quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

(Continuação 17) - Actualização em 24/01 e 11/04/2018 e 18/01/2021




"A pedra de armas que encima o portal (séc. XVIII) é muito ornamental (estilo rocaille), revelando um bom trabalho do lavrante, mas um fraco desenho heráldico. A sua leitura é a seguinte: 
Composição - Partido, sendo o 1.° cortado.
Classificação - Heráldica de Família.
Leitura - Alvo, Brandão e Azevedo, Coronel de Nobreza.
É muito antiga a família dos Alvos, existindo várias referências pelo menos desde o séc. XIII. Eugénio A. Cunha e Freitas diz que Simão Alvo, filho de Gonçalo Alvo, «sucedeu no Prazo de Campanhã e mais Casas de seus pais». A Simão sucedeu Pantaleão Alvo Godinho, nascido em Campanhã e procurador às Cortes pela cidade do Porto em 1640. Falecido em 1661, deixa em testamento a Quinta de Campanhã a seu filho, Simeão, que tinha entretanto casado (1659) com Isabel Maria Brandão Perestrelo, entrando assim os Brandões na família. No início do século XVIII, os Azevedos ligam-se à família dos Alvos através do casamento de Pantaleão Alvo Godinho Brandão Pereira Perestrelo com Maria Azevedo. Um dos filhos deste casal, José Alvo Godinho Brandão Pereira Perestrelo de Azevedo, herdará (por renúncia do primogénito) a casa senhorial de Campanhã. Por sua vez, em 1800, uma sua filha casa com o 2.° Visconde de Balsemão, entrando assim a quinta da Revolta na posse da família Pinto de Sousa Coutinho (Viscondes de Balsemão). Em 15 de Março de 1866 a Revolta é vendida a José Duarte de Oliveira, próspero homem de negócios da praça do Porto, por seis contos de réis em metal. Em 1919, o proprietário é agora seu filho, José Duarte de Oliveira Júnior, viticultor e escritor agrícola notável.
(…) Em 20 de Janeiro de 1920 foi acordada a venda da propriedade, entretanto liberta dos ónus a que estava sujeita, que seria paga em duas prestações totalizando a quantia de 8000$00. Finalmente, a 8 de Março de 1921, após o pagamento da segunda prestação (3 000$00), é lavrada a escritura de quitação entrando a propriedade na posse da Firma de horticultura e floricultura, Alfredo Moreira da Silva & Filhos, Lda., onde ainda hoje se encontra. Refira-se que, em 4 de Dezembro de 1924, a propriedade foi enriquecida com a compra de uma parcela de terreno em Bonjóia, contígua à quinta do mesmo nome, e adquirida à família Brandão de Melo.
Fonte: “j-f.org/monografia”





“A Quinta da Revolta ou Horto do Freixo é uma quinta localizada em Campanhã, na cidade do Porto.
Sobranceira ao rio Tinto que corre através das suas terras, na zona do Freixo, a Quinta da Revolta foi construída entre os séculos XVII e XVIII e deve o seu curioso nome, segundo alguns, a uma eventual revolta ocorrida ali por perto naquela época, porém outros dizem que essa denominação tem a ver com a sinuosidade da Rua do Freixo.
A Quinta, como muitas outras na zona, era a casa de veraneio de uma das grandes famílias do Porto, os Viscondes de Balsemão, donos de um magnífico palácio no centro da cidade. Em 1851, os viscondes aforaram a propriedade ao irmão, José Alvo Pinto de Sousa Coutinho de Balsemão, para mais tarde a venderem ao capitalista portuense José Duarte de Oliveira. Por sua vez, em 1918, foi comprada por Alfredo Moreira da Silva, horticultor, em cuja família permanece ainda hoje.
A casa da quinta é de dois pisos, planta em "L", envolvida por jardins de buxo e com a capela pegada à casa. O acesso ao pátio da quinta é feito por um portão encimado pela pedra de armas dos Viscondes de Balsemão (Alvo, Brandão e Azevedo, com coroa de visconde). A casa é simples, modesta, embora de grandes dimensões. Na capela, consagrada a Nossa Senhora da Conceição, destacam-se os elementos azulejares do interior.
Hoje funciona na propriedade o Horto do Freixo, que mantém a tradição e a memória do ilustre horticultor que comprou a propriedade. É dos melhores hortos da cidade, um nome a ter em conta para quem se interesse por jardinagem. Mas, segundo notícias vindas a público, a criação do Parque Oriental da Cidade, no vale dos rios Tinto e Torto, irá integrar a Quinta da Revolta, como estalagem privada integrada na nova zona verde. Mas tais ideias encontram-se ainda, neste momento, no papel”.
Fonte: pt.wikipedia.org




