19.22 Rua de Sá da Bandeira
A Rua de Sá Bandeira começou a ser construída três anos
depois de terminado o Cerco do Porto, ou seja, em 1836.
“O primeiro troço que
se construiu da nova artéria foi aberto ao longo da cerca do convento dos
padres da Congregação de S. Filipe de Nery ou do Oratório. Esse troço é a
actual Rua de Sampaio Bruno, que começou a ser rasgada em 1842.
Inicialmente deu-se-lhe
o nome de Sá da Bandeira. Isso aconteceu em 1837. Aquele bravo militar que
combatera no Cerco ainda era vivo, e a Câmara do Porto teve que lhe pedir
autorização colocar o seu nome numa artéria da cidade tendo Sá da Bandeira
anuido ao pedido.
O convento dos
Congregados, de que apenas resta a igreja, ocupava todo o quarteirão que
envolve a zona nascente da Praça da Liberdade e a Rua de Sá da Bandeira, e
estendia-se muito para além da actual Rua de Sampaio Bruno ao longo de uma
estreita viela, que corria paralela ao muro da cerca e, que por isso, se
chamava Viela dos Congregados. Ainda
existe, agora, com a designação de Travessa dos Congregados. Ligava a igreja do
referido mosteiro, à desaparecida Quinta do Laranjal em cujos terrenos se viria
a abrir, anos mais tarde, uma artéria que começou por se chamar Rua do Bispo, por serem propriedade da
Mitra os terrenos da aludida quinta, depois deram-lhe o nome de Rua D. Pedro IV e que, com a
implantação da república passou a ser designada por Rua de Elias Garcia. Desapareceu com a abertura da Avenida dos
Aliados”.
Com a devida vénia a Germano Silva
O troço da Rua de Sá da Bandeira que vai desde a Travessa
dos Congregados até à Rua Formosa, começou a ser aberto em 1875, e só ficou
concluído em 1880.
O prolongamento até à Rua de Fernandes Tomás, da autoria do Dr. Alves Barreto, só teve início
já no século XX, em 1904 e, para o efeito, foi necessário proceder a numerosas
expropriações. A parte cimeira da nova artéria, que ficou a ligar a Rua de
Fernandes Tomás à Rua de Gonçalo Cristóvão, e de cujo melhoramento muito
beneficiou a capela de Nossa Senhora da Boa Hora, é já de meados do século
passado.
Com traseiras para a Rua de Sá da Bandeira, existiu um
célebre teatro, com entrada pela Rua de Santo António (hoje Rua 31 de Janeiro).
Aquela sala de espectáculos chamada Teatro Baquet, foi mandada construir em 21 de Fevereiro de
1858 pelo alfaiate portuense António Pereira Baquet e inaugurada com um baile
de Carnaval, em 13 de Fevereiro do ano seguinte.
Em 21 de Março de 1888 ali deflagraria um pavoroso
incêndio.
Foto da fachada do teatro virada para a Rua de Santo António, após o incêndio
Foto do ataque ao incêndio – Ed. Revista Occidente n.º 334
de 1 de Abril de 1888
Armazéns Hermínios, à direita, no local anteriormente ocupado pelo Teatro Baquet. Em frente, o Teatro Sá da Bandeira
Entrada dos Armazéns Hermínios pela Rua Sá da Bandeira onde, actualmente, está o "PortoBay Hotel Teatro"
Teatro Sá da Bandeira, c. 1970
O comerciante José Maria Ferreira, natural da freguesia de Melo,
em Gouveia, começando por exercer a sua actividade na Rua das Flores, de comércio
de panos em grosso e a retalho, no início da década de 1880, alugou um espaço à
entrada da Rua de Santa Catarina no local actualmente ocupado pela Livraria
Latina.
Aí, abriu uma casa, a que deu o nome de Armazéns Hermínios,
que seria uma alusão às suas origens na serra da Estrela – os Montes Hermínios.
