quinta-feira, 10 de agosto de 2017

(Continuação 31) - Actualização em 07/11/2018, 12/04/ e 24/04/2021

19.22 Rua de Sá da Bandeira


Abertura da rua e arranjo urbanístico da envolvente


A Rua de Sá Bandeira começou a ser construída três anos depois de terminado o Cerco do Porto, ou seja, em 1836.

“O primeiro troço que se construiu da nova artéria foi aberto ao longo da cerca do convento dos padres da Congregação de S. Filipe de Nery ou do Oratório. Esse troço é a actual Rua de Sampaio Bruno, que começou a ser rasgada em 1842.
Inicialmente deu-se-lhe o nome de Sá da Bandeira. Isso aconteceu em 1837. Aquele bravo militar que combatera no Cerco ainda era vivo, e a Câmara do Porto teve que lhe pedir autorização colocar o seu nome numa artéria da cidade tendo Sá da Bandeira anuido ao pedido.
O convento dos Congregados, de que apenas resta a igreja, ocupava todo o quarteirão que envolve a zona nascente da Praça da Liberdade e a Rua de Sá da Bandeira, e estendia-se muito para além da actual Rua de Sampaio Bruno ao longo de uma estreita viela, que corria paralela ao muro da cerca e, que por isso, se chamava Viela dos Congregados. Ainda existe, agora, com a designação de Travessa dos Congregados. Ligava a igreja do referido mosteiro, à desaparecida Quinta do Laranjal em cujos terrenos se viria a abrir, anos mais tarde, uma artéria que começou por se chamar Rua do Bispo, por serem propriedade da Mitra os terrenos da aludida quinta, depois deram-lhe o nome de Rua D. Pedro IV e que, com a implantação da república passou a ser designada por Rua de Elias Garcia. Desapareceu com a abertura da Avenida dos Aliados”.
Com a devida vénia a Germano Silva

O troço da Rua de Sá da Bandeira que vai desde a Travessa dos Congregados até à Rua Formosa, começou a ser aberto em 1875, e só fi­cou concluído em 1880.
O prolongamento até à Rua de Fernandes Tomás, da autoria do Dr. Alves Barreto, só teve início já no século XX, em 1904 e, para o efeito, foi necessário proceder a numerosas expropriações. A parte cimeira da nova ar­téria, que ficou a ligar a Rua de Fernandes Tomás à Rua de Gonçalo Cristóvão, e de cujo melhoramento muito beneficiou a capela de Nossa Senhora da Boa Hora, é já de meados do século passado.
Em 1916, começará uma intervenção de vulto no troço que, então, fazia parte da Rua do Bonjardim e, hoje, é o início da Rua de Sá da Bandeira.
Entretanto, o primitivo e inicial troço da Rua de Sá da Bandeira passaria a ser Rua Sampaio Bruno.


Assim, existindo um projecto camarário que previa o alargamento e modernização da medieval Rua do Bonjardim, naquele troço que partia da proximidade da igreja dos Congregados, foi o mesmo posto em execução.


Confluência da Rua 31 de Janeiro (pela direita) e antiga Rua do Bonjardim (em frente) antes de 1916 – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”


Na foto acima, ao centro, vê-se a embocadura do troço da antiga Rua do Bonjardim, que a partir de 1916 passou a Rua de Sá da Bandeira e, à direita, a Rua 31 de Janeiro. 


Início da construção, em 1916, do novo troço da Rua de Sá da Bandeira, na confluência com a Rua 31 de Janeiro 




Abertura da Rua de Sá da Bandeira, antes, Rua do Bonjardim - Ed. Tipografia Renascença Portuguesa



Nas duas últimas fotos, pode ver-se o começo dos trabalhos da abertura da Rua de Sá da Bandeira junto aos Congregados.



Início do novo troço da Rua de Sá da Bandeira, junto da igreja dos Congregados, em 1920



