quinta-feira, 30 de novembro de 2017

(Continuação 43)




Palacete Boaventura Rodrigues de Sousa – Fonte: “diarioimobiliario.pt”

Situado na Avenida da Boavista, é Monumento de Interesse Público, pela Portaria n.º 319, DR, 2.ª série, n.º 106, de 03 junho 2013, tendo sido construído entre 1895 e 1900.
O imóvel, de traça neoclássica, que caracterizou a arquitectura civil burguesa dos fins do século XIX, terá sido erigido com base num projecto do arquitecto Joel da Silva Pereira.
Em 9 Abril de 1895 o construtor João Gomes da Silva Guerra pede o licenciamento da obra de construção.
O Conselheiro Boaventura Rodrigues de Sousa, emigrante português que enriqueceu no Brasil, proprietário do terreno da Avenida da Boavista referente ao requerimento de 9 de Abril, julga-se corresponder ao dono do prédio, atendendo ao monograma esculpido na cornija BRS.
Em 1899 A. Mello executa pinturas nas paredes do Salão de Música e em 1900 ocorre a construção do muro de vedação voltado para a Avenida da Boavista.
Esteve desocupado de 1910 a 1926, quando é desocupado por mudança de residência de Adelaide Chambers de Sousa para um outro edifício na Avenida da Boavista. Nele funcionou o Colégio de Nossa Senhora do Rosário de 1926 a 1958 ainda pertencente a Adelaide Chambers, e o Colégio dos Maristas de 1959 a 1991, tendo pertencido até 2016 ao BES e posteriormente ao seu sucessor, o Novo Banco, e no final deste ano vendido, à empresa Ipov Portugal – Sociedade Portuguesa de Inspecções Técnicas Automóveis, Lda., sediada em Árvore, Vila do Conde, que pertence a José Fernando Teixeira da Silva.

“A fachada principal orientada a S. apresenta ao eixo um pórtico saliente e uma escadaria com balaustrada em granito. A ladear este pórtico para cada lado janelas no r/c e portas com sacada no 1º piso. No alçado das traseiras e ao eixo um volume saliente a toda a altura do prédio marcada por aberturas esguias e alinhadas. Os alçados laterais, iguais entre si apresentam no piso superior portas com sacada e ao nível do r/c quatro janelas. A rematar as superfícies uma cornija contínua em granito com zonas fechadas e vasadas, interrompida na fachada principal ao centro por um pequeno espaldar encimado por um arco de volta perfeita onde se insere o monograma BRS. O espaço interior é marcado ao centro por uma escadaria dupla bifurcada em madeira iluminada superiormente por uma clarabóia. As restantes salas organizam-se em torno da escada de uma forma simétrica. Saliente-se o tratamento cuidado nas portas com vidros gravados e molduras em granito ou madeira trabalhada.
(…) A atribuição da autoria do desenho da Casa a Joel Pereira deve-se ao facto de na mesma altura o Conselheiro Boaventura Rodrigues de Sousa ter diversos requerimentos para a construção de edifícios nas proximidades da Pç. Gomes Teixeira, tendo um deles, existente no Gav. com a R. das Carmelitas esta autoria e também na cornija o monograma do proprietário. De acordo com um inventário elaborado pela Repartição de Arborização e Jardinagem da C. M. do Porto destacam-se entre as árvores do jardim: camélias japónicas (34), palmeiras spp. (10), rododendron (4), liriodendron tulipífera (2), tílias cordatas (2), tílias argentea (6), tílias tomentosas (2), sequóia, pitosporum e etc.”
Com a devida vénia a Isabel Sereno, 1995; Fonte: “monumentos.gov.pt”


Interior do Palacete Boaventura Rodrigues de Sousa – Fonte: “diarioimobiliario.pt”

terça-feira, 28 de novembro de 2017

(Continuação 42)



