sexta-feira, 4 de agosto de 2017

(Continuação 25) - Actualização em 18/01/2018 e 22/11/2019



Começando a percorrer esta rua a partir do Palácio de Cristal encontraremos, primeiro, a Quinta do Pacheco Pereira.


Quinta do Vilar, do Castanheiro ou do Pacheco Pereira


Quinta do Vilar



Sobre esta quinta Rosário Carvalho no Site do IGESPAR coligiu os textos que se seguem.


"A Quinta do Vilar ou do Pacheco Pereira que, durante séculos, esteve na posse desta família, constitui um importante espaço da memória da cidade, que, hoje, se conserva nas suas características oitocentistas, integrada nos "caminhos do romântico". 
As mais antigas referências documentais conhecidas sobre a quinta do Vilar remontam ao século XVI, quando uma muito mais vasta propriedade, denominada Casal do Vilar, que integrava um grande senhorio pertencente à Colegiada de Cedofeita, começou a ser dividida.”
Com a devida vénia a Maria do Carmo Serén, DRP/IPPAR



“…Esta desintegração do primeiro senhorio continuou na centúria seguinte, surgindo no século XVII várias quintas nesta zona, entre as quais a do Vilar.
Os Pacheco Pereira, possuíam um palacete na cidade do Porto, na Rua de Belmonte, pelo que, a casa da quinta, era mais modesta, com os espaços internos a prolongar-se pelos externos, principalmente no jardim que, em socalcos, descia até à casa Tait. De acordo com uma descrição de 1715, o imóvel teria sido edificado entre 1709 e 1715, desenvolvendo-se em quatro frentes, com dois pisos e entrada ao centro da fachada principal.”
Com a devida vénia a Maria Eugénia Sá Coutinho, DRP/IPPAR


“…Este eixo mantinha-se no interior da casa, com as escadas de acesso ao andar superior, onde se situavam a sala de visitas, os salões e o oratório sobre a entrada, reunindo-se os compartimentos térreos da mesma forma funcionalista, com a sala de jantar e a cozinha. 
No século XIX, João Pacheco Pereira cedeu terrenos para o Palácio de Cristal, do qual foi um dos promotores, perdendo muito dinheiro. O seu filho construiu dois bairros operários, o de Entre Quintas em 1880 e o de Vilar em 1890, acabando também por não rentabilizar o investimento. Apesar dos problemas financeiros a casa da quinta do Vilar foi objecto de várias alterações no decorrer do século XIX e, embora muitas deles não tenham sido concretizadas na totalidade, a verdade é que denunciam a preocupação dos proprietários em conservar e melhorar o imóvel. 
Em 1865 João Pacheco Pereira ergueu um corpo mais alto, a Nascente, uma espécie de torreão. Em 1889 tentou-se ampliar um piso, o que nunca veio a acontecer. Ao lado, e em frente do Bairro do Vilar, edificou-se em 1886 uma segunda habitação, que escondia o bairro. Assim, o imóvel não conheceu alterações significativas, conservando as suas características. 
Quanto à Quinta, esta segue a tipologia das quintas de recreio que reúnem simultaneamente uma função lúdica e outra de cultivo. A particularidade da Quinta do Vilar e da Quinta de Recreio Tait reside no facto de se inscreverem, hoje, na malha urbana do Porto, conservando ainda as suas estruturas, como o sistema hidráulico que não apenas serviu os espaços de produção mas também os jogos de água das fontes e canaletes que se encontram nos jardins, ou seja, nos espaços lúdicos que prolongam os espaços de habitar internos da casa”.
Com a devida vénia a Cláudia Taborda, DRP/IPPAR

No pomar desta quinta foi edificado pelo seu proprietário, na última década do século XIX um bairro operário, que ficou conhecido como “Bairro do Vilar”, que seria completamente demolido em 1975.





