terça-feira, 18 de outubro de 2016

(Conclusão) - Actualização em 06/12/2018

Descrição das catedrais







Descrição da Sé

1 - Capela-mor 2 - Capela Absidial/Capela de S. Pedro 3 - Capela do SS. Sacramento 4 - Transepto 5 - Galilé ou Loggia (Nicolau Nasoni 1736) 6 - Nave lateral 7 - Nave central 8 - Salas do Cabido 9 - Capela de S. João Evangelista 10 - Capela de S. Vicente 11 - Claustro gótico (iniciado em 1385) 12 - Sacristia 13 - Claustro velho


Para que seja entendido o que se segue convém identificar, num templo, o lado da Epístola como aquele que se situa à direita do celebrante quando este se encontra de frente para o altar (na celebração de costas para o povo), e o lado do Evangelho, com o que fica à sua esquerda, naquela mesma posição.
Epístola é uma passagem das Sagradas Escrituras (em geral extraída das epístolas dos Apóstolos), que é lida ou cantada antes do Evangelho. 
A Sé é um conjunto composto por igreja e claustro adossado ao lado direito, com IGREJA de planta em cruz latina de três naves com cinco tramos cada, transepto saliente e cabeceira tripartida constituída por capela-mor rectangular profunda com capelas colaterais, a do lado do Evangelho, designada por capela do Santíssimo Sacramento de planta centrada trilobada, para a qual se abre a sacristia paroquial de planta retangular, e do lado oposto a capela de São Pedro de planta hexagonal; possui duas torres retangulares flanqueando a fachada principal, tendo, a Norte, uma galilé de cinco tramos.
Esta galilé substi­tuiu o antigo alpendre de S. João, que era coberto por telha. Era costume antigo fa­zer-se pregações da parte de fora da Sé, junto a este alpendre, onde, possivelmen­te, estaria um púlpito, que era de pedra e que em 1548 foi substituído por um de ma­deira. 
No século XVI, esse alpendre estava em mau estado e para evitar a entrada da chuva foi mandado co­brir de colmo. Pelo cabido foram pagos, em 13 de Agosto de 1547, treze carros de colmo aos lavradores de Cedofeita. E, meses depois, mais pagamentos foram feitos aos rendeiros de Cedofeita e lavradores de Custóias "por sete feixes de colmo". Dez anos depois, em 1557, telhou-se o alpendre. Aos vinte e um dias do mês de outubro daquele ano, "andou Manuel Pires a telhar o alpendre de São João, onde chovia". 

“Em louvor de S. Roque, os portuenses mandaram construir, em 1581, uma capela, junto à porta travessa da catedral, sensivelmente no sítio onde ago­ra está a galilé, atribuída a Nasoni. 
A devoção a S. Roque era tão firme que os devotos que mandaram fazer a capela fizeram questão de que se gravasse na padieira da porta principal do templo uma le­genda em Latim que, em vernáculo, dizia isto: "Permanecerá esta capela no tempo e só desaparecerá no dia em que uma formi­ga conseguir beber toda a água dos ocea­nos ou uma tartaruga dê uma volta com­pleta ao redor do Mundo". 
Mas nada é eterno e a capela de S. Roque desmoronou-se, na consequência do ter­ramoto de 1 de novembro de 1755, que ar­rasou Lisboa e que também fez sentir no Porto os seus nefastos efeitos. 
A Câmara mandou construir, no Largo do Souto, um novo templo dedicado a S. Roque que foi demolido, em 1877, quando sobre o rio da Vila se começou a construir a Rua de Mouzinho da Silveira”.
Com a devida vénia a Germano Silva

A Sé Catedral…:

