Estrada de Carreiros, Molhe de Carreiros e Avenida Brasil
“A ligação entre a Foz do Douro e Matosinhos
fazia-se outrora por atalhos e carreiros. Em mapas antigos encontram-se registos
de topónimos como “Carreiro d’Ipia”, “Carreiro Mau”, “Carreiro” e “Molhe dos
Carreiros”. A estrada para ligar a Foz do Douro a Matosinhos começou a
construir-se em 1864, partindo da Luz (Senhora da Luz). Até ao Molhe de
Carreiros designou-se como avenida de Carreiros. Mais tarde foi-lhe dado o
nome, que ainda permanece na actualidade, de avenida do Brasil. Do Molhe até ao
Castelo do Queijo a referida estrada tinha o nome de rua do Castelo do Queijo.
Posteriormente, depois de ajardinada e arborizada, passou a designar-se como
avenida de Montevideu”.
Com a devida vénia a
Agostinho Barbosa Pereira
A frente marítima do
Porto que foi construída ao longo dos séculos entre dois castelos, prolonga-se
hoje pela praia, onde o Parque da Cidade encontra o mar.
O Forte de S. João
Baptista, mais conhecido por Castelo da Foz, localizado num ponto estratégico
de protecção da entrada da barra do Douro, está situado junto ao primitivo
povoado, que hoje dá pelo nome de Foz Velha.
Por sua vez o Forte
de S. Francisco Xavier, também conhecido como Castelo do Queijo, corresponde ao
remate de toda a frente construída da chamada Foz Nova, já em território da
freguesia de Nevogilde e data de cerca 1661.
A Estrada de Carreiros, era uma via de ligação entre a Foz do Douro e Bouças
(Matosinhos).
Foi a partir de 1775
que surgiram as designações de Carreiro d`Ipia, Carreiro Mau
ou mais tarde, Estrada de Carreiros e Avenida de Carreiros, devido à sua
crescente importância, dado que, foi justamente a abertura da estrada (avenida)
em 1864, que permitiu a construção dos primeiros «chalets» e casas mais
importantes. Após a implantação da República, mudaram-lhe o nome para Avenida
Brasil e ao prolongamento até ao Castelo do Queijo Avenida de Montevideu,
depois de ter sido Rua do Castelo do Queijo.
Carreiros - Ed. A.
D. Canedo, Sucessor, Porto
O topónimo carreiros,
terá que ver com uns caminhos que existiriam entre as dunas, em tempos
primitivos, que serpenteavam pela areia.
O Molhe de
Carreiros, começado a pensar em 1925, arrancou em 1838 e seria construído em
duas fases. Em 1862, estava construído o paredão mais baixo. Em 1869, começaria
a ser construído o molhe alto que ficaria concluído em 1885, permitindo, então,
melhorar as condições de descarga de pessoas e bens. Deste sistema faziam parte
as correspondentes marcas do alinhamento para entrada no porto de Carreiros,
marcas essas, constituídas por duas pequenas pirâmides em pedra, uma colocada
nos rochedos e a outra em terra.
Molhe de Carreiros, em 1881, antes do prolongamento
Na foto acima pode ver-se que o prolongamento do molhe ainda não estava feito. Essa obra foi
executada entre 1881 e 1885.
Antigo acesso
(actual Rua do Molhe) ao molhe de Carreiros já prolongado. À direita, a Fonte
do Molhe de Carreiros e, à esquerda, o Posto Fiscal
Legenda:
1. Molhe de
Carreiros
2. Capela de nossa
Senhora de Lurdes
3. Estrada da Foz
4. Fonte de
Carreiros
5. Posto Fiscal
6. Salva-Vidas
Molhe de Carreiros
“Em sessão municipal
de 11 de Fevereiro de 1892, resolveu-se proceder, com a possível brevidade, ao
alargamento e alinhamento da estrada de Carreiros, na Foz, realizando-se ainda
outras obras para o aformoseamento do referido local.”
In "O Primeiro
de Janeiro", de 13 de Fevereiro de 1892
Na década de 1920,
por aqui se construiu a pérgula e a balaustrada e, entre 1929 e 1930, seria
electrificada a zona do Molhe.
O carácter balnear
desta zona, será reforçado na década de 30 do séc. XX, altura em que se
executam as grandes obras de promoção turística da Foz, com a construção da Praça de Gonçalves Zarco, da
esplanada do Molhe e do passeio público das avenidas do Brasil e de Montevideu
(esta como continuação na direcção a Matosinhos), incluindo a fonte luminosa e
diversos elementos escultóricos.
Avenida de Carreiros
vista de poente - Ed. Inácio Sousa
A meio da foto
anterior ao fundo, está o Farol da Nossa Senhora da Luz.
Avenida de Carreiros
Avenida de Carreiros
Avenida de Carreiros
- In “portoarc.blogspot”
Ciclista em
Carreiros em 1897
O eléctrico em
Carreiros em 1900
Carreiros em 1905 -
Ed. Estrela Vermelha
Mesma perspectiva da
foto anterior onde a balaustrada já foi construída - Fonte: "doportoenaoso.blogspot.pt"
Vista obtida a
partir do molhe de Carreiros, antes de 1920
Na foto anterior é
possível observar que a Pérgula ainda não foi construída e que em cima da praia
no local em que ela iria ser levantada havia uns prédios (em frente ao Palacete
do Relógio) que tiveram que ser demolidos.