Entrada da Quinta da Revolta



Casa da Quinta da Revolta



Sobre o nome da quinta, Moreira da Silva testemunhava:

“Amigo e Senhor Faria – Chamam a minha atenção para a pergunta (Quinta da Revolta), inserta no nº. 28 do nosso querido Tripeiro. Quando há anos comprámos a quinta, assim denominada, também perguntei qual a revolta que daria o nome à quinta e soube que não tinha sido nenhuma revolução, mas sim a revolta do Freixo. Fiquei na mesma e pensei então que, sendo a Rua do Freixo uma das ruas que mais curvas tem, natural era que tivesse voltas e revoltas e ser daí que lhe vem o nome. A Quinta da Revolta está situada na Rua do Freixo, na revolta que segue à volta etc. etc. Amigo certo e obrigado – J. Moreira da Silva”.
In “O Tripeiro” Série III, Ano II, de 1 de Abril de 1927







“Esta quinta com casa apalaçada fica na Rua do Freixo em Campanhã.
João Allen, ou mais precisamente John Francis Allen, descendente de uma distinta família inglesa, viveu na cidade do Porto no decorrer da primeira metade do século XIX, mantendo estreitas ligações à produção e comércio de Vinho do Porto. Grande coleccionador e homem ligado às artes, João Allen era o proprietário do Museu Allen (cujo acervo foi depois integrado no Museu Municipal) na Rua da Restauração. As importantes acções na Guerra Peninsular, em que participou como voluntário, valeram-lhe a distinção de Cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, concedida por D. João VI. 
Em 1839 começou a construir a Casa de Villar d'Allen, como residência de verão, e a respectiva quinta, que foi crescendo progressivamente através da aquisição do Monte da Fonte Pedrinha, e da Quinta da Arcaria à Santa Casa da Misericórdia do Porto nesse mesmo ano, da Quinta de Vila Verde em 1869, ou da Quinta da Vessada em 1873. No portão da quinta observa-se um pequeno brasão em ferro com a representação heráldica dos Allen, família que ainda hoje é sua proprietária. 
Assim, a Casa de Villar d'Allen, exemplo de arquitectura romântica e de certo pendor revivalista, resulta da recuperação e remodelação da casa da Quinta da Arcaria, à qual foram acrescentados dois corpos a Nascente e a Poente, soterrando a fábrica de curtumes anexa à fachada Norte, esta última rematada com dois torreões, com merlões e seteiras. 
De planta rectangular, que articula três pisos ao nível do alçado posterior e dois no principal, a casa apresenta um corpo envidraçado a sul que lhe acentua o carácter alongado. As platibandas recortadas que rematam as paredes, juntamente com os merlões e as seteiras, conferem unidade às linhas superiores da fachada. 
O alçado posterior abre-se para o jardim de formas geométricas, conservado da quinta anterior, e que apresenta buxos e alegretes em granito, com um lago redondo e repuxo, ao centro. A Norte, o aterro cria uma zona individualizada, cercada por um pequeno bosque, onde Alfredo Allen, filho de João Allen e 1º Visconde de Villar d'Allen, introduziu na propriedade, e em Portugal, alguns exemplares de plantas e arbustos exóticos, entre os quais se destacam as famosas camélias de Villar d'Allen. Este tratamento paisagista tem vindo a ser considerado como um dos primeiros no nosso país que segue a tipologia dos jardins paisagistas e pituresques que procuram reproduzir a espontaneidade da natureza; sendo, muito possivelmente, inspirado nos livros trazidos de Londres e que ainda hoje integram o espólio da biblioteca de Villar d'Allen, entre os quais se destacam William Kent e Capability Brown. Nos jardins surgem, amiúde, pedras trabalhadas e falsas ruínas, entre as quais se destacam os fogaréus e os "cestos de fruta" atribuídos a Nicolau Nasoni e muito possivelmente provenientes do vizinho Palácio do Freixo, concebido por este arquitecto. 
No interior, destaque para os estuques da sala de estar principal (com representações de figuras históricas e mitológicas) e para a denominada "Sala das Estátuas", de planta rectangular com cantos arredondados em cujos nichos se expõem figuras em gesso representando as quatro estações do ano. Uma última referência para a interessante colecção de retratos da família Allen, que tem início em Georges Allen (1698-1772) e termina em Alfredo Ayres de Gouveia Allen (1900-1975), sendo as mais antigas pinturas atribuídas a Mercier”. 
Com a devida vénia a Rosário Carvalho



Casa e Quinta de Vilar d’Allen


Em 1848, a casa e a quinta estavam para alugar.
 
