Começando a percorrer esta rua a partir do Palácio de Cristal encontraremos, primeiro, a Quinta do Pacheco Pereira.
Quinta do Vilar, do Castanheiro ou do Pacheco Pereira
Quinta do Vilar
Sobre esta quinta Rosário Carvalho no Site do IGESPAR coligiu os textos que se seguem.
"A Quinta do
Vilar ou do Pacheco Pereira que, durante séculos, esteve na posse desta
família, constitui um importante espaço da memória da cidade, que, hoje, se
conserva nas suas características oitocentistas, integrada nos "caminhos
do romântico".
As mais antigas
referências documentais conhecidas sobre a quinta do Vilar remontam ao século
XVI, quando uma muito mais vasta propriedade, denominada Casal do Vilar, que integrava um grande senhorio
pertencente à Colegiada de Cedofeita, começou a ser dividida.”
Com a devida vénia a Maria do Carmo Serén, DRP/IPPAR
“…Esta
desintegração do primeiro senhorio continuou na centúria seguinte, surgindo no
século XVII várias quintas nesta zona, entre as quais a do Vilar.
Os Pacheco
Pereira, possuíam um palacete na cidade do Porto, na Rua de Belmonte, pelo que,
a casa da quinta, era mais modesta, com os espaços internos a prolongar-se
pelos externos, principalmente no jardim que, em socalcos, descia até à casa
Tait. De acordo com uma descrição de 1715, o imóvel teria sido edificado entre
1709 e 1715, desenvolvendo-se em quatro frentes, com dois pisos e entrada ao
centro da fachada principal.”
Com a devida vénia a Maria Eugénia Sá Coutinho, DRP/IPPAR
“…Este eixo
mantinha-se no interior da casa, com as escadas de acesso ao andar superior,
onde se situavam a sala de visitas, os salões e o oratório sobre a entrada,
reunindo-se os compartimentos térreos da mesma forma funcionalista, com a sala
de jantar e a cozinha.
No século XIX,
João Pacheco Pereira cedeu terrenos para o Palácio de Cristal, do qual foi um
dos promotores, perdendo muito dinheiro. O seu filho construiu dois bairros
operários, o de Entre Quintas em 1880 e o de Vilar em 1890, acabando também por
não rentabilizar o investimento. Apesar dos problemas financeiros a casa da
quinta do Vilar foi objecto de várias alterações no decorrer do século XIX e,
embora muitas deles não tenham sido concretizadas na totalidade, a verdade é
que denunciam a preocupação dos proprietários em conservar e melhorar o
imóvel.
Em 1865 João
Pacheco Pereira ergueu um corpo mais alto, a Nascente, uma espécie de torreão.
Em 1889 tentou-se ampliar um piso, o que nunca veio a acontecer. Ao lado, e em
frente do Bairro do Vilar, edificou-se em 1886 uma segunda habitação, que
escondia o bairro. Assim, o imóvel não conheceu alterações significativas,
conservando as suas características.
Quanto à Quinta,
esta segue a tipologia das quintas de recreio que reúnem simultaneamente uma
função lúdica e outra de cultivo. A particularidade da Quinta do Vilar e da
Quinta de Recreio Tait reside no facto de se inscreverem, hoje, na malha urbana
do Porto, conservando ainda as suas estruturas, como o sistema hidráulico que
não apenas serviu os espaços de produção mas também os jogos de água das fontes
e canaletes que se encontram nos jardins, ou seja, nos espaços lúdicos que
prolongam os espaços de habitar internos da casa”.
Com a devida vénia a Cláudia Taborda, DRP/IPPAR
No pomar desta quinta foi edificado pelo seu proprietário, na última
década do século XIX um bairro operário, que ficou conhecido como “Bairro do
Vilar”, que seria completamente demolido em 1975.
Casa TAIT ou ANTIGA QUINTA DO MEIO
Propriedade localizada
na Rua de Entre Quintas, com casa, mata e jardins é parte da antiga Quinta do
Castanheiro ou do Pacheco Pereira, tendo sido residência de várias famílias
inglesas. Possivelmente construída por Joseph Taylor (Taylor, Fladgate &
Yeatman) foi residência do Reverendo Edward Whiteley e de sua família, onde
dirigiu, até 1871, uma pequena escola para rapazes britânicos.
