segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

(Continuação 57)



Edifício situado na Rua D. Hugo, antes chamada Rua de Trás-da-Sé, muito próximo da Catedral, construído no 2º quartel do século XVIII para habitação de um cónego da Sé, o Doutor Domingos Barbosa, e passaria por herança para o seu sobrinho Fernando Barbosa de Albuquerque, que mandaria construir o famigerado palacete da Quinta do Chantre em Leça do Balio.
De arquitectura barroca, com projecto de autor desconhecido, apresenta duas torres angulares largas e baixas, a recordar as casas quinhentistas portuguesas. Actualmente reúne as colecções de arte doadas à Câmara Municipal do Porto pelos herdeiros do poeta Guerra Junqueiro e passou a ser conhecido por Casa Museu Guerra Junqueiro.
Expostas no museu podemos ver uma colecção de arte sacra, faiança de Viana do Castelo, pratos de Nuremberga, cerâmicas e mobiliário.


Casa Museu Guerra Junqueiro


“A casa foi adquirida em 1934 pela filha do poeta Guerra Junqueiro e por ela doada à Câmara Municipal do Porto em 1940, juntamente com o espólio artístico do poeta. Inaugurada em 1942, foi requalificada pelo arquiteto Alcino Soutinho, reabrindo ao público em 1997, ampliada com áreas de exposições temporárias, de reservas e novas áreas de lazer: auditório, loja e cafetaria. 
Este museu de artes decorativas procura reconstituir o ambiente e a disposição original dos objetos na casa onde o poeta Guerra Junqueiro viveu no Porto, expondo coleções de cerâmica, metal, ourivesaria, escultura, mobiliário e têxteis de períodos compreendidos entre os séculos XV e XIX.”
Fonte: “cm-porto.pt/”

Cronologia da Casa-Museu

Em 1730 / 1746 ocorre a construção da casa por ordem de Domingos Barbosa, e após a sua morte torna-se proprietário Manuel Barbosa de Albuquerque, seu irmão, que nomeia seu herdeiro o sobrinho Fernando Barbosa de Albuquerque;
Na década 70 do século XIX, era sua proprietária D. Sancha Augusta de Lemos Barbosa e Albuquerque;
Em 1908 o proprietário era Francisco de Sales Pinto de Mesquita Carvalho, sobrinho de D. Sancha;
Em 1934 passaram a ser proprietários da casa os herdeiros de Francisco Sales Pinto de Mesquita a quem a D. Maria Isabel Guerra Junqueiro, viúva de Luís Augusto Pinto de Mesquita Carvalho, irmão de Francisco de Sales Pinto de Mesquita Carvalho, casado em primeiras núpcias com uma Senhora Catalá Amaral Osório, e em segunda com Maria Isabel Guerra Junqueiro, filha do poeta, que adquire a casa para instalar as colecções de seu pai, o poeta Guerra Junqueiro;
Em 1940, D. Maria Isabel Guerra Junqueiro, juntamente com sua mãe, Filomena Neves doam à Câmara Municipal, a casa e as colecções de Guerra Junqueiro para recheio do Museu que será inaugurado em 1942;
Em 1991 / 1992  é executado o projecto de remodelação e ampliação da Casa - Museu Guerra Junqueiro da autoria do Arquitecto Alcino Soutinho;
Em 1996 ainda decorriam as obras de adaptação a Museu, bem como escavações arqueológicas.

Casa Museu Guerra Junqueiro – Ed. Rui Duarte Silva


Estatuária na Casa Museu Guerra Junqueiro – Ed. Rui Duarte Silva


Sobre uma faceta menos conhecida do poeta Guerra Junqueiro, é o texto seguinte.

“Fez da vida uma permanente busca, em tudo quanto era sítio, de peças, obras de arte capazes de enriquecerem aquele que veio a tornar-se um importante espólio artístico e arqueológico.
Ganhou terreno, até, a caricatura de um Junqueiro, homem viajado, representado como um judeu sovina a atravessar a fronteira portuguesa acompanhado de um burro carregado de antiguidades. Casou rico, beneficiou da herança da mulher, em parte gasta na compra de peças de arte religiosa, quadros, louça portuguesa do século XVI, ou peças italianas ou hispano-árabes. Também negociou. Fez algumas vendas polémicas, como quando o aveirense Francisco Homem Cristo, político republicano, polemista, professor universitário, um dos militares envolvidos na Revolta de 31 de janeiro de 1891, o acusou de, ao rei Dom Carlos e à rainha Dona Amélia, ter vendido como preciosidades, objetos sem valor.
Ao escritor Raul Brandão queixava-se por vezes da atrapalhação da vida em resultado da míngua de fundos. Entre 1895 e 1903 vendeu mesmo uma parte substancial das suas coleções artísticas por precisar de dinheiro para as plantações de vinha nas suas propriedades”.
Fonte: Valdemar Cruz (Semanário Expresso em 28.08.2016) 

Entre 1502 e 1550 numa capela junto do claustro velho da Sé esteve a Misericórdia.
A Casa de Domingos Barbosa teria sido construída no local onde antes estavam três imóveis, incluído um que teria sido Casa de Despacho da Misericórdia e que tinham duas frentes: uma para a Rua dos Redemoinhos e outra para o adro daquela capela.

Casa Domingos Barbosa e Claustro Velho – Fonte: Google maps

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