Para se perceber melhor de como se processou a urbanização desta parte da cidade, diga-se que até 1836, ano em que se deu início às obras para a abertura da rua, que viria a ter o nome de Sampaio Bruno, na parte da cidade compreendida entre as ruas de Santa Catarina, Bonjardim e Formosa havia, apenas, a Rua do Bonjardim, que descia até muito perto da igreja dos Congregados e as vielas da Neta, das Pombas e dos Tintureiros. Esta última é a actual Travessa do Bonjardim. A Viela das Pombas é a actual Rua de António Pedro e que, antes, se chamou Travessa do Grande Hotel.
A Viela da Neta era uma estreita e comprida artéria que descia desde a Rua Formosa até um local da actual Rua de Sá da Bandeira, que podemos situar em frente ao café “A Brasileira”.
Essa viela desapareceu quando, em 1875, se começou a construir a parte da Rua de Sá da Bandeira desde a Rua do Bonjardim, junto à Viela dos Congregados, até à Rua Formosa.
A Viela da Neta desapareceu, então, restando apenas um único vestígio desse emaranhado de ruelas, que foi a Travessa da Rua Formosa, que ficava mesmo em frente ao palacete do conde do Bolhão, ligando a Rua Formosa à Rua de Sá da Bandeira.
A Travessa da Rua Formosa, uma reminis­cência da antiquíssima Viela da Neta, apesar da sua curta dimensão, tinha uma intensa actividade comercial.
Funcionava lá, já no século XX, uma depen­dência da “Casa Forte”, onde se vendiam artigos para campismo. Havia ainda uma concorrida casa de pasto, que servia ao balcão uns mui­to apreciados petiscos. 
Já no começo do século XXI, este troço de via haveria de ser emparedado nos seus topos, e em 2016, desaparecia completamente como resultado de uma grande intervenção urbanística prevista para esse local. 
Com a abertura da Praça de D. João I, começada a pensar em 1944, profundas altera­ções no tecido urbano aconteceram também nessa zona. Desa­pareceu, por exemplo, a chamada Quinta da Viela da Neta que, em 1772, pertencia à família Sá Tinoco, que nessa propriedade tinha a sua casa brasonada, com a fachada volta­da para a Rua do Bonjardim.
Outro edifício que desapareceu com a abertura da Praça de D. João I, foi aquele em que se reunia o Si­nédrio, a organização secreta que congre­gava os homens a todos os títulos ilustres que fizeram a revolução liberal de 1820. 
 
 
 
Intervenção urbanística até à Rua Formosa
 
 
A Rua de Sá da Bandeira chegaria em 1880, à confluência com a Rua Formosa, após 5 anos de trabalhos.
As obras para a abertura da Rua de Sá da Bandeira até à Rua Formosa foram muito demoradas, por causa das expropriações que tiveram de ser feitas, apesar de haver ainda, entre a Rua de Santa Catarina e a tal Viela da Neta, muitos terrenos de cultivo, hortas e pomares, pertencentes na sua maior parte, a D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre Ferreirinha da Régua, que tinha o seu palacete onde hoje é o Grande Hotel do Porto.
Os terrenos de D. Antónia eram atravessados por um ribeiro que desaguava no rio da Vila.
Seria D. Antónia a ceder à Câmara grande parte dos terrenos para levantamento dos novos arruamentos.
 
 
 
 

Montagem de sobreposição de plantas na qual a mais esbatida (cor-de-rosa) é datada de 1875, e a apresentada a negro é de 1946
 
 
Legenda
 
1 – Casa de D. Antónia Adelaide Ferreira
(hoje, o Grande Hotel do Porto)
N – Percurso da Viela da Neta (a azul)
L – Terreno de lavradio pertencente a D. Antónia Adelaide Ferreira
2 – Rio da Vila (braço nascido na Fontinha)
 
 
 
 
Ao fundo do arruamento que, mais tarde, viria a ser a Travessa do Grande Hotel e, hoje, é a Rua António Pedro, vinha desembocar na Viela da Neta.
Por aí, nuns armazéns, D. Antónia Ferreira vendia os seus produtos dos terrenos anexos e, ainda, muitos provenientes das suas quintas no Douro.
No começo da Viela da Neta, em terrenos já contíguos ao Teatro do Príncipe Real, tinha Manoel Francisco Moreda alguns dos seus armazéns de vinhos. Por eles, após expropriação, haveria de ser traçada a continuação da Rua de Sá da Bandeira, a partir de 1875.




Em frente, a entrada da Travessa da Rua Formosa pela Rua Formosa - Fonte Google Maps
 
 
 

Entrada da Travessa da Rua Formosa, pelo lado de Sá da Bandeira - Ed. JPortojo
 
 
 
Nas fotos acima, a desaparecida Travessa da Rua Formosa, entre a Rua Formosa (penúltima foto) e a Rua de Sá da Bandeira (foto anterior).
A entrada daquela travessa circundava um prédio onde estava implantada uma das lojas históricas do Porto de pronto a vestir e de utilidades diversas e que chegou a emitir programas de rádio – a “Rádio Casa Forte”.
A Travessa da Rua Formosa, a meio do seu percurso, à esquerda, apresentava uma outra loja, daquele estabelecimento comercial, dedicada a artigos de campismo.