“Localizada numa das mais típicas ruas do Porto antigo, o prédio da Rua da Reboleira nº 55 é um dos exemplares mais interessantes da arquitetura civil dos finais da Idade Média, (século XVI).
 Situa-se no ângulo da Rua da Reboleira com a Rua do Outeirinho, do lado oposto à Casa nº 59, possuindo ainda uma terceira frente, virada ao rio. É um dos maiores edifícios da zona e contém elementos de várias épocas, (portais góticos) testemunhando uma grande densidade histórica e uma não menos significativa evolução estilística. Ao nível da cave, com acesso para a Rua do Outeirinho, veem-se estruturas medievais que poderão remontar ao século XIV. A fachada da Rua da Reboleira mantém ainda no rés- do- chão os portais góticos e as janelas, cuja simetria faz pensar na aglutinação de dois talhões independentes, se não mesmo duas moradias. Os andares superiores foram transformados, possivelmente no século XVII, assim como o próprio coroamento das ameias. No interior conservam-se alguns detalhes que fazem pensar em adaptações, ocorridas talvez no século seguinte.
Um dos seus primeiros proprietários foi António Sousa Lobo, um avarento portuense que deu azo a inúmeras histórias populares. Seguiram-lhe o Barão de Massarelos e Justino Pinto Bastos que também aqui abriram seus escritórios. Ultimamente, esteve lá instalada a firma Hall & Ca., e actualmente a casa parece estar devoluta”.
Fonte: lemosarkitetarte.blogspot

Casa na Rua da Reboleira nº 55 – Fonte: Google maps


Casa na Rua da Reboleira nº 55 – Fonte: “portopatrimoniomundial.com”

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

(Continuação 41) - Actualização em 18/02/2020



Palacete da viscondessa de Santiago de Lobão




Este palacete situa-se na esquina da Rua dos Belos Ares com a Avenida da Boavista e foi mandado construir por António Júlio Machado, que na propriedade levou a cabo grandes bailes e festas que ficaram célebres. 
Aí, chegou também a montar um teatro onde se realizaram várias récitas.
Casa apalaçada do final do século XIX, em 1883, António Júlio Machado já tinha construído a casa, pois pedia autorização para o levantamento de uma vedação para aquele local.
A propriedade compreende um jardim e estruturas adjacentes (casa do guarda, coreto, lago, moinhos de vento e estufa em ferro e vidro) datando do primeiro quartel do século XX.
O gradeamento em ferro fundido possui marcado nos elementos estruturais as palavras Fundição Arrábida. Nos elementos decorativos no espaço interior, como sejam os estuques, pintura de paredes e azulejos é patente o Movimento Arte Nova.
O terreno e jardim envolvente confrontam, nas traseiras, com os jardins do ex-colégio “Maristas”, e a poente chegou a ter a companhia de dois palacetes geminados.
No fim do século XIX, o palacete entra na posse de Lino Henriques Bento de Sousa, futuro conde de S. Tiago de Lobão que, junto dele fará, em 1901, erguer uns outros dois, geminados, com José Joaquim de Carvalho, como mestre de obras  e com a particularidade de terem tido como arquitecto Miguel Ventura Terra.
Os palacetes referidos acima, na Avenida da Boavista, tinham o número de polícia, 1278 e 1294. Um deles, já foi demolido há alguns anos (com fachada principal voltada a nascente).
O que se mantem de pé, está à espera, não se sabe de quê.




À direita do prédio em ruínas, da foto acima, estava adossado a ele, o seu gémeo, com fachada principal virada para nascente (a fachada visível está voltada para Sul, para a Avenida da Boavista) – Ed. Graça Correia




Um dos palacetes geminados (com fachada principal virada para poente, junto ao Palacete da viscondessa de S. Tiago de Lobão – Fonte: Fundação Marques da Silva




Lino Henriques Bento de Sousa (Lobão, Santa Maria da Feira, 19 de Novembro de 1857 – 13 de Abril de 1921), primeiro e único visconde e conde de Santiago de Lobão, foi um emigrante português no Brasil onde alcançou grande fortuna na gestão de uma casa comercial. Foi um grande benemérito no Brasil e, após o seu regresso a Portugal, foi um grande investidor e benemérito.
Maria Albertina Saraiva de Sousa morreria no Porto em 1948, sendo a propriedade, incluindo a casa que foi sua residência, na ausência de descendentes directos do casal, legada ao Estado pela viscondessa, para fins de assistência a menores deficientes. 
Em 1976, ocorre o início dos trabalhos (construção civil e instalações especiais), com aprovação do projecto relativo às "Obras de adaptação de creche e jardim infantil do prédio do Legado da Condessa de Lobão", pelo Ministro da Educação e Investigação Científica, desde que a coordenação ficasse a cargo da DGEMN (Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais).
Em tempos esteve previsto que a mata exótica envolvente à casa fosse possível visitar pela população, o que nunca viria a ocorrer. 
Até há cerca de dois anos atrás o palacete esteve ocupado pelos Serviços Jurídicos do Centro Distrital da Segurança Social e, presentemente, está desocupado.
Um serviço de apoio a crianças deficientes, cumprindo a vontade da doadora, continua a ser prestado no âmbito da Segurança Social, em edifício anexo ao palacete implantado em área recuada do jardim.
É a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, representando o Estado, quem hoje é o proprietário do palacete e anexos.



