quinta-feira, 3 de novembro de 2016

5. Muralhas - Actualização em 05/11/2018

“A primitiva ocupação humana, possivelmente por castros, do sítio do Porto sobranceiro à margem direita do rio Douro, remonta ao período final da Idade do Bronze, aproximadamente por volta do século VIII a.C..
O povoado proto-histórico terá mantido, desde cedo, importantes ligações comerciais com a bacia do mar Mediterrâneo.
Sabe-se que, houve no Porto pelo menos três cinturas defensivas: uma castreja, muito antiga; outra romana, que durante muito tempo se julgou ser sueva e também é conhecida por cerca ve­lha; e a cerca fernandina, ou gótica. 
À época da Invasão romana da Península Ibérica, a povoação, já contava com edificações de porte e controlava, com “Cale”, na margem esquerda do rio Douro, um importante eixo viário entre "Olissipo" (atual Lisboa) e "Bracara Augusta" (atual Braga).
Numa pesquisa arqueológica na década de 1940 no alto da Pena Ventosa encontrou-se uma ara- votiva e uma moeda do imperador Constantino e duas colunas de mármore.
Datará desta época a primitiva cintura de muralhas da povoação. Com as Invasões bárbaras da Península Ibérica, os Suevos adquiriram o controle sobre todo o Noroeste peninsular. A povoação, então denominada como "Portuscale", neste período foi elevada a sede de bispado, vindo a sofrer expressivo retrocesso após a Invasão muçulmana da Península Ibérica, no século VII.



Da Reconquista Cristã à formação da nacionalidade


À época da Reconquista cristã  da península a região de "Portucale" foi reconquistada pelas forças de Vímara Peres no ano de 868, ficando sujeita às oscilações da linha da fronteira.
Embora não haja informações sobre as estruturas defensivas neste período, é certo que no século X uma muralha já existia, conforme se infere da leitura da carta do cruzado inglês que descreve a conquista de Lisboa, datada de 1147. Tendo a expedição passado pela foz do rio Douro, quando acedeu auxiliar D. Afonso Henriques na conquista daquela cidade, o documento informa que, tendo a cidade do Porto sido assolada por uma incursão de sarracenos, os estragos haviam sido reparados havia uns oitenta anos antes, isto é, por volta de 1067. Com base nessas informações, e nesse recorte temporal, os estudiosos admitem que a incursão sarracena tenha ocorrido no contexto da ofensiva de Almançor em 997 e que os reparos tenham tido lugar em fins do reinado de Fernando Magno, de Leão-Castela.
A Condessa D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, fez a doação do couto do Porto ao Bispo D. Hugo, o qual, em 1123 lhe outorgou a primeira Carta de Foral. Datará desta época a reconstrução da primitiva cintura de muralhas da povoação, também denominada como muro romano”.
Fonte: pt.wikipedia.org





Muralha Primitiva



A muralha primitiva tinha quatro portas: 1. Porta de Vandoma, 2. Porta de S. Sebastião, 3. Porta de Sant’ Ana e 4. Porta das Mentiras depois Porta da Senhora das verdades.
A Porta de S. Sebastião foi demolida em 1819 por ameaçar ruína.
Ao espaço que ficava dentro da pri­meira muralha, também conhecida por "Cerca velha", com um perímetro de 750 metros, aproximadamente e uma área que não ia além dos quatro hectares, dava-se o nome de "Castelo". 
Era essa a denominação que tinha quando, por exemplo, o príncipe D. Afonso, o futuro rei D. Afonso IV, se re­voltou contra o pai, o rei D. Dinis. Hou­ve necessidade, nessa altura, de demo­lir umas casas que estavam encostadas "ao muro do castelo", a fim de que "os ditos muros" servissem "como lhes competia de defesa da cidade...". 
Por sua vez a Porta de Vandoma seria mandada demolir em 1860, e em Julho desse mesmo ano, a imagem que lá se encontrava de Nossa Senhora da Vandoma recolheu à capela de Senhor da Agonia no claustro da Sé.