Casa TAIT ou ANTIGA QUINTA DO MEIO



Propriedade localizada na Rua de Entre Quintas, com casa, mata e jardins é parte da antiga Quinta do Castanheiro ou do Pacheco Pereira, tendo sido residência de várias famílias inglesas. Possivelmente construída por Joseph Taylor (Taylor, Fladgate & Yeatman) foi residência do Reverendo Edward Whiteley e de sua família, onde dirigiu, até 1871, uma pequena escola para rapazes britânicos.
A partir de então, é arrendada a William Chester Tait (1844-07/04/1928), negociante abastado ligado ao Vinho do Porto e ornitologista, tendo escrito «The Birds of Portugal” (1924), e que compra a casa ficando na sua posse a partir de 22 de Abril de 1900 e, nela vive, até à sua morte (1928), deixando-a como herança para a sua filha mais nova, Muriel Tait que, em 1978, a vendeu à Câmara Municipal do Porto, com o intuito de garantir-lhe uma função cultural.
A ligação da família Tait à cidade do Porto tem início quando, em 1834, o cidadão britânico William Arthur Tait, nascido em 1817, casado com Dorothy Tait (1817-1865), chega ao Porto e envereda pelo negócio dos vinhos.
Esta actividade, muito abraçada pelos membros da colónia britânica, tem continuação nesta família, através de dois dos seus seis filhos.
São eles,  WIlliam Chester Tait e George Tait.
O primeiro, o ornitólogo, que ficará ligado à Quinta do Meio, teve um filho, WIlliam Alfred (Will) e duas filhas, Dorothy e Muriel. É esta filha, Muriel, que acabará por fazer o negócio com a Câmara Municipal do Porto, em 1978.
Entretanto, o referido WIlliam Alfred (Will) casa com com Sybil Elles e dos quatro filhos do casal, o mais novo, Alan, passa a gerir uma agência de navegação e viagens.
George Tait (1850-1900), um apaixonado pela fotografia, casará com Ellen Murat, em Lisboa, em 17 de Dezembro de 1884.
Do enlace resultaram os filhos, George Cyril, Ruth Margaret Murat, Geoffrey Murat (1889-1972), Marjorie Ellen e Joan Latimer Henrietta Tait.
Geoffrey Murat, casará com Winifred Bartlett.


 
 

Vista obtida a partir do Miradouro da Vitória, em 1888 – Ed. George Tait

 
 

A ponte Pênsil e a Ponte Luiz I – Ed. George Tait
 
 
 
Charles Tait (1852-1927), um outro filho do patriarca William Arthur Tait, e irmão de William Chester Tait, casou-se com Emily Reid, da família Reid de origem escocesa, irmã de Robert Reid da Quinta das Oliveiras, situada na Rua de Nova Sintra
Outro irmão de William Chester Tait foi Alfred Welby Tait, nascido no Porto em 1847 e que era era botânico. Este súbdito britânico, comendador da Ordem de Santiago, recebeu de D. Carlos o título de Barão de Soutelinho. A principal chave das espécies críticas do Gerês deve-se por certo a ele, que ali tinha casa.
Em 16 de Março de 1917, morre Alfred Welby Tait, que foi destacado elemento de várias associações portuguesas e britânicas de que se realça a presidência da Associação Comercial.
Do patriarca Arthur Tait ainda se podem nomear mais dois filhos, Arthur Danson Tait (1846-1864) e Mortimore Constantine Tait (1856-1937) e duas filhas, Rosalie Sealey Tait Vivian (1857-1943) e Mary Constance Tait (1856-1937).
Muriel Tait foi, então, o último elemento da família a residir na casa.
É conhecido o imenso entusiasmo que dedicava à plantação da sua camélia preferida: a “Princesa Real”.
Em 1964, Muriel referia-se a um exemplar plantado no patamar intermédio do espaço exterior da casa, assim:

 
«A favourite of mine with flat rose pink flowers is “Princeza Real”, its leaves shade to a golden green. This camellia is neat looking and rather stiff and the flowers appear later than most cultivars. It is excellent for table decoration as it lights up exceptionally well».
 