Entrada do Palacete da viscondessa de Santiago do Lobão (Rua dos Belos Ares) – Fonte: Google maps


Coreto e Jardim do Palacete da viscondessa de Santiago do Lobão – Ed. SIPA

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

(Continuação 40) - Actualização em 31/03/2018



“O edifício Pão de Acúcar, situa-se na esquina da Rua do Almada e da Rua Ramalho Ortigão, sendo composto por lojas, 2 sub-caves, escritórios e, grande parte dele, pelo Hotel Pão de Açúcar  (parte duma sub-cave, R/C, 3º ao 7º ). É um projecto, de 1947/1948,  do Arqto. Germano Castro que tinha escritório na Rua de Santo António, nº 41, Porto.
O terreno onde está implantado era, inicialmente, do município do Porto. Este, em Agosto de 1946,  adjudicou o terreno a uma família de proprietários do Porto. Em Setembro de 1946, a Caixa Sindical  de Previdência do Pessoal da Indústria Têxtil comprou-o para, lá, construir um prédio para rendimento.
Em 1 de Setembro de 1948, aquela Caixa, celebrou com o construtor civil Joaquim Ferreira dos Santos o contrato de empreitada da construção.  Também, em 1948, foi celebrado o contrato de empreitada de electricidade com Moreira Pais & Pinheiro Torres, Lda., com sede na Pr. Carlos Alberto, 28.
A licença de habitabilidade foi passada pela Câmara Municipal do Porto em 3 de Dezembro de 1949.
Mais tarde, a Caixa Sindical  de Previdência do Pessoal da Indústria Têxtil toma a designação de Caixa de Previdência e Abono de Família da Indústria Têxtil, integrando nesta o respectivo património.
Mais tarde, a Caixa de Previdência e Abono de Família da Indústria Têxtil  é integrada na Caixa Nacional de Pensões a qual absorve o património daquela.
Posteriormente, a Caixa Nacional de Pensões transforma-se no Centro Nacional de Pensões e este integra o património daquela.
Com a criação do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS), o património do Centro Nacional de Pensões é integrado naquele Instituto.
É assim que o edifício da Rua do Almada passou para o património do IGFSS.
Através de concurso público de venda, realizado em 2016, o edifício foi vendido à firma Barrias & Barrias, proprietária do Hotel Pão de Açúcar, que, como inquilina, exerceu o direito de preferência, cobrindo a oferta do 1º. classificado  no concurso”.
Com o devido crédito ao Engº Paulo Amaral Gomes


“Relativamente à escadaria interior, verdadeiro ex-líbris do design interior do edifício, atribui-se a sua autoria ao reputado Arquitecto Germano Castro Pinheiro, o qual teve a ousadia de criar, na época um modelo verdadeiramente atípico nas tendências do Art-Deco Liberty.
 A escadaria em caracol, verdadeiro ponto de atracção do Hotel, é, nos dias de hoje, objecto de atenção por parte de inúmeros arquitectos internacionais e nacionais que não hesitam em qualificar esta verdadeira obra de arte, segundo o conceito de Spiral Staircase.
Assim em 1953, esta unidade conhecida como Pensão Pão de Açúcar, propriedade do fundador Luís Von Haffe, teve na sua nomenclatura um conceito e expressão, capaz de potenciar e atrair um importante nicho de mercado Brasileiro, aliás, em alta nos longínquos anos 50. Desse modo, o Nome Pão de Açúcar, intimamente relacionado com o Morro Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, Brasil, dá corpo e vida a este Hotel, desde há 60 anos a esta parte”.
Fonte: Site “paodeacucarhotel”


Edifício “Pão de Açúcar” na Rua do Almada, nº 262 – Fonte Google maps

Escadaria do Hotel Pão de Açúcar

O Hotel Pão de Açúcar desde há vários anos que é conhecido pela sua decoração interior “vintage”, que atrai muitos visitantes para além dos hóspedes.