Arco de Vandoma, em desenho de J. Villanova de 1833



Muralha Medieval 


Maqueta da cidade Medieval e muralha junto à Ribeira e rio da Vila - Fonte: Manuel de Sousa In pt.wikipedia.org


Maqueta da Muralha Medieval na Judiaria e Morro do Olival - Fonte: Manuel de Sousa In pt.wikipedia.org 


“No século XV, o muro, como também era designada a muralha, começado a construir em 1336, no tempo do rei D. Afonso IV, ainda não estava totalmente concluído. E em alguns pontos onde já es­tava de pé, nomeadamente junto ao rio, havia partes com sérios danos causados pelo encosto dos navios que atracavam. 
Sabe-se disto porque, em 1401, em con­sequência de graves danos causados num determinado ponto da muralha, à qual ha­via sido amarrado um navio, o rei D. João I ordenou que os moradores da cidade fos­sem obrigados a trabalhar "por adua" no "repairamento e obras" que deviam ser feitas para consertar o muro, mas também "na torre de Cima de Vila, a qual estava ainda por concluir". 
Uma explicação para quem, porventu­ra, já se não lembre: "adua" ou "anaduva" era uma espécie de imposto pessoal para a construção de fortificações ou seu repa­ro. Significava, em duas palavras: trabalho forçado. 
A torre de Cima de Vila, a que se refere a carta que D. João I escreveu aos "ho­mens bons" do Porto, era nem mais nem menos do que a célebre porta de Cima de Vila sobre a qual existia uma pequena edícula onde estava a imagem de Nossa Se­nhora da Batalha, padroeira ou protetora daquela porta, uma das mais importantes do velho burgo. 
E, chegados aqui, ocorre perguntar: e as outras portas, também tinham santos protetores? Tinham, como vamos ver. 
Eram quatro as portas principais: Por­ta da Batalha, no alto da Rua de Cimo de Vila, na Praça da Batalha, portanto; a Por­ta do Olival, no campo do Olival, claro, à Cordoaria, muito importante; a Porta Nova ou Nobre, ao fundo das escadas do Caminho Novo, por onde entravam os reis e os bispos quando vinham à ou para a ci­dade; e a Porta da Ribeira, das mais mo­vimentadas, em plena Praça da Ribeira. 
Além destas, houve na muralha outras portas, que resultaram da transformação de postigos em portas. Foi o caso da por­ta do Sol, construída em 1774, que substi­tuiu um postigo ali existente chamado postigo do Carvalho, por ficar no sítio dos Carvalhos do Monte, que era o nome dado naquele recuado tempo ao atual Largo do Primeiro de Dezembro; em frente à Igre­ja de Santo António dos Congregados, ha­via o postigo de Carros, que foi transfor­mado em porta, ficando com a mesma de­signação; junto à Cordoaria, ao fundo da antiga Rua do Calvário, hoje denominada Rua do Dr. Barbosa de Castro, ficava o pos­tigo das Virtudes. Em 1682, para permitir um mais fácil acesso à vizinha Fonte das Virtudes, transformaram-no em porta, mantendo a mesma designação. 
E vamos aos padroeiros, começando, agora, pela Porta do Olival. Era das mais importantes e nela estava aquartelado, se assim se pode dizer, permanentemente, um corpo da Guarda. Teve também o Sino de Correr, que tangia às trindades para que toda a gente recolhesse a suas casas. Eram seus padroeiros S. Miguel-o-Anjo e S. João Baptista. 
A Porta Nova ou Nobre, em Miragaia, be­neficiava da proteção de Nossa Senhora do Socorro, cuja imagem figurava numa pe­quena edícula. Nesta porta, havia uma tor­re que servia de armazém de pólvora. Em 1580, no tempo da governação dos Filipes, foi dotada com uma espécie de fortim re­dondo, à moda do que se usava fazer na Flandres. 
A Porta da Ribeira, digamos assim, ras­gada na muralha, abria para o rio, permi­tindo o acesso à Praça da Ribeira a quem viesse de barco. Tinha como padroeira Nossa Senhora do Ó ou da Expectação, que era venerada numa capela situada sobre a porta. Também era conhecida pela Porta da Senhora do Ó e os que vinham do rio Douro para a Praça da Ribeira entravam numa espécie de túnel e passavam por bai­xo da capela onde estava a padroeira da porta. 
Finalmente, a Porta da Batalha, também conhecida por Porta de Cima de Vila. A pa­droeira era, naturalmente Nossa Senhora da Batalha. Junto da torre desta porta, es­tava uma capela da invocação de Nossa Se­nhora da Batalha. Dizem os historiadores que este nome de "Batalha", dado também à praça ali perto, evoca uma sangrenta ba­talha que por ali se terá travado no século X, entre as tropas cristãs do conde Herme­negildo e as hostes mouras de Abderramão III. Tinha uma imponente torre militar. 
A imagem de Nossa Senhora da Batalha que estava numa capela da porta do mes­mo nome ainda existe. Está recolhida no pequeno mas muito bem organizado mu­seu da catedral.
Ao longo da muralha, que se estendia por um perí­metro de cerca de 3000 metros, além das portas havia também vários postigos, isto é entradas mais pequenas usadas, normalmente, para atividades especificas. Daí, o nome de alguns deles: postigo das Tábuas; pos­tigo do Peixe; postigo da Areia; postigo do Carvão. Este foi o único que che­gou até aos nossos dias (na foto) em muito bom estado de conservação. Fica ao fun­do da Rua da Fonte Tauri­na, da Aurina, se dizia, antigamente, para quem vai do Largo do Terreiro para a Praça da Ribeira. 0lhando-o, é possível constatar que em tempos idos a cota do cais ficava um bom pedaço mais abaixo do que está na atualidade”.
Com a devida vénia a Germano Silva 


