terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

(Conclusão)


“Elite Sport Clube” e outros clubes de tiro


Do estudo dos documentos seguintes, poder-se-à concluir que, no local onde está actualmente o clube Estrela e Vigorosa Sport, esteve em 1910, o “Elite Sport Clube”, numa área arrendada, inserida numa bouça do Hospital do Conde de Ferreira, com serventia pela Rua das Cavadas (actual Rua do Estrela Vigorosa Sport) e com instalações que compreendiam um campo de jogos e de tiro e um pavilhão. Era, portanto, um clube que se dedicava à prática do tiro, que junto com a velocipedia e as regatas náuticas, eram as modalidades que preenchiam a vida desportiva dos portuenses.
Aquela Rua das Cavadas estendia-se até às bandas de Contumil, sendo truncada, na década de 1950, para levantamento da continuação da Avenida Fernão de Magalhães para Norte.



A estas escadas, na Avenida de Fernão de Magalhães, vinha dar a Rua das Cavadas. À esquerda delas, ficava a Fábrica do Arame – Fonte: Google maps




Memória descritiva de projecto apresentado à C. M. Porto pelo “Elite Sport Club”, em Outubro de 1910 – Fonte: AHMP



Planta anexa ao pedido de licença supra – Fonte: AHMP



Desenho do portão mencionado no requerimento supra para acesso ao pavilhão e campo de jogos do Elite Sport Club – Fonte: AHMP



Entrada actual para as instalações do Estrela e Vigorosa Sport. Em frente, ficava, em tempos, o chão da chamada fábrica do Arame. O portão mencionado no requerimento supra estaria no lugar daquele que aqui se observa – Fonte: Google maps



Em Junho de 2010, quatro meses antes da solicitação para a colocação do portão, atrás mencionado, já o “Élite Sport Club”, tinha pedido autorização para construção dum pavilhão em terrenos da bouça do Hospital do Conde de Ferreira.



Pedido de licenciamento à C. M. Porto de construção de pavilhão e tribuna para servir os concursos de tiro, em Junho de 1910 – Fonte: AHMP



Desenho dos alçados do pavilhão e tribuna, apenso ao requerimento anterior – Fonte: AHMP



Festa (o general Cibrão, representante de el-rei, assiste a um torneio) no “Elite Sport Clube”, em local ignoto (o clube, à data, ainda não estaria nas Cavadas) - Fonte: Illustração Portugueza, de 20 Julho 1908; Cliché de Carlos Pereira Cardoso




Naqueles tempos, no início do século XX, tinha existência (desde 1 de Junho de 1893) na mesma modalidade desportiva, o Clube de Caçadores do Porto, com instalações na Quinta de Salgueiros, ao Monte Cativo.
Horácio Marçal, na sua obra S. Veríssimo de Paranhos (Ed. da C. M. Porto, pág. 76), dá-nos conta da existência, na transição de séculos, de um outro clube com actividade na prática do tiro e com instalações na Quinta do Covelo – o “Clube de Caçadores Élite Portuense”.
O “Élite Futebol Clube” que daria origem ao Sport Progresso, começou por utilizar, nos primórdios, uma área da Quinta do Covelo cedida pelo “Clube de Caçadores Élite Portuense”.
A revista “Illustração Portugueza” em 1908, descreve-nos um outro clube que organizava as provas numa quinta, à Rua do Heroísmo.
Era o “Clube dos Zecas”, formado em 1906.
Ora, como os locais que eram escolhidos para provas de tiro se situavam próximos de bouças, por serem locais arborizados e um pouco isolados, tudo leva a crer que, a quinta da Rua do Heroísmo referida, seria a que tinha sido do Barros Lima, que tinha junto uma bouça onde, anos mais tarde, foi construída a ampliação do Liceu Rainha Santa Isabel.
Em 1908, aquando do artigo da revista “Illustração Portugueza” citada, era dono da quinta um descendente de Barros Lima, de seu nome Henrique Ribeiro de Faria, que faleceria 3 anos depois, em 1911, acabando a quinta por passar para as mãos do conde de Campo Belo.



Artigo da revista “Illustração Portugueza”, em 1908, dando conta da vitória do FC Porto sobre o “Clube império” de Lisboa


No artigo da revista acima, o jornalista faz uma apresentação do estado do desporto na cidade do Porto, realçando o papel do Futebol e do Tiro, como práticas desportivas em expansão.
Mas, na modalidade de tiro, o clube mais importante era, sem dúvida, o Clube de Caçadores do Porto.



