segunda-feira, 12 de março de 2018

(Continuação 2)



O eclipse de 1912 no Porto foi apenas parcial, mas, em Milhundos, Penafiel, ele foi total. A comunidade científica escolheria, como num outro eclipse ocorrido anos antes em 1900, para a sua observação, a vila de Ovar.


“O eclipse solar de 17 de Abril de 1912 podia ser visto no norte do País pelo que acorreram ao Porto vários astrónomos estrangeiros como Ross, Blackline e James Wortvington. O fenómeno, que na cidade do Porto foi apenas parcial, iniciou-se às 10:00h, atingiu o máximo às 11:25h e terminou às 13h. O eclipse total pôde ser observado em Milhundos, concelho de Penafiel, onde se concentraram muitos curiosos e astrónomos amadores e profissionais. O astrónomo Francisco Miranda da Costa Lobo, professor da Faculdade de Ciências de Coimbra, preferiu fazer as suas observações em Ovar e usou um registo fotográfico (com uma câmara especial colocada à sua disposição pelo Sr. Sallet) e outro cinematográfico (com um cinematógrafo emprestado por Carlos Ferrão e operado pelo tenente Negrão de Lima, “distinto amador portuense”). Depois desta façanha, Costa Lobo passou a ter um lugar de vanguarda do cinema astronómico a nível internacional...Conforme se pode ler no Tripeiro, de Abril de 1962, ao recordar acontecimentos ocorridos 50 anos antes, “os vidreiros portuenses fizeram grande negócio com a venda de milhares de vidros fumados, e, mau grado todas as fases do eclipse terem sido previamente anunciadas e explicadas, muita gente se assustou até ao pânico no momento em que, tendo o fenómeno atingido o seu zénite, a luz começou a desaparecer gradualmente e, já a cidade envolta em crepúsculo, a própria passarada começou a recolher aos ninhos…”
Fonte: oholoscopio.blogspot



“No dia 17 de abril de 1912 três expedições estrangeiras – uma russa, uma francesa e uma inglesa – e uma nacional, a da Universidade de Coimbra, encontravam-se em Ovar, ou na sua vizinhança, para observar o invulgar eclipse solar que iria ocorrer naquele dia. Este acontecimento não gerou, no entanto, o entusiasmo provocado pelo eclipse solar observado em 28 de maio de 1900. Nessa altura, muitos curiosos, entre os quais se contavam os príncipes reais D. Luís Filipe e D. Manuel, deslocaram-se a Ovar para assistir ao fenómeno. Um resultado devido, na nossa opinião, às diferentes características dos dois eclipses…
Segundo o Comércio do Porto no dia 17 de Abril de 1912:
“ [...] .o tenente snr. Nogueira Ferrão, habilissimo photographo-amador e que ultimamente se tem dedicado, com muito exito, á cinematographia, socio da União Cinematographica Limitada de que faz parte o Jardim Passos Manoel, esteve hontem em Ovar, adaptando o apparelho cinematographico ao telescopio da Universidade, com a auctorização e de combinação com o illustre dr. Costa Lobo. Assim, cinematographou todas as phases do eclipse.”



 Filmagem durante o eclipse de 1912



A câmara de filmar pode ser vista do lado esquerdo da fotografia. Costa Lobo encontra-se por detrás do teodolito com um chapéu de coco…Costa Lobo concluiu então que o eclipse foi total na direção do movimento da Lua, e anular na direção perpendicular, ou seja, que a Lua possuía um achatamento similar ao da Terra. Estimou ainda uma diferença de alguns quilómetros entre os raios equatorial e polar da Lua. Este resultado foi, na altura, completamente inesperado, e Costa Lobo apressou-se a comunicá-lo à Academia de Ciências de Paris. Inicialmente a interpretação de Costa Lobo foi apoiada por outros observadores, entre os quais o padre Fernand Willaert, que tinha igualmente cinematografado o eclipse em Namur, na Bélgica. No entanto, após alguns meses, a comunidade internacional preteriu-a a favor da explicação de que a assimetria observada era um resultado da irregularidade do limbo lunar. Apesar de, na altura, os dados disponíveis não terem permitido optar categoricamente entre ambas as hipóteses, hoje sabe-se que a Lua possui um pequeno achatamento”.
Fonte: artigosjornaljoaosemana.blogspot



Eclipse de 1912 em Ovar



Eclipse de 1912 em Ovar - Ed. Aurélio da Paz dos Reis

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