quinta-feira, 2 de novembro de 2017

(Continuação 33)


Este palacete situa-se na Rua António Cardoso onde funcionou a Direcção Regional de Cultura do Norte (agora com sede em Vila Real), que aqui tem uma delegação.
Foi mandado construir nos últimos anos da década de 1920, para residência pelo 3º Visconde de Vilar d'Allen, Joaquim Ayres de Gouveia Allen, com ligações à Casa Ramos Pinto (através de laços matrimoniais e comerciais), engenheiro de formação e cônsul da Bélgica no Porto, e definido como um "misto de aristocrata e capitalista" .
O projecto foi concebido pelo arquitecto José Marques da Silva (1869-1947). Em 1991, foi construída, nos seus jardins, a Casa das Artes, projecto do Eduardo Souto Moura.


“Os primeiros desenhos estavam concluídos em Abril de 1927, mas o casal Allen foi introduzindo múltiplas alterações ao projecto inicial que, de forma genérica, se prendiam com o hall de distribuição do espaço interno e com a localização da capela, que se pretendia de acesso directo ao exterior, sendo que todas estas questões acabaram por se reflectir na própria concepção das fachadas, também sucessivamente alteradas. Na sua Dissertação de Doutoramento, António Cardoso analisa este programa, considerando o Petit Trianon, de Versalhes, como o modelo principal da Casa Allen, numa escolha cuja responsabilidade imputa ao encomendador, e da qual resultou uma “imagem mitigada e adulterada de um Petit Trianon, agora portuense, numa linguagem academizante e involutiva”.
A planta estrutura-se em torno do hall central, a que se acede através da fachada principal, virada para a rua, e da fachada Sul, cuja monumentalidade acaba por inverter a importância dos alçados, quase anulando o principal. A capela abre-se no alçado Norte, que se articula em três corpos diferenciados.
Ambas as fachadas, de aparelho rusticado, caracterizam-se pela simetria na abertura dos vãos, pelos remates em platibanda, que quase cobrem o telhado, e pelos pórticos, numa linguagem de cariz neoclássico. De acordo com António Cardoso, reside na concepção destes alçados, de leitura equívoca em relação ao interior, uma das novidades do projecto: “a suposta ambiguidade das fachadas significava, afinal, a sua visão totalizadora, uma nova concepção do projecto, e uma nova forma de abordagem”. Os jardins, que aproveitam três frentes da casa, distribuem-se da seguinte forma: na entrada e na área lateral Sul, respeitam um esquema racional, e na zona posterior invocam a influência inglesa”.
Fonte: “patrimoniocultural.gov.pt”



Palacete do visconde Vilar de Allen


Fachada principal e jardim - Fonte: “portophotographyguide.wordpress.com”



Pormenor de jardim – Fonte: “portophotographyguide.wordpress.com”

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