A partir de então, é
arrendada a William Chester Tait (1844-07/04/1928), negociante abastado ligado
ao Vinho do Porto e ornitologista, tendo escrito «The Birds of Portugal”
(1924), e que compra a casa ficando na sua posse a partir de 22 de Abril de
1900 e, nela vive, até à sua morte (1928), deixando-a como herança para a sua
filha mais nova, Muriel Tait que, em 1978, a vendeu à Câmara Municipal do
Porto, com o intuito de garantir-lhe uma função cultural.
A ligação da família
Tait à cidade do Porto tem início quando, em 1834, o cidadão britânico William
Arthur Tait, nascido em 1817, casado com Dorothy Tait (1817-1865), chega ao
Porto e envereda pelo negócio dos vinhos.
Esta actividade,
muito abraçada pelos membros da colónia britânica, tem continuação nesta
família, através de dois dos seus seis filhos.
São eles, WIlliam Chester Tait e George Tait.
O primeiro, o
ornitólogo, que ficará ligado à Quinta do Meio, teve um filho, WIlliam Alfred
(Will) e duas filhas, Dorothy e Muriel. É esta filha, Muriel, que acabará por
fazer o negócio com a Câmara Municipal do Porto, em 1978.
Entretanto, o
referido WIlliam Alfred (Will) casa com com Sybil Elles e dos quatro filhos do
casal, o mais novo, Alan, passa a gerir uma agência de navegação e viagens.
George Tait
(1850-1900), um apaixonado pela fotografia, casará com Ellen Murat, em Lisboa,
em 17 de Dezembro de 1884.
Do enlace resultaram os filhos, George Cyril,
Ruth Margaret Murat, Geoffrey Murat (1889-1972), Marjorie Ellen e Joan Latimer
Henrietta Tait.
Geoffrey Murat, casará com Winifred Bartlett.
Charles Tait
(1852-1927), um outro filho do patriarca William Arthur Tait, e irmão de William
Chester Tait, casou-se com Emily Reid, da família Reid de origem escocesa, irmã
de Robert Reid da Quinta das Oliveiras, situada na Rua de Nova Sintra
Outro irmão de
William Chester Tait foi Alfred Welby Tait, nascido no Porto em 1847 e que era
era botânico. Este súbdito britânico, comendador da Ordem de Santiago, recebeu
de D. Carlos o título de Barão de Soutelinho. A principal chave das espécies
críticas do Gerês deve-se por certo a ele, que ali tinha casa.
Em 16 de Março de
1917, morre Alfred Welby Tait, que foi destacado elemento de várias associações
portuguesas e britânicas de que se realça a presidência da Associação
Comercial.
Do patriarca Arthur
Tait ainda se podem nomear mais dois filhos, Arthur Danson Tait (1846-1864) e
Mortimore Constantine Tait (1856-1937) e duas filhas, Rosalie Sealey Tait
Vivian (1857-1943) e Mary Constance Tait (1856-1937).
Muriel Tait foi,
então, o último elemento da família a residir na casa.
É conhecido o imenso
entusiasmo que dedicava à plantação da sua camélia preferida: a “Princesa Real”.
Em 1964, Muriel referia-se
a um exemplar plantado no patamar intermédio do espaço exterior da casa, assim:
«A favourite of mine with flat rose pink flowers is “Princeza Real”, its
leaves shade to a golden green. This camellia is neat looking and rather stiff
and the flowers appear later than most cultivars. It is excellent for table
decoration as it lights up exceptionally well».
Na Casa Tait
funciona, actualmente, a Divisão Municipal de Museus e Património Cultural da
Câmara Municipal do Porto. Para além de ter acolhido o Gabinete de Numismática
até Setembro de 2008, o edifício continua possuindo uma ampla sala, onde se
realizam exposições temporárias, organizadas pelos serviços municipais ou
propostas por entidades exteriores à Câmara Municipal.
Tendo sido acometida
por uma doença que a eliminou, em 1923, a camélia regressou aos jardins da Casa
Tait, pela mão de Armando Oliveira e António Assunção, dois especialistas no cultivo de camélias.
Casa Tait
Casa Diocesana
Casa Diocesana
Casa Diocesana,
vista lateral
Na Rua de Vilar onde
hoje está a Casa Diocesana, existiu, em tempos, o Palácio do Barão de Lordelo,
José Fonseca e Gouveia (1792-1863).
Foi agraciado com o título de Barão de Vilar, em 10 de Outubro de 1836, título que trocou pelo de Barão de Lordelo, passando aquele em 21 de Dezembro de 1836, para o seu parente Cristiano Nicolau Köpke, que já tinha o título de Barão de Ramalde desde 7 de Dezembro de 1831.
