19.22 Rua de Sá da Bandeira
Abertura da rua e
arranjo urbanístico da envolvente
A Rua de Sá Bandeira começou a ser construída três anos
depois de terminado o Cerco do Porto, ou seja, em 1836.
“O primeiro troço que
se construiu da nova artéria foi aberto ao longo da cerca do convento dos
padres da Congregação de S. Filipe de Nery ou do Oratório. Esse troço é a
actual Rua de Sampaio Bruno, que começou a ser rasgada em 1842.
Inicialmente deu-se-lhe
o nome de Sá da Bandeira. Isso aconteceu em 1837. Aquele bravo militar que
combatera no Cerco ainda era vivo, e a Câmara do Porto teve que lhe pedir
autorização colocar o seu nome numa artéria da cidade tendo Sá da Bandeira
anuido ao pedido.
O convento dos
Congregados, de que apenas resta a igreja, ocupava todo o quarteirão que
envolve a zona nascente da Praça da Liberdade e a Rua de Sá da Bandeira, e
estendia-se muito para além da actual Rua de Sampaio Bruno ao longo de uma
estreita viela, que corria paralela ao muro da cerca e, que por isso, se
chamava Viela dos Congregados. Ainda
existe, agora, com a designação de Travessa dos Congregados. Ligava a igreja do
referido mosteiro, à desaparecida Quinta do Laranjal em cujos terrenos se viria
a abrir, anos mais tarde, uma artéria que começou por se chamar Rua do Bispo, por serem propriedade da
Mitra os terrenos da aludida quinta, depois deram-lhe o nome de Rua D. Pedro IV e que, com a
implantação da república passou a ser designada por Rua de Elias Garcia. Desapareceu com a abertura da Avenida dos
Aliados”.
Com a devida vénia a Germano Silva
O troço da Rua de Sá da Bandeira que vai desde a Travessa
dos Congregados até à Rua Formosa, começou a ser aberto em 1875, e só ficou
concluído em 1880.
O prolongamento até à Rua de Fernandes Tomás, da autoria do Dr. Alves Barreto, só teve início
já no século XX, em 1904 e, para o efeito, foi necessário proceder a numerosas
expropriações. A parte cimeira da nova artéria, que ficou a ligar a Rua de
Fernandes Tomás à Rua de Gonçalo Cristóvão, e de cujo melhoramento muito
beneficiou a capela de Nossa Senhora da Boa Hora, é já de meados do século
passado.
Em 1916, começará uma intervenção de vulto no troço que, então, fazia
parte da Rua do Bonjardim e, hoje, é o início da Rua de Sá da Bandeira.
Entretanto, o primitivo e inicial troço da Rua de Sá da Bandeira
passaria a ser Rua Sampaio Bruno.
Assim, existindo um
projecto camarário que previa o alargamento e modernização da medieval Rua do
Bonjardim, naquele troço que partia da proximidade da igreja dos Congregados, foi
o mesmo posto em execução.
Confluência da Rua 31 de Janeiro (pela direita) e antiga Rua do Bonjardim (em frente) antes de 1916 – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Na foto acima, ao centro,
vê-se a embocadura do troço da antiga Rua do Bonjardim, que a partir de 1916
passou a Rua de Sá da Bandeira e, à direita, a Rua 31 de Janeiro.
Início da construção, em 1916, do novo troço da Rua de Sá da Bandeira, na confluência com a Rua 31 de Janeiro
Abertura da Rua de Sá da Bandeira, antes, Rua do Bonjardim - Ed. Tipografia Renascença Portuguesa
Nas duas últimas fotos, pode ver-se o começo dos trabalhos da abertura da Rua de Sá da Bandeira junto aos Congregados.
Início do novo troço da Rua de Sá da Bandeira, junto da igreja dos Congregados, em 1920
Para se perceber
melhor de como se processou a urbanização desta parte da cidade, diga-se que
até 1836, ano em que se deu início às obras para a abertura da rua, que viria a
ter o nome de Sampaio Bruno, na parte da cidade compreendida entre as ruas de
Santa Catarina, Bonjardim e Formosa havia, apenas, a Rua do Bonjardim, que
descia até muito perto da igreja dos Congregados e as vielas da Neta, das
Pombas e dos Tintureiros. Esta última é a actual Travessa do Bonjardim. A Viela
das Pombas é a actual Rua de António Pedro e que, antes, se chamou Travessa do
Grande Hotel.