Parte de artigo publicado na revista “O Tiro Civil”, 5ª feira, 5 de Setembro de 1895



Clube de Caçadores do Porto - Fonte: Illustração Portugueza, de 20 Julho 1908; Cliché de Carlos Pereira Cardoso

domingo, 23 de fevereiro de 2020

25.82 Alguns clubes da burguesia portuense (Actualização em 30/03/2021)


Clube dos Girondinos... Quando o carnaval era rei


“O Clube dos Girondinos fazia parte de um conjunto de clubes formados na segunda metade do Século XIX, com os mais variados propósitos que iam desde o entretenimento, à beneficência, passando pela cultura, política, diversão, assistência na saúde, mutualidade, etc.
Alguns deles ainda subsistem nos nossos dias, caso do Ateneu Comercial, Fenianos Portuenses ou Clube Portuense.
O “Clube dos Girondinos” radicava numa certa burguesia, cujos ideais oscilavam, entre a monarquia constitucional e a república.
O seu lema era «Honra e Fama».
A sua sede situava-se na Rua de Alexandre Herculano, junto do terreno onde esteve o Teatro D. Afonso e, depois, esteve o Teatro Éden e a poucas dezenas de metros do antigo Hotel Continental.



Fachada engalanada do prédio da sede do Clube dos Girondinos, em 1908, durante as festas de Verão da cidade do Porto, que era assim como se chamavam as festas de S. João e Santos Populares – Fonte: Revista Illustração Portugueza, em 20 Julho 1908




Durante alguns anos foi o “Clube dos Girondinos”, na companhia do “Clube dos Fenianos”, os grandes impulsionadores do Carnaval na cidade.
Ambos, em 1906, organizaram, cada um por si, um desfile carnavalesco. Saiu primeiro o do “Clube dos Fenianos” e, depois, o do “Clube dos Girondinos”.
Dizem que teriam assistido à passagem dos carros alegóricos e aos cortejos respectivos, nesse ano, cerca de 200000 pessoas.



Cavalaria da Guarda Municipal abrindo, em 1906, o cortejo de carnaval do Clube dos Girondinos, junto à sua sede – Fonte: CPF




“Carro de Honra” do Clube dos Girondinos, no Carnaval de 1906, junto da sua sede – Fonte: CPF


No terreno, parcialmente livre, que se observa na foto anterior, junto da sede do Clube dos Girondinos, pouco tempo depois desse carnaval de 1906, em 5 de Maio, já o clube tinha à disposição dos seus sócios, um picadeiro para a prática da equitação.

 

Fonte: Revista “O Tripeiro”, Vª série, XII ano, Maio de 1956
 

Na entrada da década de 1910, iria surgir nos terrenos que tinham sido do picadeiro, o teatro Éden.




A sede do “Clube dos Girondinos ficaria entre, onde está hoje, a “Garagem Atlântico” e a Praça da Batalha (ao fundo) – Ed. MAC




“Carro do Saneamento” a passar junto ao Hotel Continental, na Praça da Batalha (esquina da Rua Entreparedes), no desfile de carnaval de 1906, organizado pelo “Clube dos Girondinos” – Fonte: CPF



O Hotel Continental ficava na área do prédio em realce – Fonte: Google maps



O “Carro da Cidade”, do cortejo de carnaval de 1906, dos Girondinos, passando na Praça da Batalha – Fonte: AHMP


À direita da foto, observa-se os armazéns da firma “Construtora”, de Campos & Morais, um armazém de ferragens e materiais de construção, onde se instalaria o “Cinema High Life”, em 1908, e depois, em 1913, o cinema “Batalha”.



Banda de música do “Clube dos Girondinos”, no carnaval de 1907 – Ed. Manuel Rangel


(Continua)



domingo, 16 de fevereiro de 2020

25.81 Parque das Camélias e outras vivências dos portuenses


O Parque das Camélias foi um espaço, situado na Rua Alexandre Herculano, próximo à Praça da Batalha que, durante grande parte do século XX, esteve afecto a diversões variadas, de cariz ambulante e, ainda, a um clube histórico da cidade, o Sporting Clube Vasco da Gama, cujo nome foi uma decisão de familiares de emigrantes no Brasil, adeptos do Club de Regatas Vasco da Gama.
Já nas duas últimas décadas do século XIX, aquele topónimo era associado ao local, pois, existiu bem perto, o Restaurante Floresta das Camélias.
A origem fidedigna do topónimo é, porém, desconhecida, mas deve radicar, de algum modo, naquela flor que viria a tornar-se um símbolo do Porto, embora originária da Ásia.



Rua Alexandre Herculano e o carnaval de 1906. No terreno livre, à direita, haveria de surgir o Parque das Camélias e, em parte, também, a ampliação do Hotel Universal, hoje, a Messe dos Oficiais – Fonte: AHMP




No terreno à esquerda da foto acima, à data, tinha estado o Teatro D. Afonso (já demolido) e, a partir de 1910, instalar-se-ia o Teatro Éden, em novo edifício.