O edifício serviria, mais tarde, para acolher uma obra fundada desde 1840 pelo cónego Ricardo Van
Zeller, cónego da Sé do Porto e arcediago de Oliveira do Douro, e que se
destinava à educação e internamento de crianças de fracos recursos de ambos os
sexos, embora, o internato, só funcionasse para o sexo feminino.
Segundo os estatutos
o ensino seria ministrado de acordo com a condição social. Os estatutos
determinavam, ainda, que quando fossem extintos alguns dos impedimentos
existentes à data, sobre as corporações de caridade, a obra seria entregue a
religiosas.
Acontece que para
além das lutas liberais e a extinção das ordens religiosas em 1834, em
1862 tinha acontecido a expulsão das Irmãs da Caridade Francesas.
Ultrapassada anos
mais tarde esta conjuntura, o arcediago acabaria por contactar as irmãs
Doroteias de Lisboa, do Mosteiro da Visitação de Santa Maria, no sentido de lhes
entregar a direcção do estabelecimento, conhecido por Colégio de Vilar ou
Asilo de Vilar.
Diga-se que as
primeiras três irmãs Doroteias chegaram a Lisboa em 1866, instalando-se no
convento das Inglesinhas, abrindo colégios na Covilhã (1870), Vila do Conde
(1878) e V. N. de Gaia (1879).
Assinado o contrato
entre as partes, a madre superiora propôs algumas modificações no sentido de
melhorar as instalações e albergar mais crianças.
Estabelece-se,
então, um estreito relacionamento entre a congregação e a nobreza da cidade do
Porto, decorrente do qual, merece destaque a colaboração da condessa de Resende
que tinha 4 filhas Doroteias e da marquesa de Monfalim, que habitava o vizinho,
Palácio dos Terenas e que não tendo descendência, tinha, porém, 2 sobrinhas
Doroteias.
Surge, assim, na
cidade do Porto, o Mosteiro da Visitação de Santa Maria.
Em 1873, o número de
crianças internas já tinha passado das 33 para as 60.
Com a necessidade de
instalações apropriadas, aos seus propósitos, a congregação empreendeu esforços
para a ampliação de um pequeno colégio existente e a construção de um templo,
trabalhos concluídos mais de 10 anos depois do seu início, com a colaboração do
padre Himalaia que se chamava Manuel António Gomes e, tinha aquele apelido,
devido à sua altura.
Assim, a 15 de
Novembro de 1894 celebrava-se a consagração da Igreja do Sagrado Coração de
Jesus e o colégio passaria a ser conhecido como Colégio da Visitação ou Colégio
das Salésias.
Com a implantação da
República, em 1910, e na sequência da lei da separação de poderes, as religiosas viram-se
obrigadas a abandonar a casa e, aí, se instalou o Regimento de Infantaria 31, em 11 de Janeiro de 1912.
Em 1922, foi comprado
por D. António Barbosa Leão para ali instalar o Seminário de Nossa Senhora do
Rosário.
A igreja do
seminário veio, mais tarde, a 18 de Abril de 1926, a ser adquirida para a sua
reabertura ao culto.
Em 1975, com a
mudança de instalações do seminário, o edifício foi temporariamente cedido à
Universidade do Porto, voltando a funcionar lá, o Seminário de Vilar, entre
1986 e 1989.
É neste ano que se
inicia a construção da Casa Diocesana.
Casa Diocesana de
Vilar (ampliação) no terreno do Seminário de Vilar.
A Casa Diocesana
seria ampliada, nos terrenos do seminário de Vilar durante o mandato do Bispo
do Porto D. Júlio Tavares Rebimbas, com a supervisão do cónego Dr. Virgílio
Rezende, tendo-se tornado no verdadeiro centro de actividades de todos os movimentos
diocesanos e polo de grande actividade cultural religiosa e profana
no Porto.
Instituto do Arcediago Vanzeler/ Palacete do Ferreirinha
Edifício de raiz setecentista foi residência do primeiro conde de Bertiandos, Gonçalo Pereira da Silva Sousa e Menezes e em épocas mais recuadas de importantes mercadores e também de António Bernardo Ferreira (1812- 1844), casado com Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha.
Este palacete foi,
então, de António Bernardo Ferreira, o primeiro marido da célebre Ferreirinha e
seu primo em 1º grau, falecido em 1844, que era filho do fidalgo, cavaleiro da
casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo, António Bernardo Ferreira e de Josefa
Gertrudes da Silva Pereira.
O marido de D.
