quarta-feira, 9 de agosto de 2017

(Continuação 30)

Avenida de Montevideu e as praias do Homem do Leme, do Aquário e do Castelo do Queijo

A via que saindo do Castelo do Queijo seguia em direcção ao molhe de Carreiros chamou-se Rua do Castelo do Queijo, e passaria em 1926, por sugestão do cônsul do Uruguai, a ser a Avenida de Montevideu.
Tinha sido em 15 de Fevereiro de 1865, que o empreiteiro Manuel José da Silva tinha arrematado, no 3º Bairro Fiscal, pelo preço de 3 590$000 réis, a empreitada para a construção do 2º lanço (Carreiros-Castelo do Queijo) da estrada marginal Foz-Leça da Palmeira.



“...Lemos na monografia da Foz, do Sr.Guido Monterey, que a mudança do nome da Rua do Castelo do Queijo para a Avenida de Montevideu, em homenagem à República do Uruguai, foi proposta e aprovada em sessão camarária de 25 de Julho de 1926, que a autorização para a Câmara dispôr dos terrenos necessários ao prolongamento da Avenida foi dada pelo Ministério da Guerra em oficío de 30 de Dezembro de 1927, e os seus jardins, junto ao molhe, foram inaugurados em 28 de Junho de 1929 ... ("Toponímia Portuense" de Andrea da Cunha e Freitas)”.
Fonte: “ruasdoporto.blogspot.pt”


O Forte de São Francisco Xavier, popularmente conhecido como Castelo do Queijo, tem uma posição dominante sobre o oceano Atlântico e a pouca distância da foz do rio Douro. Segundo a tradição, por ter sido edificado sobre uma rocha de granito arredondada, e com um formato similar ao de um queijo (penedo do Queijo) ficou para sempre com aquele curioso nome.
Desde tempos antigos que se diz que o enorme penedo do Queijo foi um lugar de culto sagrado para os Draganes, uma tribo celta que havia chegado à Península Ibérica no século VI a.C..
É nesse local que foi inicialmente edificado um forte no século XV que, em ruínas em meados do século XVII, serviu como alicerce para esta pequena fortificação marítima, erguida às custas da Câmara Municipal da cidade do Porto durante a Guerra da Restauração da independência portuguesa (1640-1668).
Com traça do engenheiro militar francês Miguel de l'École, a obra foi dirigida por Fernando César de Carvalhais Negreiros (capitão da Armada Real).
Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1934. 
Em 1944, foi ocupado pela Junta de Freguesia de Nevogilde que, tendo recebido no ano seguinte, ordem de despejo, foi obrigada a abandonar essas instalações.
Em 1949 foi cedido ao Núcleo da Brigada Naval da Legião Portuguesa do Porto que ali esteve instalado até ao 25 de Abril de 1974. Actualmente restaurado, encontra-se sob a guarda da delegação do Norte da Associação de Comandos que ali mantém um pequeno museu histórico-militar e uma programação de eventos culturais e de animação, aberta ao público.

Castelo do Queijo - Fonte: "pt.wikipedia.org"



Rua do Castelo do Queijo, ainda com casa sobre a praia, em 1903 - In revista "Brasil-Portugal”, nº 96, de 16 de Janeiro de 1903


A casa, à esquerda, da foto anterior, tinha nas suas traseiras um mirante, que ainda hoje subsiste, e pode ser observado na foto seguinte.



Mirante da Praia do Homem do Leme nos anos 20 - In “portoarc.blogspot”



Casa José Prata de Lima – Fonte: Google maps

A foto anterior é da moradia emblemática da Avenida de Montevideu, existente no nº 644 (esquina com a Rua Pêro da Covilhã), é um projecto do arquitecto José Porto (1883-1965), autor de imensas obras espalhadas por várias cidades, inclusivamente pelas ex-colónias, e para sempre ligado à Casa Manoel de Oliveira na Rua da Vilarinha. 
Actualmente a casa foi intervencionada pelo atelier de arquitectura Barbosa & Guimarães Arquitectos fundado em 1994 pelos arquitectos portuenses José António Vidal Afonso Barbosa e Pedro Luís Martins Lino Lopes Guimarães. 