Postigo do Carvão





Portas da muralha medieval

Legenda:

1- Porta do Sol
2- Porta de Cima de Vila
3- Porta de Carros
4- Porta de Santo Elói
5- Porta do Olival
6- Porta das Virtudes
7- Porta Nova
8- Porta da Ribeira


 O "castelo" medieval



Um troço da muralha actualmente

“Em meados do século XIV, testilhando a Mitra e a Cidade sobre direitos de jurisdição, foi notificado perante os juízes, pelos procuradores do Concelho, que por motivos de defesa, por ocasião dos desentendimentos entre D. Dinis e o infante D. Afonso, entre os anos de 1320 a 1321, tinham sido mandadas demolir algumas casas construídas junto ao muro do castelo.
A expressão "castelo" haveria de ser empregada nas Inquirições de D. Afonso IV. Já antes, uma carta dirigida por D. Sancho I ao bispo do Porto leva a crer chamar-se castelo à época, ao alto do morro da Pena Ventosa, pois nela recomenda o monarca ao prelado que promova a realização de mercado ante a porta da Sé, "para que o castelo seja melhor povoado".
A construção do edifício da alfândega, em 1324, havia representado um duro golpe nos interesses do bispo do Porto. Posteriormente, em 1405, D. João I transferiu para a Coroa a jurisdição do burgo, numa época de consolidação do poder local, apoiado pela burguesia mercantil. A abertura da Rua Nova, marca uma nova fase no urbanismo da cidade e, a sua localização, reflecte a importância atingida pela zona baixa da cidade, que funcionou, até ao século XX, como principal pólo comercial.
Nesta fase, a Coroa já providenciara no sentido de abrigar a cidade em expansão, em novo muralhamento. As obras começaram em 1336 no reinado de D. Afonso IV e só terminaram em 1374  (ou 1376), no tempo de D. Fernando, motivo pelo qual ficaram conhecidas pela denominação de muralha fernandina, muralha gótica ou ainda  muro novo.
A nova cerca tinha uma extensão de 3000 passos e 30 pés de altura. Era guarnecida de ameias e reforçada por numerosos cubelos e torres de planta quadrada, que excediam em onze pés a muralha, com excepção das torres que defendiam as Portas de Cima de Vila  e, que subiam 30 pés acima desse nível”.
Fonte: pt.wikipedia.org