Antónia era um abastado comerciante de vinhos e investidor em outras áreas,
tendo sido accionista da Companhia de Artefactos de Seda e da Companhia de
Artefactos de Metais, da Companhia de Transportes União e da Empresa Portuense
de Navegação a Vapor, tendo adquirido para esta o vapor Vesúvio, que tinha o
nome de uma das suas quintas, situada em Freixo de Numão.
Tinha ainda
interesses relevantes no jornal “ A Coallisão”.
O escritório da
empresa familiar era na Rua de S. Francisco nº 14.
À data da sua morte,
tinha prédios na Rua da Ourivesaria nos nºs 1, 2 e 3 e na Rua do Bonjardim nº
134-138 e um Palacete no Largo do Laranjal, depois Praça da Trindade, que estava por acabar.
Na sua casa da Rua
de Vilar, ele viria a montar um teatro por onde passaram figuras notáveis da
época.
António Bernardo
Ferreira o filho da Ferreirinha, com o mesmo nome do pai e do avô, habitaria
mais tarde, o tal palacete no Largo do Laranjal, que dividiria com a “Assembleia
Portuense”, fundada pelo seu pai.
Este António
Bernardo Ferreira (1835-1907), filho de D. Antónia, foi presidente da então
Associação Industrial Portuense, hoje chamada Associação Empresarial de
Portugal, entre 1859 e 1867. Durante a sua presidência foram organizadas a
Exposição Industrial de 1861, no Palácio da Bolsa, e a Exposição Internacional
de 1865, no Palácio de Cristal e ainda no âmbito da intervenção política, foi
deputado pelo Partido Progressista. Tornou-se "fidalgo da Casa Real",
comendador e figura de proa no Porto de meados do século XIX. Foi casado com a
irmã de Ana Plácido a companheira de Camilo.
Instituto do
Arcediago Van Zeller
“Lembro um desses espectáculos.
Representou-se uma tragédia em cinco actos da autoria de Casimiro Delavigne,
intitulada "Luís XI". Foi especialmente traduzida para o teatro do
Ferreirinha, por José Gomes Monteiro. O protagonista da história foi
interpretado pelo próprio tradutor da peça. Gomes Monteiro era, ao tempo, o
proprietário da Livraria Moré que ficava na Praça da Liberdade, então chamada
Praça Nova, nos baixos do edifício das Cardosas, na esquina com o largo dos
Lóios. No lugar da livraria, esteve, depois, e até aos nossos dias a Camisaria
Central que foi um dos pontos de reunião de várias tertúlias do começo deste
século que reunia, especialmente, gente ligada ao Teatro. No desempenho de
outros papéis entraram o Dr. José Pereira Reis, prestigiado clínico da época, José
Maria de Sousa Lobo, cunhado do Barão de Massarelos; João Ferreira dos Santos
Silva Júnior, que foi mais tarde Barão de Santos; Joaquim Augusto Kopke, Barão
de Massarelos; O próprio António Bernardo Ferreira. E chegado a este ponto devo
fazer um esclarecimento: Há que distinguir a qual António Bernardo Ferreira me
refiro. Porque com o mesmo nome e pertencendo à mesma família existiram três
indivíduos: um viveu entre 1787 e 1835, o avô, por assim dizer: o segundo
nasceu em 1812 e morreu em 1844; e o terceiro que nasceu em 1835 e casou com
uma irmã de Ana Plácido. O teatro da Rua de Vilar foi fundado pelo António
Bernardo Ferreira do meio, que estava casado com D. Antónia Adelaide Ferreira.
A representação da peça ocorreu em 26 de Fevereiro de 1838, uma altura em que o
Porto começava uma frutuosa época de ressurgimento económico. Havia anos que
tinham ficado para trás as chagas das lutas liberais. A cidade começava a
entrar numa espécie de euforia. Com os negócios outra vez a prosperarem dava-se
início a uma época que viria a ficar na história como o tempo dos bailes, dos
banquetes, dos grandes casamentos que uniram famílias e juntaram fortunas. Mas,
a par com o delírio da vida social, que animava as noites dos salões dos mais
conhecidos palacetes do Porto, a cidade modernizava-se, arejava. Rasgavam-se
novas ruas, abriram-se avenidas, criaram-se mercados para abastecimento de uma
população que não parava de crescer. A indústria começava a ensaiar os
primeiros passos. E da província não cessava de chegar gente à procura de
melhores dias”.