 
Na Casa Tait funciona, actualmente, a Divisão Municipal de Museus e Património Cultural da Câmara Municipal do Porto. Para além de ter acolhido o Gabinete de Numismática até Setembro de 2008, o edifício continua possuindo uma ampla sala, onde se realizam exposições temporárias, organizadas pelos serviços municipais ou propostas por entidades exteriores à Câmara Municipal.
Tendo sido acometida por uma doença que a eliminou, em 1923, a camélia regressou aos jardins da Casa Tait, pela mão de Armando Oliveira e António Assunção, dois especialistas no cultivo de camélias.



Casa Tait




Casa Diocesana




Casa Diocesana


Casa Diocesana, vista lateral


Na Rua de Vilar onde hoje está a Casa Diocesana, existiu, em tempos, o Palácio do Barão de Lordelo, José Fonseca e Gouveia (1792-1863).
Foi agraciado com o título de Barão de Vilar, em 10 de Outubro de 1836, título que trocou pelo de Barão de Lordelo, passando aquele em 21 de Dezembro de 1836, para o seu parente Cristiano Nicolau Köpke, que já tinha o título de Barão de Ramalde desde 7 de Dezembro de 1831.
O edifício serviria, mais tarde, para acolher uma obra fundada desde 1840 pelo cónego Ricardo Van Zeller, cónego da Sé do Porto e arcediago de Oliveira do Douro, e que se destinava à educação e internamento de crianças de fracos recursos de ambos os sexos, embora, o internato, só funcionasse para o sexo feminino.
Segundo os estatutos o ensino seria ministrado de acordo com a condição social. Os estatutos determinavam, ainda, que quando fossem extintos alguns dos impedimentos existentes à data, sobre as corporações de caridade, a obra seria entregue a religiosas.
Acontece que para além das lutas liberais e a extinção das ordens religiosas em 1834, em 1862 tinha acontecido a expulsão das Irmãs da Caridade Francesas.
Ultrapassada anos mais tarde esta conjuntura, o arcediago acabaria por contactar as irmãs Doroteias de Lisboa, do Mosteiro da Visitação de Santa Maria, no sentido de lhes entregar a direcção do estabelecimento, conhecido por Colégio de Vilar ou Asilo de Vilar.
Diga-se que as primeiras três irmãs Doroteias chegaram a Lisboa em 1866, instalando-se no convento das Inglesinhas, abrindo colégios na Covilhã (1870), Vila do Conde (1878) e V. N. de Gaia (1879).
Assinado o contrato entre as partes, a madre superiora propôs algumas modificações no sentido de melhorar as instalações e albergar mais crianças.
Estabelece-se, então, um estreito relacionamento entre a congregação e a nobreza da cidade do Porto, decorrente do qual, merece destaque a colaboração da condessa de Resende que tinha 4 filhas Doroteias e da marquesa de Monfalim, que habitava o vizinho, Palácio dos Terenas e que não tendo descendência, tinha, porém, 2 sobrinhas Doroteias.
Surge, assim, na cidade do Porto, o Mosteiro da Visitação de Santa Maria.
Em 1873, o número de crianças internas já tinha passado das 33 para as 60.
Com a necessidade de instalações apropriadas, aos seus propósitos, a congregação empreendeu esforços para a ampliação de um pequeno colégio existente e a construção de um templo, trabalhos concluídos mais de 10 anos depois do seu início, com a colaboração do padre Himalaia que se chamava Manuel António Gomes e, tinha aquele apelido, devido à sua altura. 
Assim, a 15 de Novembro de 1894 celebrava-se a consagração da Igreja do Sagrado Coração de Jesus e o colégio passaria a ser conhecido como Colégio da Visitação ou Colégio das Salésias.
Com a implantação da República, em 1910, e na sequência da lei da separação de poderes, as religiosas viram-se obrigadas a abandonar a casa e, aí, se instalou o Regimento de Infantaria 31, em 11 de Janeiro de 1912.
Em 1922, foi comprado por D. António Barbosa Leão para ali instalar o Seminário de Nossa Senhora do Rosário.
A igreja do seminário veio, mais tarde, a 18 de Abril de 1926, a ser adquirida para a sua reabertura ao culto.
Em 1975, com a mudança de instalações do seminário, o edifício foi temporariamente cedido à Universidade do Porto, voltando a funcionar lá, o Seminário de Vilar, entre 1986 e 1989.
É neste ano que se inicia a construção da Casa Diocesana.