O traçado da muralha começava no Postigo do Carvalho, dado que o local se chamava dos Carvalhos do Monte, também se chamou de Santa Clara, por estar perto do Mosteiro, de Santo António do Penedo e por estar perto desta capela e passou mais tarde a chamar-se Porta do Sol, quando foi reconstruído com maior imponência pelo corregedor João de Almada e Melo, e entrou ao serviço em Agosto de 1768 e passou a ter aquele nome devido à gravura impressa na pedra de um sol.
Apresentava ainda a seguinte inscrição latina:

SOL HUIC PORTAE
JOSEPHUS LUSITANO IMPERIO
JOANNES DE ALMADA E MELLO
PORTUCALENSE URBI FINITIMISQUE
PROVINCIIS AETERNUM
JUBAR GANDIUM PERCUNE

Em 1316 o Vale de Asna compreendia todos os terrenos que ficavam a nascente do Mon­te dos Carvalhos, da parte de fora da mu­ralha fernandina onde, posteriormente, se rasgaram as ruas de Augusto Rosa, do Sol, de Alexandre Herculano, do Duque de Loulé, de S. Luís e o largo do Actor Dias e daí se falar no “Monte junto a Vale de Asna” ao que seria no futuro os Carvalhos do Monte.

Postigo do Carvalho (vista de extramuros)

Porta do Sol (vista de intramuros)



Porta do Sol (vista de extramuros)


Referente à gravura acima, que pretende dar uma ideia do local em 1859, dizia “O Tripeiro” em 1926:

 “Junto à Porta do Sol, do lado direito, vê-se uma parte do edifício da Casa Pia. Separada dele, por uma rua, a casa para alojamento dos oficiais de cavalaria, nos baixos da qual existia um depósito de palha, e à frente as cavalariças. Um cruzeiro com a imagem do Senhor dos Aflitos, cruzeiro que, mais tarde, foi mudado para junto da capela de Santo António do Penedo, completa o quadro”.





Planta correspondente à gravura anterior

Legenda:

1. Cavalariças
2. Casa Pia
3. Porta do Sol
4. Rua do Sol



Torre da muralha junto à Porta do Sol – Fonte: aportanobre.blogspot.pt


Torre no século XXI – Fonte: aportanobre.blogspot.pt


A muralha seguia pelo local onde se encontrava o antigo Governo Civil (Casa Pia) e o Teatro S. João, passando depois à Rua de Cima de Vila, onde existia a Porta de Cima de Vila. Continuava em direcção ao Sul pela Calçada de Santa Teresa e Viela da Madeira até à Porta dos Carros, junto à Igreja dos Congregados. Esta Porta veio substituir, em 1551, o Postigo de Carros aí existente, construído por Ordem Régia de D. João I, em 1409, a pedido da Câmara para conveniência do serviço das hortas que ficavam próximas e para a entrada dos carros de pedra para reconstrução das casas da Rua Chã que tinham ardido. Esta porta, demolida em 1827, tinha a ladeá-la duas torres.
A muralha continuava em linha recta ao longo do extinto Convento dos Lóios, actual edifício das Cardosas. Aqui estava a Porta de Santo Elói, inicialmente Postigo do Vimial, demolida por acordo entre os padres Lóios e o Senado da Câmara para alargamento do Largo dos Lóios. Seguia pela calçada dos Clérigos e Rua da Assunção até à Cordoaria, então um extenso olival, onde existia a Porta do Olival.