Aspecto duma das salas comuns do Hotel Pão de Açúcar

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

(Continuação 39) - Actualização em 22/03/2021




Palacete Souza-Soares
 
 
 
Palacete do fim do século XIX, com traços da época comuns a muitos outros edifícios espalhados pela cidade.
 
“O casarão da Casa de Saúde de Santa Catarina, na Rua de Santa Catarina, próximo da Praça do Marquês à esquerda de quem sobe, é também conhecido como o Palacete de Souza-Soares mas, primitivamente, pertenceu ao médico José de Andrade Gramacho, Lente da Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Em 1901 vende-o a Souza-Soares, nascido em Vairão, Vila do Conde, em 1846, de pai médico e mãe farmacêutica.
Ainda órfão Souza-Soares, emigrou em 1862 para o Maranhão no Brasil onde já se encontrava um irmão. Adoeceu e desceu para o Rio Grande do Sul. Casou em 1873 e foi para Pelotas, fundou o seu Laboratório Homeopático onde descobriu um remédio contra o veneno das cobras. Inventou o Peitoral Cambará a partir desta planta para combater doenças pulmonares. Em 1883 funda na Vila do Prado o Parque Pelotense numa campina árida e inculta que transformou em terrenos de lavoura, bosques, jardins, lagos, cascatas, praças com estátuas e avenidas. Hoje pouco restará deste parque. Quando regressou a Portugal, neste casarão fez o seu Hospital. Faleceu em 7 de Junho de 1911 em Vila Meã, relativamente próximo do Porto.
Foi o único Visconde de Sousa Soares, José Álvares de Sousa Soares. Este título foi criado a seu favor por D. Carlos I, pelo seu Decreto de 24 de Dezembro de 1904”.
Fonte: portojofotos.blogspot de texto respigado do livro Os Palacetes dos Brasileiros no Porto.


Em 3 de Março de 1921, o jornal “O Primeiro de Janeiro” dava conta de uma historieta sobre a construção do palacete, que abaixo se transcreve, resultante da cortesia de Fernando Barreto.




 
Traseiras do Palacete Souza-Soares – Fonte: “viva-porto.pt”
 


José Álvares de Sousa Soares, após a estadia no Brasil, retorna a Portugal em 1896, e contrai um segundo matrimónio com Maria da Assunção Leite Brochado, sua prima em 2º grau, do qual resultaram 10 filhos, a acrescentar a mais três que já vinham do 1º casamento contraído naquele país da América do Sul.
Em 1900, compra a José de Andrade Gramacho um palacete na Rua de Santa Catarina, fixando aí a sua residência no Porto, mas, um ano depois, monta nele um laboratório que irá evoluir, rapidamente, para uma unidade de prestação de cuidados de saúde.
Tendo fundado o jornal “O Porto”, diário, matutino, monárquico, defensor dos interesses do Norte do País, que se publicou de Outubro de 1809 a Dezembro de 1911, e que dirigiu durante algum tempo, foi, ainda, o fundador da Liga Monárquica do Norte.


 
À esquerda, o Palacete Souza-Soares e o seu jardim anexo, na primeira metade do século XX
 
 
Casa de Santa Cruz, do visconde de Souza-Soares, em Vila Meã-Amarante, onde faleceu José Álvares de Sousa Soares, em 1911

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

(Continuação 38)


Casa abastada neoclássica, de planta composta, de 3 pisos rasgados por vãos alinhados, rematada por ático (elemento superior da fachada situado acima das cornijas, guarnecido ou não por balaústres ou pilastras que serviam para ocultar o telhado) recuado, com balaústres.