“Em 20 de Fevereiro de 1920, na Rua 6, casa 7, do Bairro Herculano, que ficou para a história como sendo a sua primeira sede, um punhado de jovens operários uniu as mãos e resolveu fundar o Sporting Clube Vasco da Gama, para ocupar os seus tempos livres com a prática desportiva. Os sócios fundadores são, entre outros, os irmãos Quintela,  Armando Plácido, João Vidrago, Boaventura, José Garrido e José Norton. Os dois últimos foram os primeiros presidentes conhecidos do S.C.Vasco da Gama.
(…) O S.C. Vasco da Gama sempre jogou em recintos alheios, percorrendo 84 anos de vida desportiva, a fazer jogos oficiais e a treinar noutros recintos, até que veio parar ao Parque das Camélias, mas de onde foi expulso na década de 1950, aquando da sua venda à Direcção Geral dos Transportes Terrestres, que tencionava construir naquela espaço uma central de camionagem, que nunca chegou a concretizar-se. Viveram-se a partir dessa data momentos de muita incerteza, tendo-se então passado a utilizar os recintos do “Grupo Desportivo Ferroviários de Campanhã” e do “Círculo Católico”, a quem a Câmara Municipal do Porto, a pedido do Vasco da Gama, cimentou o piso, remodelou os balneários e a instalação eléctrica do recinto do jogo, ambos recintos ao ar livre. Quando chovia, ou estava mau tempo, utilizavam os ginásios dos liceus “Alexandre Herculano”, “ Soares dos Reis”, “Oliveira Martins” e “Cal Brandão”.
(…) Um ano após o 25 de Abril de 1974, mais propriamente no dia 05 de Abril de 1975, em pleno período de agitação política, um grupo de associados ocupou, o “Parque das Camélias” que passou a ser de novo a “casa do Vasco”.
(…) e só a partir de 14 de Fevereiro de 2004, é que passou a dispor de um recinto coberto, designado por “Oficina de Basquetebol Alves Teixeira” o qual apesar de lhe faltar uma parede, permitiu passar a  realizar treinos com regularidade, e jogos oficiais de “Minis”, “Iniciados” e “Cadetes”, o que foi um privilégio, por puderem, finalmente, jogar, nos escalões citados, no mesmo recinto em que treinam. Em Abril de 2010, com a ajuda da Câmara Municipal do Porto, foi finalmente construída a parede em falta, fechando-se o recinto desportivo, continuando nos escalões superiores (Juniores B/ Juniores A/Seniores) a jogar em pavilhões alheios”.
Fonte: “scvascodagama.com”



Homenagem a Joaquim Alves Teixeira, um dos grandes jornalistas portugueses do século XX, director do jornal “O Norte Desportivo” e um símbolo do Sporting Clube Vasco da Gama, no acesso às instalações desta agremiação – Fonte: JPortojo




"O Norte Desportivo" (1934-1983) era um bissemanário (saía às 5ªs Feiras e Domingos) que pretendia defender o universo portista dos adversários lisboetas.
"O Norte Desportivo" arrancou pela mão do jornalista Rodrigues Teles (1906-1975), um indefectível portista, jornalista do bissemanário desportivo "Sporting" e que se tornaria historiador ao publicar a história do seu clube do coração, desde 1906 a 1933.
Mais tarde, Rodrigues Teles completaria a tarefa, contando-a em fascículos, em 1955, reunidos em 3 volumes em 1958 e publicação completa em 1962.




Nesses tempos, a “Bola” era do SL Benfica, o “Record” do SCPortugal e o “Mundo Desportivo” balançava entre os dois principais clubes da capital.



“Saído para as bancas a 18 de fevereiro de 1934, o Norte Desportivo foi uma outra publicação que obteve bastante sucesso durante o tempo que durou. Sucessor d’O Porto Desportivo, “O Norte”, como era conhecido, era um bissemanário de qualidade, em formato grande, à semelhança dos melhores jornais generalistas da altura. Em outubro de 1936 passou a exibir o subtítulo: “O jornal da especialidade com maior tiragem e expansão aquém Mondego.” Nesta fase, esta reconhecida publicação contava com colaboradores de enorme prestígio. Não fugindo à regra, a guerra obrigou O Norte Desportivo a suspender as suas publicações entre julho de 1941 e janeiro de 1942, devido à escassez de condições económicas. Após retornar às 13 bancas, o jornal foi sofrendo alterações tanto no formato como a nível gráfico, passando a ter cor vermelha no cabeçalho e nos títulos. Apesar de todas as dificuldades com que se deparou durante o período da guerra, aliado ao demolidor impacto da concorrência, O Norte Desportivo foi o único jornal a sobreviver à chegada de A Bola e do Record.
Conseguiu manter-se com sucesso durante as décadas seguintes, afirmando-se como o claro sucessor do Sporting no que toca à defesa dos interesses do Porto e do Norte, tanto no desporto como na vida nacional. Assim foi até junho de 1983, altura em que desapareceu a primeira série deste jornal”.
Cortesia de Pedro Miguel Silva Ferreira, Mestre em Jornalismo (2017)



O jornal do Alves Teixeira, como alguns diziam, tinha uma edição no final da tarde de Domingo que saía um pouco depois de acabarem os jogos da jornada, com começo geral, às 15 horas.
Minutos após os seus términos, eram afixados os resultados das partidas, à porta do Jornal “O Primeiro de Janeiro”, em cujas oficinas tipográficas, na Rua de Santa Catarina, ele era impresso e onde, por norma, se apinhava uma multidão.
Ao fim dessas tardes de Domingo, pelas praças do Porto, ouviam-se os ardinas num pregão, bem cantado, que se tornou bem conhecido:
- “Olha… o Norte Desportivo, Olha…“O Norte”!