…“De volumes escalonados e coberturas diferenciadas em lajeado de uma água na galilé, duas águas nas naves, transepto e sacristia do Cabido, em telhados de duas águas na capela-mor e cruzeiro, este com torre, aberta em três faces por janelas termais em arco quebrado, sendo em domos bolbosos pétreos nas torres sineiras. Fachadas em cantaria de granito aparente, interrompidas por contrafortes escalonados e rematadas em cornijas e ameias piramidais decorativas.
Fachada principal voltada a Oeste com corpo inscrito em amplo arco de volta perfeita apoiado em pilastras toscanas, com o intradorso ligeiramente côncavo decorado por mísulas, encimadas por motivos fitomórficos. Portal principal de verga reta ladeado por quatro colunas dóricas, grupadas em plintos galbados, suportando entablamento também dórico com métopas ornadas por motivos vegetalistas, sobre o qual se elevam fragmentos de frontão recortados, de volutas, encimado por par de urnas, interrompido por varandim balaustrado. Sobre o varandim, estrutura arquitetónica de planta côncava, com nicho central contendo a imagem de Nossa Senhora da Assunção, assente em base piramidal, enquadrado por quatro pilastras decoradas por folhagem e por duas colunas, rematada por cornija com urnas nos extremos. A encimar o portal, cartela recortada com inscrição. Sobrepuja este conjunto, rosácea radiante, com raios perlados, reunidos por arcos trilobados e com decoração fitomórfica. Torres sineiras rematadas por guarda balaustrada, com urnas sobre acrotérios nos ângulos, de dois registos, definidos por ressalto, sendo o primeiro do lado Norte percorrido por três frisos de cantaria, e ambas rasgadas por seteiras; no topo, ventana em arco de volta perfeita, de molduras salientes. Fachada lateral esquerda, com notório escalonamento dos vários corpos, apresentando adossada à nave galilé, com pano lateral formando ângulo com a torre, rasgado por nicho com a imagem de granito de S. João Nepomuceno. A galilé é aberta por cinco arcos de volta perfeita assentes em pilastras toscanas, com guardas balaustradas, sendo os que ladeiam o arco central mais estreitos e ornados por volutas, sendo os cheios ritmados por pilastras toscanas decoradas por volutas nos ângulos superiores, existindo um vão no espaço entre as pilastras. Remata em entablamento, encimado ao centro por espaldar com cornija quebrada, interrompida por pináculo, ladeado por frontões curvos, interrompidos por pináculo piramidal volutado inferiormente, sobre acrotério. Junto aos extremos, a cornija do entablamento eleva-se em semicírculo, coroada por pináculo idêntico aos restantes. Interior com cobertura abobadada, rebocada e pintada de branco, demarcada por arcos torais em granito e pavimento em lajeado de granito, formando composições geométricas. Paredes ritmadas por pilastras toscanas, formando os tramos, sendo os vãos dos arcos revestidos com azulejos figurativos, azuis e brancos. A estes, adossam-se bancos de espaldar recortado, em granito, apresentando o do lado Este, janela retangular gradeada. Sobre esta, o corpo da nave central mais elevado, que se liga à lateral por arcobotantes, tendo cada tramo rasgado por uma fresta com toros diédricos e capitéis sem imposta. Braço do transepto rematado em empena com cruz grega flor-de-lisada no vértice, com três registos marcados por frisos, possuindo no último fresta com toro diédrico e capitel sem imposta, ornado com motivos vegetalistas. Corpo da capela-mor com duas janelas retilíneas e pequena luneta. Tem adossado o corpo da sacristia paroquial com fachadas flanqueadas por cunhais apilastrados e panos definidos por pilastras, e rematadas em cornija. Os panos são rasgados por dois registos de janelas retangulares gradeadas, as do primeiro, jacentes. Sobre esta, o corpo da Capela do Santíssimo Sacramento, rematado por cornija e coroado por lanternim. Fachada lateral direita com claustro adossado, sendo os corpos da nave e transepto idênticos aos da fachada oposta. INTERIOR com paredes em cantaria aparente e pavimento em laje de granito, ao qual se sobrepõe amplo estrado de madeira a partir do segundo tramo da nave central e no último tramo das naves laterais. Coberturas diferenciadas em abóbadas de berço ligeiramente quebrado, sustentadas