sexta-feira, 6 de julho de 2018

(Continuação 8)



Em 11 de Novembro de 1931 houve um violento temporal que derrubou um histórico pinheiro existente na aldeia de Maceda, no lugar do ilhéu em S. Roque da Lameira. Tinha 4,8 metros de diâmetro e 30 metros de altura, e era-lhe atribuída uma idade de sete séculos.
Já anos antes, em 1897, no último dia do ano, rajadas ciclónicas, especialmente durante a tarde, tinham fustigado a cidade e infligindo inúmeros prejuízos aos seus habitantes.
Assim, chaminés, claraboias e beirais de telhados voaram pelos ares.
Árvores seculares foram arrancadas; à Rua da Carcereira, uma casa da firma Campos & Morais, desabou.
Os prejuízos nos jardins do Palácio de Cristal e nos restantes, sejam públicos ou privados, são imensos.
A cobertura da torre norte da igreja do Bonfim vai pelos ares, bem como a esfera e a cruz de ferro da torre da igreja do convento de S. Bento da Avé Maria.
Interrompidos ficaram os serviços de telefone, telegráficos e eléctricos.
No rio Douro, sobem as águas e o temporal no mar origina vários acidentes.



Ciclone de 1937
 
 
O violento ciclone que passou pela costa portuguesa, a 27 de Janeiro de 1937, teve um impacto destrutivo sobre toda a cidade do Porto e arredores, sendo as estruturas do porto de Leixões e a cidade de Matosinhos, particularmente fustigadas.
Dentro do porto de abrigo, várias embarcações afundaram-se e, outras, ficaram totalmente destruídas.

 
 

Estragos que o ciclone de 27-01-1937 provocou, junto à Torre Semafórica do Porto de Leixões, em Leça da Palmeira
 
 
 
Em consequência do violento ciclone, afundaram-se dentro do porto de abrigo 2 iates, 1 lugre, 4 fragatas, 2 vapores de pesca, 10 traineiras e numerosas barcaças, além de pequenas embarcações. Um navio de carga de grande porte encalhado e 4 vapores em perigo iminente de soçobrarem. Os prejuízos foram avultados.
Na ajuda prestada às tripulações que se viram envolvidas na tempestade, em Leixões, teve actuação de mérito o salva-vidas CARVALHO ARAÚJO.
 
 
 

Estragos que o ciclone de 27-01-1937 provocou, na margem esquerda do rio Leça, já dentro do porto de abrigo
 
 
 
Sobre os efeitos do temporal no estuário do rio Douro narra o texto seguinte.
 
 
“O temporal fez grandes estragos por toda a costa, e o rio Douro levava uma grande cheia. A escala da Régua marcava 14 metros acima do nível das águas.
No porto comercial do Douro, os pilotos e seu pessoal andavam em grande azáfama, reforçando as amarras dos navios ali surtos, que eram os seguintes:
Vapores Portugueses SECIL e OUREM, vapores de pesca FAFE e ESTRELA DO MAR, canhoneira NRP ZAIRE; vapores Alemães SIRIUS e AQUILES e o Checoslovaco PETER, e ainda alguns lugres bacalhoeiros.
Sob as ordens do piloto Manuel de Oliveira Alegre, que fazia as vezes de cabo-piloto, os seus colegas Eurico Pereira Franco, José Jeremias dos Santos, José Fernandes Amaro Júnior, Francisco Piedade, Aires Pereira Franco, Francisco Soares de Melo, Joel da Cunha Monteiro e o praticante António Natalino Cordeiro.
O piloto Joel da Cunha Monteiro foi para bordo da canhoneira NRP ZAIRE amarrada no Quadro do Navios de Guerra, em Massarelos, onde permaneceu 3 dias”.
 
 
 
Ciclone de 1941



Mas seria o ciclone de 1941, que durante muitos anos, ficaria gravado na memória de quem o viveu.


“Lembrámo-nos muito bem do chamado “ciclone”, de 15 de Fevereiro de 1941, que fez grandes estragos em Portugal. Cerca da 20,30 h o Porto estava debaixo de chuva e vento indescritíveis, que atingiu os 145 km/h. Os prejuízos foram enormes por toda a cidade, especialmente pela queda de centenas de árvores. O Porto ficou às escuras porque muitos cabos de alta tensão e dos eléctricos caíram e corria-se o risco de electrocussão.  O ciclone provocou, na zona do Porto e arredores, uma meia dúzia de mortos, e foram centenas as pessoas levadas ao Hospital de Santo António. Mas a nossa cidade não foi dos locais mais atingidos, já que na zona de Lisboa, Sintra e Setúbal contaram-se por centenas as vítimas mortais.
Na nossa memória ficou a queda do Pinheiro Manso, na Boavista, centenária árvore que deu o nome à rua. Ficava na casa da família Gilbert, à esquerda de quem entrava na rua, e ao cair destruiu uma cabine telefónica e apanhou a traseira de um automóvel dos Bombeiros do Porto, em que seguia o conhecido Major Serafim Morais, que nada sofreu. No dia seguinte vimos o pinheiro no chão, atravessado na rua e meu avô Augusto fotografou-o”. 
Testemunho: Rui Cunha (portoarc.blogspot.pt)




"Pinheiro Manso" por terra na Avenida da Boavista em Fevereiro de 1941




Jardim da Cordoaria após ciclone de 1941 – Ed. “O Tripeiro”; Foto: Manuel Alves de Azevedo



Em Massarelos os lugres Ana Maria, Paços de Brandão e Oliveirense, embateram uns contra os outros e sofreram danos consideráveis.
Outras embarcações no rio Douro foram também afectadas.
Diga-se que a cidade do Porto não foi a que sofreu mais estragos.

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