Casa Diocesana de Vilar (ampliação) no terreno do Seminário de Vilar. 


A Casa Diocesana seria ampliada, nos terrenos do seminário de Vilar durante o mandato do Bispo do Porto D. Júlio Tavares Rebimbas, com a supervisão do cónego Dr. Virgílio Rezende, tendo-se tornado no verdadeiro centro de actividades de todos os movimentos diocesanos e polo de grande actividade cultural religiosa e profana no Porto.



Instituto do Arcediago Vanzeler/ Palacete do Ferreirinha


Edifício de raiz setecentista foi residência do primeiro conde de Bertiandos, Gonçalo Pereira da Silva Sousa e Menezes e em épocas mais recuadas de importantes mercadores e também de António Bernardo Ferreira (1812- 1844), casado com Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha.
Este palacete foi, então, de António Bernardo Ferreira, o primeiro marido da célebre Ferreirinha e seu primo em 1º grau, falecido em 1844, que era filho do fidalgo, cavaleiro da casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo, António Bernardo Ferreira e de Josefa Gertrudes da Silva Pereira.
O marido de D. Antónia era um abastado comerciante de vinhos e investidor em outras áreas, tendo sido accionista da Companhia de Artefactos de Seda e da Companhia de Artefactos de Metais, da Companhia de Transportes União e da Empresa Portuense de Navegação a Vapor, tendo adquirido para esta o vapor Vesúvio, que tinha o nome de uma das suas quintas, situada em Freixo de Numão.
Tinha ainda interesses relevantes no jornal “ A Coallisão”.
O escritório da empresa familiar era na Rua de S. Francisco nº 14.
À data da sua morte, tinha prédios na Rua da Ourivesaria nos nºs 1, 2 e 3 e na Rua do Bonjardim nº 134-138 e um Palacete no Largo do Laranjal, depois Praça da Trindade, que estava por acabar.
Na sua casa da Rua de Vilar, ele viria a montar um teatro por onde passaram figuras notáveis da época.
António Bernardo Ferreira o filho da Ferreirinha, com o mesmo nome do pai e do avô, habitaria mais tarde, o tal palacete no Largo do Laranjal, que dividiria com a “Assembleia Portuense”, fundada pelo seu pai.
Este António Bernardo Ferreira (1835-1907), filho de D. Antónia, foi presidente da então Associação Industrial Portuense, hoje chamada Associação Empresarial de Portugal, entre 1859 e 1867. Durante a sua presidência foram organizadas a Exposição Industrial de 1861, no Palácio da Bolsa, e a Exposição Internacional de 1865, no Palácio de Cristal e ainda no âmbito da intervenção política, foi deputado pelo Partido Progressista. Tornou-se "fidalgo da Casa Real", comendador e figura de proa no Porto de meados do século XIX. Foi casado com a irmã de Ana Plácido a companheira de Camilo.



