças e sábados. Os preços de passagem praticados eram os seguintes:

Cada pessoa a pé 5 réis
Cada pessoa a cavalo 20 réis
Carro de uma junta de bois 40 réis
Cadeirinhas de mãos 60 réis
Liteira 120 réis
Sege 160 réis

À noite, passados 45 minutos do pôr-do-sol, os preços duplicavam, taxa que se mantinha até 45 minutos antes do nascer do sol, sendo o momento anunciado pelo toque de um sino.
A "Ponte das Barcas" revestiu-se de uma enorme importância para o desenvolvimento das comunicações entre as zonas ribeirinhas, mas também no contexto inter-regional, na ligação entre as margens norte e sul do rio Douro”.
Fonte: historiaschistoria.blogspot.com



Ponte das Barcas em 1830 (com 20 barcaças) - Fonte: Leipzig Verlag, Georg Wigand  (col. Pessoal)



Em 2009 seria inaugurada uma obra escultórica de Souto Moura, com uma parte em Gaia e outra no Porto, perto do local onde se encontrava a antiga ponte.

Escultura (Ribeira do Porto) de Souto Moura evocativa da tragédia da Ponte das Barcas – Fonte: historiaschistoria.blogspot.com


Escultura (Ribeira de V. N. de Gaia) de Souto Moura evocativa do desastre da Ponte das Barcas – Fonte: Mapio.net

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