Na primeira loja, à direita, na Rua de Santa Catarina esteve, na década de 1880, o comerciante José Maria Ferreira. Nesse mesmo prédio encontrava-se, também, desde há alguns anos, segundo informação de Alberto Pimentel no seu "Guia do Viajante na cidade do Porto e seus Arrabaldes", o "Hotel Pomba d'Ouro"
“O novo
estabelecimento possuía confecção própria de roupa à medida e apresentava
algumas características inovadoras em relação ao comércio envolvente: praticava
o preço fixo, só vendia a dinheiro (e não a crédito) e editava, regularmente,
catálogos dos seus produtos que enviava pelo correio a todos os clientes. Para
além disso, como noticiava o jornal “A Província” em 1885, "o
sistema adotado de vender todos os seus artigos com um lucro reduzido é, sem
dúvida, uma das causas que contribui para o rápido desenvolvimento das suas
operações". Perante o sucesso deste modelo, na década seguinte, José
Maria Ferreira decidiu dar um passo em frente: criou uma sociedade – da qual
fizeram parte, entre outros, o capitalista Henrique Burnay – com o objetivo de
abrir, no Porto, uma grande galeria, do tipo parisiense.”
Cortesia Manuel de Sousa
Publicidade aos Armazéns Hermínios
“Os Hermínios
eram também considerados uma instituição social, uma vez que abrangia cerca de
1.500 funcionários de todas as categorias. Dentro destas actividades sociais
salientavam-se as excursões dos empregados, os grandiosos concertos, os “bodos
aos pobres”, os saldos de ocasião e os balões oferecidos às
crianças".
Fonte: blogue Garfadas
on Line
Os Grandes Armazéns
Hermínios tinham secções de tecidos para homem e senhora, fazendas brancas,
estofos, camisaria, luvaria, miudezas, cutelaria, materiais de escritório,
artigos de iluminação, louças, vidros e cristais, oleados e borrachas,
perfumarias e bronzes, entre alguns outros.
Possuía ainda
bufete, gabinete de leitura, telefone e caixa de correio.
A partir de 1909, todas
as sextas-feiras, a gerência dos Hermínios levava a cabo concertos musicais, que
deliciavam a clientela.
O interior dos
Armazéns Hermínios estava dividido em dois pisos, de muito alto pé direito,
devido à diferença de nível entre as ruas de Santo António e Sá da Bandeira.
Interior dos
Armazéns Hermínios - Ed. Alvão
Interior em 1913 dos
Armazéns Hermínios - Ed. Le Temps Perdu
Armazéns Hermínios fachada da Rua de Santo António
Local actual da
anterior entrada para o Teatro Baquet e para os Armazéns Hermínios pela Rua de
31 de Janeiro, depois uma dependência da CGD – Fonte: Google maps
Os “Grandes Armazéns Hermínios” que tinham sido inaugurados
no dia 1 de Julho de 1893, em 26 de Julho de 1917, serão alvo da abertura de um processo de
falência, pois, tinha, à data, um passivo de 520 contos de Réis, tendo, para o
efeito, o respectivo juiz nomeado seus curadores-fiscais a Casa Burnay, de
Lisboa e o Banco Aliança, do Porto.
Rua de Sá da Bandeira decorada para o S. João de 1908
Rua de Sá da Bandeira (vista ascendente)
Mesma perspectiva da foto anterior
Rua de Sá da Bandeira (Vista ascendente)
Na foto acima o trânsito ainda circulava “à inglesa”,
predominando os veículos de tracção animal. Os elétricos presentes neste
registo indicam-nos que a fotografia é posterior a 1912, uma vez que já exibem
a tabuleta do número da linha. A referida artéria ainda terminava na Rua de
Fernandes Tomás, como se pode verificar. O mercado do Bolhão (segundo o traço
de Correia da Silva), tal como o conhecemos, ainda não tinha sido edificado, o que
nos leva a crer que a fotografia é anterior a 1914-1915.
Rua de Sá da Bandeira (Vista ascendente)
“Casa Lima” desaparecida a partir de 2016 – Fonte: Google
maps
Na imagem acima é
visível, uma das entradas do café “A Brasileira” com a sua pala e, ainda, no
toldo da direita, a Casa Lima de comércio de malas e carteiras, fundada em 1818
e que ainda existia em 2016, nas mãos da mesma família, quando encerrou
definitivamente, para que o edifício passasse a albergar um hotel e um novo
café “A Brasileira”, inaugurado em 23 de Março de 2018.