por arcos torais lisos na nave central, assentes em colunas fasciculadas, que se unem aos pilares polístilos da arcaria quebrada que a separa das naves laterais, formando um núcleo cruciforme apoiados sobre grandes socos. Os arcos das abóbadas da nave lateral do lado do Evangelho são fasciculados, à exceção do que antecede o transepto, ornamentado com meias esferas. Os arcos da nave do lado da Epístola, são lisos e os dois mais próximos do transepto estão ornados com meias esferas. Os braços do transepto apresentam cobertura em abóbada de berço, também ligeiramente quebrado, sustentada por colunas embebidas na caixa muraria, e o cruzeiro é coberto por abóbada polinervada. As frestas são decoradas por toro diédrico e capitel sem imposta. Coro-alto assente em arco de volta perfeita suportado por colunas idênticas às da nave, totalmente ocupado por grande órgão de tubos. O portal está protegido por guarda-vento de madeira. Nas naves laterais, na parede fundeira, abrem-se portas de acesso às torres, ladeadas por pias de água benta, formadas por grande concha em mármore rosa, encimadas por decoração fitomórfica e sustentada por anjo em mármore negro, surgindo outras duas nas naves laterais, semelhantes. Em cada uma das naves, surge um confessionário em madeira. No primeiro tramo da nave do lado do Evangelho, batistério protegido por grade de ferro decorada por motivos fitomórficos. O interior tem as paredes revestidas a mármores policromo, com cobertura em falsa abóbada revestida a estuque policromo e pavimento em mármore rosa e branco formando motivos geométricos. Tem pia batismal em mármore rosa composta por pedestal de jaspe e mármore. Nos topos dos braços do transepto, as capelas de Nossa Senhora do Presépio (Evangelho) e de Santa Ana (Epístola); ambas estão enquadradas por composição pétrea, composta por arco de volta perfeita enquadrado por quatro pilastras, demarcadas no terço inferior, grupadas em plinto único decorado por cartelas, rematando em friso geométrico, cornija e um segundo friso decorado por óvulos e almofadados, nos extremos, encimados por pináculos piramidais com bola, encimado por tabela retangular vertical, rematando em frontão triangular interrompido, ladeado por aletas, contendo esculturas policromas, uma Santíssima Trindade horizontal na do lado do Evangelho, e uma Santa Ana, a Virgem e São Joaquim no lado oposto. Para o transepto abrem-se em arco de volta perfeita, as capelas colaterais, dedicadas ao Santíssimo Sacramento (Evangelho) e a São Pedro (Epístola). São enquadradas por estrutura de talha dourada, composta por quatro colunas demarcadas no terço inferior, decoradas por motivos fitomórficos, com capitéis coríntios, grupadas em plintos paralelepipédicos pétreos. As colunas e as pilastras são encimadas por fragmentos de entablamento, suportando frontalmente figuras encimadas por entablamento ritmado por modilhões que sustenta espaldar rendilhado, com par de plintos piramidais com bola, nos extremos e ao centro nicho com imagem do orago. No intradorso, decorado por ornatos de canais, pilastras a sustentar o arco. A Capela do Santíssimo Sacramento é protegida por grade de ferro ornada com motivos fitomórficos e tem as paredes em tons de verde são ornadas por estuque com finos motivos fitomórficos dourados e apresentam portas de comunicação com a sacristia paroquial; tem cobertura em cúpula de lanternim, ornada por pinturas e pavimento em mármore rosa, branco e negro compondo um grande motivo floral. A Capela de São Pedro está protegida por grade de comunhão de ferro, ornada com enrolamentos e motivos fitomórficos, tendo paredes laterais com arcada cega, em parte oculta pelo retábulo, tendo cobertura em abóbada de talha dourada, de quarto de esfera. Arco triunfal, de volta perfeita assente em par de pilastras de capitel compósito dourado, emolduradas, com pintura policroma de motivos fitomórficos. A rematar o arco, sobre a pedra de fecho, as armas de D. Frei Gonçalo de Morais, sob entablamento, ritmado por mísulas, interrompido por edícula rematada por frontão, com imagem de Nossa Senhora da Assunção. Está ladeado por capelas retabulares colaterais dedicadas a Nossa Senhora de Vandoma (Evangelho) e a Nossa Senhora da Silva (Epístola).