Palacete do Visconde de S. João da Pesqueira (ao centro)



Situa-se na Rua D. Manuel II, nº 14, entre o edifício da esquina (à direita), na foto acima, que foi o antigo Hotel Louvre, e o prédio da churrascaria, tendo sido alvo de um pedido de licenciamento para alteração da fachada em 1920, mas que já tinha sido executada alguns anos antes.
Essa intervenção, de remodelação da fachada,  ficou a dever-se ao arquitecto Gerad van Kriken.
 
 
“Gerard van Kriken nasceu em Roterdão e formou-se em Genebra. Veio em 1889 para Portugal para leccionar nas Escolas Técnicas Industriais. Quando foi colocado na Escola Industrial Infante D. Henrique, contratado como professor de artes ornamentais, casou-se e radicou-se no Porto, sendo a sua última morada a Rua de Santa Luzia. N.º 371. As obras do interior e exterior da Casa dos Viscondes de São João da Pesqueira, são-lhe atribuídas pela Drª. Maria da Conceição Lobo e Silva, naturalmente ajudado pelo António Enes Baganha seu amigo e com oficina na Rua do Rosário n.º 25”.
Isabel Sereno (2001), In monumentos.gov.pt/

Este edifício tem uma ligação pelas suas traseiras, a um outro situado na Rua do Rosário, nº 21, que foi residência da viúva do 3º Visconde de São João da Pesqueira, Maria Adelaide Pinto da Silva, tendo sido uma obra encomendada pelo seu marido, Luís Maria de Sousa Vahia Rebelo de Morais, fundador do Colégio Português em Roma.
Em 1918, é solicitada alteração do prédio na Rua do Rosário e licença para a construção da capela no interior com ligação aos dois edifícios.
A capela foi benzida, em 1921, pelo bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva.
Actualmente, é sede da Acção Católica Portuguesa.
Maria Adelaide Pinto da Silva deixou uma colossal fortuna ao episcopado, sendo a par da mãe de Cristo, Maria, as únicas mulheres que se encontram em quadros nas paredes do Paço Episcopal, à Sé, onde muito do seu mobiliário foi deixado em testamento pela viscondessa de S. João da Pesqueira.


“ (…) destaca-se a fabulosa baixela manuelina executada entre 1899 e 1904. Foi desenhada por Rafael Bordalo Pinheiro e era composta por 513 peças. Foi encomendada pelo 3º. Visconde de S. João da Pesqueira (Porto 28/11/1862 – Paris 1/9/1925) e por sua morte a Viscondessa fez herdeiro universal o Paço Episcopal do Porto, onde a baixela se encontra”. 




O prédio mais à esquerda da foto é a antiga residência na Rua do Rosário




Em 16 Julho 1859, Henriqueta Augusta Vieira Borges de Castro casa-se com Luís de Sousa Vahia Rebelo de Morais, 2º Visconde de São João da Pesqueira, tendo em 27 Novembro de 1862, nascido desse casamento o futuro 3º Visconde de São João da Pesqueira, Luís Maria de Sousa Vahia Rebelo de Morais que, em 25 Novembro de 1897,  desposaria Maria Adelaide Pinto da Silva. 
Na casa da Rua do Rosário, mandada construir pela família Rebelo de Morais, acabaria por falecer Maria Adelaide, que sempre nela viveu. 



Na planta de Perry Vidal de 1865



Na planta acima, vê-se que junto da área marcada com o nº 100, onde seria levantado, mais tarde, o palacete na Rua do Rosário, já estava edificada nessa data.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

(Continuação 37)



Na esquina da Avenida Rodrigues de Freitas e Rua Visconde de Bôbeda



O 1.º Visconde da Gândara foi António Correia de Magalhães Ribeiro, que foi um filantropo português.
Era Fidalgo Cavaleiro da Casa Real por Alvará de 7 de Setembro de 1887 e foi Provedor do Asilo de Mendicidade do Porto de 1899 a 1906. Casou no Porto, em Santo Ildefonso, a 18 de Julho de 1868 com Maria Amélia de Sousa, filha de Custódio José de Sousa e Queirós e de sua mulher Margarida Rosa.
O título de 1.º Visconde da Gândara foi-lhe concedido por Decreto de D. Luís I de Portugal de 8 de Julho de 1886.
Em 28 Junho de 1890 o Visconde de Gândara apresenta na Câmara Municipal as plantas da casa que pretende construir no gaveto da Rua de S. Lázaro e Rua do Visconde Bóbeda e em 1 Agosto, solicita a aprovação dos alçados da mesma casa;
Em 14 Março de 1895 o visconde pede licença de construção de uma estufa de ferro e vidro, para flores e plantas no jardim da sua casa.
Em 1948 o prédio é adquirido pela Associação dos Industriais de Ourivesaria e Relojoaria do Norte.
Actualmente o edifício  desenhado pelo condutor de obras públicas, Francisco Pinto de Castro, continua a ser ocupado por aquela associação industrial. 