 
 
Caminhada ascendente pela rua
 
 
Partindo da confluência da Rua de Sá da Bandeira com a Rua de 31 de Janeiro (Rua de Santo António), o primeiro troço tinha feito parte, até 1916, da Rua do Bonjardim.



Rua de Sá da Bandeira (antes Rua do Bonjardim), c. 1935



Em tempos, fronteiro ao conhecido café “A Brasileira”, situava-se a entrada secundária do Teatro Baquet, que tinha a entrada principal pela Rua de Santo António (Rua 31 de Janeiro).
Em 21 de Março, um pavoroso incêndio, que fez dezenas de vítimas, determinou que o prédio que albergava a casa de espectáculos fosse demolido.
No lugar daquela sala de espectáculos surgiria, mais tarde, um sumptuoso, para a época, armazém da moda – Os Armazéns Hermínios.
Aos seus balcões simpáticas empregadas atendiam os clientes.
O exercício daquela actividade por trabalhadores do sexo feminino tinha aparecido na cidade aquando da implantação dos bazares do Palácio de Cristal.
 
 
 

O prédio, à direita, uma sucursal da Caixa Geral de Depósitos, por onde se acedia ao Teatro Baquet e aos Armazéns Hermínios pela Rua de 31 de Janeiro
 
 

O prédio, em destaque, alberga o Porto Bay Hotel Teatro, por onde se acedia ao Teatro Baquet e aos Armazéns Hermínios pela Rua de Sá da Bandeira





Rua de Sá da Bandeira decorada para o S. João de 1908




Rua de Sá da Bandeira (vista ascendente)




Mesma perspectiva da foto anterior




Rua de Sá da Bandeira (Vista ascendente)



Na foto acima o trânsito ainda circulava “à inglesa”, predominando os veículos de tracção animal. Os elétricos presentes neste registo indicam-nos que a fotografia é posterior a 1912, uma vez que já exibem a tabuleta do número da linha. A referida artéria ainda terminava na Rua de Fernandes Tomás, como se pode verificar. O mercado do Bolhão (segundo o traço de Correia da Silva), tal como o conhecemos, ainda não tinha sido edificado, o que nos leva a crer que a fotografia é anterior a 1914-1915.



Rua de Sá da Bandeira (Vista ascendente)



“Casa Lima” desaparecida a partir de 2016 – Fonte: Google maps



Na imagem acima é visível, uma das entradas do café “A Brasileira” com a sua pala e, ainda, no toldo da direita, a Casa Lima de comércio de malas e carteiras, fundada em 1818 e que ainda existia em 2016, nas mãos da mesma família, quando encerrou definitivamente, para que o edifício passasse a albergar um hotel e um novo café “A Brasileira”, inaugurado em 23 de Março de 2018.



“A Casa Lima foi fundada em 1877, por Augusto Joaquim Pereira de Lima, na Rua do Souto. No início de actividade, dedicava-se à indústria e comércio de bengalas e guarda-sóis. Em 1909, surgiu uma segunda loja na Rua de Santa Catarina, n.º 231. Sabe-se que nesta altura eram comercializados vários produtos como: gravatas, malas de viagem, guarda-chuvas, guarda-sóis e bengalas. No ano de 1918, abriu as portas a loja da Rua de Sá da Bandeira, n.º 83, mesmo ao lado do conhecido café: "A Brasileira".
Devido a falta de espaço, em 1998, foi criada uma nova loja com o objectivo de fazer uma melhor exposição dos artigos, em especial dos de viagem. Esta loja fica na Rua Rodrigues de Sampaio, n.º 186, bem junto à Câmara Municipal do Porto. Em Outubro de 2016, a Casa Lima teve de fechar uma das suas lojas, situada na rua de Sá da Bandeira 83, devido à construção de um novo hotel. Para compensar esta perda, abriu-se uma nova loja na rua Guilherme Costa Carvalho nº 29 num prédio desenhado pelo famoso arquiteto Viana de Lima”.
Fonte: “casa-lima.com”


Casa Lima na Rua de Santa Catarina, nº 231, c. 1950


Vista da placa de publicidade que identifica a “Casa Lima” na Rua de Santa Catarina, a alguns metros do Grande Hotel do Porto



Subindo pelo lado nascente da Rua de Sá da Bandeira íamos encontrando alguns estabelecimentos que marcantes ao longo dos tempos.