“Prédio para alugar: aluga-se a casa e Quinta de Villar d’Allen, sita em Campanhã”.
In jornal “Periódico dos Pobres”(frontespício) de 4 de Setembro de 1848
 
 
De notar que a casa do anúncio anterior, nada tem que ver com a actual, que resultou da recuperação e remodelação da casa da Quinta da Arcaria adquirida, assim como a Quinta de Campanhã de Baixo e a Quinta de Fonte Pedrinha, em 1839.
Até aos nossos dias sempre nas mãos da família Allen, actualmente, a quinta é visitada essencialmente por incluir, nos seus jardins, uma das maiores colecções de camélias do país, cultivadas há mais de 150 anos por aquela família.


 

Casa e jardim da Quinta Villa d’Allen






A quinta de Vila Meã pertenceu em tempos à família Vieira, também conhecidos por Vieiras.
“No primeiro foral passado a esta quinta, em 1473, encontramos referências a um tal João Vaz Lordelo Vieira Annes.
A família Vieira que possuía várias outras propriedades na freguesia e nos lugares de Bouça-Ribas, Cerco, entre outros, ligou-se posteriormente por via matrimonial à família Araújo também desta freguesia, dando origem ao ramo dos Cunha Araújo que viveu nesta quinta até à década de 1860.



Quinta de Vila Meã, ou do Mitra – Fonte: Blogue “Porto Sombrio”



Anteriormente, em 1758, este lugar de Vila Meã tinha sete vizinhos ou fogos.
Em 1864, e já depois de várias mutilações, esta quinta compunha-se de «Casal de Baixo e do Casal de Cima (este já desaparecido), que eram a Casa nobre, Capela (dedicada a Nossa Senhora dos Anjos), jardins, pomar, lago, casas para caseiros, e de mais 25 propriedades, que iam de Godim ao Fojo (hoje Praça das Flores), Lameira, Corujeira, do Monte Escoural até à Bonjóia».
Possuía igualmente um parque murado de recreio localizado perto da Estação de Campanhã e terrenos onde actualmente se situa a linha de caminho- de- ferro até à ponte de Contumil.
O Casal de Cima que englobaria estes terrenos foi assim destruído aquando das obras de construção da linha.
Num passado bastante recente existia na rua do Monte da Estação, um portão de uma antiga entrada nobre para este Casal, portão esse em pedra lavrada em belo estilo barroco, que desapareceu.
Em 1866, a quinta deixa definitivamente de estar na posse da família dos Vieiras, sendo então vendida ao Comendador José Joaquim Pereira de Lima pela importância de 1250$000 réis.
Até à década de 20 do séc. passado continuou a pertencer aos herdeiros do Comendador, altura em que foi vendida a uma família de apelido Mitra. É justamente com a designação de Quinta do Mitra porque hoje é mais conhecida.
Actualmente a quinta pertence à Câmara Municipal do Porto que aí procedeu à instalação de um bairro de casas pré-fabricadas. O estado da capela e casa senhorial são de praticamente total ruína, estando lá instalada uma organização de solidariedade social e localiza-se nas proximidades do Palacete de Bonjóia e à face da Via de Cintura Interna”.
Fonte – Site: j-f.org/monografia



Quinta de Vila Meã, em 1890




Chafariz da Quinta de Vila Meã em 1943 - Ed. Guilherme Bonfim Barreiros



Chafariz transferido da Quinta do Mitra para o Palácio de Cristal - Ed. MAC





Ruínas da capela da Quinta do Mitra



Fonte da Quinta de Vila Meã, com data de 1710, gravada no granito






A quinta, propriamente dita, resultou da reunião de três propriedades.
A primeira era constituída por uma casa com quintal e dependências na Rua da Lameira de Cima.
Os dados mais antigos conhecidos desta quinta é de que em 21/9/1876 era propriedade de João Lino dos Santos, funileiro e morador na Lameira de Cima, tendo dispendido 75$000 réis.
Em 1892, na sequência do processo de herança, a propriedade passa a pertencer a Dona Maria Josefina de Jesus Correia e sua irmã, Dona Vitória dos Santos Correia, tendo sido avaliada nessa altura no valor de 800$000 réis.
A segunda propriedade, denominada "Quinta da Lameira", situava-se na Rua de S. Roque, 984/982 e era constituída por casa de dois pisos e águas-furtadas, lavradio, água e árvores de fruto e outros.
Em 1910, eram seus proprietários 3 irmãos de apelido Gomes Ferreira, dois deles militavam na carreira de armas.
Finalmente, a terceira parcela, tem como seu último registo de serem seus proprietários Joaquim Vitorino Mesquita Soares e esposa.