“A Casa Lima foi
fundada em 1877, por Augusto Joaquim Pereira de Lima, na Rua do Souto. No
início de actividade, dedicava-se à indústria e comércio de bengalas e
guarda-sóis. Em 1909, surgiu uma segunda loja na Rua de Santa Catarina, n.º
231. Sabe-se que nesta altura eram comercializados vários produtos como:
gravatas, malas de viagem, guarda-chuvas, guarda-sóis e bengalas. No ano de
1918, abriu as portas a loja da Rua de Sá da Bandeira, n.º 83, mesmo ao lado do
conhecido café: "A Brasileira".
Devido a falta de
espaço, em 1998, foi criada uma nova loja com o objectivo de fazer uma melhor
exposição dos artigos, em especial dos de viagem. Esta loja fica na Rua
Rodrigues de Sampaio, n.º 186, bem junto à Câmara Municipal do Porto. Em
Outubro de 2016, a Casa Lima teve de fechar uma das suas lojas, situada na rua
de Sá da Bandeira 83, devido à construção de um novo hotel. Para compensar esta
perda, abriu-se uma nova loja na rua Guilherme Costa Carvalho nº 29 num prédio
desenhado pelo famoso arquiteto Viana de Lima”.
Fonte: “casa-lima.com”
Casa Lima na Rua de Santa Catarina, nº 231, c. 1950
Vista da placa de publicidade que identifica a “Casa Lima”
na Rua de Santa Catarina, a alguns metros do Grande Hotel do Porto
Existindo um projecto camarário que previa o alargamento e modernização da medieval Rua do Bonjardim, na parte que partindo da Rua de Sá da Bandeira ia até à entrada da actual Rua de 31 de Janeiro, foi o mesmo posto em execução, alargando-se a parte inferior da Rua do Bonjardim que ficou, a partir de 1916, a ser uma continuidade da Rua de Sá da Bandeira.
A partir de 1916, começa a ser aberto o troço da Rua de Sá da Bandeira que tinha início junto à igreja dos Congregados e que, à época, era o começo da Rua do Bonjardim.
Confluência da Rua 31 de Janeiro (pela direita) e antiga Rua do Bonjardim (em frente) antes de 1916 – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Na foto acima, ao centro, vê-se a embocadura do troço da antiga Rua do Bonjardim, que a partir de 1916 passou a Rua de Sá da Bandeira e, à direita, a Rua 31 de Janeiro.
Início da construção, em 1916, do novo troço da Rua de Sá da Bandeira, ao fundo da Rua 31 de Janeiro
Abertura da Rua de Sá da Bandeira, antes Rua do Bonjardim - Ed. Tipografia Renascença Portuguesa
Nas duas últimas fotos pode ver-se o começo dos trabalhos da abertura da Rua de Sá da Bandeira junto aos Congregados.
Para se perceber melhor de como se processou a urbanização desta parte da cidade, diga-se que até 1836, ano em que se deu início às obras para a abertura da rua que viria a ter o nome de Sampaio Bruno, na parte da cidade compreendida entra as ruas de Santa Catarina, Bonjardim e Formosa, havia apenas a Rua do Bonjardim, que descia até muito perto da igreja dos Congregados e as vielas da Neta, das Pombas e dos Tintureiros. Esta última é a actual Travessa do Bonjardim. A Viela das Pombas é a actual Rua de António Pedro e que antes se chamou Travessa do Grande Hotel. A Viela da Neta era uma estreita e comprida artéria que descia desde a Rua Formosa até um local da actual Rua de Sá da Bandeira que podemos situar em frente ao café “A Brasileira”.
Essa viela desapareceu quando, em 1875 se começou a construir a parte da Rua de Sá da Bandeira desde a Rua do Bonjardim, junto à Viela dos Congregados, até à Rua Formosa.
A Viela da Neta desapareceu, então, restando apenas um único vestígio desse emaranhado de ruelas que foi a Travessa da Rua Formosa, que ficava mesmo em frente ao palacete que foi do conde do Bolhão, ligando a Rua Formosa à Rua de Sá da Bandeira.