O convento dos Lóios em construção – Desenho de J. Villanova


Durante muitos anos, esteve no cimo da torre da Porta do Olival o chamado "relógio da oração" ou "de correr", que tocava as Ave-Marias e, à noite, para o recolher obriga­tório ao interior do burgo. Em 1583, o sino foi transferido do Olival para uma das torres da Sé. A mudança provocou uma demorada contenda entre o bispo e a Câmara, suscitada pela dúvida sobre quem devia pagar o ordenado ao sineiro.

Ameias da muralha visíveis na Rua Barbosa de Castro – Ed. MAC

Pormenor das ameias - Ed. Isabel Silva


Na foto acima, nos prédios adossados à muralha podem ver-se umas ameias.
Em 1529 caíram 360 braças da muralha (1 braça são 2,20 metros), entre a Porta do Olival e a Porta dos Carros, ou seja, ao longo da antiga Calçada da Natividade, hoje Rua dos Clérigos. A reedificação deste troço da muralha foi feita entre 1607 e 1624.
Durante esses trabalhos, o mestre carpinteiro Bartolomeu Fernandes, morador em Miragaia, tomou de empreitada por 17$000 réis "o conserto das portas da Ribeira e dos Postigos da Lada, das Tábuas e dos Barbeiros".
Da Porta do Olival a muralha descia em direcção à Rua do Calvário.
Nos terrenos onde se encontra actualmente a Igreja de São José das Taipas ficava a Porta das Virtudes.

Vestígios da muralha no antigo Clube Inglês às Virtudes - Ed. Isabel Silva

Seguia depois, a muralha, pelo Noroeste da Rua da Cordoaria Velha atravessando a Rua da Esperança onde havia a Porta da Esperança, assim chamada por existir próximo a capela de Nossa Senhora da Esperança.
A muralha continuava até ao rio Douro, pelo sítio onde estão as Escadas do Caminho Novo até à  Porta Nova na margem do Douro.
Esta porta aberta, em 1522, por ordem de D. Manuel I, veio substituir e alargar o Postigo da Praia. Foi demolida em 1872 quando se abriu a Rua Nova da Alfândega. Era por aqui que se fazia a entrada solene dos Bispos quando vinham ocupar o cargo. Era uma das principais portas da cidade. No Museu Nacional de Soares dos Reis existem, a lápide coeva de D. Fernando, com o escudo Real, que rematava o primitivo postigo e que se manteve aquando da reconstrução, e a lápide e pedra de armas, colocadas aquando da Restauração da Independência em 1640.
Com a abertura da Rua Nova da Alfândega desapareceram artérias como a Rua da Munhota, Rua da Ourivesaria, onde estavam os ourives, (cuja capela de Santo Elói ficava nas imediações), a Rua do Calca-Frades e a Rua Fonte da Rata, em alusão a uma fonte aí existente - a fonte da Rata.
Quando se demoliu a capela de Santo Elói da Rua da Ourivesaria em 1871, as pedras foram levadas para a um terreno na Rua da Gondarém, na Foz, onde estiveram, ao aban­dono durante algum tempo. Só em 1874 o pe­queno templo foi reconstruído, com a denomi­nação de capela de Gondarém, num terreno ce­dido por D. Ana Cândida de Vasconcelos Carva­lho e pelo conselheiro Manuel Maria da Costa Leite. 


“A venda da capela à Câmara foi aprovada num domingo, dia 21 de maio de 1871 pela assembleia de irmãos (por 850,000 reis). Em 11 de outubro de 1871 a pedra foi vendida. A 26 de agosto todo o recheio dela vai a praça «material da sacristia, armação do tecto, telhado e telha, móveis da sacristia (estes por conta da confraria). Seguia-se nos próximos dias a arrematação, por conta da confraria de: vários objectos da capela, o altar-mor, o coro, os púlpitos, as sanefas e outros». Logo no dia 29 dá-se início à demolição e finalmente a 11 de outubro a pedra da capela é vendida para se fazer uma capela em Carreiros. Caso contrário teria ficado a fazer entulho na sapata da rua Nova da Alfândega, aliás como era plano original da Câmara”.
Nuno Cruz administrador do blogue "aportanobre", em comentário no blogue "doportoenaoso"