Vista lateral da Sé vendo-se entre as duas torres a casa do sacristão já demolida




Altar de Nossa Senhora de Vandoma




Portas são rasgadas, a do lado do Evangelho, de acesso à Sacristia Paroquial e a do lado da Epístola à tribuna, encimadas por frontões invertidos ao centro do qual surge uma cartela em forma de coração rematado por uma concha. Adossado às paredes e confrontantes, o cadeiral de pau-preto, de três filas, encimado por órgãos. Apresenta supedâneo de granito com escadas centrais, sendo lateralmente protegido por guardas de bronze, tendo, nas faces do maciço, inscrições. Retábulo-mor assente em banco de cantaria, formando apainelados marmóreos, de talha dourada, de planta côncava e um eixo definido por cinco colunas torsas, percorridas por espira fitomórfica, assentes em plintos paralelepipédicos ornados por elementos geométricos e fitomórficos. Às colunas adossam-se mísulas com imaginária. Ao centro, dois vãos sobrepostos, o inferior formando um nicho definido por pilastras, encimado por anjos e com falsos drapeados a abrir em boca de cena, contendo o sacrário; sobre este, a tribuna em arco de volta perfeita, com a representação da Santíssima Trindade e Nossa Senhora da Assunção. A estrutura remata em espaldar rematado por baldaquino ladeado por anjos atlantes e ornado por lambrequins. Altar paralelepipédico com banqueta de embutidos de mármore ornada de acantos. O CORPO ANEXO desenvolve-se no seguimento da fachada principal, composto pela Casa do Cabido, o claustro gótico com a capela de São Vicente, retangular, e a sacristia do cabido adossada lateralmente ao Claustro Velho, também conhecido por Cemitério do Bispo, de planta trapezoidal. De volumes escalonados com coberturas de três (Casa do Cabido) e quatro (Capela de São Vicente) águas. Tem fachadas rebocadas e pintadas de branco, rasgadas por vãos de verga reta. CLAUSTRO GÓTICO de dois pisos, o primeiro formado por quatro galerias, de cinco tramos cada, marcados por contrafortes de esbarro, fechado por murete e com acessos centrais, sendo composto por arcaria de três arcos apontados assente em colunelos geminados, sobrepujados por espelho vazado por enorme óculo. No centro da quadra, cruzeiro em pedra, assente em plataforma octogonal de três degraus, onde assenta a base, a coluna facetada com peanha adossada, albergando a Virgem. É rematado por cruz florenciada, com Cristo na face frontal e Nossa Senhora da Piedade na posterior. As alas do claustro têm paredes revestidas a painéis de azulejos figurativos a azul e branco, com coberturas em abóbadas em cruzaria de ogiva, com arcos torais e formeiros sem cadeia que partem de colunelos embebidos na caixa murária e nos pilares da arcaria. Capitéis uniformes na repetição do modelo, finos e altos, com decoração vegetalista presa ao cesto e impostas altas e desproporcionadas relativamente aos pequenos arcos que aguentam. Para as alas abrem portas de acesso às várias dependências anexas e outras falsas, em que se destacam os jogos de frontões, os panejamentos com borlas, as urnas e os diamantes, e por três capelas dedicadas a Nossa Senhora da Expectação, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Esperança. São enquadradas por composições arquitetónicas de granito com duas pilastras a ladear o nicho em arco de volta perfeita e sobre este uma ampla composição de enrolamentos e motivos fitomórficos em torno de uma cartela circular central. Na ala N., no segundo tramo, arcada cega geminada com um capitel historiado com dois grifos e duas figuras humanas. Na ala Sul, a Capela de Nossa Senhora da Piedade, ou de Santa Catarina, a Escada Barroca e a Capela de São Vicente. Na ala Este, a Sacristia do Cabido. O piso superior é protegido por gradeamento simples em ferro com acrotérios paralelepipédicos. As alas Sul e Oeste estão ornamentadas com painéis de azulejo figurativo azul e branco. O CLAUSTRO VELHO tem acesso a partir da ala Este do claustro gótico, tendo, na ala O., o corpo da capela de Nossa Senhora da Piedade, uma porta de ferro de acesso ao terreiro exterior e corpo anexo ao Paço Episcopal. Nas alas Este e Sul, arcosólios apontados, com pilares de secção retangular. Arcos e impostas com ornamentação de meias esferas, lóbulos e entrelaçados. Mísulas entre os arcos, facetadas e, sobre estas, remate em friso de corda. Alguns elementos de origem arqueológica como túmulos antropomórficos ou capitéis. Na ala Norte, o acesso para o Antigo Tesouro. CASA DO CABIDO com fachadas rebocadas e pintadas de branco, com elementos marcados a granito, cunhais apilastrados e remates em cornija sob beiral saliente, apresentando na fachada principal, modilhões. Fachada principal de dois panos, o esquerdo, alongado, precedido por comprido patamar em cantaria, com acesso nos extremos por escadas com arranque volutado, com três registos, e o do extremo direito, ligeiramente recuado, de dois registos, sendo o primeiro em cantaria de granito aparente. Pano alongado possuindo no primeiro registo, portas intercaladas por janelas gradeadas, encimadas por frontão triangular. A porta central é ladeada por pequenas janelas em quarto de círculo e rematada por frontão de volutas interrompido por nicho com a imagem de São Miguel. As dos extremos apresentam bandeira encimada por frontão curvo. Registos superiores rasgados regularmente por janelas, as do segundo, gradeadas e as do último, de sacada, com guarda de ferro, bandeira e remate em frontões triangulares e curvos alternados. Pano estreito rasgado por fresta no primeiro registo e no segundo por janela de sacada à face. Fachada lateral Sul com primeiro registo, contrafortado e segundo com janela de sacada à face. INTERIOR rebocado e pintado de branco, exceto na Capela de S. João Evangelista ou de João Gordo em cantaria aparente. Primeiro piso com dois compartimentos cobertos por abóbada de berço pintada de branco com arcos torais de pedra, de acesso à Capela hexagonal de João Gordo. Segundo piso com abóbadas de berço e de arestas pintadas a branco, apoiadas em arcos torais de pedra e pavimento de madeira. Museu do Tesouro com compartimentos contínuos com vitrinas com fundo forrado a veludo azul. No último piso, correspondente ao andar nobre, encontram-se o Antecabido, Sala Capitular e Cartório”.
In Site do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana




Sé, Casa do Capítulo e Paço Episcopal (foi Paços do Concelho)



Modelo dos edifícios da foto anterior da autoria de  Agostinho Conceição Gonçalves Teixeira


A Sé antes de 1940



Largo da Sé



Na foto acima, vê-se a porta de entrada da Sé, Casa do Cabido, portão de acesso ao Paço Episcopal e a Capela dos Alfaiates ou Nossa Senhora de Agosto, à direita.



Em frente, a anteceder a Catedral, a Calçada de Vandoma


Calçada de Vandoma de acesso à Sé





Antes de 1940, junto ao Chafariz do Anjo



Na foto acima, pode ver-se o aspecto da lateral da Catedral, antes da grande intervenção no local a partir de 1940, com projecto do arquitecto Arménio Losa.




Demolições no Largo do Açougue




Vista aérea antes das demolições





Largo da Sé durante as demolições



Casa brasonada, que seria demolida, junto à Calçada de Vandoma



Desde o fim do século XV e século XVI, a Sé teve um relógio pelo qual os portuenses se guiavam e que tinha substituído um, mais antigo, no qual as horas eram tangidas manualmente.
Em 1540, este relógio já estava avariado e parado, pois as peças teriam de vir da Flandres.



A Sé e o seu relógio - Desenho de Alfredo Machado, em 1918




Na segunda metade do século XVII, este relógio seria completamente retirado, até que, por decisão régia de 1685 ele voltou ao lugar anterior. Aquando das grandes obras ocorridas na catedral entre 1717 e 1741 (durante a sede vacante), ele seria colocado entre as duas torres sineiras numa espécie de arco triunfal.
Quando a diocese tinha bispo este recebia 2/3 dos rendimentos e o cabido 1/3. Não havendo bispo designado o cabido recebia o total. Foi com este rendimento que durante a sede vacante as obras foram realizadas.
Entenda-se cabido como a corporação dos cónegos de sé ou colegiada.
Voltando ao relógio, ele ali se manteria, até que foi retirado definitivamente em 1927, ainda antes das obras efectuadas a partir dos anos quarenta do século XX.
Adjacente ao Largo do Açougue e à Sé, havia as Ruas do Faval, da Francisca e das Tendas todas desaparecidas.
Há escritos que mencionam também a Rua da Feira e a Rua da Sapataria (actual S. Sebastião) junto à Sé.