Alberto Pimentel
O Palacete da Rua do
Vilar foi também habitado por Ricardo Van Zeller, arcediago de Oliveira do
Douro e cónego da Sé do Porto, que procedeu a diversas modificações e é
conhecido por estar ligado à criação do Colégio de Vilar, mais tarde Asilo, com
enfermaria e capela.
Passaria mais tarde
a ser uma Instituição Pública de Solidariedade Social, cuja coordenação
pedagógica ficou a cargo das irmãs Doroteias, com intuito de acolher crianças e
jovens em situação de risco, a funcionar nas instalações do mosteiro da
Visitação.
ANTIGA CASA DO VILAR OU DOS KOPKE VAN ZELLER
Esta casa e
respectiva propriedade envolvente, à data do seu levantamento, situava-se
próximo da Ponte de Vilar, vindo a posicionar-se na esquina entre o início de
um antigo troço da Rua do Campo Alegre e da Rua do Bom Sucesso e já estava
levantada em 1840, ano em que, em Agosto, foi solicitada à Câmara do Porto uma
licença para mudança de um portal, sendo requerente o Barão de Vilar.
Uma referência bem
anterior, de 1826, mencionava a residência de Cristiano Van Zeller, mais
propriamente, o seu mirante, no respectivo projecto de abertura duma rua entre
a Ponte de Vilar e a Ponte de Massarelos no Cais de Massarelos.
A casa e a quinta da
família do Barão de Vilar, Cristiano Nicolau Kopke (1763-1840), cônsul
da Dinamarca, sofreu obras de melhoramento com a sua filha Dorothea Augusta
Kopke, casada com Roberto Van Zeller, tendo sido seu filho Cristiano Van Zeller
quem criou as armas (Kopke/Van Zeller).
O patriarca da
família Kopke foi Cristiano Kopke que desempenhou o cargo de cônsul de Hamburgo
e cidades hanseáticas, cargo que passaria, mais tarde, para o seu filho Joaquim
Kopke.
O terreno inicial
onde estava a Casa de Vilar, foi sendo reduzido pelas sucessivas vendas de
lotes, até que Fernando van Zeller, em 1939, assina contrato de arrendamento da
casa com a Congregação das Religiosas do Amor de Deus, chegada a
Portugal em 1932 e que havia criado um colégio católico, o Colégio de Nossa
Senhora de Lourdes, na Rua de Miguel Bombarda, mas cujas instalações se
revelaram insuficientes.
Em 1984, os
herdeiros da família Kopke Van Zeller venderam a casa e parte da propriedade à
congregação das Religiosas do Amor de Deus.
Hoje encontra-se lá
instalado o Colégio de Nossa Senhora de Lourdes, situado já, no que hoje é
chamada, de Rua Rainha D. Estefânia (mulher de D. Pedro V).
Foto da casa dos
Kopke Van Zeller
Abertura, em 1940,
de um novo troço da Rua do Campo Alegre, vendo-se o portão e a antiga capela da
Casa do Vilar ou dos Kopke Van Zeller – Fonte AHMP
Perspectiva actual da foto anterior
Casa de Henrique Van Zeller
Esta casa ficava
fronteira à do Barão de Vilar (Kopke Van Zeller), na Rua do Campo Alegre, junto
de um troço de via que é, hoje, a Rua da Rainha D. Estefânia, ao cimo da Rua D.
Pedro V (à esquerda no sentido ascendente).
Henrique Maria de
Clamouse Browne Van Zeller, nasceu a 29 de Setembro de 1852 e faleceu em 1930,
era filho de Frederico Van Zeller e de Eulália Ernestina de Clamouse Browne,
tendo casado com Joana Sofia de Araújo Rangel Pamplona, filha de Joaquim de
Araújo Rangel Pamplona e Castro, senhor da Casa de Montezelo, em Fânzeres,
Gondomar, Fidalgo da Casa Real, Coronel Agregado de Milícias da Maia,
convencionado de Évora Monte, e de sua mulher D. Emília Leite Pereira de Melo e
Alvim, da Casa de Paço de Sousa, em Paredes.
Pelo casamento de
Frederico Van Zeller com Eulália Clamouse Brown, as duas famílias que tinham há
anos demandado o Porto, os Van Zeller com origem na Holanda, e os Clamouse Browne,
com origem na França e na Irlanda, respectivamente, unir-se-iam pelo casamento.
Os Van Zeller
estiveram, até hoje, ligados à produção de vinho do Porto, desde 1780, com
a Van Zeller’s & Co.