Instituto do Arcediago Van Zeller


“Lembro um desses espectáculos. Representou-se uma tragédia em cinco actos da autoria de Casimiro Delavigne, intitulada "Luís XI". Foi especialmente traduzida para o teatro do Ferreirinha, por José Gomes Monteiro. O protagonista da história foi interpretado pelo próprio tradutor da peça. Gomes Monteiro era, ao tempo, o proprietário da Livraria Moré que ficava na Praça da Liberdade, então chamada Praça Nova, nos baixos do edifício das Cardosas, na esquina com o largo dos Lóios. No lugar da livraria, esteve, depois, e até aos nossos dias a Camisaria Central que foi um dos pontos de reunião de várias tertúlias do começo deste século que reunia, especialmente, gente ligada ao Teatro. No desempenho de outros papéis entraram o Dr. José Pereira Reis, prestigiado clínico da época, José Maria de Sousa Lobo, cunhado do Barão de Massarelos; João Ferreira dos Santos Silva Júnior, que foi mais tarde Barão de Santos; Joaquim Augusto Kopke, Barão de Massarelos; O próprio António Bernardo Ferreira. E chegado a este ponto devo fazer um esclarecimento: Há que distinguir a qual António Bernardo Ferreira me refiro. Porque com o mesmo nome e pertencendo à mesma família existiram três indivíduos: um viveu entre 1787 e 1835, o avô, por assim dizer: o segundo nasceu em 1812 e morreu em 1844; e o terceiro que nasceu em 1835 e casou com uma irmã de Ana Plácido. O teatro da Rua de Vilar foi fundado pelo António Bernardo Ferreira do meio, que estava casado com D. Antónia Adelaide Ferreira. A representação da peça ocorreu em 26 de Fevereiro de 1838, uma altura em que o Porto começava uma frutuosa época de ressurgimento económico. Havia anos que tinham ficado para trás as chagas das lutas liberais. A cidade começava a entrar numa espécie de euforia. Com os negócios outra vez a prosperarem dava-se início a uma época que viria a ficar na história como o tempo dos bailes, dos banquetes, dos grandes casamentos que uniram famílias e juntaram fortunas. Mas, a par com o delírio da vida social, que animava as noites dos salões dos mais conhecidos palacetes do Porto, a cidade modernizava-se, arejava. Rasgavam-se novas ruas, abriram-se avenidas, criaram-se mercados para abastecimento de uma população que não parava de crescer. A indústria começava a ensaiar os primeiros passos. E da província não cessava de chegar gente à procura de melhores dias”.
Alberto Pimentel



O Palacete da Rua do Vilar foi também habitado por Ricardo Van Zeller, arcediago de Oliveira do Douro e cónego da Sé do Porto, que procedeu a diversas modificações e é conhecido por estar ligado à criação do Colégio de Vilar, mais tarde Asilo, com enfermaria e capela.
Passaria mais tarde a ser uma Instituição Pública de Solidariedade Social, cuja coordenação pedagógica ficou a cargo das irmãs Doroteias, com intuito de acolher crianças e jovens em situação de risco, a funcionar nas instalações do mosteiro da Visitação.




ANTIGA CASA DO VILAR OU DOS KOPKE VAN ZELLER


Esta casa e respectiva propriedade envolvente, à data do seu levantamento, situava-se próximo da Ponte de Vilar, vindo a posicionar-se na esquina entre o início de um antigo troço da Rua do Campo Alegre e da Rua do Bom Sucesso e já estava levantada em 1840, ano em que, em Agosto, foi solicitada à Câmara do Porto uma licença para mudança de um portal, sendo requerente o Barão de Vilar.
Uma referência bem anterior, de 1826, mencionava a residência de Cristiano Van Zeller, mais propriamente, o seu mirante, no respectivo projecto de abertura duma rua entre a Ponte de Vilar e a Ponte de Massarelos no Cais de Massarelos.
A casa e a quinta da família do Barão de Vilar, Cristiano Nicolau Kopke (1763-1840), cônsul da Dinamarca, sofreu obras de melhoramento com a sua filha Dorothea Augusta Kopke, casada com Roberto Van Zeller, tendo sido seu filho Cristiano Van Zeller quem criou as armas (Kopke/Van Zeller).
O patriarca da família Kopke foi Cristiano Kopke que desempenhou o cargo de cônsul de Hamburgo e cidades hanseáticas, cargo que passaria, mais tarde, para o seu filho Joaquim Kopke.
O terreno inicial onde estava a Casa de Vilar, foi sendo reduzido pelas sucessivas vendas de lotes, até que Fernando van Zeller, em 1939, assina contrato de arrendamento da casa com a Congregação das Religiosas do Amor de Deus, chegada a Portugal em 1932 e que havia criado um colégio católico, o Colégio de Nossa Senhora de Lourdes, na Rua de Miguel Bombarda, mas cujas instalações se revelaram insuficientes.
Em 1984, os herdeiros da família Kopke Van Zeller venderam a casa e parte da propriedade à congregação das Religiosas do Amor de Deus.
Hoje encontra-se lá instalado o Colégio de Nossa Senhora de Lourdes, situado já, no que hoje é chamada, de Rua Rainha D. Estefânia (mulher de D. Pedro V).



