quinta-feira, 17 de novembro de 2016

(Continuação 3) - Actualização em 22/01/2018

O Barredo e a Lada

O Barredo é uma das zonas mais típicas do Porto onde ainda palpita o coração medieval da cidade. No seu traçado labiríntico encontram-se casas onde o tempo deixou a sua marca e que correram o risco de desaparecerem da malha urbana portuense. O trabalho de recuperação que tem sido levado a cabo permite hoje aos seus habitantes e àqueles que visitam a cidade velha, graças ao brilho das cores originais restituído ao casario, fruir o encanto do passado.
A sua toponímia, de uma riqueza apelativa, recorda-nos uma vivência hoje afastada do nosso quotidiano: Cova do Drago, Viela do Barroco, Beco das Panelas (hoje desaparecido), Ilha dos 30, Rua da Mancebia, hoje Rua do Barredo, Escadas do Porão, Rua de Baixo, Rua dos Tanoeiros, hoje Rua dos Canastreiros.
Nesta ambiência de autenticidade popular, surgem-nos as imagens do Senhor dos Aflitos (na Rua de Baixo) e do Senhor de Matosinhos (na Travessa dos Canastreiros), símbolos de uma religiosidade ingénua, mas sentida.
Deste local vê-se a Ponte Luís I (que viria a substituir a Ponte Pênsil que ligava as duas margens, construída, por sua vez, para substituir a Ponte das Barcas), inaugurada solenemente em 31 de Dezembro de 1886, sendo o seu projecto da autoria do engenheiro belga Théophile Seyrig- colaborador de Eiffel.
No extremo do Muro da Ribeira vê-se um belo baixo-relevo em bronze, da autoria de Teixeira Lopes (pai), em memória do Desastre da Ponte das Barcas ocorrido em 29 de Março de 1809. Nesse dia, a população aterrorizada pelo avanço das tropas francesas comandadas por Soult, tentou fugir para Gaia atravessando a ponte assente em barcas que cedeu ao peso excessivo, provocando inúmeras vítimas.
Acontece, que desde o dia 26, os boatos se sucediam na cidade com os franceses às suas portas e o descontrolo da população era total.
No dia 27 soube-se que os franceses tinham passado S. Mamede de Infesta.
Assim, uma multidão em fúria, acusou de colaboração com o inimigo, quando passava pelo Padrão das Almas, actual Largo do Padrão, o tenente–coronel de infantaria 6, João Pizarro da Cunha Portocarrero, fidalgo que vivia no palacete das Sereias na Bandeirinha e matou-o.
O mesmo faria com o brigadeiro Luís de Oliveira e pelas mesmas razões.
Soult, que tinha mandado dois emissários à cidade numa tentativa de negociar uma entrada sem luta e assim evitar um banho de sangue, viu um deles ser morto e o outro, o general Foy, que se temia ser o sanguinário Loison, mais conhecido pelo Maneta, ser apenas preso, porque afinal tinha os dois braços, caso contrário…
Foi então invadida a cidade, depois do comandante Beresford ter recusado organizar a defesa a pedido do bispo que simultaneamente era presidente da Junta e se chamava D. António de S. José de Castro.
Na tragédia morreriam 10000 portuenses e a pilhagem da cidade durou 3 dias.
Toda esta tragédia foi contada por Camilo Castelo Branco no romance “Onde está a Felicidade”.
Após cerca de quarenta dias os franceses serão expulsos e a 2 de Março de 1810 seria cumprida a sentença de morte por enforcamento, na Cordoaria, dos implicados nas mortes do Portocarrero e Luís Oliveira.