A família van Zeller
foi proprietária de várias quintas icónicas da região duriense, entre as quais
a Quinta de Roriz (hoje pertencente à Symington Family Estates) e a Quinta do
Noval (Pinhão), vendida em 1993.
Actualmente, estão
ligados à Quinta Vale D. Maria, próxima do rio Torto, na posse da família desde
1868.
Por sua vez, os
Clamouse Brown, teriam começado a dar cartas na actividade industrial da
cidade, no sector da fiação, pela iniciativa do então cônsul de França no
Porto, Bernardo Clamouse Brown, nos finais do século XVIII. Após as invasões
francesas, e da assinatura de um tratado de Comércio, em 1810, entre Portugal e
a Inglaterra, teria sido abraçado um outro sector a partir de 1813: o dos
curtumes.
Nasceria, assim, a
conhecida “Fábrica de Curtumes do Bessa” que se julga, teve instalação, nos
mesmos terrenos da “Fábrica de Fiação de Bernardo Clamouse Brown”.
Casa de Henrique
Maria de Clamouse Browne Van Zeller, assinalada dentro da elipse – Fonte:
Planta de Telles Ferreira de 1892
Pela planta acima
pode observar-se que, à data, a actual Rua Rainha D. Estefânia era chamada de
Rua de Campo Alegre, topónimo dado, mais tarde, a um novo arruamento, que
subsiste nos nossos dias.
Entrada da casa que
era no fim do século XIX a residência de Henrique Van Zeller (perspectiva
obtida da Rua Rainha D. Estefânia) – Fonte: Google maps
Casa que era no fim
do século XIX a residência de Henrique Van Zeller (perspectiva obtida do cimo
da Rua D. Pedro V) – Fonte: Google maps
Rua Rainha D.
Estefânia em 1890
A foto anterior foi
tirada do local onde está hoje a sede da comissão de Coordenação e
Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN) ao cimo da Rua da Rainha D. Estefânia,
sendo visível ao longe, à direita, o Palácio de Cristal, e a igreja dos
Clérigos, ao centro.
De notar à esquerda
da foto, com aspecto totalmente rural, a área hoje correspondente ao Campo
Alegre e ao Bom Sucesso.
SOLAR E QUINTA DE SEQUEIRA DE ARAÚJO
Situado na Rua da
Rainha D. Estefânia, nº 151, este solar teria sido comprado em 1910 por Joaquim
Sequeira de Araújo, administrador do Banco do Minho, que manda ampliar as
traseiras do edifício, mas, posteriormente, vê-se obrigado a vender esta quinta
por problemas financeiros ligados ao Banco.
Solar Sequeira
Araújo - Fonte: Google Maps
Após o 25 de Abril
de 1974, o empresário Américo Amorim comprou a propriedade a Miguel Quina e
hoje, ainda é habitada pela família Amorim.
QUINTA do Inglês da mão de pau
O palacete da Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDRN),
em meados do século XX, era conhecido como a «Quinta do Inglês da Mão de Pau»,
cidadão britânico que o habitou e foi seu proprietário, possivelmente, desde
1917, e que tendo sofrido uma amputação da mão direita passaria, a partir de
então, a usar uma prótese em madeira, encoberta por uma luva preta.
Na década de 1920,
já Hubert Jennings solicitava à Câmara do Porto, licenças para intervenções naquela
morada.
Em 1940, a
propriedade ainda estaria na posse de Hubert Walter Jennings, então dirigente
da Associação Comercial do Porto.
Em 1955, Ruth
Rosemary Guiyn Jennings (1915-2003), filha de Hubert Walter Jennings, visita a
Sala Mouzinho de Albuquerque, durante a exposição Histórica/Militar – Fonte:
AHMP
No entanto, em 1943,
foi Raúl Ferreira (1895-1974), conde de Riba d’Ave e irmão de Delfim Ferreira,
que remodela, drasticamente, o prédio, o altera, amplia e demole parte do
edifício principal, e manda construir no local quatro edifícios, uma obra
projectada pelo arquitecto Amoroso Lopes.
Em 8 de Outubro de 1979,
os herdeiros do Conde de Riba d’Ave venderam a propriedade ao Estado.
Em 1983, já está na
posse da Comissão de Coordenação da Região Norte, que constrói um outro
edifício e, novamente, em 1993, procede a ampliações.
Fantástico o Blogg!! Sou moradora da freguesia e fiquei maravilhada em saber mais sobre ela! Parabéns!
ResponderEliminarMuito obrigado pelo incentivo.
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Américo Conceição