quarta-feira, 12 de outubro de 2016

(Conclusão)


“A primeira metade do século XX portuense caracteriza-se por um acentuado crescimento demográfico acompanhado pelo alastrar de uma urbanização generalizada que progressivamente se foi subordinando às novas exigências do trânsito motorizado e às crescentes preocupações com o planeamento urbanístico concretizadas em numerosas e variadas propostas de planos. Ficaram mais conhecidos o "Plano Regulador" de Antão de Almeida Garrett (1952), o "Plano Director" de Robert Auzelle (1962) e, na última década do século, o "Plano Director Municipal" de 1993.
Nas primeiras décadas do século XX a implantação industrial e o êxodo dos campos continuaram a ser factores decisivos do crescimento da cidade. A conclusão da Avenida da Boavista por volta de 1915 (iniciada em meados do século XIX) — uma longa artéria de 5 km de extensão e 40 m de largura cortada pela ampla Rotunda da Boavista — representou uma nova direcção de expansão do crescimento da cidade para ocidente em direcção ao mar e aproximou-a do Porto de Leixões, inaugurado em 1895. Na Baixa, a abertura da Avenida dos Aliados, em 1916, implicou a demolição do edifício dos antigos Paços do Concelho e o desaparecimento do bairro do Laranjal e desencadeou a transferência da banca e das empresas seguradoras do antigo centro São Domingos- Rua do Infante para a zona da Praça Nova, que se tornou também polo financeiro. Mais tarde, a partir de 1957, com a transferência da Câmara Municipal do Paço Episcopal, onde funcionava desde 1916, para o actual edifício, esta área passou a ser centro do poder local”.
Fonte: mensagens-invictacidade.blogspot



Rua dos Clérigos em 1906


Na foto acima, o eléctrico em 1906 faz o percurso ascendente, pois o trânsito ainda se fazia pela esquerda. Só em 1928 se começou a circular pela direita.
Na arquitectura do início do século XX salientam-se grandes edifícios dispersos pela Baixa, representativos da influência do estilo francês que inspirou os projectos do arquitecto Marques da Silva, formado na escola de Paris. São exemplos a Estação de São Bento, o quarteirão das Carmelitas, o Teatro de S. João e várias fachadas de edifícios da Avenida dos Aliados.



Marginal do rio Douro em 1930

Na foto acima vê-se a marginal do rio Douro com a ponte Maria Pia ao fundo.
No pós-guerra o urbanismo sofreu a influência dos princípios decorrentes da "Carta de Atenas" publicada em 1941, cujas orientações apontavam para a divisão das cidades em espaços exclusivos para as quatro funções básicas — habitar, trabalhar, lazer, circular — e para uma tipologia de construção em que dominava o bloco de andares isolado com amplos espaços à volta. Esta concepção opunha-se ao conceito tradicional de cidade, onde as diferentes funções se misturavam e a rua, tal como a praça, representava o elemento básico organizador do espaço urbano.
Surgem novos e grandes equipamentos como a zona industrial de Ramalde, a Ponte da Arrábida (inaugurada em 1963), a via rápida de ligação a Leixões, o aeroporto de Pedras Rubras.