A Viela da Neta era uma estreita e comprida artéria que descia desde a Rua Formosa até um local da actual Rua de Sá da Bandeira, que podemos situar em frente ao café “A Brasileira”.
Essa viela desapareceu quando, em 1875, se começou a construir a parte da Rua de Sá da Bandeira desde a Rua do Bonjardim, junto à Viela dos Congregados, até à Rua Formosa.
A Viela da Neta desapareceu, então, restando apenas um único vestígio desse emaranhado de ruelas, que foi a Travessa da Rua Formosa, que ficava mesmo em frente ao palacete do conde do Bolhão, ligando a Rua Formosa à Rua de Sá da Bandeira.
A Travessa da Rua Formosa, uma reminiscência da antiquíssima Viela da Neta, apesar da sua curta dimensão, tinha uma intensa actividade comercial.
Funcionava lá, já no século XX, uma dependência da “Casa Forte”, onde se vendiam artigos para campismo. Havia ainda uma concorrida casa de pasto, que servia ao balcão uns muito apreciados petiscos.
Já no começo do século XXI, este troço de via haveria de ser emparedado nos seus topos, e em 2016, desaparecia completamente como resultado de uma grande intervenção urbanística prevista para esse local.
Com a abertura da Praça de D. João I, começada a pensar em 1944, profundas alterações no tecido urbano aconteceram também nessa zona. Desapareceu, por exemplo, a chamada Quinta da Viela da Neta que, em 1772, pertencia à família Sá Tinoco, que nessa propriedade tinha a sua casa brasonada, com a fachada voltada para a Rua do Bonjardim.
Outro edifício que desapareceu com a abertura da Praça de D. João I, foi aquele em que se reunia o Sinédrio, a organização secreta que congregava os homens a todos os títulos ilustres que fizeram a revolução liberal de 1820.
Intervenção urbanística até à Rua Formosa
A Rua de Sá da
Bandeira chegaria em 1880, à confluência com a Rua Formosa, após 5 anos de
trabalhos.
As obras para a abertura da Rua de Sá da Bandeira até à Rua Formosa foram muito demoradas, por causa das expropriações que tiveram de ser feitas, apesar de haver ainda, entre a Rua de Santa Catarina e a tal Viela da Neta, muitos terrenos de cultivo, hortas e pomares, pertencentes na sua maior parte, a D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre Ferreirinha da Régua, que tinha o seu palacete onde hoje é o Grande Hotel do Porto.
Os terrenos de D. Antónia eram atravessados por um ribeiro que desaguava no rio da Vila.
Seria D. Antónia a ceder à Câmara grande parte dos terrenos para levantamento dos novos arruamentos.
Legenda
1 – Casa de D.
Antónia Adelaide Ferreira
(hoje, o Grande Hotel do Porto)
N – Percurso da Viela da Neta (a azul)
L – Terreno de lavradio pertencente a D. Antónia Adelaide Ferreira
2 – Rio da Vila (braço nascido na Fontinha)
Ao fundo do
arruamento que, mais tarde, viria a ser a Travessa do Grande Hotel e, hoje, é a
Rua António Pedro, vinha desembocar na Viela da Neta.
Por aí, nuns armazéns, D. Antónia Ferreira vendia os seus produtos dos terrenos anexos e, ainda, muitos provenientes das suas quintas no Douro.
No começo da Viela da Neta, em terrenos já contíguos ao Teatro do Príncipe Real, tinha Manoel Francisco Moreda alguns dos seus armazéns de vinhos. Por eles, após expropriação, haveria de ser traçada a continuação da Rua de Sá da Bandeira, a partir de 1875.
A Viela da Neta era uma estreita e comprida artéria que descia desde a Rua Formosa até um local da actual Rua de Sá da Bandeira, que podemos situar em frente ao café “A Brasileira”.
Essa viela desapareceu quando, em 1875, se começou a construir a parte da Rua de Sá da Bandeira desde a Rua do Bonjardim, junto à Viela dos Congregados, até à Rua Formosa.
A Viela da Neta desapareceu, então, restando apenas um único vestígio desse emaranhado de ruelas, que foi a Travessa da Rua Formosa, que ficava mesmo em frente ao palacete do conde do Bolhão, ligando a Rua Formosa à Rua de Sá da Bandeira.