A Travessa da Rua Formosa, uma reminiscência da antiquíssima Viela da Neta, apesar da sua curta dimensão, tinha uma intensa actividade comercial.
Funcionava lá, já no século XX, uma dependência da “Casa Forte”, onde se vendiam artigos para campismo. Havia ainda uma concorrida casa de pasto, que servia ao balcão uns muito apreciados petiscos.
Já no começo do século XXI este troço de via haveria de ser emparedado nos seus topos, e em 2016 desaparecia completamente como resultado de uma grande intervenção urbanística prevista para esse local.
Com a abertura da Praça de D. João I, começada a pensar em 1944, profundas alterações no tecido urbano aconteceram nessa zona. Desapareceu, por exemplo, a chamada Quinta da Viela da Neta, que em 1772 pertencia à família Sá Tinoco, que nessa propriedade tinha a sua casa brasonada, com a fachada voltada para a Rua do Bonjardim.
Outro edifício que desapareceu com a abertura da Praça de D. João I, foi aquele em que se reunia o Sinédrio, a organização secreta que congregava os homens a todos os títulos ilustres que fizeram a revolução liberal de 1820.
Rua de Sá da Bandeira - Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Prédio na esquina das ruas de Passos Manuel e Sá da Bandeira
onde estava a “Iluminadora”, c. 1940
Mesmo local da foto anterior, onde durante quatro décadas
esteve a firma do ramo imobiliário “A Confidente” – Ed. JPortojo
Loja de Confecções “Au Parc Royal”
Mesmo local da foto anterior, actualmente, na Rua de Sá da Bandeira, 212
Rua de Sá da Bandeira (entre a Rua Passos Manuel e a Rua do Dr. António Emílio Magalhães), na década de 1980
Mais recentemente, observamos na foto acima, algumas das casas comerciais que são nossas contemporâneas.
Destaca-se o reclame à "Sapataria Charles", de Carlos Lage que a abriu no fim da década de 1960, depois de ter obtido sucesso no mesmo ramo de comércio, com a Sapataria Lage, na Rua de 31 de Janeiro, 10 anos antes. Era a sapataria da "élite" portuense.
Numa cota um pouco mais baixa, divisa-se "A Casa Africana", que apresentava o reclame icónico e enorme, com um negro carregando uma série de embrulhos.
“A Casa Africana abriu
as suas portas em 1872, no gaveto da rua da Vitória com a rua Augusta, em
Lisboa. O estabelecimento expandiu-se e, em 1925, abriu uma sucursal no Porto:
primeiro, na rua de 31 de Janeiro e, mais tarde, na rua de Sá da Bandeira.
Por essa altura, a Casa Africana adotou na sua publicidade a imagem de um homem negro transportando uma enorme quantidade de caixas e embrulhos – que se tornou conhecido como o "Preto da Casa Africana" – muito de acordo com o imaginário português da época, do africano dócil e trabalhador.
Durante décadas, o tardoz de edifício do estabelecimento portuense esteve decorado com um enorme painel publicitário com esta imagem de marca da Casa Africana, bem visível a quem descia a rua de Passos Manuel.
Na década de 1990, a Casa Africana de Lisboa acabou por encerrar. Pelo contrário, a Casa Africana do Porto sobreviveu e continua com porta aberta no n.º 166 da rua de Sá da Bandeira.
No entanto, a parede das traseiras foi integralmente pintada de branco, encobrindo qualquer vestígio do antigo ícone publicitário”.
Cortesia: facebook.com/PortoDesaparecido
Por essa altura, a Casa Africana adotou na sua publicidade a imagem de um homem negro transportando uma enorme quantidade de caixas e embrulhos – que se tornou conhecido como o "Preto da Casa Africana" – muito de acordo com o imaginário português da época, do africano dócil e trabalhador.
Durante décadas, o tardoz de edifício do estabelecimento portuense esteve decorado com um enorme painel publicitário com esta imagem de marca da Casa Africana, bem visível a quem descia a rua de Passos Manuel.