Sé em 1940




Ao longo dos anos e desde o nascimento de Portugal, que a cidade se foi protegendo de ataques provenientes do rio, passando a implantar-se num alto, o Alto de Penaventosa.
Dª. Teresa, mãe de Afonso Henriques terá doado o couto a D. Hugo, seu grande amigo tendo este exercido o cargo de bispado e ficado a gerir a cidade. 
Como é do conhecimento geral, a Sé teve a sua evolução, quer na sua construção do seu símbolo edificativo, quer na área de influência que foi exercendo ao longo do tempo, isto é, com a construção de apoio religioso aos Cabidos e da própria habitação do Bispo.
Só recentemente, há cerca de 70 anos, é que o largo da Sé se tornou amplo e visitável a toda a gente que visita aquele local, e perdeu as feições medievais, de forma a se destacar na paisagem urbana da cidade.  Antes o espaço era ocupado por construções, ruelas e vielas donde, desde sempre se foram comercializando muitos produtos de utilização corrente, sendo um local de mercado e feira permanente.
As transacções faziam-se, ora directamente, ora através de medidoras que para medição necessitavam os vendedores de se deslocar ao interior da sua habitação para medir o produto avaliado, gerando por isso dúvidas e suspeições por quem adquiria o produto.
A Câmara, nesse tempo e após constantes suspeições e comentários, decidiu estabelecer as medidas correntes cravadas na fachada da Sé donde se poderia visualizar melhor a compra do produto e acompanhar quem supervisionava essas medições.




As marcas na pedra da catedral do côvado e da vara



A propósito da foto anterior se dá conta do Quadro-Padrão das medidas de comprimento dessa época em Portugal:


Braça - 184 cm
Vara - 110 cm (5 palmos)
Meia Braça - 92 cm
Côvado ou Alna - 66 cm (3palmos)
Meia Vara - 55 cm (2,5 palmos)
Meio Côvado - 33 cm (1,5 palmos)
Palmo - 22 cm " Unidade-Base"



Conforme se pode visualizar na foto, encontram-se duas marcas no pilar da entrada principal correspondendo ao "côvado" e à "vara", medidas utilizadas nessa época.
A medida de comprimento que foi usada por diversas civilizações antigas era o côvado. Era baseado no comprimento do antebraço, da ponta do dedo médio até ao cotovelo. Ninguém sabe quando esta medida entrou em uso. O côvado era usado regularmente por vários povos antigos e o seu valor variava de uns para outros. Para os egípcios a medida equivalia os 50 cm e para os romanos 45 cm.
A vara, unidade de medida que foi utilizada no Império romano, chamada "pertica", equivalia a 10 pés de comprimento, aproximadamente a 2,96 metros.
Por sua vez em Portugal, até à introdução do sistema métrico, a Vara era a unidade básica de medidas lineares, valendo 5 palmos de craveira, ou seja 1,10 metros.




Baixo-relevo existente nas paredes da catedral




Na torre Norte existe também, um baixo-relevo mostrando um navio mercante gravado no séc. XIV, que representa o navio de S. Vicente, primeiro padroeiro da cidade, visível acima.
A cidade do Porto teve a sua origem, aparentemente, na sua marginal do rio Douro, devido à grande circulação fluvial que daí se propiciava.