A Travessa da Rua Formosa, uma reminiscência da antiquíssima Viela da Neta, apesar da sua curta dimensão, tinha uma intensa actividade comercial.
Funcionava lá, já no século XX, uma dependência da “Casa Forte”, onde se vendiam artigos para campismo. Havia ainda uma concorrida casa de pasto, que servia ao balcão uns muito apreciados petiscos.
Já no começo do século XXI, este troço de via haveria de ser emparedado nos seus topos, e em 2016, desaparecia completamente como resultado de uma grande intervenção urbanística prevista para esse local.
Com a abertura da Praça de D. João I, começada a pensar em 1944, profundas alterações no tecido urbano aconteceram também nessa zona. Desapareceu, por exemplo, a chamada Quinta da Viela da Neta que, em 1772, pertencia à família Sá Tinoco, que nessa propriedade tinha a sua casa brasonada, com a fachada voltada para a Rua do Bonjardim.
Outro edifício que desapareceu com a abertura da Praça de D. João I, foi aquele em que se reunia o Sinédrio, a organização secreta que congregava os homens a todos os títulos ilustres que fizeram a revolução liberal de 1820.
As obras para a abertura da Rua de Sá da Bandeira até à Rua Formosa foram muito demoradas, por causa das expropriações que tiveram de ser feitas, apesar de haver ainda, entre a Rua de Santa Catarina e a tal Viela da Neta, muitos terrenos de cultivo, hortas e pomares, pertencentes na sua maior parte, a D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre Ferreirinha da Régua, que tinha o seu palacete onde hoje é o Grande Hotel do Porto.
Os terrenos de D. Antónia eram atravessados por um ribeiro que desaguava no rio da Vila.
Seria D. Antónia a ceder à Câmara grande parte dos terrenos para levantamento dos novos arruamentos.
Montagem de
sobreposição de plantas na qual a mais esbatida (cor-de-rosa) é datada de 1875,
e a apresentada a negro é de 1946
(hoje, o Grande Hotel do Porto)
N – Percurso da Viela da Neta (a azul)
L – Terreno de lavradio pertencente a D. Antónia Adelaide Ferreira
2 – Rio da Vila (braço nascido na Fontinha)
Por aí, nuns armazéns, D. Antónia Ferreira vendia os seus produtos dos terrenos anexos e, ainda, muitos provenientes das suas quintas no Douro.
No começo da Viela da Neta, em terrenos já contíguos ao Teatro do Príncipe Real, tinha Manoel Francisco Moreda alguns dos seus armazéns de vinhos. Por eles, após expropriação, haveria de ser traçada a continuação da Rua de Sá da Bandeira, a partir de 1875.
Em frente, a entrada
da Travessa da Rua Formosa pela Rua Formosa - Fonte Google Maps
Entrada da Travessa
da Rua Formosa, pelo lado de Sá da Bandeira - Ed. JPortojo
A entrada daquela travessa circundava um prédio onde estava implantada uma das lojas históricas do Porto de pronto a vestir e de utilidades diversas e que chegou a emitir programas de rádio – a “Rádio Casa Forte”.
A Travessa da Rua Formosa, a meio do seu percurso, à esquerda, apresentava uma outra loja, daquele estabelecimento comercial, dedicada a artigos de campismo.
Em tempos, fronteiro
ao conhecido café “A Brasileira”, situava-se a entrada secundária do Teatro Baquet,
que tinha a entrada principal pela Rua de Santo António (Rua 31 de Janeiro).
Em 21 de Março, um pavoroso incêndio, que fez dezenas de vítimas, determinou que o prédio que albergava a casa de espectáculos fosse demolido.
No lugar daquela sala de espectáculos surgiria, mais tarde, um sumptuoso, para a época, armazém da moda – Os Armazéns Hermínios.
Aos seus balcões simpáticas empregadas atendiam os clientes.
O exercício daquela actividade por trabalhadores do sexo feminino tinha aparecido na cidade aquando da implantação dos bazares do Palácio de Cristal.
Em 21 de Março, um pavoroso incêndio, que fez dezenas de vítimas, determinou que o prédio que albergava a casa de espectáculos fosse demolido.
No lugar daquela sala de espectáculos surgiria, mais tarde, um sumptuoso, para a época, armazém da moda – Os Armazéns Hermínios.
Aos seus balcões simpáticas empregadas atendiam os clientes.
O exercício daquela actividade por trabalhadores do sexo feminino tinha aparecido na cidade aquando da implantação dos bazares do Palácio de Cristal.