“Na Lada era onde se localizavam as lojas e armazéns da venda da carqueja e da chamiça.
Nos meados do século XIV, mais precisamente em 1353, a Câma­ra do Porto emprazou "o rossio da Lada, junto às escadas do muro e entestando (formar testada, con­frontando) com este". 
Emprazar significa a cedência que o pro­prietário de um prédio (terreno ou casa) faz a outrem, mediante o pagamento de uma renda ou foro que tanto pode ser anual como semestral. 
Lada é um dos mais antigos topónimos do Porto. Os estudiosos da matéria dizem que a palavra (lada ou leda) significa estrada ou caminho largo. O que não é o caso em apre­ço. 
Frei Joaquim de Santa Rosa Viterbo, no seu precioso "Elucidário" informa que: "no rol dos direitos que cabem ao mordo­mo da terra de Gaia, lê-se que todos os na­vios que entrarem pela foz do Douro e se dirijam ao burgo o farão por entre ambas as ladas". 
Logo, aqui, a lada não seria uma estrada ou caminho de terra, mas sim caminho de água por onde, como acrescenta Viterbo, "os navios ou quaisquer outras embarca­ções podiam navegar". 
Do que não há dúvida é da antiguidade do topónimo. E é bem possível que aquele "rossio" tenha sido o velho "terreirinho da Lada" que vem citado em alguns documen­tos, mas há muito de todo desaparecido da toponímia local. Subsiste a Rua da Lada, in­tegrada no labiríntico e típico bairro do Bar­redo, da parte de trás do local onde estão as veneráveis "alminhas da ponte". 
A artéria é antiquíssima. Já existia, por exemplo, em 1230, pois vem mencionada num documento do cabido portucalense desse ano: "Rua da Lada, junto à Ribeira".
Mais de século e meio depois, em 1353, uma deliberação da Câmara proibia que "nas lojas da rua da Lada se guardassem car­quejas". 
A carqueja era um dos mais procurados combustíveis da época. E era na Lada que se concentrava a sua venda, como se depreen­de de um regimento municipal de 1393 que diz o seguinte: "toda a pessoa que na Lada e suas travessas tiver loja de carqueja e chamiça, para vender ou comprar, pagará seis tostões de pena pelo muito grande prejuí­zo que por experiência se tem visto muitas vezes de desastres de fogo que têm aconte­cido". 
O objetivo da edilidade era por de mais evidente: prevenir contra os incêndios nas casas que eram quase todas feitas de madei­ra. 
Com efeito, por aqueles tempos as habi­tações do povo, ou seja, das pessoas menos abastadas, daqueles que viviam do soldo que recebiam da sua ocupação diária, eram, em regra, muito modestas, feitas, na sua quase totalidade, de madeira e cobertas de colmo. Quando calhava de numa dessas ca­sas haver um incêndio, as chamas rapida­mente se propagavam às moradias vizinhas e quarteirões inteiros eram devorados pe­las chamas. 
Foi o que aconteceu na Rua das Tendas, junto à Sé, nos finais do século XV. Um vio­lento incêndio devorou a maior parte das casas daquela artéria do velho burgo, mui­to concorrida na época por nela se fazer um importante mercado. Daí o nome da artéria: Rua das Tendas. 
Outro incêndio ocorreu pouco tempo de­pois daquele na Rua Chã, apesar de, aqui, os edifícios serem já de um tipo de construção diferente, mais amplos e de mais sólida construção. 
Noutro documento do velho Hospital de Rocamador, datado de 1471, lê-se que "as ca­sas na Lada estavam a ser construídas sobre arcaria, que então se designava por cobertos " - tal qual como eram as da Ribeira da­quele tempo e, ainda hoje, são algumas ca­sas de Miragaia.
Num licenciamento de obra passado pela Câmara, nos finais do século XIV, diz-se ex­pressamente que será permitida a constru­ção de andares em determinada casa da La­da "sob condição de que o sobrado primei­ro da dita casa não saia fora, segundo o que está há muito estipulado nas ordenações da vila". Eram bem curiosos os nomes, não apenas das ruas e dos sítios que existiam nas proximidades da Lada, mas também dos proprietários de prédios e não só. 
Vejam esta amostra: um documento da Santa Casa da Misericórdia do Porto do sé­culo XVI regista a existência de "umas casas na travessa que vai da Lada para o forno de Bartolomeu Rebelo". 
Outro exemplo interessante: "no fim da Rua da Lada, uma viela partia do nascente com a Fraga, sobre a qual vai o caminho e a Rua do Muro para o Codeçal, a norte; e, a poente, com a travessa que vai para o forno do anzoleiro". 
Um outro documento, este do século XVIII (1743), alude à "Rua de Cima do Muro da Lada" onde ficavam umas casas que par­tiam com a capela do postigo do pelourinho. "Julgamos que esta capela seria a do Senhor da Lada que ficava ao fundo das escadas do Codeçal, para a qual se descia "por uma es­cada de pedra"”.
Com a devida vénia a Germano Silva 

Rua da Lada em 1896



Por estas bandas, numa casa do Cais da Ribeira junto à Capela da Lada, nasceu o Comandante Carvalho de Araújo em 18 de Maio de 1881.
Faleceu no Oceano Atlântico em 14 de Outubro de 1918.
Ficou célebre por ter conseguido, no comando do caça-minas NRP Augusto de Castilho, proteger o vapor São Miguel de ser afundado pelo submarino alemão U-139, comandado por Lothar von Arnauld de la Perière, em 14 de Outubro de 1918.
Ingressou na Marinha como Aspirante em 12 de Outubro de 1895. 