“Em 21 Dezembro de 1911, o Prof. Dr. José de Oliveira Lima adquire a primeira e a segunda propriedade, pagando 700$00 e 3600$00, respectivamente. Pouco tempo depois em 1912, a terceira e última parcela foi comprada por 100$00. Estava assim formada a quinta da Bela-Vista. Naquelas compras, o Prof. Dr. José de Oliveira Lima aplicou grande parte da fortuna pertencente à esposa, Maria Emília de Sousa Nogueira d'Oliveira Lima, filha e irmã dos proprietários e administradores da «Fábrica de Tecidos de Sêda de Francisco António Nogueira, Filho & C.ª Lda.», com sede e instalações fabris na Rua da Alegria, Porto, tendo sido ele, o único investidor de um grandioso empreendimento escolar- O Instituto Moderno”.
Depoimento de familiar do Dr. José Oliveira


“Em Maio desse mesmo ano, inicia-se a construção dum edifício escolar que viria a ser o Instituto Moderno. Este estabelecimento escolar destinava-se ao ensino primário e secundário, funcionando em regime de internato e externato. Pormenor curioso é o facto de constar, ter sido este, o primeiro edifício da cidade a ser construído em cimento armado. Apesar destes propícios requisitos, a vida deste Instituto foi relativamente curta. Funcionou como colégio no período compreendido entre 1914, data da conclusão do edifício, e 1918. Não esqueçamos que esta época foi marcada pelas conturbações políticas, económicas e sociais do início do regime Republicano e pela grande guerra de 1914-18, o que pode de algum modo explicar a efemeridade da instituição.
Em 1918 manifesta-se no país uma epidemia de tifo exantemático, não ficando a cidade do Porto imune a este surto. Os hospitais da cidade encontravam-se superlotados e deste modo foi o Instituto Moderno, já então encerrado, requisitado para funcionar como secção do Hospital Joaquim Urbano, vulgo «Goelas de Pau». Em 21 de Agosto de 1919 foi comprado pela G.N.R, com o fim de aí instalar as suas forças. O proprietário da quinta e director do Instituto, o médico José de Oliveira Lima, recebeu então a quantia de 275 000$00. A partir desta data, a história da quinta está intimamente ligada à evolução do aquartelamento e à própria história da G.N.R., corpo que durante todos estes anos se empenhou no restauro e conservação deste imponente edifício.
Desde 1995 as instalações são ocupadas pela Polícia de Segurança Pública.
A casa foi projecto do Arquitecto José Teixeira Lopes. Hoje está classificada.
Parte da antiga Quinta da Lameira está hoje incluída no Parque de S. Roque”.
Fontes – Sites: portoarc.blogspot; manueljosecunha.blogspot




Quinta da Bela-Vista



Quinta da Bela-Vista, em 1920, observada da Rua de S. Roque da Lameira



9.7.7 Quinta da Lameira ou Parque de São Roque e Casa de São Roque


“Em 19 de Novembro de 1850 nasce Maria Virgínia de Castro, que faleceria em 1938 e era dona de Quinta da Lameira, que herdara da tia Delfina Hermínia Lousada e ela do pai José Caetano Coelho Lousada (pai do escritor romântico António Lousada e amigo de Camilo). A casa da quinta teria sido edificada, de acordo com uma inscrição existente na fachada, em 1759, assim como um pavilhão de caça. Maria Virgínia de Castro casou, em segundas núpcias, com António Ramos Pinto (1854-1944), sócio da casa de vinhos Ramos Pinto, que entre 1900 e 1911 terá promovido obras de ampliação da casa, sob projeto do arquitecto Marques da Silva, podendo-se encontrar no interior e exterior da casa vários elementos decorativos com as letras RP. A casa seria vendida, com o recheio, à C.M.P., em 1979”.
Raul Ramos Pinto, “O Tripeiro”, Set.2015, p. 288



Casa de São Roque – Fonte: “portosombrio.blogspot.pt”