Entre eles, existia
um que estava afecto à guarda-fiscal, outro estava dotado com os meios de
socorro – era o Salva-vidas - e, ainda, no acesso ao molhe, existia a
denominada Fonte do Molhe de Carreiros, com representação na planta de Teles
Ferreira, que a seguir se mostra, em destaque:
A norte do Molhe de
Carreiros, já construído e representado na planta acima, observa-se a praia da
Robaleira.
Avenida de Carreiros
antes da construção da Pérgula já depois da demolição dos prédios que estavam
em cima da praia
Avenida Brasil, Praia de Gondarém e Praia do Molhe
No percurso
correspondente à Avenida Brasil situam-se as praias de Gondarém e do Molhe.
Praia do Molhe - In “portoarc.blogspot”
Na foto acima temos
uma vista das praias de Gondarém e do Molhe e ao fundo, à direita, vê-se a casa
mais alta onde se guardava o barco salva-vidas.
À direita na Avenida
Brasil o prédio icónico “Belo Horizonte”
O prédio emblemático
da foto acima, perto da confluência com a Rua do Crasto, pertencia à família
Rocha Brito.
Inaugurado em 1946, teve risco do arquitecto Amoroso Lopes (1899-1953) e, durante as primeiras décadas, funcionou como garagem e estação de serviço, no seu piso térreo, parcialmente visível na foto.
Os dois pisos acima funcionavam como salões onde aconteciam festas da burguesia da Foz, que ficaram célebres.
Inaugurado em 1946, teve risco do arquitecto Amoroso Lopes (1899-1953) e, durante as primeiras décadas, funcionou como garagem e estação de serviço, no seu piso térreo, parcialmente visível na foto.
Os dois pisos acima funcionavam como salões onde aconteciam festas da burguesia da Foz, que ficaram célebres.
No dia 1 de janeiro de 1949, aí era inaugurado o Salão de Chá do Belo Horizonte que serviu gerações de portuenses.
O edifício acabaria por ser transformado e totalmente remodelado, para albergar uma unidade de restauração, em 2013.
O edifício acabaria por ser transformado e totalmente remodelado, para albergar uma unidade de restauração, em 2013.
Marco de pedra na
Avenida Brasil
Marco de pedra no
rochedo e molhe ao fundo
A linha de
enfiamento entre os dois marcos de pedra das fotos acima, faziam o alinhamento
para entrada no porto de Carreiros, se bem que, o colocado sobre os rochedos já
não seja o original.
Esplanadas na
Avenida Brasil
As esplanadas da
foto acima, em frente à Rua do Crasto e que já foi Bar Majestic, também chamado de "Pavilhão" e, que, agora, é
uma hamburgueria.
Bar Majestic em 1924
- Ed. André Moura
Avenida Brasil - Fonte: "doportoenaoso.blogspot.pt"
Na foto acima está
um carro eléctrico com o respectivo atrelado conhecido por “Fumista”,
seguindo-se, ao que parece, um “Belga”.
Busto de Camões de
Irene Vilar
A escultura acima é
de Irene Vilar e encontra-se, na Avenida Brasil, perto da Praia da Luz.
Aliás, a escultora
Irene Vilar teve morada, na Foz do Douro, na Rua Padre Luís Cabral, próximo do
Largo de Cimo da Vila e de uma capela do Senhor dos Passos.
Casa onde morreu
António Nobre na Avenida Brasil nº 531
Praia do Molhe,
século XIX – Colecção de Cristina de Azevedo Campos
A foto acima
pertença de Cristina Azevedo Campos foi oferecida à Junta de Freguesia de
Nevogilde.
Praia de Carreiros
Praia do Molhe - Fonte: "doportoenaoso.blogspot.pt"
Praia do Molhe em 1940
Vista do Molhe de
Carreiros para “Esplanada 28 de Maio”
Praia do Molhe com a Pérgula já construída, mas ainda sem a escultura do Salva-vidas
Ao fundo a Pérgula - Fonte: "doportoenaoso.blogspot.pt"
A Flor Granítica (homenagem
a Ramalho Ortigão) - Ed. José Magalhães
Homenagem a Ramalho
Ortigão
Nas fotos acima pode
ver-se a placa de homenagem a Ramalho Ortigão, junto de um rochedo situado
junto do molhe de Carreiros e que substituiu um outro entretanto desaparecido
do mesmo local há anos.
“No paredão do
quebra-mar sobressai da superfície plana da cantaria uma ponta de rocha negra,
áspera, duramente recortada, como uma grande flor granítica. Essa rocha, em que
eu me sentei em criança, com o meu chapéu de palha e o meu bibe cheirando ao
algodão novo azul e branco da fábrica do Bolhão, reconheci-a com a mesma
ternura saudosa com que se torna a ver um velho móvel de família. Boas pedras!
Entre tantas coisas que desapareceram, ou que se transformaram, umas para mal
outras para pior, vós somente persistis como éreis! Servistes de canapé à minha
avó, que muitas vezes me trouxe aqui pela mão, pensativa e triste, porque já a
avó dela a trouxera também em pequena a ver o mar, deste mesmo sítio. Há na
imutabilidade do vosso aspeto e da vossa forma, ó pedras fiéis, o que quer que
seja de amorável e doce, como na constância de uma antiga afeição.”
Fonte: “As Farpas”, Ramalho Ortigão, Julho de 1883
Existe ainda na Rua Coronel Raúl Peres uma placa
comemorativa dos 100 anos passados, sobre a morte de Ramalho Ortigão.
Sem comentários:
Enviar um comentário