O prédio, à direita,
uma sucursal da Caixa Geral de Depósitos, por onde se acedia ao Teatro Baquet e
aos Armazéns Hermínios pela Rua de 31 de Janeiro
O prédio, em
destaque, alberga o Porto Bay Hotel Teatro, por onde se acedia ao Teatro Baquet
e aos Armazéns Hermínios pela Rua de Sá da Bandeira
Rua de Sá da Bandeira decorada para o S. João de 1908
Rua de Sá da Bandeira (vista ascendente)
Mesma perspectiva da foto anterior
Rua de Sá da Bandeira (Vista ascendente)
Na foto acima o trânsito ainda circulava “à inglesa”,
predominando os veículos de tracção animal. Os elétricos presentes neste
registo indicam-nos que a fotografia é posterior a 1912, uma vez que já exibem
a tabuleta do número da linha. A referida artéria ainda terminava na Rua de
Fernandes Tomás, como se pode verificar. O mercado do Bolhão (segundo o traço
de Correia da Silva), tal como o conhecemos, ainda não tinha sido edificado, o que
nos leva a crer que a fotografia é anterior a 1914-1915.
Rua de Sá da Bandeira (Vista ascendente)
“Casa Lima” desaparecida a partir de 2016 – Fonte: Google
maps
Na imagem acima é
visível, uma das entradas do café “A Brasileira” com a sua pala e, ainda, no
toldo da direita, a Casa Lima de comércio de malas e carteiras, fundada em 1818
e que ainda existia em 2016, nas mãos da mesma família, quando encerrou
definitivamente, para que o edifício passasse a albergar um hotel e um novo
café “A Brasileira”, inaugurado em 23 de Março de 2018.
“A Casa Lima foi
fundada em 1877, por Augusto Joaquim Pereira de Lima, na Rua do Souto. No
início de actividade, dedicava-se à indústria e comércio de bengalas e
guarda-sóis. Em 1909, surgiu uma segunda loja na Rua de Santa Catarina, n.º
231. Sabe-se que nesta altura eram comercializados vários produtos como:
gravatas, malas de viagem, guarda-chuvas, guarda-sóis e bengalas. No ano de
1918, abriu as portas a loja da Rua de Sá da Bandeira, n.º 83, mesmo ao lado do
conhecido café: "A Brasileira".
Devido a falta de
espaço, em 1998, foi criada uma nova loja com o objectivo de fazer uma melhor
exposição dos artigos, em especial dos de viagem. Esta loja fica na Rua
Rodrigues de Sampaio, n.º 186, bem junto à Câmara Municipal do Porto. Em
Outubro de 2016, a Casa Lima teve de fechar uma das suas lojas, situada na rua
de Sá da Bandeira 83, devido à construção de um novo hotel. Para compensar esta
perda, abriu-se uma nova loja na rua Guilherme Costa Carvalho nº 29 num prédio
desenhado pelo famoso arquiteto Viana de Lima”.
Fonte: “casa-lima.com”
Casa Lima na Rua de Santa Catarina, nº 231, c. 1950
Vista da placa de publicidade que identifica a “Casa Lima”
na Rua de Santa Catarina, a alguns metros do Grande Hotel do Porto
Subindo pelo lado
nascente da Rua de Sá da Bandeira íamos encontrando alguns estabelecimentos que
marcantes ao longo dos tempos.
Rua de Sá da Bandeira - Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Prédio na esquina das ruas de Passos Manuel e Sá da Bandeira
onde estava a “Iluminadora”, c. 1940
Mesmo local da foto anterior, onde durante quatro décadas
esteve a firma do ramo imobiliário “A Confidente” – Ed. JPortojo
Prédio (à direita) na esquina das ruas de Passos Manuel e Sá
da Bandeira onde esteve, entre 1915 e 1933, o Banco Mutuário
Um pouco mais acima da esquina da foto anterior,
encontrávamos, no dealbar do século XX, os armazéns “Matos & Serpa Pinto”.
Loja de Confecções “Au Parc Royal”
Mesmo local da foto anterior, actualmente, na Rua de Sá da Bandeira, 212
Rua de Sá da Bandeira (entre a Rua Passos Manuel e a Rua do Dr. António Emílio Magalhães), na década de 1980
Mais recentemente, observamos na foto acima, algumas das casas comerciais que são nossas contemporâneas.