Entre 1900 e 1912, sob a direcção do seu proprietário, António Ramos Pinto, a Casa de São Roque sofre uma intervenção de vulto da autoria do arquitecto Marques da Silva e com a colaboração do estucador portuense Luís Pinto Meira, com uma intervenção importante ao nível dos tectos, tendo a Fábrica de Cerâmica das Devesas fornecido o mosaico hidráulico para a varanda-terraço, marquise, banhos e cozinha e a Fábrica do Cavalinho uma primeira série de painéis para rodapés exteriores com desenhos arte nova da mão do próprio Marques da Silva.
Para tratar do ordenamento dos jardins foi encarregue Jacinto de Matos.
Neste âmbito, um outro horticultor, José Pedro da Costa, um dos fundadores da Sociedade Nacional de Horticultura de Portugal, em 1898, foram atribuídos trabalhos no socalco do roseiral e das estufas para orquídeas, tendo-lhe sido cedidos em 1906, uma área de terreno (no outro lado da rua) para sua residência e horto.
António Ramos Pinto, sócio da firma Ramos Pinto, de comercialização de vinhos do Porto e com um negócio ligado à fotografia, com loja na Rua de Santa Catarina, 221, era casado desde 1885, com Maria Virgínia de Castro, órfã prematura e neta herdeira do destacado “brasileiro” José Caetano Coelho Lousada, de quem provinha a propriedade.
Esta senhora tomara um primeiro matrimónio com Narciso Leitão, joalheiro da Leitão & Irmão, com loja na Rua das Flores, do Porto, e fábrica em Lisboa e sucursais em Paris e Londres.
Maria Virgínia ocupou a casa de família após a morte de Narciso Leitão em 1881 (algumas tias viviam na mesma rua), dedicando-se à floricultura, em estufas aquecidas que mandou construir e tratando das suas orquídeas que tinham fama na cidade.


Grutas do lago dos jardins da Quinta de São Roque





Fonte dos Leões no Parque de S. Roque


 


Fonte dos Anjos no Parque de S. Roque

 
 

Fonte do Encosto no Parque de S. Roque




“A partir dos fins da década de 1970 a quinta foi sendo comprada em parcelas pela Câmara Municipal do Porto que aí instalou o Gabinete de planeamento urbanístico.
A capela existente na Quinta não é original, pois, foi para aqui transladada, vinda do Largo Actor Dias.
O seu arranjo é em patamares, com um ambiente característico dum jardim romântico, com recantos, um chafariz em ferro forjado, um lago, zonas mais sombrias, um miradouro circular, um lago em gruta.
Os seus patamares vão desde a Travessa das Antas, onde também tem uma entrada, até á Rua de São Roque da Lameira, local onde fica a antiga casa apalaçada.
Fonte: pt.wikipedia.org


A Quinta da Lameira ou Parque de São Roque tem hoje, mais de 4 hectares de área.



Capela vinda do Largo Actor Dias



Casa da Quinta da Lameira ou Casa de São Roque



A Câmara Municipal do Porto compra, em Agosto de 1978, ao então proprietário Dr. António Eugénio de Castro Ramos Pinto Calém, uma parcela da quinta com a superfície de 11 900 m2, mediante o pagamento de 1 100 000$00.
Em Maio de 1979, é adquirida mais uma parcela com a superfície aproximada de 30 000 m2, correspondente à mata, casas, casa do jardineiro, motorista e anexos, pela quantia de 8 600 000$00; em  20 de Julho de 1979, a mata e jardins abrem ao público com a denominação de Parque de São Roque, sendo as casas dos serventes, transformadas para outros fins.
Desde de que foi adquirida pela CMP em 1979, até 2016, a casa esteve ao abandono o que levou à sua degradação acentuada.
Entretanto, parte do mobiliário foi transferido para a casa da Quinta do Roseiral, no Palácio de Cristal.
Após esta data, foi intervencionada e as obras realizadas fizeram uma recuperação notável do edifício.
Em 2019, a casa de São Roque abriria completamente recuperada, exibindo parte da colecção contemporânea de arte do banqueiro Pedro Torcato Álvares Pereira que, mediante uma renda anual simbólica e após ter realizado as obras mencionadas, será o usufrutuário do espaço até 2031.
A casa apresenta dois pavimentos de nível superior ao do solo circunjacente, águas furtadas e lojas de pavimento semi-enterradas.



Aspecto das traseiras da Casa da Quinta de São Roque e de um jardim envidraçado








Como já vimos em 1058 numa Carta de doação ao Mosteiro de Santa Maria de Campanhã na “ villa campaniana” o abade Gomes do mosteiro de Santa Maria Virgem doa a este mosteiro entre outros bens, o “vilar de Godim” e a “villa piniario”.
Segundo Germano Silva “…o antigo Casal de Godim, pe­quena quinta ou propriedade, ali existiu, desde tempos muito antigos, pois já há referências ao dito casal, sito no couto de Campanhã, num documento de em­prazamento (aluguer) que a mitra do Por­to, no ano de 1511, fez aos antepassados de Baptista da Costa de Sá, boticário. Tudo aquilo veio a ser doado, em 1623, à Santa Casa da Misericórdia do Porto”. 