Cabeçalho de “O Norte Desportivo” de 6 de Dezembro de 1973, que dava conta da chegada ao F. C. do Porto, do jogador Teófilo Cubillas




Saído que era “O Norte Desportivo”, da edição de Domingo, pouco depois das 18 horas, os portuenses invadiam os cafés da Praça da Liberdade e da Avenida dos Aliados e, devorando as crónicas dos jogos, com os dedos sujos de tinta da impressão ainda recente, comentavam as peripécias dos jogos, obtidas através de sucessivos telefonemas ao longo da duração dos mesmos, de repórteres que transmitiam para as redacções, de tempos-a-tempos, alguns factos.
Da colagem final desses telefonemas resultava a crónica.
A partir de determinada altura, a tecnologia evoluiu e os resultados dos jogos começaram a aparecer quase, como se diz agora, on-line, impressos num placard de luzes (dinâmico), situado no cimo do Palacete das Cardosas, na Praça da Liberdade, que passava notícias recentes e que os transeuntes liam de pescoço esticado para o céu.
Nesse placard, os “pixels do screen” dos nossos dias, eram realizados por uma miríade de pequenas lâmpadas incandescentes que acendiam e apagavam a preceito.



Não visível nesta foto o placard luminoso de notícias, situava-se à direita do anúncio à máquina de costura Husqvarna. O café mais à esquerda era o Astória



Cabeçalho do “Mundo Desportivo” no ocaso da década de 1960



“Quem se lembra do Parque das Camélias? Por muito que pesquise, não encontro referências sobre este espaço, com o seu ringue onde se praticava o andebol e o basquetebol, digamos que era a casa do Vasco da Gama. E de vez enquanto armava-se outro ringue para a Luta-Livre Americana, onde o espanhol Saludes era o mau da fita. O campeão era sempre o mesmo, o nosso José Luís. Mas havia também o Mascarilha, não me lembro já se era este o seu nome "artístico".
Texto de JPortojo



No auge dos anos dos espectáculos com palco montado a preceito, no Parque das Camélias, os espectadores vibravam com as sessões de boxe, em que pontificava o ídolo da modalidade da época, o José Santa Camarão.
O Camarão era alcunha de família. Família de pescadores, está claro! Nascido em Ovar, passou muitos anos no Brasil e nos Estados Unidos, onde casou. Era um atleta de excepção, mas com um carácter muito bondoso. Teve uma carreira muito vitoriosa naqueles países e na Europa, em especial na Alemanha.
Em 1930 entrou no filme “Amor e Ringue” sobre a vida do pugilista alemão Max Schmeling.
Arthur Duarte, actor, realizador, director de “O Leão da Estrela” e de “A Menina da Rádio”, fazia um papel pequeno, secundário, de manager, naquele filme.
Santa Camarão entrou em combates históricos. Como o do Madison Square Garden, em Nova Iorque, no dia 6 de Dezembro de 1932, em que defrontou o campeão do mundo de pesos pesados, Primo Carnera, tendo, porém, desistido, devido a uma lesão.
No dia 5 de Abril de 1968, faleceu José Santa “Camarão”, com 66 anos de idade, que durante sete anos foi campeão nacional de todas as categorias, entre os anos vinte e trinta do século passado.
Célebres, ficaram as sessões contínuas de cinema exibidas no Salão-Cinema do Parque das Camélias. Conta quem lá esteve, as horas seguidas a ver o mesmo filme ou uma sucessão de filmes, versando temas diferentes, sem quaisquer paragens.



Santa Camarão




Pela porta à esquerda, que dá acesso a uma longa rampa, se faz a entrada para o antigo Parque das Camélias – Ed. MAC



O Parque das Camélias, em meados do século XX, haveria de comunicar com a Rua Augusto Rosa, para instalação de uma central de camionagem, que ainda funciona nos nossos dias, mantendo o topónimo, tendo deixado de ser, porém, o local de diversão que, foi, durante algumas décadas.
Por sua vez, o topónimo Augusto Rosa pretende homenagear o actor Augusto Rosa, que se estrearia, no Porto, no Teatro Baquet, em 31 de Janeiro de 1872, interpretando a personagem de António Soares, do Morgado de Fafe de Camilo C. Branco. 
Aquele actor era filho e irmão de dois outros grandes actores, João Anastácio Rosa e João Rosa, respectivamente.
Antes, o arruamento era identificado por Rua da Batalha e, brevemente, por Rua dos Matadouros - "em frente da Casa Pia."





O Parque das Camélias fixar-se-ia, em grande parte, na área alodial com entrada pela Rua de Alexandre Herculano com comunicação com a Rua Duque de Loulé – Fonte: Planta de Telles Ferreira de 1892



Entre a “Casa de Sousa Avides” e o Hotel Universal esteve, em tempos, instalado o hotel “Nova Itália”, onde muitos dos artistas a actuar no Teatro S. João costumavam hospedar-se. Era conhecido, ainda, por no seu restaurante, praticar o serviço de self-service, uma novidade para a época.