Escadaria Nobre – Ed José Ferraz

Galeria do 1º e 2º piso – Ed. José Ferraz

Tecto de uma sala – Ed. José Ferraz

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

(Continuação 36)


Este palacete fica situado no gaveto da Rua do Rosário e Rua Professor Jaime Rios de Sousa (antes Travessa do Rosário), tendo sido mandado construir sob licença camarária de 6 de Junho de 1859, por João Maria Augusto de Melo Albuquerque Pereira e Cáceres, o qual viria a falecer no ano seguinte, tendo deixado viúva Camilla Amelia Ribeiro de Faria.
Em 22 de Julho de 1869 é concedida licença camarária a Dona Camilla Amelia Ribeiro de Faria, para a construção de cano de água pelo que se pode depreender que a habitação estaria em condições de habitabilidade, tendo os seus jardins sido projectados pelo arquitecto paisagista alemão, Emil David.
Neste solar, ficaram célebres os bailes oferecidos à melhor sociedade portuense, por Camilla Amélia Ribeiro de Faria .
Em 2 de Setembro de 1893, é concedida licença camarária a Dona Camilla Amelia Ribeiro de Faria, para a ampliação do edifício, no lado da Rua do Professor Jaime Rios de Sousa e em 25 de Fevereiro de 1897, é concedida licença a Manoel de Albuquerque Mello Pereira Cáceres, para a construção de um alpendre de ferro e vidro.
No dia 3 de Fevereiro de 1919, um incêndio ocorrido no palacete ocasionou prejuízos de certa monta, que não teve consequências totais devido `intervenção dos bombeiros.
Manoel de Albuquerque Mello Pereira Cáceres, filho de João de Albuquerque e de Dona Camilla Amelia, foi Senhor da Casa da Ínsua, Representante dos Morgados de Casal Vasco (12º), do dos Mellos da Lousã (9º), do da Ínsua (8º) e do de Espinhel.
Engenheiro Civil pela Academia Politécnica do Porto, Membro da Real Sociedade Humanitária, Director-Substituto da Real Companhia Vinícola do Norte de Portugal, Tesoureiro do Instituto de Protecção às Classes Trabalhadoras (nascido a 10 de Junho de 1853; falecido solteiro e sem geração, instituiu seu herdeiro universal o sobrinho João de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres).
Na última década do século XX foi feita a demolição e total adulteração dos interiores do palacete, e procedeu-se à construção de um outro edifício no lado do logradouro mais próximo (para Norte) da Rua de Miguel Bombarda.

Observa-se na planta de Perry Vidal de 1865, na área da oval a amarelo, que o palacete dos Albuquerque ainda não está representado



Palacete dos Albuquerque na Rua do Rosário


“Edifício de planta irregular, adaptando-se organicamente aos arruamentos da zona. É composto de três pisos e recuado. A fachada principal divide-se em três corpos simétricos, separados por pilastras em granito e pouco salientes. O embasamento é de granito, sobre o qual se rasgam, nos corpos laterais, três janelas de arco abatido, e no corpo central, um portal rusticado, de arco de volta perfeita, cuja altura se eleva até ao segundo piso. Entre o primeiro e o segundo piso, um estreito friso granítico. No segundo piso, os corpos laterais repetem o número e forma das janelas do piso inferior; já no eixo central, o rusticado do portal acompanha a janela do segundo piso, também de arco de volta perfeita. No terceiro piso, os corpos laterais rasgam-se em três vãos de sacada, de verga de arco abatido, com varandas em ferro fundido; no eixo central, o vão da sacada é de volta perfeita, e a varanda avança um pouco na sua parte central. O entablamento é saliente, nele erguendo-se uma cornija de granito. O piso inferior do alçado lateral abre-se para o pequeno jardim por três portas; nos andares superiores, rasgam-se três janelas em cada piso, de secção rectangular. No alçado lateral Sul, divide-se em dois corpos. O corpo principal, é aberto por apenas um vão em cada piso, sendo o do inferior uma porta e o do terceiro piso uma sacada, com gradeamento em ferro fundido. O segundo corpo corresponde a um segundo edifício, que se ergue em três pisos. No primeiro piso, abrem-se três vãos, duas janelas e uma porta; no segundo e terceiro pisos, cinco janelas. A fazer a ligação entre estes dois corpos, uma ala, com uma abertura no segundo e terceiro pisos”.
Com a devida vénia a Manuel Graça, 2006; In “monumentos.gov.pt”

