Palácio da Bolsa
Durante o Cerco do Porto, em 24 de Julho de 1832, um
incêndio no Convento de S Francisco destrói uma parte do edifício e salva-se, apenas,
a igreja.
É aqui que passados cerca de duas dezenas de anos se vão
estabelecer os comerciantes da cidade, organizados na Associação Comercial do
Porto.
Anos antes, os mercadores portuenses reuniam-se na Bolsa do
Comércio da Cidade, na Rua do Infante (numa casa que ainda existe assinalada
com um brasão real e que tinha uma passagem interior de ligação à Casa do
Infante, que funcionava, na altura, como Alfândega), mas o espaço fechara
portas e os mercadores viram-se obrigados a fazer os seus negócios na rua.
Por estas bandas, mais propriamente nos terrenos fronteiros
à fachada principal do antigo convento, hoje, a porta principal do Palácio da
Bolsa, seriam em 1871, descobertas umas sepulturas medievais, que conferem a
esses terrenos, uma história muito antiga.
“Por trás da actual
capela-mor da igreja, em terrenos que hoje são públicos esteve em tempos uma
casa aforada a Manuel Cirne. Essa casa estava localizada no início da Rua Nova,
junto da capela-mor da Igreja de S. Francisco, que teve a particularidade de
ser a primeira habitação privada da cidade a ter água encanada, originária do
vizinho convento franciscano.
Este cidadão portuense
era filho do primeiro casamento de uma rica proprietária, Maria Anes, com João
Cirne. De sua mãe herdou uma grande fortuna, que foi aumentada pelo seu serviço
na Flandres, onde se calcula que terá ganho cerca de 200.000 cruzados, quantia
enorme para a época. Manuel Cirne nasceu no Porto a 3 de Novembro de 1489, e aí
morreu a 17 de Abril de 1567.
Regressado da
Flandres, Manuel Cirne comprou em 1539 o concelho de Refoios de Riba d'Ave
(Agrela) ao conde da Feira, e daí prosseguiu com os seus interesses comerciais,
sobretudo no que se refere ao trato de especiarias, tendo negócios com alguns
dos maiores nomes do grande comércio europeu. Morreu no Porto com 74 anos e foi
primeiramente sepultado na capela-mor do Convento de S. Domingos, que tinha
arrendado por 50.000 reais anuais para sepultura sua e de seus descendentes,
mas, em 1594, o seu filho João Cirne trasladou-o para a Capela de Nossa Senhora
da Guia na paróquia de S. Pedro da Agrela”.
Fonte: António Carlos da Silveira Montenegro , In
“publico.pt/local-porto”
Praça do Infante D.
Henrique
Na foto anterior, está o Palácio da Bolsa, da Associação
Comercial do Porto.
Em 18 de Setembro de 1833 é promulgado o Código Comercial de
Ferreira Borges. Em 2 de Agosto de 1834, é criado o Tribunal do Comércio do
Porto.
“A Associação
Comercial do Porto (ACP) é uma associação constituída e fundada em 1834 na
cidade do Porto para assegurar a representação da comunidade de negócios da
região a nível nacional e internacional. É igualmente conhecida por Câmara de
Comércio e Indústria do Porto. É a mais antiga associação empresarial de
Portugal.
A sua história remonta
ao século XVIII onde já os homens de negócios da cidade se reuniam na
Congregação Juntina, predecessora da actual ACP.
A 16 de Novembro de
1934 foi feita Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, a 28 de Maio de 1937 foi
feita Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública, a 9 de Abril de 1981 foi
feita Membro-Honorário da Ordem Civil do Mérito Agrícola e Industrial Classe
Industrial e a 15 de Novembro de 1994 foi feita Membro-Honorário da Ordem do
Mérito Empresarial Classe Comercial.”
Fonte: pt.wikipedia.org/
Em 19 de Junho de 1841, D. Maria II manda expedir a Carta de
Lei da Concessão do edifício queimado, à Associação Comercial do Porto, para
nele se estabelecer a Praça do Comércio
ou Bolsa do Comércio e o Tribunal de Comércio de 1.ª Instância.