Casa onde nasceu o Comandante Carvalho de Araújo – Ed. JPortojo



Rua de S. João - Rua do Infante D. Henrique 

Rua de S. João 

Segundo a Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas “a Rua Nova de S. João”, como primeiro se chamou (e ainda na Planta redonda de Balck, em 1813, tem esta designação), começou a abrir-se em 1765, mas logo surgiram grandes dificuldades e consequentes pleitos por motivo das expropriações, principalmente levantadas pelos senhorios dos prédios enfiteuticos. Resolveu-as El-Rei D. José, em 1769, determinando por alvará régio um processo sumário para tal fim...Ainda em 1784 se cuidava dos alinhamentos da rua.
O Padre Agostinho Rebelo da Costa refere-se-lhe já na sua Descrição Topográfica e Histórica da cidade do Porto, em 1789. Era, como todos sabem, a rua de maior comércio no séc. XIX”.  

A Rua de S. João ou, na sua primeira designação Rua Nova de S. João, fez parte do plano projectado por João de Almada e Melo visando a transformação da malha urbana medieval. Assim, a zona ribeirinha portuense ficava ligada, de forma rápida e eficaz, à parte alta da cidade, facilitando-se as ligações com o exterior: da Praça da Ribeira, através da Rua Nova de S. João, tinha-se acesso à Rua do Almada (quer pelo Largo de S. Domingos, Rua das Flores, Largo dos Lóios, Porta do Almada; quer pelo Largo de S. Bento das Freiras, Praça Nova) e desta ao Campo de Santo Ovídio.

A sua planta é atribuída a Francisco Pinheiro da Cunha tendo-se iniciado os trabalhos da sua abertura em 1765. Porém, as obras decorreram de forma lenta, já que as expropriações e demolições levantaram inúmeras dificuldades (entre outras, refira-se o Hospital de Santa Clara, administrado pela Misericórdia e que se situava na Rua dos Mercadores). Por este motivo, e apesar do alvará régio de 1769, que tentou dar uma solução rápida aos problemas existentes, ainda prosseguiam os trabalhos em 1784.

Pensa-se que o nome da rua seria uma homenagem a João de Almada e Melo.

Rua de S. João


Rua do Infante D. Henrique 

A Rua do Infante D. Henrique teve, desde a sua abertura no tempo de D. João I (1406), várias designações: Rua Formosa, Rua Nova, Rua Nova de S. Nicolau, Rua Nova dos Ingleses e Rua dos Ingleses.
Nesta rua funcionou no século XV a antiga Bolsa dos Comerciantes num edifício cedido aos mercadores por D. João I, no qual, ainda hoje, se podem ver as armas de Avis numa das suas paredes. Reconstruído na época de D. Afonso V, dava também acesso à Casa da Moeda.
Desde cedo esta artéria tornou-se num dos centros mais importantes da cidade, não só pela sua largura, o que fez dela uma rua-praça, mas também pela importância dos edifícios nela, localizados, representativos da classe sócio-económica que nela vivia.
Na esquina das ruas de S. João e do Infante D. Henrique encontra-se a Feitoria Inglesa, edifício de grande prestígio na cidade e antigo clube da colónia britânica no Porto.
Projectado pelo Cônsul inglês John Whitehead, arquitecto amador, e construído entre 1785 e 1790, é um belo exemplar da arquitectura neopaladiana- inglesa no Porto.