Foto da casa dos Kopke Van Zeller








Abertura, em 1940, de um novo troço da Rua do Campo Alegre, vendo-se o portão e a antiga capela da Casa do Vilar ou dos Kopke Van Zeller – Fonte AHMP


Perspectiva actual da foto anterior





Casa de Henrique Van Zeller


Esta casa ficava fronteira à do Barão de Vilar (Kopke Van Zeller), na Rua do Campo Alegre, junto de um troço de via que é, hoje, a Rua da Rainha D. Estefânia, ao cimo da Rua D. Pedro V (à esquerda no sentido ascendente).
Henrique Maria de Clamouse Browne Van Zeller, nasceu a 29 de Setembro de 1852 e faleceu em 1930, era filho de Frederico Van Zeller e de Eulália Ernestina de Clamouse Browne, tendo casado com Joana Sofia de Araújo Rangel Pamplona, filha de Joaquim de Araújo Rangel Pamplona e Castro, senhor da Casa de Montezelo, em Fânzeres, Gondomar, Fidalgo da Casa Real, Coronel Agregado de Milícias da Maia, convencionado de Évora Monte, e de sua mulher D. Emília Leite Pereira de Melo e Alvim, da Casa de Paço de Sousa, em Paredes.
Pelo casamento de Frederico Van Zeller com Eulália Clamouse Brown, as duas famílias que tinham há anos demandado o Porto, os Van Zeller com origem na Holanda, e os Clamouse Browne, com origem na França e na Irlanda, respectivamente, unir-se-iam pelo casamento.
Os Van Zeller estiveram, até hoje, ligados à produção de vinho do Porto, desde 1780, com a  Van Zeller’s & Co.
A família van Zeller foi proprietária de várias quintas icónicas da região duriense, entre as quais a Quinta de Roriz (hoje pertencente à Symington Family Estates) e a Quinta do Noval (Pinhão), vendida em 1993.
Actualmente, estão ligados à Quinta Vale D. Maria, próxima do rio Torto, na posse da família desde 1868.
Por sua vez, os Clamouse Brown, teriam começado a dar cartas na actividade industrial da cidade, no sector da fiação, pela iniciativa do então cônsul de França no Porto, Bernardo Clamouse Brown, nos finais do século XVIII. Após as invasões francesas, e da assinatura de um tratado de Comércio, em 1810, entre Portugal e a Inglaterra, teria sido abraçado um outro sector a partir de 1813: o dos curtumes.
Nasceria, assim, a conhecida “Fábrica de Curtumes do Bessa” que se julga, teve instalação, nos mesmos terrenos da “Fábrica de Fiação de Bernardo Clamouse Brown”.



Casa de Henrique Maria de Clamouse Browne Van Zeller, assinalada dentro da elipse – Fonte: Planta de Telles Ferreira de 1892



Pela planta acima pode observar-se que, à data, a actual Rua Rainha D. Estefânia era chamada de Rua de Campo Alegre, topónimo dado, mais tarde, a um novo arruamento, que subsiste nos nossos dias.


Entrada da casa que era no fim do século XIX a residência de Henrique Van Zeller (perspectiva obtida da Rua Rainha D. Estefânia) – Fonte: Google maps


Casa que era no fim do século XIX a residência de Henrique Van Zeller (perspectiva obtida do cimo da Rua D. Pedro V) – Fonte: Google maps


Rua Rainha D. Estefânia em 1890


A foto anterior foi tirada do local onde está hoje a sede da comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN) ao cimo da Rua da Rainha D. Estefânia, sendo visível ao longe, à direita, o Palácio de Cristal, e a igreja dos Clérigos, ao centro.
De notar à esquerda da foto, com aspecto totalmente rural, a área hoje correspondente ao Campo Alegre e ao Bom Sucesso. 




SOLAR E QUINTA DE SEQUEIRA DE ARAÚJO


Situado na Rua da Rainha D. Estefânia, nº 151, este solar teria sido comprado em 1910 por Joaquim Sequeira de Araújo, administrador do Banco do Minho, que manda ampliar as traseiras do edifício, mas, posteriormente, vê-se obrigado a vender esta quinta por problemas financeiros ligados ao Banco.