Destaca-se o reclame à "Sapataria Charles", de Carlos Lage que a abriu no fim da década de 1960, depois de ter obtido sucesso no mesmo ramo de comércio, com a Sapataria Lage, na Rua de 31 de Janeiro, 10 anos antes. Era a sapataria da "élite" portuense.
Numa cota um pouco mais baixa, divisa-se "A Casa Africana", que apresentava o reclame icónico e enorme, com um negro carregando uma série de embrulhos.
“A Casa Africana abriu
as suas portas em 1872, no gaveto da rua da Vitória com a rua Augusta, em
Lisboa. O estabelecimento expandiu-se e, em 1925, abriu uma sucursal no Porto:
primeiro, na rua de 31 de Janeiro e, mais tarde, na rua de Sá da Bandeira.
Por essa altura, a Casa Africana adotou na sua publicidade a imagem de um homem negro transportando uma enorme quantidade de caixas e embrulhos – que se tornou conhecido como o "Preto da Casa Africana" – muito de acordo com o imaginário português da época, do africano dócil e trabalhador.
Durante décadas, o tardoz de edifício do estabelecimento portuense esteve decorado com um enorme painel publicitário com esta imagem de marca da Casa Africana, bem visível a quem descia a rua de Passos Manuel.
Na década de 1990, a Casa Africana de Lisboa acabou por encerrar. Pelo contrário, a Casa Africana do Porto sobreviveu e continua com porta aberta no n.º 166 da rua de Sá da Bandeira.
No entanto, a parede das traseiras foi integralmente pintada de branco, encobrindo qualquer vestígio do antigo ícone publicitário”.
Cortesia: facebook.com/PortoDesaparecido
Por essa altura, a Casa Africana adotou na sua publicidade a imagem de um homem negro transportando uma enorme quantidade de caixas e embrulhos – que se tornou conhecido como o "Preto da Casa Africana" – muito de acordo com o imaginário português da época, do africano dócil e trabalhador.
Durante décadas, o tardoz de edifício do estabelecimento portuense esteve decorado com um enorme painel publicitário com esta imagem de marca da Casa Africana, bem visível a quem descia a rua de Passos Manuel.
Na década de 1990, a Casa Africana de Lisboa acabou por encerrar. Pelo contrário, a Casa Africana do Porto sobreviveu e continua com porta aberta no n.º 166 da rua de Sá da Bandeira.
No entanto, a parede das traseiras foi integralmente pintada de branco, encobrindo qualquer vestígio do antigo ícone publicitário”.
Cortesia: facebook.com/PortoDesaparecido
Publicidade à "Casa Africana" (1932)
Mural, já desaparecido, nas traseiras do prédio da "Casa Africana"
Um pouco a montante, enfrentamos o reclame da entrada do
"Restaurante Palmeira", que ainda existe e, um pouco mais acima, um
reclame enorme identifica a "Casa Coelho".
Passando ao lado
poente da rua ainda, há poucos anos, encontrávamos a Casa Forte.
Vista aérea da Travessa da Rua Formosa - Ed. Bing Maps
Legenda da vista acima, na qual se vê entre os pontos 1 e 2
o pequeno trajecto (aéreo) da Travessa da Rua Formosa.
1. Rua Formosa
2. Rua de Sá da Bandeira
3. Palácio do Conde do Bolhão
4. Mercado do Bolhão
Foto de início de troço de arruamento, conhecido como a Viela das Pombas, que ligava a Rua de Sá da Bandeira às traseiras do jardim da D. Antónia Ferreirinha e à Rua de Santa Catarina
Vista do que foi a esquina da Travessa de Sá da Bandeira e da Rua de Sá da
Bandeira, anos antes, o término da Viela das Pombas - Ed. AMP
Na loja da esquina da foto acima ficava “A Construtora”,
empresa de matérias de construção.
Perspectiva actual de foto anterior- Fonte Google Maps
Rua de Sá da Bandeira, c. 1885 (vista descendente) – Ed.
Photo Guedes
Na foto acima, no terreno que veda o muro que se encontra à
esquerda, foi edificado, mais tarde, o edifício da “Singer”, começado a
construir na década de 1940.
Seguem-se dois prédios, antes do arruamento que, à data, era a Travessa de Sá da Bandeira.
Seguem-se dois prédios, antes do arruamento que, à data, era a Travessa de Sá da Bandeira.