Aeroporto de Pedras Rubras


Infra- estruturas de circulação mais recentes como a Via de Cintura Interna - VCI, as novas pontes de S. João (ferroviária -1991) e do Freixo (rodoviária - 1995) vêm condicionar e determinar outras áreas de expansão da cidade do Porto e dos seus subúrbios.
A partir dos anos 1950 verificou-se a disseminação de bairros sociais pela periferia de feição rural, que ainda ocupava largas extensões do interior da cidade. Aparecem então bairros como os de Fernão de Magalhães, Pasteleira, Ramalde, Francos, e muitos outros surgirão depois. Estes novos tipos de urbanizações vêm instalar-se predominantemente nas freguesias até então de dominante rural como Campanhã, Paranhos, Lordelo do Ouro, Aldoar e Ramalde.
Na segunda metade do século XX a proliferação generalizada dos blocos de cimento armado alterou profundamente o perfil da cidade tradicional, até então dominada pela proeminência das torres sineiras e das construções de granito. Sobretudo após os anos 1960/70 as implantações dominantes são prédios em altura, muitas vezes numa escala desproporcionada em relação à envolvente. Também depois dos anos 1970 a acelerada evolução do sector terciário contribuiu para o aparecimento de novos centros como o da Rotunda da Boavista que atraiu sedes de empresas e bancos.
Nas últimas décadas do século XX acentuou-se na cidade do Porto e nomeadamente, no seu centro antigo, a perda de população, sobretudo da população jovem. As novas urbanizações invadiram os arrabaldes da cidade onde se formaram subúrbios que se estendem muito para além dos limites administrativos desta. A mancha urbana tornou-se polinucleada e a vaga de expansão, cada vez mais tentacular e periférica, deu origem a um crescimento anárquico que os planos não têm tido capacidade de disciplinar.
Condicionada aos limites do rio Douro, do oceano Atlântico e da estrada da Circunvalação, a cidade do Porto — cujo território, de uns meros 42 km², coincide exactamente com o do respectivo concelho —, passou a posicionar-se como cabeça de uma extensa e dinâmica Grande Área Metropolitana do Porto, com cerca de 1.760.000 habitantes, polarizadora de toda a Região Norte do país e com potencialidades de atracção e irradiação por todo o Noroeste Peninsular.


Metro do Porto

Casa da Música.


Remise da Boavista agora a Casa da Música

Estação de Recolha dos STCP. Local onde se levantaria a Casa da Música

   
                                                                                                        
“Os primeiros anos do novo século foram pródigos em grandes investimentos em obras públicas, nem sempre geridos da melhor forma e, quase sempre, envoltos em controvérsia.
Logo em 2001, o Porto, em conjunto com Roterdão, foi Capital Europeia da Cultura. O programa cultural gizado pela Porto 2001, a sociedade criada para gerir o evento, foi acompanhado por um forte investimento na recuperação do espaço público — Jardim da Cordoaria, Praça da Batalha, Praça de D. João I— e em novas construções — Edifício Transparente e Casa da Música. Algumas das intervenções não foram concluídas a tempo, outras sofreram grandes atrasos na sua execução e derrapagens orçamentais, e quase todas foram controversas.
Investimento estrutural para o Grande Porto foi o Metro do Porto, aberto em 2002 e que foi sendo aumentado nos anos subsequentes. Contou com a adesão imediata dos portuenses que o viram como uma infra- estrutura da máxima importância, que só pecava por tardia. Igualmente válida parece ter sido a modernização e o alargamento do Aeroporto Francisco Sá Carneiro — responsável por um significativo aumento de turistas estrangeiros na cidade —, bem como a construção de uma miríade de vias rápidas e auto- estradas — nomeadamente a Via de Cintura Interna, só integralmente concluída em 2007 — que foram desencravando o trânsito do Grande Porto, propiciando a fixação das pessoas mais longe do seu local de trabalho, incentivando o uso do transporte individual e o fácil acesso aos shoppings que foram proliferando.
Integrado na organização do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, em Portugal, a cidade recebeu vários encontros, nomeadamente o jogo inaugural. Para este evento foram efectuados grandes investimentos, nomeadamente a completa remodelação e ampliação do Estádio do Bessa e a construção do novo e sofisticado Estádio do Dragão, projecto da autoria de Manuel Salgado, que veio substituir o já ultrapassado Estádio das Antas. Nova celeuma em torno da pertinência destes investimentos e da alegada promiscuidade entre o poder autárquico e o mundo do futebol que acabou por propiciar a ascensão de Rui Rio à presidência do município.
A tendência de desertificação da Baixa, que já se fazia sentir nas últimas duas décadas do século XX, acentuou-se. À diminuição da população, seguiu-se o encerramento dos estabelecimentos comerciais e a decadência do edificado no centro da cidade. Em fins de 2004 foi criada a Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana, com a espinhosa missão de inverter esta situação.
Para além de perder gente para os concelhos periféricos, o Porto, tem perdido também grande parte do protagonismo político e económico que tinha amealhado ao longo da sua história, em favor de Lisboa. Vê escaparem-se-lhe bancos, empresas e cérebros, vive crises de identidade e questiona-se sobre o seu lugar no país e na Europa…”
Fonte: historiadacidadedoporto.blogspot


Planta do centro da cidade

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