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

(Continuação 35)


Manuel António de Almeida (Vila Nova de Foz Coa, 1860 - Lisboa, 1929) foi um farmacêutico, empresário agrícola e político e 1º Visconde de Pinhel e 1º Conde de Pinhel.
Farmacêutico diplomado em Farmácia com o curso de 1.ª Classe pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto, foi grande proprietário no Distrito da Guarda e no Distrito de Bragança, senhor do Palácio do Largo do Conde-Barão, em Lisboa, e da Casa Grande, em Pinhel e do palacete no gaveto da Rua de Oliveira Monteiro e Rua da Boavista na cidade do Porto.
Este palacete no nº 626 da Rua da Boavista é:

“Edifício de características neo-góticas, com a fachada principal voltada para a Rua da Boavista, organizada em três corpos, de dois registos cada. Os corpos são separados por pilastras pouco salientes e os registos por um friso. O corpo central é aberto ao nível do primeiro piso, por uma porta de arco quebrado; e ao nível do segundo piso por outra porta, também de arco quebrado, que dá acesso a uma varanda gradeada a ferro fundido. Os corpos laterais são simétricos. Sobre um alto embasamento, recortado por um postigo, desenha-se um grande arco, de volta perfeita, onde se inserem dois vãos de arco quebrado. Os peitoris são em ferro fundido, com arcos quebrados que imitam os dos vãos. No segundo, repete-se a solução, mas sem os peitoris. Sobre o entablamento, assenta uma cornija saliente, na qual se ergue uma platibanda, aberta por arcos quebrados, que glosam as soluções do alçado, e quebrada por um frontão curvilíneo, decorado com um florão. Os arcos dos vãos assentam em capitéis, decorados com motivos vegetalistas, que variam consoante as dimensões dos cestos. A porta é de duas folhas, com almofadas e decorações vegetalistas; e coroada por uma bandeira, em ferro fundido. O alçado Poente arranca com um alto embasamento, onde são rasgados cinco postigos, gradeados a ferro fundido. A nível do primeiro piso, abrem-se cinco janelas de arco quebrado, emolduradas a granito, a que correspondem outros tantos vãos no piso superior, sendo o central de sacada, gradeada a ferro fundido. Os pisos são separados por um friso granítico. Sobre um entablamento, uma cornija pouco saliente, onde assenta a platibanda, em que losangos alternam com balaustradas de arcos quebrados, abertas nos eixos dos vãos. O alçado posterior, voltado a Norte, foi alterado no século XX, erguendo-se em três pisos e recuado. Na continuidade do edifício, para Norte, ergue-se um muro, de aparelho granítico, rebocado e caiado, aberto por um portão em ferro fundido, de duas folhas, ladeado de duas colunas”.
Fonte: Manuel Graça, 2006; “monumentos.gov.pt”

Sabe-se que em 25 de Setembro de 1888 seria concedida licença a Manuel António de Almeida, 1.º Visconde de Pinhel, para a construção do edifício, segundo risco de Licínio Queiroz e que em 9 de Outubro de 1895 é-lhe concedida autorização para a construção de encanamento e desvio de ribeiro, sendo as obras orientadas também por Licínio Queiroz.
Já depois do ano 2000 o palacete é proposto como Imóvel de Interesse Patrimonial da Carta de Património do PDM do Porto, com a legenda C89 - Edifícios de Habitação (Palacete).