“Em 1912, dois anos depois da implantação da República em Portugal, a Junta de Freguesia de Nevogilde, para desgosto dos moradores, mandou prender a pessoa encarregada das chaves e da limpeza da capela e impediu a sua reabertura, apesar da reacção do povo. Em 18 de Abril de 1918 foi a capela devolvida ao culto, por decisão do governo de então, em decreto assinado por Sidónio Pais. A 18 de Fevereiro de 1919, a autarquia de Nevogilde exigiu as chaves e encerrou novamente a capela. Em 24 de Agosto de 1922 foi desafectada ao culto e cedida, bem como o terreno anexo àquela junta, para nela instalar a sede e o seu arquivo e no terreno construir uma escola primária. Transformada e desfigurada, com a construção de um primeiro andar, resultou, de aspecto, numa banal casa de habitação. 
Mais tarde foi esse edifício solicitado pela paróquia. Conseguida a pretensão em 1944 pelo Ministro das Finanças de então, foi este destruído e no mesmo local construída nova capela que ali existe ainda. Em 23 de novembro de 1946, o então pároco de Nevogilde, Dr. Conceição e Silva procedeu à bênção da capela, tendo ali sido celebrada, no dia seguinte, uma missa pelo Bispo D. Agostinho de Jesus e Sousa”. 
Fonte: coisasqueseescrevem.blogspot.pt


Capela de Santo Elói à direita da Igreja de S. Francisco


Capela de Nossa Senhora da Luz na Rua de Gondarém

A cruz que está na arquitrave é a mes­ma que veio da capela de Santo Elói. 



Cruz na capela na Rua de Gondarém construída de raiz em 1944


Outro arruamento sacrificado foi a Rua dos Banhos, que foi também Rua da Trabuqueta que ligava o local onde se construiu a Porta Nobre ou Porta Nova ao fundo das actuais Escadas do Caminho Novo, antigas Escadas da Esperança, por partirem junto à Capela de Nossa Senhora da Esperança na Rua Tomás Gonzaga, que era a Rua da Esperança.
Existiu em tempos uma rua que teria desaparecido quando os monjes levantaram o novo convento de S. João Novo e que foi a Rua da Almea.

“Ela correria na direção Norte-Sul sensivelmente paralela à muralha fernandina, desde a Porta Nova (ou Nobre) até ao pequeno rossio formado junto ao Postigo da Cordoaria, ou seja, a porta da muralha que abria para o início da atual Rua Tomás Gonzaga (antes Calçada da Esperança). Unia-se ao bairro dos banhos pela Minhota (ou Munhota), a julgar por estas descrições de casas que os dominicanos possuíam nas redondezas no século XVI e que dizia "esta rua é abaixo de Belmonte entre a porta nova e o postigo de S. Pedro, perto do muro...", mais à frente: "rua detrás da minhota ou almea" ou ainda: "rua da porta nova (Rua dos Banhos) ... da banda do norte, pegada com a escada que vai da porta nova para cima para a rua da almeia ao longo do muro".
Fonte: aportanobre.blogspot


Bairro dos Banhos - Ed. aportanobre.blogspot

Planta de 1839 da zona da futura Alfândega


Rua dos Banhos na planta de Balck de 1813



Legenda:
1. Rua dos Banhos
2. Rua de S. Francisco
3. Rua de S. João
4. Rua da Ferraria de Baixo
5. Rua das Congostas
6. Rua da Reboleira
7. Rua dos Mercadores
8. Rua da Biquinha
9. Travessa de S. Crispim
10. Fonte das Congostas
12. Postigo dos Banhos
13. Postigo do Pereira
14. Porta Nova


A muralha continuava paralela ao rio até subir para Santa Clara.