“Descendo a calçada de Godim até ao largo do mesmo nome, imediatamente deparamos com uma construção imponente e de linhas austeras denominada Casa de Godim.
Esta designação encontra-se, aliás, inscrita numa pedra granítica que encima a porta de entrada.
O principal atractivo desta casa é a sua pedra-de-armas situada num ângulo do edifício, imediatamente por cima das placas identificativas das ruas.
Esta pedra constitui um exemplar típica de armas do século XIX, ostentando um mau desenho heráldico. A sua leitura é a seguinte:
Composição - Pleno.
Classificação - Heráldica de Família.
Leitura - Silvas, tendo por diferença uma flor de Liz numa brica.
É encimada por um Coronel de Visconde.
Desconhece-se qual a ligação existente entre esta família e a casa.
Na fachada que dá para a rua de Godim pode-se observar uma pedra incrustada na parede com a seguinte inscrição: 1743/1925.
Que significarão estas balizas cronológicas?
Sabemos apenas que o «logar ou a aldeia de Godim» já existia em 1758 contando enfio com seis vizinhos ou fogos.
O interior da casa, remodelada na quase totalidade, onde actualmente funciona a sede e um infantário da Associação de Moradores da zona de Justino Teixeira.
Pela disposição do próprio quintal/jardim, é muito provável que este abrangesse em tempos os terrenos onde estão instaladas actualmente a escola Ramalho Ortigão e a piscina municipal”.
Fonte: j-f.org/monografia



Casa de Godim – Fonte: Google maps



IGREJA PAROQUIAL

“Presume-se que o primeiro assento da igreja matriz fosse no sítio chamado Los Azáres local situado entre as aldeias de Luzazeres e Contumil, onde a lenda diz ter-se travado uma batalha entre os exércitos mouro e cristão.
Conta-se que no dia da batalha apareceu neste sítio uma imagem da virgem, e logo o povo lhe atribuiu a graça do triunfo, decidindo erigir-lhe uma ermida no mesmo lugar e perpetuar a sua gratidão.
Ficou esta ermida a chamar-se Santa Maria de Azáres e mais tarde mudou o nome para Nossa Senhora da Entrega.
Com a fundação posterior da igreja matriz esta ermida teria perdido importância e o tempo encarregar-se-ia de a destruir, deixando de pé algumas cruzes do cemitério e as do calvário que ainda duraram até ao século XX.
Em 1943, no decurso de obras públicas em S. Roque da Lameira, precisamente no lugar do Calvário, apareceram três sepulturas antropomórficas, que indicaram ter sido este, o lugar original da primeira igreja, mas, todos estes factos não passam de boas hipóteses.
Certa é a existência no séc. XII da «igreja Sanctae Mariae de Campanham», referida numa convenção datada de Setembro de 1120, em que o bispo D. Hugo aceita da família ligada à igreja de Santa Maria de Campanhã, Paio e Garcia Gonçalves e respectivas esposas, Marina e Toda Gonçalves, quatro casais e ainda a décima de Redondela (Valbom).
Em troca o bispo e seus cónegos renunciam ao imposto da «parada» ou «jantar» na igreja de Santa Maria de Campanhã e a outros direitos diocesanos. Mais isenta a igreja do pagamento de portagem e de coima.
A actual igreja teria sido construída no séc. XVIII (1714?), situando-se no centro geográfico da paróquia de então.
Nas memórias paroquiais da freguesia de Sta. Maria de Campanhã, no ano de 1758 encontram-se abundantes elementos acerca deste templo.
Em 1766, o carpinteiro José de Sousa obrigou-se perante as autoridades competentes a fazer o tecto e o coro da igreja, na forma da planta.
Num documento de 1798, publicado pelo Padre A. Tavares Martins, foi feito contrato pela confraria de Nossa Senhora de Campanhã e o mestre António José Fernandes, onde se determinam as diferentes obras a efectuar na igreja.
Em 1809 e no decurso das invasões francesas a igreja teria sido saqueada e danificada.
Anos depois «também sofreu alguns danos com a guerra fraticida de 1832 a 1834, estando então fechada mais de um ano».
Pinho Leal, em 1874, diz que «A igreja matriz, de uma só nave, é um templo vasto e muito “aceiado”, de cantaria por fora, e forrada de azulejos interiormente».
Em 1896 (data gravada no frontespício da Sacristia) e em 1905 o templo sofre importantes obras gerais de reforma e ampliação.
Em 1907 é inaugurada a nova capela-mor.
De então para cá, várias vezes se procedeu a obras de conservação, bem como a diversos outros melhoramentos.
A igreja é depositária da imagem de Nossa Senhora de Campanhã, padroeira da freguesia.
Esculpida em calcário, estofada e policromada, com pedraria e relevos, esta imagem tem a altura de 75 cm (sem a base) e uma largura de 33 cm. Na cabeça podemos observar um gorro ou calote, a mão direita é de madeira e segura um ceptro quando devia ostentar uma flor ou um fruto.
Esta mão foi substituída porque a original ter-se-ia partido, devido à queda do andor no lugar de Bonjóia, aquando de uma procissão.
A Senhora apresenta-se descalça, mas com vistosos e fartos panejamentos (manto e pequenas proporções e cor azul e o resto dourado).
A imagem foi posteriormente embelezada com relevos de massa e pedrarias de vidro tão ao gosto do séc. XVII, tendo sido a carnação repintada.
Além desta imagem destacam-se igualmente as imagens da Senhora do Rosário, de pedra Ançã, policromada, com 85 cm de altura e que têm características dos séculos XIV, XV e a da Nossa Senhora das Dores ou da Soledade, que era originária da antiga Capela de Furamontes, entretanto reconstruida, no Bairro de Casas Económicas do Amial. Esta imagem é atribuída ao século XVII.
Muitas outras imagens de inegável valor artístico e cultural, a maior parte delas do século XIX e mesmo do nosso século, alberga a matriz que tem igualmente como motivo de atracção a talha dourada da tribuna e altar-mor (séc. XVIII, embora sofrendo vários restauros) e um conjunto de painéis pintados representando cenas da vida religiosa.
Possuiu esta igreja várias confrarias, a saber: Santíssimo Sacramento, Senhora de Campanhã, Senhor Jesus, Senhora do Rosário, Senhora das Dores e Almas, Santíssima Trindade, Santa Luzia e Irmandade do Coração de Jesus, que atestam o elevado grau de devoção das gentes de Campanhã.
A mais importante e antiga seria a Confraria da Senhora do Rosário instituída em 1678 e que congregou durante dezenas de anos a vida espiritual da freguesia, como se pode constatar pelo número de irmãos inscritos e pelas elevadas verbas que movimentava”.
Fonte: j-f.org/monografia