Rua de Sá da Bandeira - Fonte: “portoarc.blogspot.pt”



Prédio na esquina das ruas de Passos Manuel e Sá da Bandeira onde estava a “Iluminadora”, c. 1940




Mesmo local da foto anterior, onde durante quatro décadas esteve a firma do ramo imobiliário “A Confidente” – Ed. JPortojo




Prédio (à direita) na esquina das ruas de Passos Manuel e Sá da Bandeira onde esteve, entre 1915 e 1933, o Banco Mutuário
 
 
 
 
 

Actualmente, o prédio da foto anterior
 
 
 
Um pouco mais acima da esquina da foto anterior, encontrávamos, no dealbar do século XX, os armazéns “Matos & Serpa Pinto”.




Por aqui, ficavam os armazéns “Matos & Serpa Pinto”, em 1905



Loja de Confecções “Au Parc Royal”



Mesmo local da foto anterior, actualmente, na Rua de Sá da Bandeira, 212


Rua de Sá da Bandeira (entre a Rua Passos Manuel e a Rua do Dr. António Emílio Magalhães), na década de 1980



Mais recentemente, observamos na foto acima, algumas das casas comerciais que são nossas contemporâneas.
Destaca-se o reclame à "Sapataria Charles", de Carlos Lage que a abriu no fim da década de 1960, depois de ter obtido sucesso no mesmo ramo de comércio, com a Sapataria Lage, na Rua de 31 de Janeiro, 10 anos antes. Era a sapataria da "élite" portuense.
Numa cota um pouco mais baixa, divisa-se "A Casa Africana", que apresentava o reclame icónico e enorme, com um negro carregando uma série de embrulhos.



“A Casa Africana abriu as suas portas em 1872, no gaveto da rua da Vitória com a rua Augusta, em Lisboa. O estabelecimento expandiu-se e, em 1925, abriu uma sucursal no Porto: primeiro, na rua de 31 de Janeiro e, mais tarde, na rua de Sá da Bandeira.
Por essa altura, a Casa Africana adotou na sua publicidade a imagem de um homem negro transportando uma enorme quantidade de caixas e embrulhos – que se tornou conhecido como o "Preto da Casa Africana" – muito de acordo com o imaginário português da época, do africano dócil e trabalhador.
Durante décadas, o tardoz de edifício do estabelecimento portuense esteve decorado com um enorme painel publicitário com esta imagem de marca da Casa Africana, bem visível a quem descia a rua de Passos Manuel.
Na década de 1990, a Casa Africana de Lisboa acabou por encerrar. Pelo contrário, a Casa Africana do Porto sobreviveu e continua com porta aberta no n.º 166 da rua de Sá da Bandeira.
No entanto, a parede das traseiras foi integralmente pintada de branco, encobrindo qualquer vestígio do antigo ícone publicitário”.
Cortesia: facebook.com/PortoDesaparecido
 
 
 

Publicidade à "Casa Africana" (1932)


Mural, já desaparecido, nas traseiras do prédio da "Casa Africana"



Um pouco a montante, enfrentamos o reclame da entrada do "Restaurante Palmeira", que ainda existe e, um pouco mais acima, um reclame enorme identifica a "Casa Coelho". 
Passando ao lado poente da rua ainda, há poucos anos, encontrávamos a Casa Forte.



Casa Forte e a entrada para a Travessa da Rua Formosa


A meio da foto, em 1952, a Casa Forte






Vista aérea da Travessa da Rua Formosa - Ed. Bing Maps


Legenda da vista acima, na qual se vê entre os pontos 1 e 2 o pequeno trajecto (aéreo) da Travessa da Rua Formosa.

1. Rua Formosa
2. Rua de Sá da Bandeira
3. Palácio do Conde do Bolhão
4. Mercado do Bolhão



Foto de início de troço de arruamento, conhecido como a Viela das Pombas, que ligava a Rua de Sá da Bandeira às traseiras do jardim da D. Antónia Ferreirinha e à Rua de Santa Catarina







Vista do que foi a esquina da Travessa de Sá da Bandeira e da Rua de Sá da Bandeira, anos antes, o término da Viela das Pombas - Ed. AMP



Na loja da esquina da foto acima ficava “A Construtora”, empresa de matérias de construção.