“O Salva-Vidas” ou “Lobo do Mar” de 1937 - Henrique Moreira (1890-1979)



«Para lembrar a desaparecida estação salva-vidas e, sobretudo, para homenagear esta “Gente marinheira de têmpera, que enfrentava o perigo em favor do próximo”, em finais de 1936 o Comércio do Porto noticiava a decisão da Câmara Municipal de colocar a escultura “O Lobo-do-Mar” ou o “Salva-Vidas”, nome porque ficou conhecida, da autoria de Henrique Moreira (1890 - 1979) no Jardim da Avenida Brasil.
A escultura colocada entre a Pérgula e o terraço da Esplanada, foi inaugurada em 1937».
Com a devida vénia a Ricardo Figueiredo



Em sessão da Câmara de 24 de Dezembro de 1936 o capitão Paulino Celestino de Sousa refere o pagamento de 10 contos pela maqueta da escultura “O Salva-Vidas”.


Homem do Leme de Américo Gomes

Na foto acima está a escultura do Homem do Leme, quando foi colocada na Foz do Douro, 1938, após ter estado exposta na I Exposição Colonial Portuguesa, organizada por Henrique Galvão
Nessa exposição realizada em 1934 no demolido Palácio de Cristal pretendeu-se simbolizar o espírito do marinheiro, dos portugueses e da época dos descobrimentos e, aquela escultura, constituía um modelo em gesso criado pelo escultor Américo Gomes.


O Homem do Leme durante a Exposição Colonial – Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”


“Terminada a Exposição Colonial e perante a qualidade da obra, foi criada uma Comissão para o Levantamento na Foz do Douro da escultura “O Homem do Leme” com o objetivo de a reproduzir em bronze, tendo o trabalho sido executado em 1937 na oficina de Bernardino Inácio.
Em 1938, a Câmara Municipal do Porto deliberou a sua colocação no local onde está atualmente, a avenida de Montevideu na Foz do Douro, para o que foi desenhado um novo pedestal, pelo arquiteto Manuel Marques (1890-1956).
Ainda no mesmo ano de 1938, foi publicado um Livro O Homem do Leme, com textos, poemas, desenhos, partituras de composições musicais, todos com datas entre 1936 e 1938. De entre as diversas personalidades que participam neste livro destacam-se as directamente ligadas à Exposição como o capitão Henrique Galvão, e personalidades como o Cardeal Patriarca e o Bispo do Porto, o comandante Gago Coutinho, o engenheiro Ricardo Severo, o escultor Teixeira Lopes e a actriz Palmyra Bastos. Ainda os poetas Teixeira de Pascoaes, António Corrêa d’Oliveira, Eugénio de Castro, Afonso Lopes Vieira e Martha de Mesquita da Câmara, os pintores Carlos Reis, José de Brito, Alberto de Sousa, António Costa, os músicos José Viana da Motta, Guilhermina Suggia, Cláudio Carneiro, Óscar da Silva e Armando Leça, os escritores Aquilino Ribeiro, Júlio Dantas e Carlos Passos e os professores Joaquim de Carvalho, Damião Peres, Hernâni Cidade e Aarão de Lacerda.
No livro, ainda uma lista de 270 pessoas que contribuíram para a transposição da escultura para bronze e a sua colocação na Foz do Douro”.
Com a devida vénia a Ricardo Figueiredo





Jardim ladeando a Avenida de Montevideu c. 1920 - Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”



Jardim ladeando a Avenida Montevideu antes da colocação da estátua do Homem do Leme - Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”


Palacete Andresen 


O palacete emblemático da foto anterior foi mandado construir por Alberto Henrique Andresen em 1897, tendo sido vendido em 2017,  ao mesmo operador hoteleiro que lançou o Hotel Teatro, na baixa da cidade, pela família Moreira.
Em 1924, já estava nas mãos da família Moreira, sendo, por isso, também conhecido como Palacete dos Moreira.