Demolição da Porta Nova

Da Porta Nobre até ao Terreirinho rasgavam-se os Postigos dos Banhos e o Postigo do Pereira ou Lingueta.
Essa Porta Nova que depois passou a Porta Nobre foi levantada na muralha, já próxima do rio ao fim das Escadas do Caminho Novo.
Sobre o arco de entrada da Porta Nova, havia uma capela dedicada a Nossa Senhora do Socorro, templo de grande luxo.
O Postigo do Pereira ficava a seguir ao Postigo dos Banhos e antes do Postigo da Alfândega.
Quanto ao Postigo dos Banhos, ficava onde hoje temos o Cais dos Banhos.

Cais dos Banhos - Ed. aportanobre.blogspot

Porta Nova e fortim anexo à muralha


A Porta Nova foi construída por ordem de D. Manuel I, em substituição do anterior postigo da Praia.

Postigo dos Banhos em 1860

 Legenda:

1. Hospital dos Ingleses
2. Postigo dos Banhos
3. Capela de Santo Elói
4. Igreja de S. Francisco
5. Igreja dos Terceiros de S. Francisco
6. Casa com ameias na Rua da Reboleira
7. Postigo do Pereira
8. 9. 10. Edifícios que ainda existem

Mesma perspectiva da foto anterior – Fonte: Google Maps

No Terreirinho, próximo à antiga Alfândega, existia o Postigo da Alfândega ou do Terreirinho, demolido em 1838. Continuava em direcção ao Postigo do Carvão, o único que ainda existe e assim chamado por ser por aí que entrava o combustível que ficava em depósito na Fonte Taurina. Mais adiante havia o Postigo do Peixe.
A seguir ficava a Porta da Ribeira, voltada a Leste, demolida em 1774 por ordem de João de Almada e Melo, quando se decidiu construir a Praça da Ribeira. Esta foi a primeira porta da cidade onde se gravou a inscrição alusiva à consagração de Portugal a Nossa Senhora da Conceição, decretada por D. João IV. Existiam ainda mais quatro postigos, o do Pelourinho, o da Forca, o da Madeira e o da Areia.
Depois deste último a muralha deixava de acompanhar o rio e subia até à Porta do Sol.

Porta de Carros em 1787 e Igreja dos Congregados ao centro

Na gravura acima pode-se aperceber, à esquerda da porta, a viela que seguia junto às muralha e que viria a fazer parte da propriedade dos padres Lóios.
O pano da muralha entre a Rua da Madeira e a propriedade dos padres Lóios seria demolido no fim do século XIX.


Local onde esteve a Porta de Carros, c. de meados do século XIX - Ed. aportanobre.blogspot


Na foto acima está representada a localização da Porta de Carros e na esquina frontal do prédio, esteve o antigo Café Astória, no século XX.


 Portas e postigos da Muralha Fernandina


Localização das portas e postigos

Começando pela Porta Nova ou Nobre que dava saída para Miragaia, junto ao rio Douro, as portas e postigos eram os seguintes (no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio):

1.   Porta Nova ou Nobre (antes de Miragaia e Postigo da Praia)
2.   Postigo dos Banhos
3.   Postigo da Lingueta ou Postigo do Pereira
4.   Postigo da Alfândega ou do Terreirinho
5.   Postigo do Carvão (o único que sobreviveu até hoje)
6.   Porta da Ribeira
7.   Postigo do Pelourinho
8.   Postigo da Forca
9.   Postigo da Madeira
10. Postigo da Lada ou da Areia
11. Porta do Sol (antes Postigo do Carvalho do Monte ou do Penedo)
12. Porta de  Cima de Vila
13. Porta de Carros (inicialmente apenas Postigo de Carros)
14. Porta de Santo Elói (inicialmente Postigo do Vimial e Postigo das Hortas)
15. Porta do Olival
16. Porta das Virtudes (antes Postigo de S. João Novo ou da Esperança)
    

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