Planta de casas com frente para a Rua da Batalha (actual Rua Augusto Rosa) – Fonte: Planta de Telles Ferreira de 1892



Dos prédios com frente para a Rua da Batalha, apresentados na planta acima, foram demolidos para a instalação dos acessos à central de camionagem, todos os situados entre os delimitados a amarelo, incluindo a capela.
Entre eles, destacam-se os que chegaram a ser identificados como “Casa de Manuel José Duarte Guimarães”, com uma capela anexa, e a “Casa de Manuel de Sousa Avides”.



Rua Augusto Rosa no local da saída da central de camionagem antes das demolições (vista no sentido descendente). A antiga capela, atrás referida, encontra-se à direita e, à esquerda, está a casa de Sousa Avides– Fonte: Ed. Teófilo Rego; AHMP



Rua Augusto Rosa no local da saída da central de camionagem antes das demolições (vista no sentido ascendente). A antiga capela, atrás referida, encontra-se à direita, a meio da foto – Fonte: AHMP



Em 1947, começa a ser dada execução à instalação no antigo Parque das Camélias de uma central de camionagem, de acordo com a planta cadastral apensa ao projecto respectivo – Fonte: AHMP




À direita, ficaria a “Casa Manuel José Duarte Guimarãres – Ed. MAC



À esquerda, ficaria a “Casa Manuel Sousa Avides” – Ed. MAC



Para orientação, diga-se que no número de polícia, nº 83, à data de 1892, está hoje, na actual Rua Augusto Rosa, 172, o Café Sagres.
Quanto às personalidades que por aqui habitaram, é de relevar que Manuel de Sousa Avides (1854-1920) foi um médico e político associado ao Partido Regenerador.
Foi conselheiro (1904), vereador da Câmara Municipal do Porto (1893-1905) e presidente da Câmara Municipal do Porto (1902-1905).
Com a instauração da República, abandonou a vida política para se dedicar à administração empresarial e corporativa, tendo sido director da Companhia de Seguros Urbana Portuguesa e integrado os corpos gerentes do Banco Aliança.
Foi ainda membro da Irmandade da Lapa e Provedor da Ordem de Cristo.
Por sua vez, Manuel José Duarte Guimarães (1795-1845) foi um brasileiro que ficou conhecido por explorar, por arrendamento, o convento dos Congregados, abrindo lojas com portas nessas instalações, na fachada voltada para a Praça D. Pedro (actual Praça da Liberdade), procedimento que já era adoptado, antes, pelos frades, por baixo da abóbeda da construção.
Foi casado com Rita Vitória Guimarães, falecida, já viúva, em 1860.
O nome de Camilo Castelo Branco ficou associado a esta família, pois, o escritor, faria o elogio fúnebre dum filho do casal, de seu nome Joaquim José Duarte Guimarães (1823-1850), falecido prematuramente, em primeira página do jornal “O Nacional”.
Em 1842, Manuel José Duarte Guimarães já vivia na zona do Largo da Batalha, pois, para a sua residência aí situada, pediu licenciamento para a instalação de uma canalização para transporte de água desde uma mina situada na Rua do Bonfim (Licença de obra n.º: 355/1842).


“Após a extinção das ordens religiosas fruto de uma consolidação dos ideais liberais pelo decreto de Joaquim António de Aguiar de 30 de Maio de 1834, foi o edifício do Convento da Congregação do Oratório da regra de S. Filipe de Néri, à Praça Nova das Hortas, posto em almoeda e adquirido, à Fazenda Nacional: uma parte pelos Contratadores do Tabaco (que tinham a ideia de aí fazer montar a sua fábrica), sendo a outra comprada pelo cidadão brasileiro Manuel José Duarte Guimarães. Passado algum tempo, o capitalista brasileiro diligenciou, e conseguiu, comprar aos contratadores todo o vasto edifício, do qual fazia parte uma torre erguida do lado poente da igreja da qual se lobrigava vista muito assinalável: No sítio da torre e no da portaria conventual, cuja demolição começou em Dezembro de 1842, mandou o novo proprietário construir duas casas de dois andares com frente para o Largo da Feira de S. Bento, que em meados do século passado (1852), estavam arrendadas ao cabeleireiro Heitor Guichard [...] e sua esposa, que ali geria um armazém de modas. // Do lado da Praça de D. Pedro, aproveitando as boas caves de abóbada que os padres costumavam alugar a particulares, mandou outrossim o mesmo novo senhorio, ao rés-da-rua, abrir portas regulares para estabelecimentos e rasgar mais janelas de varanda a todo o correr do primeiro andar. // Depois de concluída a respectiva obra de adaptação, é que os botequins, pouco a pouco, começaram a concentrar-se à volta do extinto edifício do Convento dos Congregados, tanto para a banda da Praça, como para a de Sá da Bandeira (actual de Sampaio Bruno) como ainda para a do Bonjardim (actual Rua de Sá da Bandeira).
Fonte: Horácio Marçal – “Os antigos botequins do Porto”, In O Tripeiro. 6.ª Série, Ano IV, n.º 3. Porto: Março 1964, p. 72.