A doação é concretizada, mas a rainha faz mais — para ajudar
a custear a obra, D. Maria II ordena que a Associação Comercial do Porto
receba, durante dez anos, uma receita extraordinária sobre os produtos que
passassem pela Alfândega da cidade. Os homens de negócios não esperaram muito
para pôr a andar os trabalhos e alguns meses depois o edifício avançava, ainda que
fossem precisos 70 anos para que ficasse concluído.
Começado a construir em 6 de Outubro de 1842, foi edificado
no espaço onde existiu o Convento de S. Francisco, destruído por um incêndio em
24 de Julho de 1832, quando servia de quartel a Batalhão de Caçadores nº 5, e
foi doado pelo governo à Associação Comercial para sua sede, com a obrigação de
ser também construído o Tribunal do Comércio.
Como atrás ficou expresso, por decisão régia, a instituição
que viria a estabelecer-se neste local, começou por se chamar “Praça do Comércio”, o que é observável
na planta seguinte.
O projecto inicial de Joaquim Costa Lima foi mais tarde
modificado por José Luís Nogueira e o edifício sucessivamente intervencionado
por outros técnicos de que se destacam o Engº Gustavo Adolfo Gonçalves de
Sousa, Arq. José Macedo, Araújo Júnior e Arq. Joel da Silva Pereira (direcção
das obras); Arq. Tomás Augusto Soler e cenógrafos Manini e Pereira Júnior
(projecto e pintura da clarabóia sobre o claustro); António Ramalho (pintura da
abóbada da escadaria); Soares dos Reis (óculos e medalhões da escadaria);
António Carneiro (tecto da Biblioteca); Canteiro Manuel Ferreira Cardoso
(ornamentação da pedra); Arq. Alcino Soutinho (adaptação do pátio das Nações a
Bolsa de Valores do Porto) e Arq. António Menéres (Auditório).
A foto acima foi tirada entre 1888 e 1900, pois, ainda não
se tinha erigido a estátua do Infante D. Henrique e já se vê o Mercado Ferreira
Borges.
Repare-se que o “americano” vai, a partir daqui, puxado por
6 mulas para poder subir a R. Mouzinho da Silveira. A designação de
"americano" provinha do facto de tais carruagens serem fabricadas nas
oficinas estado-unidenses de John Stephenson & Company.
Palácio da Bolsa antes de 1885. As demolições que
conduziriam ao surgimento da Praça do Infante D. Henrique só estariam
completadas em 1894
Com a implementação da República, a 5 de Outubro de 1910, o
Palácio da Bolsa é inventariado e desocupado e a posse do edifício é lavrada a
11 de Fevereiro de 1911. Um dos quadros de um monarca presente no espaço, o de
D. Carlos I, foi vandalizado com dois tiros de pistola.
“A Câmara reconhecendo
que não era possível adaptar o Palácio da Bolsa a Paços do Concelho, resolve
dar-lhe oportunamente um destino, digno de tão grandioso imóvel”.
In revista “O Tripeiro” VIª série, Ano I, Março 1911, dia 1
Tendo a Câmara do Porto, então, chegado a colocar a hipótese
de se mudar para o Palácio da Bolsa, concluiria, porém, de que as instalações
eram insuficientes.
A Câmara já cerca de vinte anos antes tinha estudado a
hipótese de ocupar as instalações do Hospital de Santo António.
“Os novos Paços do Concelho: as condições da Misericórdia para sair
do Hospital de Santo António são de tal modo onerosas para a Câmara que esta
desistiu da ideia.”
In “Jornal da Manhã”, 10 Dez.1889, p. 2
Em Março de 1915, é anunciado que o governo estava a estudar
a possibilidade de restituir à Associação Comercial do Porto o Palácio da
Bolsa. O edifício viria, no entanto, a ser devolvido à Associação Comercial,
apenas, em 1918, durante a governação de Sidónio Pais.
Quanto ao Tribunal de Comércio, a sua actividade é exercida como
organismo autónomo até ao final dos anos 30 do século XX.
O Tribunal do Comércio, também funcionou na Casa da
Relação.
“Ao longo de três gerações, grandes nomes da
arquitectura, da pintura, da escultura e das artes decorativas contribuíram
para a criação de um espólio e um património único no Palácio da Bolsa,
verdadeira jóia do estilo neoclássico do séc. XIX, do Arq. Joaquim da Costa
Lima ao Arq. Marques da Silva, do Pintor António Ramalho, a Veloso Salgado,
António Carneiro ou Medina, de Soares dos Reis a Teixeira Lopes.”