Na década de 1990, a Casa Africana de Lisboa acabou por encerrar. Pelo contrário, a Casa Africana do Porto sobreviveu e continua com porta aberta no n.º 166 da rua de Sá da Bandeira.
No entanto, a parede das traseiras foi integralmente pintada de branco, encobrindo qualquer vestígio do antigo ícone publicitário”.
Cortesia: facebook.com/PortoDesaparecido
Publicidade à "Casa Africana" (1932)
Mural, já desaparecido, nas traseiras do prédio da "Casa Africana"
Um pouco a montante, enfrentamos o reclame da entrada do
"Restaurante Palmeira", que ainda existe e, um pouco mais acima, um
reclame enorme identifica a "Casa Coelho".
As obras para a abertura da Rua de Sá da Bandeira até à Rua
Formosa foram muito demoradas, por causa das expropriações que tiveram de ser
feitas, apesar de haver ainda, entre a Rua de Santa Catarina e a tal Viela da
Neta, muitos terrenos de cultivo, hortas e pomares, pertencentes na sua maior
parte, a D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre Ferreirinha da Régua, que
tinha o seu palacete onde hoje é o Grande Hotel do Porto.
Os terrenos de D. Antónia eram atravessados por um ribeiro
que desaguava no rio da Vila.
Seria D. Antónia a ceder à Câmara grande parte dos terrenos
para levantamento dos novos arruamentos.
Montagem de sobreposição de plantas na qual a mais esbatida (cor-de-rosa) é datada de 1875, e a apresentada a negro é de 1946
Legenda
1 – Casa de D. Antónia Adelaide Ferreira
(hoje, o Grande Hotel do Porto)
N – Percurso da Viela da Neta (a azul)
L – Terreno de lavradio pertencente a D. Antónia Adelaide
Ferreira
2 – Rio da Vila (braço nascido na Fontinha)
Ao fundo do arruamento que, mais tarde, viria a ser a
Travessa do Grande Hotel e, hoje, é a Rua António Pedro, vinha desembocar na
Viela da Neta.
Por aí, nuns armazéns, D. Antónia Ferreira vendia os seus produtos dos terrenos anexos e, ainda, muitos provenientes das suas quintas no Douro.
Por aí, nuns armazéns, D. Antónia Ferreira vendia os seus produtos dos terrenos anexos e, ainda, muitos provenientes das suas quintas no Douro.
No começo da Viela da Neta, em terrenos já contíguos ao
Teatro do Príncipe Real, tinha Manoel Francisco Moreda alguns dos seus armazéns
de vinhos. Por eles, após expropriação, haveria de ser traçada a continuação da
Rua de Sá da Bandeira, a partir de 1875.
Em frente, a entrada da Travessa da Rua Formosa, pela Rua Formosa - Fonte Google Maps
Entrada da Travessa da Rua Formosa, pelo lado de Sá da
Bandeira - Ed. JPortojo
Nas fotos acima a desaparecida Travessa da Rua Formosa,
entre a Rua Formosa (penúltima foto) e a Rua de Sá da Bandeira (foto anterior).
A entrada daquela travessa circundava um prédio onde estava
implantada uma das lojas históricas do Porto de pronto a vestir e de utilidades
diversas e que chegou a emitir programas de rádio – a “Rádio Casa Forte”.
A Travessa da Rua Formosa, a meio do seu percurso, à
esquerda, apresentava uma outra loja daquele estabelecimento comercial, dedicada a artigos de
campismo.
Casa Forte e a entrada para a Travessa da Rua Formosa
Vista aérea da Travessa da Rua Formosa - Ed. Bing Maps
Legenda da vista acima, na qual se vê entre os pontos 1 e 2
o pequeno trajecto (aéreo) da Travessa da Rua Formosa.
1. Rua Formosa
2. Rua de Sá da Bandeira
3. Palácio do Conde do Bolhão
4. Mercado do Bolhão
Foto de início de troço de arruamento, conhecido como a Viela das Pombas, que ligava a Rua de Sá da Bandeira às traseiras do jardim da D. Antónia Ferreirinha e à Rua de Santa Catarina
Vista do que foi a esquina da Travessa de Sá da Bandeira e da Rua de Sá da
Bandeira, anos antes, o término da Viela das Pombas - Ed. AMP
Na loja da esquina da foto acima ficava “A Construtora”,
empresa de matérias de construção.