Igreja Paroquial de Campanhã


CAPELA DE S. ROQUE

As Memórias Paroquiais de 1758 fornecem-nos algumas referências importantes relativas à capela de S. Roque:
«... Hua dessas Ermidas, chamada de Sam Roque, esta situada junto da estrada publica, que vay da Cidade do Porto para Tras os Montes, ehe de bastante grandeza, cujo sancto he o principal 0rago deita, e tem mais as Imagens de Nossa Senhora de Ajuda, de Sancto António de Pãdua; de Santa Rita; e de Sam Francisco de Assis...»

“No local onde actualmente se encontra a capela de S. Roque teria existido em tempos remotos uma ermida de invocação a Nossa Senhora da Ajuda. Nessa mesma ermida haveria também uma imagem de S. Roque (patrono dos pestíferos) venerada por um ermitão natural da freguesia, o qual decidiu edificar uma capela em honra do referido santo.
Para o conseguir Francisco João, assim se chamava o ermitão, empreendeu nos inícios do século XVIII uma viagem ao Brasil, alcançando ao fim de alguns anos considerável quantia em dinheiro fruto das esmolas conseguidas. Após várias disputas com o pároco e alguns moradores da freguesia, a capela é edificada no ano de 1737.
Em 1876 é estabelecida na capela a Confraria de Santo António que entre outras atribuições realizava a festa ao santo do mesmo nome no mês de Junho. Esta confraria foi extinta em 1910, mas pouco tempo depois é restaurada sob a forma de Irmandade de Santo António da Capela de S. Roque da Lameira.
É a esta irmandade que a Junta de Freguesia entrega em 1915 os bens da capela, entretanto arrolados. Entre esses bens constavam duas imagens de Santo António e altar, sendo uma imagem de colocar em andor, uma imagem da Senhora da Ajuda, uma de S. Francisco, uma de Santa Rita, uma cruz de prata grande, quadros pintados e mais pertenças.
A imagem de Santo António é uma bela escultura com mais de um metro, em madeira revestida de feltro, tendo o Menino Jesus assente sobre um livro que o santo segura aberto na mão esquerda.
No dia da festa é adornado com ricas vestes. Cremos que esta imagem será do século XVIII. Referência também para a imagem da Senhora da Ajuda que datará também do mesmo século.
A imagem de Nossa Senhora de Fátima, cuja devoção praticamente substituiu a da Senhora da Ajuda, é de 1939”.
Fonte: j-f.org/monografia