Pátio das Nações
"O espaço de
506 m2 que fora claustro do convento a céu aberto, é hoje o magnífico Pátio das
Nações, um hino às relações comerciais, enunciado em tempos de euforia
livre-cambista. Em cada uma das quatro faces do Pátio elevam-se seis colunas
pompeanas em ferro fundido, destinadas a aliviar as paredes da carga enorme representada
pela vasta cúpula metálica, da autoria de Tomás Soller, que recobre todo o
átrio. Na base côncava da armação apresentam-se, além do escudo nacional, mais
dezanove brasões heráldicos, executados por Luigi Manini, respeitantes aos
países com os quais Portugal mantinha as mais estreitas relações de amizade e
de comércio.
As quatro
cantoneiras que dividem estas pinturas, comemoram datas relevantes para a
actividade mercantil desta praça.
Merece também
atenção o pavimento desta enorme quadra. Revestido de mosaico cerâmico,
desenhado por Tomás Soller, a sua ornamentação, com predomínio de motivos
geométricos, inspira-se nos modelos greco-romanos descobertos em Pompeia. O
“floor” da Bolsa de Valores do Porto, fundada pela Associação Comercial do
Porto, funcionou neste local até meados da década de 90 do século XX."
In panoramas.ifuturo.net
Pátio das Nações
Salão Árabe
Salão Nobre da
Associação Comercial do Porto. Começado a construir em 15 de Setembro de 1862,
sob o projecto de Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa, só em 1880 ficou
concluído, aquando de uma sessão comemorativa do terceiro Centenário de Camões.
As formas decorativas são em estuque e madeira e todo o amarelo é folha de
ouro. É o salão usado para recepções, concertos e actos importantes”.
Salão Árabe
Sala do Tribunal
do Comércio (Inaugurada em 21 de Novembro de 1891)
“A Sala de
Audiências do Tribunal do Comércio, no Palácio da Bolsa (Porto) é mais uma
obra-prima do palácio, onde em pleno século XIX, e tal como o nome indica,
funcionou o antigo tribunal do comércio.
Com traço inicial
de Joel de Silva Pereira e posterior reformulação do arquiteto Marques da
Silva, cuja intervenção se centrou nos vitrais e mobiliário, apresenta-se
magnificamente decorada em estilo renascença francesa, estilo, esse que lhe
imprime um enorme ecletismo e uma atmosfera de certa austeridade inerente à
função para a qual foi concebida".
In etcetaljornal
Sala do Tribunal do
Comércio
Sala dos Retratos
Decorada segundo o estilo Luís XVI, esta sala homenageia os
últimos seis reis da Dinastia de Bragança. O que mais sobressai neste espaço é
sem dúvida o seu pavimento com um raro efeito visual de profundidade ilusória.
Com este tributo simbólico, a Associação Comercial do Porto
agradeceu a D. Maria II a doação das ruínas do extinto Convento de S.
Francisco.
A mesa exposta nesta sala, obra do entalhador português
Zeferino José Pinto, levou três anos para ser completada e obteve uma menção
honrosa na Exposição Universal de Paris de 1867.
Sala
dos Retratos do Palácio da Bolsa – Ed. Luísa Batalha
Cobertura Suspensa
Elemento notável da
arte do ferro e do vidro é a requintada cobertura suspensa da parede sobre a
entrada lateral do palácio, a meio da Rua da Bolsa, de concepção de Marques da
Silva.
Em sessão da Câmara do Porto realizada em 23 de Abril de
1903, foi aprovado o projecto da autoria do arquitecto Marques da Silva, para
instalação de uma cobertura em ferro forjado, com ornamentações em ferro
fundido, fabricada na Fundição do Ouro, destinada a ser colocada sobre a porta da
entrada lateral do edifício da Bolsa, pela Rua D. Fernando.
Do facto, era dada notícia pelo jornal “A Voz Pública” de 24
de Abril de 1903, uma 6ª Feira.
Estrutura suspensa
em ferro e vidro na entrada lateral - Ed. Isabel Silva
Em 1885, ainda sem
estrutura envidraçada na entrada lateral, que só seria instalada em 1903
Outras curiosidades do Palácio da Bolsa
Durante anos, várias
empresas tiveram os seus escritórios nas instalações do Palácio da Bolsa.