Em 27 de Agosto de 1845, por ofício, o Governo Civil remeteu a planta alta oferecida pelo falecido Manuel José Duarte Guimarães para melhorar a frente do edifício do extinto Convento dos Congregados, sobre a Praça de D. Pedro, dando satisfação a pedido solicitado pela Câmara Municipal, em ofício de 20 de Agosto de 1845, onde eram feitas várias considerações sobre a execução da mesma planta.
Nos dias de hoje, toda a área, que esteve de um modo ou outro, em diferentes épocas, afecta ao Parque das Camélias, compreende uma central de camionagem, com saída para a Rua Augusto Rosa, um parque automóvel que tem serventia pela Rua Duque de Loulé e as instalações desportivas do Sporting Clube Vasco da Gama.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

(Conclusão)

A Casa do Gaiato


O conhecido e venerado Padre Américo (Américo Monteiro de Aguiar), fundador da “Casa do Gaiato” e da “Obra da Rua”, nasceu em 1887, em Galegos (Penafiel) e faleceu no Hospital de Santo António em 16/7/1956, em virtude de um acidente de viação, em S. Martinho de Campo (Valongo), ocorrido quatro dias antes, quando conduzia uma moto.
O Padre Américo ficaria com o seu nome ainda ligado a outras obras, que também lançou: “Património dos Pobres”, que se destinava a construir casas para famílias necessitadas; “O Calvário”, para acolher doentes irrecuperáveis e sem apoio e, ainda, o jornal “O Gaiato”, que as crianças acolhidas na “Casa do Gaiato” vendiam pelas ruas da cidade do Porto.



“O Padre Américo, para muitos Pai Américo, nasceu a 23 de Outubro de 1887 na freguesia de Galegos, Concelho de Penafiel, tendo sido baptizado em 4 de Novembro do mesmo ano. Terminado o liceu, em 1902, emprega-se, no Porto, numa loja de ferragens. Em 1906, parte para Moçambique, estabelecendo-se em Chinde, onde trabalha na companhia The British Central Africa e na African Lakes, como despachante. Por essa altura trava conhecimento com o padre Rafael Maria da Assunção, que mais tarde seria nomeado Bispo de Cabo Verde. Regressado a Penafiel, em 1923, contacta o pároco local de quem tinha sido companheiro de infância e comunica-lhe o desejo de entrar para um convento franciscano, dando como única explicação a frase "é uma martelada!". Dois meses depois entra no Convento de Santo António de Vilariño, em Tui (Espanha), onde permanece durante 9 meses como postulante, a estudar latim e ciências e mais um ano, depois da tomada do hábito. As dificuldades em se adaptar à vida monástica conduzem à sua saída em Julho de 1925, mas tenta ingressar no seminário diocesano do Porto, mas o Bispo, D. António Barbosa Leão, não dá seguimento ao seu requerimento. Contacta então o Bispo de Coimbra, D. Manuel Luís Ferreira da Silva, que o aceita. Depois de se formar em Teologia no Seminário de Coimbra, foi nomeado Perfeito do Seminário e professor de Português. É igualmente capelão em Casais do Campo, freguesia de São Martinho do Bispo e designado pároco de São Paulo de Frades, não chegando a tomar posse, incapacitado por um esgotamento. É quando D. Manuel Luís Coelho da Silva, Bispo de Coimbra, lhe entrega a Sopa dos Pobres, em 1932 que começa a revelar a sua verdadeira vocação. A partir daí não mais parou. Em Agosto de 1935 inicia as Colónias de Férias do Garoto da Baixa em Coimbra, estágio embrionário do que viria a ser posteriormente a Casa do Gaiato. Seguem-se Vila Nova do Ceira e Miranda do Corvo. A 7 de Janeiro de 1940, finalmente, o Padre da Rua funda a primeira Casa do Gaiato no lugar de Bujos, em Miranda do Corvo. A segunda Casa do Gaiato, no mosteiro beneditino de Paço de Sousa, seria o local escolhido, para o surgimento da Aldeia do Gaiato para acolhimento e alojamento de jovens a que se seguiria o Lar do Gaiato, no Porto.
(…) A Obra da Rua é consagrada ao Santíssimo Nome de Jesus, e o seu ex-líbris é o Quim Mau, o garoto de braços abertos que pede o amor do próximo. Em 1942, publica Obra da Rua. A 5 de Março de 1944, aparece o primeiro número do jornal O Gaiato, quinzenário da Obra da Rua, de que é fundador e director. Em 1950, sai a público o primeiro volume do livro Isto é a Casa do Gaiato.
Cortesia de Rui Cunha, administrador do blogue “portoarc.blogspot.com”