Entre as torres estava a casa do sineiro





Cronologia das obras na Sé

“Séc. 12, final - início da construção da Sé, com o bispo D. Fernão Martins Pais; 
1271 - legado testamentário de D. Afonso III para a construção;
1385 - o Bispo D. João III oferece mil pedras lavradas para o Claustro Gótico;
1387, 14 de Fevereiro - casamento de D. João I e de D. Filipa de Lencastre na Sé; 
1406 - a cidade do Porto passa a senhorio da Coroa; 
1496-1505 – construção do alpendre de São João, atribuível a António Pereira; execução do retábulo-mor, encomendado pelo bispo D. Diogo de Sousa, que doa um pontifical e dois frontais para o altar;
1502 - 1567 - a primeira sede da Santa Casa da Misericórdia do Porto está instalada na Capela de Santiago no Claustro Velho; 
1537 - 1539 - construção do coro-alto em madeira, por André Siciliano e António Simões a mando de D. Baltazar Limpo;
1538 - execução do órgão por Heitor Lobo, por 150$000; 
1545 - feitura dos assentos da capela-mor por João Anes, do Porto.
1557, 05 Junho - conclusão do zimbório que remata o cruzeiro;
Para esta capela foram transladados, em 1614, os restos mortais dos bispos portuenses para a cripta que está sob a Capela de São Vicente, obra de D. Frei Gonçalo de Morais. Encontravam-se no Claustro velho ou “cemitério dos Bispos”.
1591 - construção da Capela de São Vicente e da primitiva Casa do Cabido;
1606 - 1610 - construção da capela-mor substituindo-se a primitiva abside e charola, sendo dotada com retábulo e cadeiral;
1632 - 1641 -  construção do primeiro andar da estrutura escalonada do Altar de Prata da Capela do Santíssimo, por Manuel Guedes; 
1639 - conclusão do segundo nível do Altar de Prata, por Manuel Teixeira e Manuel Gomes;
1639 - 1671 - construção da galeria superior do claustro; 
1647 - conclusão do terceiro andar do Altar de Prata, por Manuel Guedes e Bartolomeu Nunes;
séc. 17, meados - colocação na capela-mor do órgão do lado do Evangelho;
1676 - 1682 - concessão do frontal de altar de Prata por Pedro Francisco Francês; 
1679 - 1682 - execução da banqueta do Altar de Prata;
1682, 19 Janeiro - contratos da obra de talha, douramento e pintura de 6 retábulos, a executar por Domingos Nunes, 20 Janeiro - Domingos Lopes toma três dos seis retábulos contratados por Domingos Nunes; 30 Dezembro - contrata a obra de pintura dos retábulos Manuel Ferreira, que a confiou a Manuel Correia; 
1683 - D. Fernando Correia de Lacerda manda fazer oito painéis para os retábulos; 
1685, 14 Abril - contrato com Mateus Nunes de Oliveira para a feitura do espaldar do cadeiral do coro; 
1700 - ampliação da estrutura da Sacristia do Cabido durante o bispado de D. Frei Gonçalo de Morais; 
1709, 11 Abril - estabelecimento dos primeiros contratos com os mestres pedreiros com vista à construção da Casa do Cabido; 29 Abril - estabelecimento dos contratos respectivos com os mestres carpinteiros, assinados na Rua Chã, em casa do arcediago Dr. João Lopes Baptista Lameirão, que representou o Cabido.
1717 - 1741 - período de Sede Vacante responsável por uma das maiores transformações da Sé, tanto exterior como interior; 
1717 - 1719 - construção da Casa do Cabido, sob orientação de João Pereira dos Santos; 
1717, 22 Março - estabelecimento dos segundos contratos com os mestres pedreiros para a construção da Casa do Cabido;
1717 - 1729 - construção do retábulo-mor por Miguel Francisco da Silva;
1717, Março - ajuste da obra do tecto da Sala Capitular; 
1718 - pagamento da obra de talha do tecto da Sala do Capítulo a Salvador Martins, compreendendo os florões e rosas de talha que o decoram;
1718, 09 Agosto - 1719, 12 Janeiro - Luís Pereira da Costa executa o retábulo e as sete sanefas da Sala do Capítulo, por 61$000; 
1719 - António Pereira chega à Sé do Porto como "Mestre de Estuques da Sé do Porto"; obra do Crucifixo do retábulo da Sala do Capítulo da autoria de Domingos da Rocha; obra do Sino de Santa Ana por Manuel Ferreira Gomes;
719 - 1720 - empreitada de quinze painéis do teto da Sala Capitular, executados por João Baptista Pachini;
1719 - 1726 - execução do órgão e do novo coro-alto em pedra feito para implantar o mesmo;
1725,Novembro - Nicolau Nasoni vem trabalhar para as obras da Sé, por intermédio de D. Jerónimo de Távora e Noronha; 
1729, obra do Sino Balão, o maior sino da Torre N. 2;
1731 - concepção dos frescos da capela-mor por Nicolau Nasoni, segundo inscrição existente; incêndio na Sacristia do Cabido, sendo destruídas as pinturas de brutesco, executadas por Manuel Leão e Mateus Nunes de Oliveira;
1736 - obra de Nasoni para a Galilé e Escada Barroca;
1742 - obra das pilastras que enquadram o sacrário do Altar de Prata;
1793 - restauro das pinturas da Sacristia do Cabido da autoria de Nicolau Nasoni, usando a mesma linguagem do artista;
1855 - a imagem de Nossa Senhora de Vandoma é trasladada para a Capela de São Vicente, após a demolição do Arco de Vandoma;
1927 / 1935 - obras no exterior; 
1927 - demolição da empena e da casa do sineiro entre as torres;
In “portoarc.blogspot.pt”


Entretanto, outras obras de menor monta eram executadas com muita frequência, como são aquelas enunciadas na notícia seguinte.
 
 
 

In jornal “O Commercio do Porto” de 10 de Janeiro de 1861

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