No prédio da esquina existia uma loja de venda de cereais
(um “farinheiro”) da família do fundador da revista “O Tripeiro”, Alfredo
Ferreira Faria.
Dois prédios mais abaixo, era a casa “Mattos & Serpa
Pinto”.
Ao fundo, observa-se as traseiras do Teatro Baquet e, à sua
esquerda, apenas se pode adivinhar a entrada para o Teatro do Príncipe Real.
À direita, apresenta-se uns prédios térreos que iam até à
Travessa da Rua Formosa (antes Viela da Neta) e que seriam substituídos por
prédios de dois andares, onde se instalaria, durante grande parte do século XX,
a “Casa Forte”, que fecharia em 2004.
Bem perto daquela entrada da Travessa da Rua Formosa, iria,
mais tarde, instalar-se o Restaurante Sequeira.
Por último, interessa referir que os carris que são visíveis
no pavimento guiavam o “americano”, em percurso descendente, já que, o
ascendente era feito pela Rua D. Pedro.
Continuando a caminhada ascendente pela Rua de Sá da
Bandeira, antes de chegar ao mercado do Bolhão, situava-se o “Edifício Singer”.
Fachada do “Edifício Singer” voltada para a Rua de Sá da
Bandeira, em 1920 – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
O prédio de um só piso, da foto anterior, foi um projecto de
1902 do mestre-de-obras António Faria Moreira Ramalhão (1865-1953).
O novo “Edifício Singer”, que iria ocupar a área do
edificado observado na foto anterior, licenciado em 1939 e concluído em Julho
de 1941
Perspectiva actual da foto anterior, observando-se a Farmácia Sá da Bandeira, fundada em 1943, por Luís Pedro Marques – Fonte: Google maps
E, eis-nos chegados ao mercado do Bolhão.
Na esquina (norte) da Rua Formosa e da Rua de Sá da
Bandeira, numa loja exterior do edifício do mercado, esteve, desde 1921, a
“Casa Hortícola”, especializada no comércio de sementes e bolbos.
Na esquina (sul), oposta àquela, esteve então o edifício Singer,
cujo representante da marca, durante muitos anos, ocupou o seu piso térreo.
Antes da instalação da Casa Hortícola numa loja do edifício
do mercado do Bolhão, o espaço estava ocupado pela “Salsicharia Internacional”
Casa Hortícola – Ed. JPortojo
Interior da Casa Hortícola – Ed. JPortojo
A Casa Hortícola que fechou portas em 2018, quando
as obras de requalificação do Mercado do Bolhão avançaram, ficou também
conhecida pela venda aos seus balcões do “Borda d’Água” e do “Seringador”.
Entretanto, no momento de ser obrigado a abandonar a loja,
António Ferreira de Sousa (de 90 anos, o dono da Casa Hortícola e presente à
frente dos seus balcões desde 1949), dizia para quem o queria ouvir:
"Estou aqui há 70
anos e não mudo para o La Vie porque o negócio não vai ser o mesmo. Paro e
volto quando tudo estiver pronto".
António Ferreira de Sousa nas instalações da Casa Hortícola
António Ferreira de Sousa cumpriu, assim, a sua promessa, mas, entretanto, no fim do mês de Setembro de 2024, faleceu.
Muitos portuenses esperam que os seus herdeiros continuem a sua obra.
À esquerda, junto à entrada a sul do Mercado do Bolhão,
esteve a “Casa das Botas”. A meio da foto, na esquina da Rua Formosa, a firma
discográfica, “Ricardo Lemos” – Fonte: Bonfim Barreiros, 1940
Publicidade à firma “Ricardo Lemos”
Após o atravessamento da Rua Formosa, pela esquerda, no sentido
ascendente, e na esquina entre aquela rua e a Rua de Sá da Bandeira encontrava-se,
até há bem poucos anos, a Casa Tamegão de artigos de ménage para o lar. Era uma loja de referência, para os portuenses, fundada em 1910.
Não chegou a abrir portas em 2011.
Casa Tamegão
Mesmo local da foto anterior, em 1922. Ao longe, a Cancela Velha e, à direita, o Palácio do Bolhão
Foi já no dealbar do século XX (1904) que se começou a falar
na construção da parte da nova artéria, entre a Rua Formosa e a Rua de
Fernandes Tomás. No entanto, as obras só começaram, efectivamente, no ano de
1911.
Sem comentários:
Enviar um comentário