Pedido de licenciamento no qual Joaquim Alves Moreira é o requerente - Fonte: AHMP




Aquário Augusto Nobre em 28/7/1907 - Ed. Comércio do Porto


Exterior e interior do aquário - In “portoarc.blogspot”

Sobre o aquário Augusto Nobre (irmão do poeta António Nobre) pode ler-se o seguinte artigo transcrito em “portoarc.blogspot”:


"A história do ensino e da investigação em Zoologia e Biologia na Universidade do Porto não ficaria completa sem se referir o nome de Augusto Nobre. Ao professor e biólogo da Faculdade de Ciências, fundador de um dos primeiros institutos de investigação da U. Porto - o Instituto de Zoologia da FCUP (1921) - deve-se a criação, no início do século XX, do primeiro laboratório marítimo no Porto. Em 1914, este daria origem à Estação de Biologia Marítima da Foz, organismo onde, no Verão de 1927, abriu ao público o primeiro aquário da cidade do Porto: o conhecido Aquário da Foz.
Combinando numa mesma estrutura espaços vocacionados para o ensino da Zoologia, investigação em Biologia Marítima e divulgação científica, a Estação/Aquário apresentava já uma visão moderna e democrática do conhecimento científico. “Do mesmo passo que abre aos professores e estudantes os seus bens acondicionados, laboratórios, onde o estudo se torna agradável e produtivo, franqueia às pessoas dotadas de curiosidade, o ensinamento proveitoso que dimana da observação em flagrante da natureza viva, proporcionando ao público e aos estudiosos, em recinto apropriado e aprazível, as belezas naturais, a fauna e a flora das regiões do norte do país”, relatava O Comércio do Porto poucos dias antes da abertura do espaço ao público.
Numa visita ao Aquário, os visitantes poderiam encontrar vários tanques e terrários repletos de espécies da flora e fauna marítima, mas também “numerosos exemplares de água doce e mesmo animais terrestres, ou anfíbios” recolhidos pelos investigadores da estação. Espécies que, do ponto de vista científico, podiam ser estudadas “comodamente tanto nas piscinas como nos laboratórios excelentemente providos do melhor instrumental para trabalhos desta natureza”.
Espaço emblemático na memória da cidade, o Aquário da Foz manteve-se aberto ao público até 1965, ano em que os avanços do mar e a crescente deterioração do edifício obrigaram ao seu encerramento. Mas, a componente científica manteve-se. Depois de recuperado, o edifício passou a albergar projectos de investigação no âmbito da Biologia Marinha, Ecologia, Etologia, Impacto Ambiental, Pescas, Nutrição de Peixes e Aquacultura. Paralelamente a Estação continua a funcionar como sala de aula e laboratório para os estudantes de Biologia da FCUP”. 
In site da Universidade do Porto.


Estação de Zoologia Marítima – Ed. AHMP; Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”


Em memória de D. João VI, Portugal ofereceu à cidade do Rio de Janeiro, durante as comemorações do IV Centenário da fundação daquela cidade, uma colossal estátua equestre, obra de Salvador Barata Feyo, tendo ficado com uma cópia fundida em bronze, inaugurada em 1966 na Praça de Gonçalves Zarco, orientada na direcção daquela cidade brasileira.
Durante a renovação do local, operada pela Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, a estátua foi apeada do pedestal de granito original e colocada na plataforma onde se apresenta actualmente.
No Rio de Janeiro, a escultura encontra-se na Praça 15 de Novembro.


Estátua de D. João VI actualmente - Ed. MAC


Estátua de D. João VI antes da intervenção na praça

Desde o Castelo do Queijo até à praia do Molhe contam-se nesse sentido as seguintes praias: do Homem do Leme, do Aquário e do Castelo do Queijo.


Praia do Castelo do Queijo em 1970 - Ed. Delcampe


Café Belavista ao Castelo do Queijo em 1971


Praia do Homem do Leme – Ed. “feriasportugal.com”


Toda a área atrás referida no presente item, abrange as freguesias da Foz do Douro e de Nevogilde que a partir de 29/9/2012 se juntaram numa união de freguesias com a vizinha Aldoar tendo a junta da união, passado para a Rua da Vilarinha, na foto abaixo.


Sede da união das freguesias

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