quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

25.221 Um velódromo escondido no centro da cidade

 
 
“A primeira corrida de bicicletas disputada em Portugal decorreu entre a Alameda de Matosinhos e o Castelo da Foz, pelo caminho de Carreiros (actual Av. Montevideu e Av. Brasil) no dia 18 de Julho de 1880.
Foi organizada pelo Club Velocipedista Portuense, fundado poucos meses antes, a 9 de Março desse mesmo ano, nascido do grande entusiasmo que as bicicletas vinham provocando na cidade. Teve este clube a sua primeira sede em pavilhão anexo ao edifício da Companhia do Caminho de Ferro instalada na Rotunda da Boavista, mais tarde transferindo-se para edifício com os nº35/37 no Campo dos Mártires da Pátria na esquina com a rua da Restauração e onde durante muitos anos funcionou uma loja de bicicletas”.
In site: “portoantigo.org”
 

 
“Em 9 de Março de 1880, um grupo de rapazes fundava no Porto o Clube Velocipedista Portuense, a primeira agremiação velocipédica do nosso país, e em 18/7 o referido clube organizava a primeira corrida de velocípedes que houve em Portugal; em Lisboa só se organizaram alguns anos depois. A corrida foi em estrada, contra cronómetro, entre a Alameda de Matosinhos e o Passeio Alegre da Foz (cujo vencedor foi Aurélio Vieira que fez o percurso em 13 minutos e 8 segundos, em estrada com muito trânsito e mal cuidada…).
Foi tão grande o seu êxito, que em Novembro seguinte se organizaram novas corridas – as chamadas “corridas de Outono” desta vez na Rotunda da Boavista.
Os jornais da época falaram, com espanto, do elevadíssimo número de pessoas que ali se juntou para presenciar as lutas que se travaram na improvisada pista; do extraordinário movimento de trens, de nunca vista afluência de gente nos Americanos, da grande quantidade de senhoras da nossa primeira sociedade que acorreu à função”. 
Fonte: Artur de Magalhães Basto em “O Tripeiro” Série V, Ano V
 
 
 
 

Corridas na Rotunda da Boavista - Ed. “O Sorvete”
 
 
 

Emblemas do Clube Velocipedista Portuense

 
 
Com o decorrer dos anos, o Club Velocipedista Portuense passa por alguns problemas, já que, três anos após a sua fundação, surge a rivalizar com um outro clube, o Club de Velocipedistas do Porto, com sede na Rua do Laranjal, fundado em 28 de Outubro de 1883.  Entre aqueles problemas, destacavam-se as dissidências com Augusto Pereira da Costa, que seria, mais tarde, vereador da Câmara do Porto.
Em 1893, sob a orientação do Club Velocipedista do Porto, vai surgir uma revista dedicada à velocipedia, intitulada "O Velocipedista", cujo 1º número saiu em 1 de Março.
Com periodicidade quinzenal, publicou-se até 15 de Dezembro de 1895, sob a direcção de Vidal Oudinot e Alberto Bessa.

 
 
 


 
 
 
Em 1894, já ambas agremiações tinham desaparecido, naturalmente, surgindo o Real Velo Club do Porto, onde os apaixonados pela nova modalidade desportiva se agruparam.
Entre os sócios do novo clube, está o Infante D. Afonso, irmão do rei D. Carlos.
 
 
 

Emblema do Real Velo Club do Porto
 
 
 
 
 
