quarta-feira, 28 de março de 2018

(Continuação 8) - Actualização em 21/01/2020


Especulação camiliana


Um portuense, um verdadeiro tripeiro, não pode deixar de se interessar pela história da cidade do Porto. A transmissão aos mais novos das origens, lutas, sofrimentos, catástrofes e muitas vitórias e alegrias, é uma missão de todos para que a nossa identidade de portuenses jamais se perca.
Esta argumentação decorre de um facto histórico conhecido, que foi a condecoração atribuída a Camilo Castelo Branco em 1872, pelo Imperador do Brasil que, para o efeito, se deslocou à casa do escritor, que à data vivia em S. Lázaro.
Um dos biógrafos de Camilo foi Alberto Pimentel que, para a posteridade, deixou o percurso do escritor por este mundo, exarado na obra “O Romance do Romancista”.
Neste livro são expostas algumas gravuras, que na época já da existência da fotografia, eram elaboradas de modo a apresentar a realidade com todo o pormenor.



Gravura da casa em que morou Camilo ao Jardim de S. Lázaro



Na gravura acima extraída daquele romance, está a casa (1ª à esquerda) onde Camilo Castelo Branco foi condecorado em 1872, pelo imperador do Brasil.



Perspectiva que se assemelha à da gravura anterior – Fonte: Google maps



Comparando a perspectiva e gravura anteriores, demos connosco a especular, que o prédio mais à esquerda onde esteve o café S. Paulo, pode ter sido a casa onde Camilo recebeu o imperador Pedro II do Brasil.
Que interesse terá isto, se dirá?
Se isso se confirmasse, haveria que preservar essa memória a exemplo de outros locais.
Tal atitude de preservação já foi tomada no prédio onde o escritor casou na Rua de Santa Catarina, ou também dirigida a outro vulto das letras, a casa onde morreu o poeta António Nobre, na Avenida Brasil, locais que se encontram, porém, esquecidos e em degradação contínua, e que urge ser estancada.
Se não tratarmos de preservar estas memórias para os vindouros, vamos acabar sem a identidade que sempre nos caracterizou.
Para esse prédio que, em 1897, ficava na Rua de S. Lázaro, nº 270, se transferiria o Colégio de Nossa Senhora da Divina Providência, vindo da Rua da Restauração e, onde, antes, já tinha estado o Colégio de S. Bento.




Publicidade ao Colégio de Nossa Senhora da Divina Providência, no Jornal “A Voz Pública” em 30 de Setembro de 1897




No 2º andar do prédio na Rua de Santa Catarina casou Camilo com Ana Plácido – Ed. Graça Correia


Acontece que, de facto, o prédio que procurávamos, já há muito desapareceu.
Tinha o nº 258, da Rua Rodrigues de Freitas e, em foto anterior, estaria entre o do referido Café S. Paulo e o prédio da esquina.


Prédio onde Camilo recebeu o Imperador do Brasil


Alguns anos depois da morte de Camilo, a associação recreativa, que teve o seu nome, a “Sociedade Camilo Castelo Branco”, estava sedeada na Rua de S. Lázaro, nº 393, quase em frente à sua antiga residência.
O seu acervo passaria para a Assembleia Comercial Portuense.


 

In jornal “A Voz Pública”, 18 Agosto 1900, pág. 2



Pela Assembleia Comercial Portuense, haveria de passar um chapéu que Henrique Coutinho, comerciante de chapelaria no Porto, ofereceu ao escritor e que ele nunca usou e acabou no museu de Seide.

 
 

In Cartas de Camilo Castelo Branco; H. Antunes, Editor – Rio de Janeiro



Em 1901, o Club Commercial Portuense estava em grande actividade.
 
 

In jornal “A Voz Pública”, 3 de Julho de 1901, pág. 2

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