Capela de S. Roque




Foi um dos vinte e nove lugares da freguesia de Campanhã. Fica entre a Rua de S. Roque da Lameira e o Bairro do Cerco do Porto.
Há cerca de 200 anos esta aldeia do lugar do Ilhéu era termo do Porto. Hoje, toda a área depois de urbanizada tem calçadas, ruas e um bairro.
Os moradores de Maceda gozavam de todos os privilégios de que gozavam os habitantes do Porto, não pagando dízimas nem outro qualquer imposto sobre os produtos que fossem comprar ou vender nos mercados do Porto.
Neste local existe uma travessa e uma rua com a designação de Pinheiro Grande. Tal deve-se, como é óbvio a um grande pinheiro existente nesse local, de envergadura invulgar, com 4,80 de diâmetro e 30 metros de altura, que só foi derrubado por violento temporal em 11 de Novembro de 1931.
Por altura da implantação da República, tinha sido atingido por um raio e perdeu um dos ramos, com o qual se encheram vinte carros de bois com a sua lenha.
A este lugar chegava em tempos uma via- sacra com partida da capela de São Roque ao longo da qual havia uma série de cruzes de pedra.




9.7.11 Capela e Quinta de Santo António de Contumil




A quinta de Santo António de Contumil é muito antiga. Ela deve ter existência pelo menos desde o século XVII, pois, na padieira da porta da capela anexa, tem gravado a data de 1634, encontrando-se hoje, este pequeno templo, e já há largos anos, fora da área murada da quinta, em plena Rua de Santo António de Contumil, já perto da Rua Dr. Corino de Andrade.
Há um documento da Câmara Municipal do Porto que refere que o proprietário da quinta era António Carvalho Amorim e, em 1673, António Mendes de Carvalho, descendente daquele e também o responsável pela fábrica da capela, que de apelido o “Carvalhinho”, dava nome à quinta, então chamada de Quinta do Carvalhinho.
Em 1743, a quinta pertenceria a uma família Araújo Guimarães e, em 1786, a D. Mariana Teresa.
No início do século XX, era seu proprietário Antero de Araújo e Silva (o Antero do Bolhão, um dos proprietários da Estamparia do Bolhão) e, mais tarde, passou aos seus herdeiros.
Em 1930, foi adquirida por Luís Santos Monteiro e, em 1936, passou para o filho daquele, Luís Cid Monteiro que, em 1975, a vendeu com excepção da capela a Martinho Ramos da Assunção que, por sua vez, a venderia, um ano depois, a Adão Ferreira de Pinho que, embora não fosse proprietário da capela, tratava da sua manutenção.
Esta personagem nasceu em S. Cosme (Gondomar), e tem a particularidade de só aos 22 anos de idade ter tomado conhecimento, que o homem que o criara, o seu padrinho, era na realidade o seu pai biológico. A sua mãe só a viria a conhecer aos 57 anos. 
Ficou, entretanto, conhecido na cidade por ter aberto, na Rua de Santa Catarina,  o “Adão Oculista”.
Ainda, nos anos 60 do século passado, se fazia uma festa, tipo “romaria minhota”, junto da capela, pelo Santo António.




Capela de Santo António de Contumil - Ed. António Amen




Entrada da Quinta de Santo António de Contumil




“A casa principal, de planta rectangular e coberta de quatro águas, apresenta dois pisos na fachada principal, virada a nascente, e três pisos nos restantes alçados, tendo sofrido obras de recuperação/remodelação nos anos 30 do século passado, que a devem ter adulterado. Esta casa situa-se a cota inferior à da rua. Junto à entrada existe uma outra casa, que resultou da adaptação das antigas cocheiras da habitação.
Nos jardins encontram-se resquícios do seu antigo esplendor, pois eram de inspiração romântica, com lagos, grutas artificiais, passeios serpenteados e várias fontes e chafarizes.”
Fonte: Engº Francisco I. V. Mesquita Guimarães, In Revista Tripeiro, Ano XXXVI, Nº 12 Dez. 2017




A quinta é conhecida pela existência nos seus jardins de um banco em granito, com uma pedra do seu assento com uma inscrição: “XI – V – MDC. LOGAR CHEIO DE SAUDADE! VISTEME CRIANÇA SIMPLES…LSA”, que alguns afirmam, sem provas, referir-se a 11 de Maio de 1600.
O mesmo banco tem no alçado seu espaldar uma placa de bronze com a seguinte inscrição alusiva á guerra civil e ao Cerco do Porto:”1833 NESSA LUCTA FRATICIDA QUE ENSANGUENTOU A NAÇÃO TRIUMPHOU A LIBERDADE ESMAGANDO A REACÇÃO”.




Tanque e espaldar em granito da quinta de Santo António de Contumil - Fonte: “gisaweb.cm-porto.pt”



Banco em granito da quinta de Santo António de Contumil - Fonte: “gisaweb.cm-porto.pt”

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