“A notícia já é conhecida de uma parte intelectual da cidade do Porto, dos seus historiadores, dos homens que nos transmitem e investigam tradições, culturas, usos e costumes, reconstruindo um passado longínquo, pleno de vida, muitas vezes escondido e esquecido.
O ciclismo foi, nos finais do século dezanove¸ uma modalidade das élites, e compreende-se, não haviam meios motorizados de deslocação, e a bicicleta permitia aos seus utilizadores uma certa ascensão social.
Vários velódromos foram construídos por todo o país, alguns completamente desaparecidos, aos quais se perderam rastos, como o velódromo da Quinta de Salgueiros, do velódromo da Serra do Pilar, sabe-se que existiram mas não existem vestígios que nos permitam ver, ou pelo menos “ sentir” que ali, naquele local existiu algo que nos ligue ao ciclismo.
Estamos, como é óbvio, a falar da cidade do Porto, a mui nobre e leal cidade, de muitas lutas e tradições, e de um velódromo escondido, vergonhosamente, diria ocultado e esquecido, e mais grave, destruído e vilipendiado.
Os museus terão mais valor quando são “vivos”, isto é, conservam a integridade dos usos e costumes de determinada época e, nada mais visível seria, se o velódromo rainha D. Amélia tivesse sido conservado no seu lugar, respeitado o seu passado e não fosse destruído para que, no seu lugar fosse reconstruído o tal museu “morto”, com salas de chã, espaços de aluguer, destruindo-se o que de importante mais representava para a cidade do Porto.
Escondeu-se, destruindo um velódromo que, em três voltas se percorria um km, como mandam as regras internacionais. Isto é, um velódromo de 333.3 metros, em plena cidade do Porto, uma cidade onde as estruturas desportivas não abundam e onde os monumentos são vilipendiados.
Um espaço que fez falta á cidade, numa zona carente de instalações desportivas que permitam a prática desportiva de lazer.
É verdade, o velódromo rainha D. Amélia é um monumento, destruído grosseiramente, por quem não teve respeito pela história e passado da cidade e da história do desporto.
O Velódromo Maria Amélia foi o maior recinto desportivo do Porto na primeira década do século passado, como palco da modalidade que os tripeiros mais acarinhavam quando se começaram a interessar por desporto. Parte das suas instalações mantiveram-se intactas até hoje, o local onde está instalado é quase um segredo, e a grande maioria dos habitantes da cidade desconhece a sua existência num local tão nobre como as traseiras do museu Soares dos Reis e perto do Palácio de Cristal e do hospital de Santo António.
O Velódromo do Porto surgiu em 1895, fruto da doação por parte do rei D. Carlos, no ano anterior, de um terreno ao Real Velo-Club do Porto para a prática do ciclismo. Uma prenda integrada nas comemorações do V centenário do infante D. Henrique.


 
 

A corveta Sagres passando no cais do Bicalho, em 4 de Março de 1894, durante as comemorações henriquinas, nas quais participou o rei D. Carlos, ocasião em que foi feita a oferta de um terreno para construir um velódromo
 
 
 
 
 
Não era o primeiro espaço na cidade ou arredores que recebia provas de amadores ou profissionais deste desporto. O primeiro estava instalado na Quinta de Salgueiros e pertencia ao Clube de Caçadores do Porto. Posteriormente, na serra do Pilar, construiu-se o primeiro Velódromo D. Amélia, assim baptizado em homenagem à mulher do rei, mas, com o levantamento de um outro instalado no jardim do palácio dos Carrancas, viria este, a chamar-se velódromo Maria Amélia, passando a estrutura de Gaia a ter o nome de Príncipe Real.
 
 
 

O Velódromo Maria Amélia - Foto de José Zagalo Ilharco
 
 
 
 
O Velódromo Maria Amélia, instalado no jardim do palácio dos Carrancas, propriedade da família real desde 1861 e local onde esta costumava pernoitar quando se deslocava à cidade, honrando a figura da Rainha D. Maria Amélia de Orleães, é o actual Museu Nacional de Soares dos Reis. O estádio ficou situado nas suas traseiras, no interior de um quarteirão, o que o resguarda de qualquer olhar mais indiscreto e o torna quase desconhecido.
As portas do Velódromo do Porto encerraram em 1910 com a implantação da República e a ida do rei D. Manuel II para o exílio. O espaço foi doado à Misericórdia, mas, o Estado, pelo Dec. Lei nº. 27878 de 21/7/1937, expropriou este palácio à S. C. da Misericórdia. O espaço do Velódromo do Porto é hoje denominado Jardim da Cerca e integra as instalações do Museu Soares do Reis. Aí encontram-se em exposição alguns dos brasões das antigas casas senhoriais do Porto. O terreno foi objecto da última requalificação no contexto da “Porto’2001, Capital Europeia de Cultura”, numa criação do falecido arquitecto portuense Fernando Távora, que fez questão de preservar integralmente alguns dos elementos da centenária instalação desportiva. Assim, sem grande esforço, ao nível do solo são perfeitamente visíveis as duas curvas da pista, com os respectivos relevos. Uma recordação do primeiro espaço desportivo do Porto, que permite imaginar as loucas corridas que aí se disputaram e os 25 mil adeptos que a elas assistiram...Inaugurado o velódromo em 1895, ali se realizaram muitas corridas e demonstrações desportivas, incluindo a primeira corrida de motorizada realizada em Portugal.
Hoje em dia está fechado, destruído, perdendo-se um monumento dos poucos que todos nós poderíamos utilizar, como o mais antigo recinto desportivo da cidade do Porto”.
In Jornal Ciclismo em 2013/02/11


 
 

Vista aérea, actual, do que resta do velódromo Maria Amélia - Fonte: Google Maps


 

Vista aérea do velódromo em 1937
 
 
 
 

Curva da pista ainda observável no topo a poente – Fonte: Biclanoporto



 
Velódromo Maria Amélia em dia de corridas

 
 

Alfredo Vieira Pinto de Vilas-Boas, conde Paçô Vieira, Presidente da Direcção, junto à bancada do Real Velo Club do Porto (RCVP), localizado nas traseiras do actual Museu Nacional de Soares dos Reis - Foto pintada em original de José Zagalo Ilharco

 
 
 
O ciclista acima fotografado enverga o uniforme do RCVP: casaco, calções e boné de flanela cinzenta e camisola às riscas.
O autor das fotos, José Zagalo Ilharco foi um dos sócios fundadores  e director do RVCP.
 