«O “Banco do Minho” (BM) foi instituído por carta de lei de 14 de Abril de 1864, com sede em Braga, e iniciou a sua atividade em Junho de 1865. O capital inicial foi de 600 contos de réis, elevado a 1200 contos de réis em 1918.
O Banco do Minho nasceu na época do boom das remessas financeiras dos emigrantes no Brasil.
A partir de 1918, desenvolve uma estratégia de participação em empresas industriais, comerciais e financeiras. Entre as empresas não financeiras contam-se a “Companhia Fabril do Minho”, a “Companhia das Águas do Gerês”, a “Companhia Metalúrgica do Norte” e a “Perfumaria Confiança”. Foi acionista maioritário da Sociedade Bancária do Minho, criada em 24 de Maio de 1924, em S. Paulo, no Brasil, destinada a servir de agência local do banco e a ter actividade própria. Apesar de um início de actividade promissor, a situação financeira desta sociedade derrapou e acabou por ser liquidada em 1927.
Em 21 de Outubro de 1930 é nomeada uma Comissão Administrativa para gerir o “Banco do Minho”. Na sequência do relatório desta comissão, datado de 14 de Abril de 1931, é decretada a liquidação do banco. A Comissão Liquidatária nomeada pelo Estado encerrou actividades em 31 de Dezembro de 1939».
Fonte: “restosdecoleccao.blogspot” 



Publicidade ao Banco do Minho em 1902



Sucursal do Banco do Minho à direita, à entrada da engalanada Rua de D. Pedro em 1908, junto ao Hotel Francfort à esquerda



Projecto de 1918 para a filial do Porto do Banco do Minho na Avenida dos Aliados, com projecto do Edifício da Nacional visível à esquerda



No edifício da foto acima haveria de estar a partir de 1934 o Banco Aliança e mais tarde o Banco Totta & Açores.
Em 1929 o Banco do Minho e o Banco Comercial do Porto ficam em situação difícil, devido à “Grande depressão” com origem nos USA.
Em 1939 o Banco do Minho abre falência.



Solar Sequeira Araújo - Fonte: Google Maps



Após o 25 de Abril de 1974, o empresário Américo Amorim comprou a propriedade a Miguel Quina e hoje, ainda é habitada pela família Amorim.



QUINTA do Inglês da mão de pau
 
 
O palacete da Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDRN), em meados do século XX, era conhecido como a «Quinta do Inglês da Mão de Pau», cidadão britânico que o habitou e foi seu proprietário, possivelmente, desde 1917, e que tendo sofrido uma amputação da mão direita passaria, a partir de então, a usar uma prótese em madeira, encoberta por uma luva preta.
Na década de 1920, já Hubert Jennings solicitava à Câmara do Porto, licenças para intervenções naquela morada.
Em 1940, a propriedade ainda estaria na posse de Hubert Walter Jennings, então dirigente da Associação Comercial do Porto.


 
 

Em 1955, Ruth Rosemary Guiyn Jennings (1915-2003), filha de Hubert Walter Jennings, visita a Sala Mouzinho de Albuquerque, durante a exposição Histórica/Militar – Fonte: AHMP



No entanto, em 1943, foi Raúl Ferreira (1895-1974), conde de Riba d’Ave e irmão de Delfim Ferreira, que remodela, drasticamente, o prédio, o altera, amplia e demole parte do edifício principal, e manda construir no local quatro edifícios, uma obra projectada pelo arquitecto Amoroso Lopes.
Em 8 de Outubro de 1979, os herdeiros do Conde de Riba d’Ave venderam a propriedade ao Estado.
Em 1983, já está na posse da Comissão de Coordenação da Região Norte, que constrói um outro edifício e, novamente, em 1993, procede a ampliações.


 


2 comentários:

  1. Fantástico o Blogg!! Sou moradora da freguesia e fiquei maravilhada em saber mais sobre ela! Parabéns!

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