A “Obra da Rua” tinha a sua expressão prática na “Casa do Gaiato”, também chamada de “Aldeia do Gaiato”, que se destinava a fazer o acolhimento de crianças sem eira nem beira.
Em 25 de Maio de 1943, acontece o lançamento da primeira pedra da "Casa do Gaiato", em Paço de Sousa, aproveitando o Padre Américo, essa ocasião, para fazer a apresentação ao governador civil do distrito do Porto e ao presidente da Câmara do Porto das plantas das futuras instalações.  
Aqui, viriam a funcionar escolas e oficinas (carpintaria, serralharia e uma tipografia) e a acolher cerca de 200 rapazes (nos tempos mais recentes, esteve reduzida a pouco mais de duas dezenas), teve a sua génese numa primeira instituição fundada em Miranda do Corvo, Coimbra, em 1940.
A 4 de Janeiro de 1948, seria inaugurada a Casa do Gaiato de Lisboa, situada na quinta da Mitra, em Santo Antão do Tojal, em Loures.
A instituição arrancou sem ajudas do Estado e a ser assistida pelo apoio do povo anónimo.
Hoje, a protecção à infância e à juventude tem uma intervenção estatal que não existia há anos atrás e, por isso, a Casa do Gaiato e a obra a ela associada, perdeu o seu espaço inicial.



Entrada para a “Casa do Gaiato” em Paço de Sousa – Fonte: “portoarc.blogspot.com”



Casa do Gaiato em Paço de Sousa – Cortesia de Artur Machado



Capela da Casa do Gaiato em Paço de Sousa



“ (…) A cidade do Porto fornecia campo extenso de observações, sempre que por lá passava. Logo à saída da estação de S. Bento dava de cara com a chusma dos maltrapilhos, os cônsules da minha gente que, não sei porque bulas ou sinal, dirigiam-se a mim, confiados, a relatar as suas necessidades mais instantes - a grande, a única daquele momento comer! Eu conhecia mal a cidade; também não queria dar muito nas vistas. Trocava algumas palavras ligeiras o discretas com os farrapões e seguia-os a distância até à primeira tasca.
- Ali há iscas, senhor abade.
O pequenino da rua tem os sentidos apuradíssimos; eles são as suas armas de defesa. Com eles espreita, procura, foge. Vigia o tempo, as ocasiões, as pessoas. A rua é uma escola de acuidade, de precisão.
Daí a nada eu era conhecido da tropa e venerado. Já não é na estação é mais além, em sítio ermo, que o pequenino se aproxima e conta a sua tragédia. Sei aonde e como vive. «Eu fico nas retretes, senhor abade. » Sei da família. Sei dos costumes. É tal o desejo que eles experimentam de que alguém no mundo oiça a sua história, que as iscas e a tasca não têm lugar na conversa. É preciso lembrar-lhes:

- Queres comer? (…)
(…) Apareceu-nos a antiga cerca dos monges beneditinos de Paço de Sousa, a uns 30 quilómetros da cidade do Porto. Não a procurei. Estava ela de quedo à minha espera! Um incêndio havido, anos antes, levou os que ao tempo ali habitavam, a outras paragens. O musgo, as silvas, os morcegos, o abandono - estavam ali. Uma sentença do Supremo Tribunal de Justiça declarou que a propriedade não era património do Estado, tão pouco de quem a usufruía. Hoje, chama-se e é a Casa do Gaiato.
Em Abril do ano de 1943 tomei conta do espólio. Dias depois começava-se a demolir o antigo dormitório dos frades e, logo a seguir, na parte mais alta da cerca, dezenas de pedreiros cantavam às pedras das casas em construção.
Ardeu Tróia!: «O quê?! Demolir as sacrossantas pedras do convento e trazer a crápula para uma terra tão linda?! » Críticas, reparos, dúvidas, reticências, acusações lógica e natural reacção da mediocridade.
Em Maio chegam da Casa do Gaiato de Miranda do Corvo três pioneiras da Obra: o António, de Celorico; o Amadeu, de Elvas; e o Adolfo, de Coimbra. Instalamo-nos todos em uma dependência do antigo cenóbio que ficou de pé, para tradição. Compramos uma vaca, algumas aves domésticas e coisas de primeira necessidade. Cultiva-se um pequenino quintal, com sua horta e jardim. E vivíamos como Deus com os anjos.
Em Agosto chegam mais obreiros. Vêm da Casa-mãe. São os fundadores de Paço de Sousa. Por esse tempo, tomámos conta do amanho da quinta, foram-se embora os caseiros que a fabricavam. Compra-se mais gado, alfaias, sementes. Começamos a cultivar os campos na sua totalidade. Grandes jeiras de terra negra cobrem-se de tapetes de pão. (…)