Largo de S. Domingos e Convento

Convento de S. Domingos 

O largo de S. Domingos perpetua a memória do Convento de S. Domingos que aí se localizava e cuja fundação era a mais antiga da cidade (1239). A área ocupada pelo edifício conventual e suas diversas dependências abrangia toda a zona delimitada pelo Largo de S. Domingos e Rua do Infante D. Henrique e ruas Mouzinho da Silveira e Ferreira Borges.
O edifício ao longo da sua existência sofreu três incêndios (no século XVI, em 1777 e em 1832), o último dos quais, durante o Cerco do Porto, que o destruiu quase completamente. Aquilo que restou - praticamente a fachada - foi cedido em 1834 pelo Governo ao Banco de Lisboa, depois Banco de Portugal, que procedeu à sua reconstrução. Em 1934, transferido o Banco para a Praça da Liberdade, instalou-se no edifício a Companhia de Seguros Douro. Entre 1835 e 1836 foi demolida a sua igreja gótica para dar lugar à Rua Ferreira Borges. A bela fonte de mármore que existia na sacristia foi colocada, em 1838, no Jardim de S. Lázaro.


Largo de S. Domingos 

O largo foi conhecido, até meados do século passado, por Praça ou Terreiro de Santa Catarina, nome associado à Santa que se encontrava no cunhal da actual papelaria Araújo & Sobrinho.
No local onde hoje vemos a referida papelaria havia uma fonte adossada (demolida em 1922), construída entre 1846-50 para substituir o chafariz quinhentista que existia no centro do largo e que fora demolido em 1845.
Junto ao convento, ficava a Capela de Nossa Senhora das Neves ou da Escada, também hoje desaparecida, cujo nome advém do facto do acesso ser feito através de uma escada.
A actual Rua de Sousa Viterbo, antiga Rua Nova de S. Domingos (o seu nome original), foi rasgada em 1872 por terrenos onde se erguera a Capela da Senhora das Neves, anteriormente chamada capela da Senhora da Escada, que foi demolida algumas dezenas de anos antes e que, pouco distava, do chafariz redondo que existiu no largo.
O chafariz foi construído a expensas da Câmara para aproveitar alguma da água que ia para o convento dos dominicanos e em concordância com estes, em meados do século XVI. Para além desse facto, enquanto coexistiram o chafariz e a capela, estiveram distanciados cerca de 20 metros.


Vista aérea do Largo de S. Domingos – Ed. aportanobre.blogspot

Na vista anterior na estrela verde ao cimo da Rua Sousa Viterbo, ficaria a capela da Senhora das Neves e na estrela amarela o célebre chafariz.
No mosteiro de S. Domingos, fundado em 1236, anexo à capela, nos séc XIV e XV, realizaram-se algumas reuniões da Câmara Municipal.
O adro do convento era uma zona de grande actividade comercial desde o século XIV. O alpendre formado na parede da casa conventual desempenhava as funções de uma praça pública, tendo-se aí realizado reuniões camarárias e funcionado também o Tribunal da Cidade. Junto a este alpendre erguiam-se tendas de pequeno comércio, cuja actividade contribuía para a animação da zona.
O Largo de S. Domingos esteve ainda ligado às transformações urbanísticas ocorridas no tempo de João de Almada e Melo. Núcleo articulador de artérias vitais da parte antiga da cidade (Rua das Flores, Rua de Belomonte, Rua da Rosa, Rua das Congostas, Rua da Ponte de S. Domingos), para a sua remodelação projectou o Cônsul inglês John Whitehead uma praça triangular fronteira ao convento que não teve sequência.
Assim, o acesso à Rua das Flores ou Rua de Santa Catarina das Flores, como também era conhecida (mandada abrir por D. Manuel I em 1518), continuou a fazer-se com dificuldade, mas a magnífica fachada da Igreja da Misericórdia (1749-50), da autoria do italiano Nicolau Nasoni, é vista da mesma maneira como foi perspectivada pelo seu autor.


Rua e Mercado Ferreira Borges 


Rua Ferreira Borges 

Ao descer a Rua Ferreira Borges (assim chamada em homenagem ao jurisconsulto José Ferreira Borges), encontramos à direita a Rua do Comércio do Porto, chamada noutros tempos Rua da Ferraria Nova, Rua da Rosa e Rua da Ferraria de Baixo (já que se dirigia em direcção à ferraria existente na zona da Ribeira), cuja abertura e urbanização ficou a dever-se aos frades.
O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (organismo oficial com funções fiscalizadoras das actividades ligadas à produção e comercialização do Vinho do Porto) foi criado em 1933, encontrando-se actualmente sedeado no edifício mais importante da Rua Ferreira Borges que, de início, se destinou ao Banco Comercial do Porto e desde daquela data está na posse do instituto.
A magnífica construção, datada de 1843, é, pela elegância e fineza das suas linhas, um dos melhores exemplares da arquitectura neoclássica portuense, contribuindo de forma significativa para o enquadramento da Praça do Infante D. Henrique.