Perspectiva actual de foto anterior- Fonte Google Maps
Rua de Sá da Bandeira, c. 1885 (vista descendente) – Ed.
Photo Guedes
Na foto acima, no terreno que veda o muro que se encontra à
esquerda, foi edificado, mais tarde, o edifício da “Singer”, começado a
construir na década de 1940.
Seguem-se dois prédios, antes do arruamento que, à data, era a Travessa de Sá da Bandeira.
Seguem-se dois prédios, antes do arruamento que, à data, era a Travessa de Sá da Bandeira.
No prédio da esquina existia uma loja de venda de cereais
(um “farinheiro”) da família do fundador da revista “O Tripeiro”, Alfredo
Ferreira Faria.
Dois prédios mais abaixo, era a casa “Mattos & Serpa
Pinto”.
Por aqui, ficavam os armazéns "Matos & Serpa Pinto", em 1905
Ao fundo, observa-se as traseiras do Teatro Baquet e, à sua
esquerda, apenas se pode adivinhar a entrada para o Teatro do Príncipe Real.
À direita, apresenta-se uns prédios térreos que iam até à
Travessa da Rua Formosa (antes Viela da Neta) e que seriam substituídos por
prédios de dois andares, onde se instalaria, durante grande parte do século XX,
a “Casa Forte”.
Bem perto daquela entrada da Travessa da Rua Formosa, iria,
mais tarde, instalar-se o Restaurante Sequeira.
Por último, interessa referir que os carris que são visíveis
no pavimento guiavam o “americano”, em percurso descendente, já que, o
ascendente era feito pela Rua D. Pedro.
Rua de Sá da Bandeira em 1920 – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Perspectiva actual de foto anterior
Foi já no dealbar do século XX (1904) que se começou a falar na construção da parte da nova artéria, entre a Rua Formosa e a Rua de Fernandes Tomás. No entanto, as obras só começaram, efectivamente, no ano de 1911.
E, eis-nos chegados ao mercado do Bolhão.
Na esquina (norte) da Rua Formosa e da Rua de Sá da
Bandeira, numa loja exterior do edifício do mercado, esteve, desde 1921, a
“Casa Hortícola”, especializada no comércio de sementes e bolbos.
Na esquina (sul) oposta àquela, esteve o edifício Singer,
cujo representante da marca, durante muitos anos, ocupou o seu piso térreo.
Edifício Singer
Antes da instalação da Casa Hortícola numa loja do edifício
do mercado do Bolhão, o espaço estava ocupado pela “Salsicharia Internacional”
Casa Hortícola – Ed. JPortojo
Interior da Casa Hortícola – Ed. JPortojo
A Casa Hortícola que fechou definitivamente em 2018, quando
as obras de requalificação do Mercado do Bolhão avançaram, ficou também
conhecida pela venda aos seus balcões do “Borda d’Água” e do “Seringador”.
Entretanto, no momento de ser obrigado a abandonar a loja,
António Ferreira de Sousa (de 90 anos, o dono da Casa Hortícola e presente à
frente dos seus balcões desde 1949), dizia para quem o queria ouvir:
"Estou aqui há 70
anos e não mudo para o La Vie porque o negócio não vai ser o mesmo. Paro e
volto quando tudo estiver pronto".
À esquerda, junto à entrada a sul do Mercado do Bolhão,
esteve a “Casa das Botas”. A meio da foto, na esquina da Rua Formosa, a firma
discográfica, “Ricardo Lemos” – Fonte: Bonfim Barreiros, 1940
Publicidade à firma “Ricardo Lemos”
Após o atravessamento da Rua Formosa, pela esquerda no sentido
ascendente, e na esquina entre aquela rua e a Rua de Sá da Bandeira encontrava-se,
até há bem poucos anos, a Casa Tamegão de artigos de ménage para o lar. Era uma loja de referência, para os portuenses.
Casa Tamegão
Mesmo local da foto anterior, em 1922. Ao longe, a Cancela Velha e, à direita, o Palácio do Bolhão
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