(…) Entrementes, emergem da terra as primeiras moradias da nossa futura Aldeia. Aboliu-se o sistema de caserna por ser contra a natureza da criança. Constroem-se vivendas de ar e luz, para famílias de 9, de 14 e de 20 rapazes. Uma Casa que verdadeiramente interesse os seus simpáticos e irrequietos habitantes. Que lhes inspire amor ao asseio. (…)
(…) A ideia de um quinzenal que dissesse ao mundo quem somos e onde vivemos, depressa tomou forma; e O GAIATO espalhou-se num instante. É devorado: «Eu leio de ponta a ponta», eis a exclamação dos assinantes que se apresentam por carta ou de viva voz. Gaiatos dos nossos vão às cidades vender. O Povo fulmina-os com perguntas de toda a ordem. Trazem assinantes. Trazem donativos. Provocam o espanto:
- Mas como pode ser isto?!
- Olhe, vá a Paço de Sousa - respondem os mais finórios.
A cidade do Porto pára, escuta, medita, determina-se. É-nos oferecido o edifício da Capela. O senhor a quem o fui pedir só teve uma palavra: «Muito obrigado por se ter lembrado de mim». Da mesma sorte e pelo mesmo preço, veio um donativo de 40 contos para o edifício da nossa enfermaria. O das oficinas seguiu na mesma esteira.
Ai! Porto, Porto, quão tarde te conheci!
Padre Américo, In “Obra da Rua”


Em 13 de Dezembro de 1944, dá-se a inauguração do Lar do Gaiato do Porto, na Rua D. João IV, 682, que juntamente com os lares de Coimbra, Lisboa e Setúbal daria maior dimensão à “Obra da Rua”.



“Foi nos derradeiros tempos de 1944. A necessidade de uma residência no Porto fazia-se sentir. Tínhamos já examinado outras casas, noutras ruas, mas nenhuma como esta da Rua D. João IV oferecia vantagens e conveniências.
Num instante se deram as voltas do estilo e o Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, a quem pertence a vivenda, disse sim. Comprou-se mobília adequada. Arranjou-se governante idónea. Regulou-se a questão dos abastecimentos com o Delegado da Intendência dos mesmos, que nestes tempos de fortuna de dinheiro chegou a fome de pão.
Uma vez colocadas as coisas no seu sítio, foram ocupar também o seu, na nossa residência, os pioneiros da Obra. Entrámos no dia 3 de Fevereiro de 1945”.

Fonte: “obradarua.pt”



“A Obra da Rua, fundada pelo saudoso Padre Américo, foi sempre muito querida e apoiada pelo nosso Bispo.
Costumava visitá-lo com assiduidade, pois era a ele, e só a ele, que entendia dever prestar contas.
Padre Américo sempre quis que a sua Obra estivesse ligada às dioceses onde tinha as suas casas, mas de um modo muito especial à Diocese do Porto, pois era aqui que tinha a sua sede e onde ele vivia.
Nas horas mais difíceis era a ele que recorria o “Pai dos Pobres” e trazia sempre o seu apoio, compreensão e orientação.
Na grave crise que antecedeu e se seguiu à morte do Padre Américo, D. António actuou de forma muito firme e decisiva para que a Obra da Rua não desaparecesse.
Foi ele que impôs o Padre Carlos Galamba como Superior da Obra da Rua, a pedido de Padre Américo num importante encontro com D. António, poucos dias antes da sua morte. (…)
Cortesia de Rui Cunha, administrador do blogue “portoarc.blogspot.com”




Cabeçalho do quinzenário “O Gaiato”surgido pela primeira vez, em 1944



Padre Américo entregando uma casa no âmbito do programa “Património dos Pobres”





A obra assistencial denominada “O Calvário” foi o resultado de uma doação, em 1954, da Quinta da Torre, em Beire, Paredes.
Aí, o Padre Américo instalou uma casa para doentes incuráveis, cuja finalidade era dar um fim de vida digno e feliz aos doentes pobres e abandonados, tendo dotado ainda o complexo, com mais uma “Casa do Gaiato”, a que se segue, uma outra em 1955, em Algeruz, Setúbal.



Entrada da “Obra do Calvário” em Beire, Paredes – Fonte: Google maps



Espigueiro da Casa da Quinta da Torre, em Beire, em 1955, que daria lugar, mais tarde, a um templo para culto – Fonte: “aoencontrodopassado.blogs.sapo.pt”



A Capela do Espigueiro na Quinta da Torre – Cortesia de “manueljosecunha.blogspot.com”



Funeral do Padre Américo - Fonte: “portoarc.blogspot.com”



Em 1969, após o seu regresso do exílio e alguns anos depois do falecimento do Padre Américo, D. António Ferreira Gomes (Bispo do Porto), visita a “Casa do Gaiato”, em Paço de Sousa, vendo-se à sua direita o Padre Carlos Galamba - Fonte: “portoarc.blogspot.com”



Dentro da Casa do Gaiato já houve escolas, mas, hoje, apenas restam as oficinas: uma carpintaria, uma serralharia e uma tipografia para formar os gaiatos num ofício e para criar hábitos de trabalho. É graças a elas que surge uma das fontes de receita, a outra, são as ajudas.
"Não temos nenhum acordo com o Estado, mas temos as pessoas. O povo conhece a obra, compreende-a, ama-a e ajuda-a."



Estátua do Padre Américo na Praça da República da autoria de Henrique Moreira – Ed. Graça Correia