Aqui ficava o Banco Commercial na Rua Ferreira Borges ainda em obras

Vista actual da foto anterior


Como se pode ver pela comparação das duas fotos a casa onda esteve instalado o Banco Commercial, foi alvo de acrescentos laterais e hoje é sede do Instituto do Vinho do Porto.
No local só se adivinha que o edifício foi alvo de ampliação, apenas pelas tonalidades diferentes do granito empregue.

Perpectiva de Norte para Sul do local das duas imagens anteriores

Na gravura acima pode ver-se, em 1861, o Palácio da Bolsa no Porto, Coelho J. «Archivo Pittoresco» e, à direita, um pouco do edifício do Banco Commercial.


Ainda a mesma perspectiva de Norte para Sul em 1940



Publicidade em 1905 ao Banco Commercial no Porto 

O Banco Commercial do Porto inicia a actividade em 2 de janeiro de 1836, na Rua Ferreira Borges tendo sido o primeiro banco do Porto por vontade de dois comerciantes locais, Francisco Joaquim Maia e João Ferreira dos Santos Silva Júnior, com o privilégio de emissão de moeda, que, até então, era um exclusivo do Banco de Lisboa, criado dez anos antes.


 “Duas décadas depois da criação do Banco Comercial do Porto (que viria a ser extinto noventa anos depois da sua constituição), nasce o Banco Mercantil Portuense, que desapareceu em 1894. Muito impulsionada pelo fluxo de capitais vindos do Brasil, segue-se a criação do banco União, do Aliança e da Nova Companhia de Utilidade Pública, todos com capacidade de emitir moeda.
Entre 1873-1875, há uma expansão descontrolada de bancos no país, incluindo no Porto, em parte por não ser necessária autorização governativa. Em três anos criaram-se seis bancos, quatro estabelecimentos de crédito e numerosas agências e filiais de outros bancos. À euforia e especulação segue-se as crises de 1876, que obrigou ao encerramento de vários deles. 
(…) A partir de 1881, um conjunto importante de bancos do Porto cria o Sindicato Portuense, para assegurar a construção e exploração da Linha Férrea de Barca de Alva a Salamanca, um projecto que não cumpriu as expectativas e ficou conhecido por "Salamancada". É na sequência da Salamancada, e da profunda crise financeira das maiores instituições da cidade, que os bancos do Porto perdem, em 1891, o direito de função fiduciária. 
Em 1894, o número de bancos do Porto reduziu-se apenas a dois. "A partir de então, o Porto deixou de ter qualquer capacidade de diálogo ou de réplica a Lisboa, a uma capital que se transformou em definitivo no único centro de decisão nacional".
Fonte: ROSA SOARES 11 de Maio de 2009


Igreja de S. Francisco

Na gravura anterior com a perpectiva desde a Rua do Infante D. Henrique, vê-se lá longe a abertura da Rua Ferreira Borges e lá no cimo, a paroquial da Vitória.


Mercado Ferreira Borges 

A arquitectura do ferro no Porto (na qual se incluem o desaparecido Palácio de Cristal, as Pontes Maria Pia e Luís I, a cobertura metálica do Pátio das Nações no Palácio da Bolsa, entre outros) tem no Mercado Ferreira Borges um dos seus exemplares mais interessantes.
Mandado construir na cerca do antigo convento de S. Domingos pela Câmara (1885-88), pretendia-se que substituísse o velho Mercado da Ribeira. A sua construção foi arrematada pela Companhia Aliança, pertencendo o projecto ao arquitecto João Carlos Machado e tendo sido executada pela Fundição de Massarelos.
A existência do mercado nas funções primitivas a que se destinava teve uma duração muito curta.
Assim, no início do século XX, surgiram outras alternativas para o espaço desde o seu aproveitamento museológico (Museu Municipal, Museu Colonial, Museu Industrial) até à sua utilização como estufa. Posteriormente levantou-se a hipótese da sua demolição que não foi concretizada. Teve diversas serventias desde garagem, cozinha dos pobres e, por fim, mercado da fruta (1939).
Porém, uma vez extinto em 1978, o Mercado Abastecedor de Frutas, o edifício entrou num processo acelerado de degradação, tendo sido recuperado unicamente a partir de 1983.



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