Assim, o “Almanaque
Comercial, Judicial e Administrativo do Porto e seu distrito” dava conta de que
tinham escritórios na Praça do Comércio, no 1º andar, os negociantes “Cockburn,
Smith & C.a” e “Offley, Webber & Cramp.”.
Por outro lado, o "Guia (1877) do Viajante", cuja autoria é de Alberto Pimentel, dava o Banco União e o Banco Mercantil Portuense, com instalações na Praça do Comércio e com entrada pela Rua de D. Fernando.
Neste palácio da
Bolsa teve também um gabinete o célebre Gustave Eiffel.
Gustave Eiffel viveu
em Barcelinhos, entre 1875 e 1877 e deixou várias obras no país, de Viana a
Olhão, passando por Barcelos, Esposende, Alijó e, entre outros concelhos, o
Porto, onde a sua firma concebeu e construiu a Ponte Maria Pia, que em 1876
permitiu a ligação ferroviária entre Lisboa e o Porto. A travessia que ficou
nas bocas do mundo por ostentar o maior arco em ferro até então construído, foi
projectada por um dos melhores engenheiros da sua firma, Théophile Seyrig, que
pouco tempo depois, estava a trabalhar por conta própria e a disputar mercado
ao próprio Eiffel.
Foi o que aconteceu
com a Ponte Luís I. Enquanto trabalhava naquele gabinete voltado para a
Ribeira, Eiffel tinha proposto um desenho para uma ponte sobre o Douro na
localização da ponte Pênsil. O desenho está na posse da Associação Comercial do
Porto (ACP), que a expôs naquela sala, mostrando um tabuleiro inferior levadiço,
para passagem dos grandes veleiros que então aportavam na cidade e um belíssimo
arco que funcionava também como ligação entre margens à cota alta. O projecto
não foi aceite e, em 1879, aberto um concurso, Eiffel concorreu com outras
firmas e perdeu para a empresa de Seyrig.
A derrota não
beliscou a fama do autor da Torre Eiffel. O Palácio da Bolsa estava ainda em
construção quando ele se instalou ali e, em 1880, a sua empresa chegou a fazer
um orçamento para a imensa clarabóia do Pátio das Nações do edifício. A carta,
propondo um preço de catorze contos e 200 mil reis, está também exposta no seu
gabinete, juntamente com uma outra, escrita dois meses mais tarde, em que um
seu colaborador insistia, a partir de França, perguntando qual fora a decisão
da Associação Comercial do Porto sobre esta empreitada. Esta não lhe foi
favorável e a obra – que há pouco tempo foi alvo de um minucioso trabalho de
restauro – acabou por ser realizada por Tomás Soller.
Mercado Ferreira Borges
Interior do Mercado
Mercado Ferreira
Borges quando nele se comercializava fruta
O mercado Ferreira
Borges foi construído entre 1885 e 1888 e destinava-se a substituir o mercado
da Ribeira, mas, os comerciantes e o público não aceitaram a mudança, pelo que
ficou muito tempo abandonado.
Foi projectado pelo Eng.º João Carlos Machado,
utilizando o ferro fundido e o vidro, tal como o Palácio de Cristal.
O Mercado Ferreira
Borges foi construído pela Companhia Aliança (Fundição de Massarelos) pelo
valor de 70.900.000 reis. Esta empresa foi fundada em 1852.
O seu nome que é
também o de uma rua que lhe é adjacente, pretende homenagear José Ferreira
Borges, um dos principais revolucionários de 24 de Agosto de 1820.
Mais tarde viria a
redigir o Código Comercial Português tendo sido um dos fundadores da Associação
Comercial do Porto.
Pilar do mercado - Ed.
Isabel Silva
Já no século XX a
CMP pensou adaptá-lo a museu ou local de exposições e festas. Também estas
hipóteses não se concretizaram.
Dos anos 50 a 70 do
século passado, foi o principal mercado de fruta da cidade.
Em 1983, dado o seu
estado muito degradado, foi totalmente recuperado.
Actualmente a CMP alugou-o a uma empresa de divertimentos e eventos.
Actualmente a CMP alugou-o a uma empresa de divertimentos e eventos.
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