Perspectiva actual de foto anterior- Fonte Google Maps

 

Rua de Sá da Bandeira, c. 1885 (vista descendente) – Ed. Photo Guedes


Na foto acima, no terreno que veda o muro que se encontra à esquerda, foi edificado, mais tarde, o edifício da “Singer”, começado a construir na década de 1940.
Seguem-se dois prédios, antes do arruamento que, à data, era a Travessa de Sá da Bandeira.
No prédio da esquina existia uma loja de venda de cereais (um “farinheiro”) da família do fundador da revista “O Tripeiro”, Alfredo Ferreira Faria.
Dois prédios mais abaixo, era a casa “Mattos & Serpa Pinto”.
Ao fundo, observa-se as traseiras do Teatro Baquet e, à sua esquerda, apenas se pode adivinhar a entrada para o Teatro do Príncipe Real.
À direita, apresenta-se uns prédios térreos que iam até à Travessa da Rua Formosa (antes Viela da Neta) e que seriam substituídos por prédios de dois andares, onde se instalaria, durante grande parte do século XX, a “Casa Forte”, que fecharia em 2004.
Bem perto daquela entrada da Travessa da Rua Formosa, iria, mais tarde, instalar-se o Restaurante Sequeira.
Por último, interessa referir que os carris que são visíveis no pavimento guiavam o “americano”, em percurso descendente, já que, o ascendente era feito pela Rua D. Pedro.
Continuando a caminhada ascendente pela Rua de Sá da Bandeira, antes de chegar ao mercado do Bolhão, situava-se o “Edifício Singer”.


 
 
 

Fachada do “Edifício Singer” voltada para a Rua de Sá da Bandeira, em 1920 – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
 
 
 
O prédio de um só piso, da foto anterior, foi um projecto de 1902 do mestre-de-obras António Faria Moreira Ramalhão (1865-1953).

 
 

Fachada do “Edifício Singer” voltada para a Rua Formosa, nos primeiros anos do século XX





O novo “Edifício Singer”, que iria ocupar a área do edificado observado na foto anterior, licenciado em 1939 e concluído em Julho de 1941


 

Perspectiva actual da foto anterior, observando-se a Farmácia Sá da Bandeira, fundada em 1943, por Luís Pedro Marques – Fonte: Google maps

 
 

Outra perspectiva do “Edifício Singer”




E, eis-nos chegados ao mercado do Bolhão.
Na esquina (norte) da Rua Formosa e da Rua de Sá da Bandeira, numa loja exterior do edifício do mercado, esteve, desde 1921, a “Casa Hortícola”, especializada no comércio de sementes e bolbos.
Na esquina (sul), oposta àquela, esteve então o edifício Singer, cujo representante da marca, durante muitos anos, ocupou o seu piso térreo.





Antes da instalação da Casa Hortícola numa loja do edifício do mercado do Bolhão, o espaço estava ocupado pela “Salsicharia Internacional”




Casa Hortícola – Ed. JPortojo



Interior da Casa Hortícola – Ed. JPortojo


A Casa Hortícola que fechou portas em 2018, quando as obras de requalificação do Mercado do Bolhão avançaram, ficou também conhecida pela venda aos seus balcões do “Borda d’Água” e do “Seringador”.
Entretanto, no momento de ser obrigado a abandonar a loja, António Ferreira de Sousa (de 90 anos, o dono da Casa Hortícola e presente à frente dos seus balcões desde 1949), dizia para quem o queria ouvir:



"Estou aqui há 70 anos e não mudo para o La Vie porque o negócio não vai ser o mesmo. Paro e volto quando tudo estiver pronto".










António Ferreira de Sousa nas instalações da Casa Hortícola
 
 
 
Em 2022, quando reabriu o mercado do Bolhão, após sofrer obras de vulto, cumprindo a promessa do seu proprietário, a Casa Hortícola seria dos primeiros estabelecimentos a abrir as suas portas.
António Ferreira de Sousa cumpriu, assim, a sua promessa, mas, entretanto, no fim do mês de Setembro de 2024, faleceu.
Muitos portuenses esperam que os seus herdeiros continuem a sua obra.


 

À esquerda, junto à entrada a sul do Mercado do Bolhão, esteve a “Casa das Botas”. A meio da foto, na esquina da Rua Formosa, a firma discográfica, “Ricardo Lemos” – Fonte: Bonfim Barreiros, 1940

 

 

 

 

Publicidade à firma “Ricardo Lemos”






Após o atravessamento da Rua Formosa, pela esquerda, no sentido ascendente, e na esquina entre aquela rua e a Rua de Sá da Bandeira encontrava-se, até há bem poucos anos, a Casa Tamegão de artigos de ménage para o lar. Era uma loja de referência, para os portuenses, fundada em 1910.
Não chegou a abrir portas em 2011.



Casa Tamegão



Casa Tamegão - Col. da Fundação Manuel Leão





Mesmo local da foto anterior, em 1922. Ao longe, a Cancela Velha e, à direita, o Palácio do Bolhão


 

Foi já no dealbar do século XX (1904) que se começou a falar na construção da parte da nova artéria, entre a Rua Formosa e a Rua de Fernandes Tomás. No entanto, as obras só começaram, efectivamente, no ano de 1911. 




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