Casa do visconde de Pinhel (nº1) na planta de 1892 de Telles Ferreira


Palacete do Visconde de Pinhel em 1976


Na esquina da Rua da Boavista com Oliveira Monteiro o Palacete do visconde de Pinhel – Fonte: Google maps

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

(Continuação 34) - Actualização em 15/05/2018

Palacete dos Moreira Couto

Este palacete fica na esquina da Praça Carlos Alberto e Praça Gomes Teixeira.

É “uma casa brasonada setecentista, que apresenta no cunhal do edifício a pedra de armas que pertenceu à família Moreira Couto. Mandada erigir, muito possivelmente, pelo Dr. Bartolomeu Moreira do Couto, advogado da Relação do Porto e oficial do Santo Ofício, que em 1739 desposou D. Antónia Josefa Caetana de Oliveira Pinto, da Quinta do Outeiro, de Fonte de Arcada”.
Fonte: “sigarra.up.pt”



Palacete dos Coutos e Moreiras – Ed. J. Portojo 


Prédio de Joaquim de Menezes

Este prédio situa-se na Travessa do Coronel Pacheco, bem próximo da praça com o mesmo nome, no nº3.
De arquitectura de gosto parisiense das primeiras décadas do século XX, teve projecto de 1923, sendo seu proprietário o médico, Benjamim de Meneses Antunes e Lemos.


Projecto do prédio da Travessa do Coronel Pacheco nº 3 – Fonte: AHMP


Prédio da Travessa do Coronel Pacheco – Ed. MAC

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

(Continuação 33)


Este palacete situa-se na Rua António Cardoso onde funcionou a Direcção Regional de Cultura do Norte (agora com sede em Vila Real), que aqui tem uma delegação.
Foi mandado construir nos últimos anos da década de 1920, para residência pelo 3º Visconde de Vilar d'Allen, Joaquim Ayres de Gouveia Allen, com ligações à Casa Ramos Pinto (através de laços matrimoniais e comerciais), engenheiro de formação e cônsul da Bélgica no Porto, e definido como um "misto de aristocrata e capitalista" .
O projecto foi concebido pelo arquitecto José Marques da Silva (1869-1947). Em 1991, foi construída, nos seus jardins, a Casa das Artes, projecto do Eduardo Souto Moura.


“Os primeiros desenhos estavam concluídos em Abril de 1927, mas o casal Allen foi introduzindo múltiplas alterações ao projecto inicial que, de forma genérica, se prendiam com o hall de distribuição do espaço interno e com a localização da capela, que se pretendia de acesso directo ao exterior, sendo que todas estas questões acabaram por se reflectir na própria concepção das fachadas, também sucessivamente alteradas. Na sua Dissertação de Doutoramento, António Cardoso analisa este programa, considerando o Petit Trianon, de Versalhes, como o modelo principal da Casa Allen, numa escolha cuja responsabilidade imputa ao encomendador, e da qual resultou uma “imagem mitigada e adulterada de um Petit Trianon, agora portuense, numa linguagem academizante e involutiva”.
A planta estrutura-se em torno do hall central, a que se acede através da fachada principal, virada para a rua, e da fachada Sul, cuja monumentalidade acaba por inverter a importância dos alçados, quase anulando o principal. A capela abre-se no alçado Norte, que se articula em três corpos diferenciados.
Ambas as fachadas, de aparelho rusticado, caracterizam-se pela simetria na abertura dos vãos, pelos remates em platibanda, que quase cobrem o telhado, e pelos pórticos, numa linguagem de cariz neoclássico. De acordo com António Cardoso, reside na concepção destes alçados, de leitura equívoca em relação ao interior, uma das novidades do projecto: “a suposta ambiguidade das fachadas significava, afinal, a sua visão totalizadora, uma nova concepção do projecto, e uma nova forma de abordagem”. Os jardins, que aproveitam três frentes da casa, distribuem-se da seguinte forma: na entrada e na área lateral Sul, respeitam um esquema racional, e na zona posterior invocam a influência inglesa”.
Fonte: “patrimoniocultural.gov.pt”



Palacete do visconde Vilar de Allen


Fachada principal e jardim - Fonte: “portophotographyguide.wordpress.com”



Pormenor de jardim – Fonte: “portophotographyguide.wordpress.com”