terça-feira, 24 de janeiro de 2017

(Continuação 7)

Do Corpo de Salvação Pública ao Batalhão de Sapadores Bombeiros
 

A decisão da construção da Estação Central dos Bombeiros Municipais e da respectiva casa esqueleto, em terrenos compreendidos entre o Largo de Fradelos e a Rua Gonçalo Cristovão, foi tomada em 16 de Julho de 1903. 
O quartel viria a ter a designação de Quartel Guilherme Gomes Fernandes.



Quartel dos Bombeiros, na Rua de Gonçalo Cristóvão, em 1911


 


Desfile de carros de Bombeiros Municipais passando na Praça D. Pedro e dirigindo-se para a Rua Elias Garcia, c. 1911
 
 
 
 

Carros de 1911



Exercícios executados na torre esqueleto do Quartel da Rua de Gonçalo Cristovão, c. 1911
 
 
 

O Quartel dos Bombeiros Municipais, na Rua Gonçalo Cristovão, situava-se onde hoje está construído o Siloauto ao cimo da Rua de Sá da Bandeira.
 
 
 
No morro (em processo de demolição) da foto acima, com perspectiva desde a Rua de Sá da Bandeira pôde observar-se, durante anos, as traseiras do Quartel dos Bombeiros Municipais e a sua torre esqueleto para manobras e exercícios. 




Carro de combate a incêndio, em 1913, na Rua do Heroísmo, ao cimo da Rua Garrett (Rua Padre António Vieira)




Ambulância



B. V. do Porto - Autotanque Kelly – 40 CV



Em 27 de Setembro de 1946, é fixada a actual designação de Batalhão de Sapadores Bombeiros e, em 25 de Fevereiro de 1959, é inaugurado o actual Quartel Sede do Batalhão de Sapadores Bombeiros, na Rua da Constituição.




Casa esqueleto do Batalhão de Sapadores Bombeiros, actualmente 




Socorros a Náufragos


Alberto Pimentel, em “O Primeiro de Janeiro” de 21 de janeiro de 1909, diz:
D. Miguel mandara construir junto da barra do Porto, no ano de 1830, um edifício destinado a um posto de socorros a náufragos. Custou a construção do referido edifício, ao tempo, elevadíssima quantia de 6400$000 reis, mas o Governo, por o posto não ter chegado a prestar quaisquer serviços, resolveu acabar com ele, vendendo-o a um particular, em 1835, por 800$000 reis. 
Em 29 de Março de 1852, deu-se o naufrágio do vapor «O Porto», catástrofe que enlutou a cidade e causou extraordinária consternação em todo o país, e tão lamentável como trágico sucesso levou algumas actividades locais, como a Associação Comercial e a recém- criada Real Sociedade Humanitária, a instar junto do poder no sentido de a fatídica barra do Douro ser dotada com um serviço de socorros devidamente apetrechado. Do esforço das referidas entidades, resultou a expropriação, por 5.000$00 reis, daquele antigo imóvel levantado por D Miguel, e a construção, que se ficou a dever àquela benemérita Sociedade fundada por Manuel Clamouse Browne, de um alto palanque destinado ao salvamento de náufragos. O referido palanque, que se situava entre aquele posto e a muralha da meia-laranja, era uma espécie de esqueleto de um alto edifício, em cujo pavimento superior se encontravam montados vários apetrechos de socorro e um cabo de vai vem. Era isso o “”dropp””, a que o povo chamava «o hidrópico», caranguejola de pau de pinho que, podre de velho mas com pouco ou nenhum uso, viria a ser demolido alguns anos depois do seu patusco aparecimento no local”. 




A Junta da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, tinha sido encarregada, em 1807, de construir um barco salva-vidas, utilizando como modelo outros da mesma natureza que o cônsul inglês Guilherme Warre havia mandado vir de Inglaterra. Em 1828, foi novamente incumbida a Junta de construir outro barco semelhante ao primeiro, que tinha ido para Lisboa, o qual foi executado por Manuel Gomes da Silva, mestre da Ribeira do Douro, na cidade do Porto. 
Entretanto, D. Miguel por uma Resolução de 21 de Abril de 1828, e como resposta a uma solicitação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, manda edificar a Real Casa d’Asylo dos Naufragados na Foz do Douro.



Real Casa d'Asylo dos Naufragados; Desenho de José Avelino de Castro (1791-1854) 



Após o naufrágio do Vapor Porto é então criado um estabelecimento Salva-Vidas, no local da Casa de Asilo dos Naufragados.




Carro para socorro a náufragos, munido de porta-cabos e material de socorro



Instalação dos B.V. Portuenses no Passeio Alegre



As instalações da foto acima tinham por objectivo o socorro a náufragos e, por isso, a sua localização era junto à foz do rio Douro e tinham por comando desde 1950, os B.V. Portuenses.
A propósito dessa intervenção no socorro a náufragos, no site do Arquivo Distrital do Porto pode ler-se: 


"Pouco depois do naufrágio do vapor Porto, ocorrido no ano de 1852, criou-se e regulamentou-se por decreto de 23 de Dezembro do mesmo ano o estabelecimento denominado Salva-vidas, administrado por uma comissão a que presidia o Governador Civil do Porto.
É extinta em 13 de Março de 1928 pelo decreto nº 15172, e passa a Instituto de Socorros a Náufragos".  


Cópia de parte do Decreto nº 15172 de 1928



No site do Instituto de Socorros a Náufragos pode ler-se:

Em Fevereiro de 1892 um violento temporal assolou a costa Portuguesa, tirando a vida a 105 dos 900 pescadores que estavam em faina. Perante tal tragédia, e por insistência de S. Majestade a Rainha D. Amélia, foi criado por Carta de Lei de 21/4/1892 o Real Instituto de Socorros a Náufragos, mantendo-se como sua Presidente a sua fundadora, até à implantação da República em 1910, passando a designar-se como Instituto de Socorros a Náufragos (ISN)” 


Das duas narrativas anteriores, pode inferir-se que o "Salva-Vidas" esteve desde a institucionalização do Instituto de Socorros a Náufragos em 1892, até 1928, sob a gestão de uma comissão administrativa vinda de 1852, só passando nesta data, para a alçada do referido instituto.
Em 1852 tendo ficado muito impressionado com o naufrágio do Vapor Porto, ocorrido na barra do Douro a 29 de Março, Vitorino Damásio sentiu-se compelido a estudar uma forma de, a partir de terra, lançar um cabo de salvação a um navio em risco.
Assim, Vitorino Damásio viria a ser o primeiro comandante do denominado “Salva-vidas” na barra do Douro.
Acontece que no seu romance “Scenas da Minha Terra”, de 1862, o escritor Júlio Cesar Machado, faz uma visita ao “Salva-vidas” acompanhado do barão de Massarelos, Júlio Kopke e dá testemunho daquela estrutura de socorro.



Estação de Socorros a Náufragos



No edifício dos “Socorros a náufragos” encontra-se desde 2014 um restaurante – Ed. José Carlos Cunha



Âncora do super petroleiro Jacob Maersk - Ed. APDL



Na foto anterior o monumento exposto em terrenos da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) invocando o naufrágio e incêndio de petroleiro Jacob Maersk em 29 de janeiro de 1975, à entrada do Porto de Leixões.
Um outro naufrágio que ficou célebre nesta zona, ocorreu nas areias do Cabedelo na foz do rio Douro em 15 de Março de 1963, com o navio Silver Valley de bandeira Liberiana, no qual todos os tripulantes foram salvos por meios aéreos.

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