 
 
No jornal «O velocipedista», em 1895 escrevia-se:
«Real Velo Clube: Esta agremiação, tenciona inaugurar o seu velódromo, na quinta do Paço real d/esta cidade, que lhe foi concedida para esse fim por S. M. el-Rei, por ocasião das festas do centenário do Infante D. Henrique. O distinto engenheiro snr. Esteves Tomás, que é o segundo secretário do Club, já está levantando a respectiva planta da Quinta para esse efeito.»
 
 
 
 
Não foi só no ciclismo que o Real Velo Clube desenvolveu a sua actividade.
Assim, em 8 de Dezembro de 1897, o Real Velo Clube levou a efeito um jogo de “foot-ball”, desporto que começava a despontar, como nos narra o texto seguinte publicado na revista “O Tripeiro”.
 
 
 


 
 
Em 15 de Março de 1898, o Real Velo Clube realizava no Palácio, com grande concorrência, uma nova sessão de patinagem, modalidade desportiva que começava a despertar a atenção, principalmente, dos meios elegantes do Porto.

 
 
 

Chalet existente no Palácio de Cristal situado perto da gruta

 
 
No “chalet” da gravura, onde esteve o “Café Chalet”, a partir de 1894, foi a sede do Real Clube Velo de Ciclismo, antes de ser transferido para as traseiras do Palácio dos Carrancas, para junto do velódromo Maria Amélia.
Em 15 de Janeiro de 1905, o "chalet" foi alvo de um grande incêndio e foi quase totalmente destruído.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

25.220 Farmácias com história

 
Farmácia Moreno
 
No Largo de S. Domingos, mesmo encostado ao local em que esteve a fonte encimada pelo brasão (a Fonte do Largo de S. Domingos) encontra-se, ainda hoje, um estabelecimento icónico. Trata-se da Farmácia Moreno.
 
A Pharmácia e Drogaria Félix & Filhos começou a funcionar em 1804 no Largo de São Domingos, onde ainda hoje se mantém, como uma “botica” (designação comum no século XIX) que tratava maleitas através da produção e venda de produtos de origem vegetal e mineral, desde pós e ervas a extratos de plantas.
Quando há 210 anos abriu portas, farmácia ainda se escrevia com “ph” e a Moreno ainda não pertencia à família que lhe deu a designação. Em 1928, mais de um século após a fundação, o médico e farmacêutico António Moreno adquiriu o estabelecimento e a farmácia ganhou reputação através da produção de medicamentos e campanhas de publicidade nos jornais da cidade. Fórmulas exclusivas foram produzidas nos laboratórios dos pisos superiores do edifício de cinco andares no centro histórico do Porto, onde havia dezenas de técnicos especializados e onde ainda hoje se conservam em exposição artefactos de outros tempos, como máquinas de misturar pós e de encher pomadas e xaropes.
 
 

Fachada da Farmácia Moreno


 
O laxante Doce Alívio e o calicida Dr. Moreno resistiram aos tempos e hoje são comercializados por todo o País. Tal como noutros tempos o foram os pós indianos Dr. Moreno para a asma, ou as pastilhas vegetais de Moura para os “males de estômago” e outros medicamentos criados de propósito em tempos de guerra, por exemplo, quando havia surtos de doenças venéreas.
Por trás da bela fachada de ferro ao estilo Arte Nova, encimada pelo símbolo de Hígia (taça que representa a cura) com uma serpente (da sabedoria), surgiam fórmulas inovadoras ao longo de décadas. Porém, há cerca de 40 anos, a produção teve de mudar de instalações devido às exigências da legislação, “que obrigou a implementar métodos de fabrico e de controlo mais avançados”.
Com a devida vénia a Sérgio Pires, In Diário de Notícias


 

No fim do século XIX, a farmácia era conhecida por Pharmacia de S. Domingos

 
 
Na década de 80 do século XX a farmácia mudou de mãos, mas os novos donos mantiveram a designação da firma, como Farmácia Moreno que, na sua fachada, apresenta elementos de decoração de estilo arte-nova.
Embora a zona comercial de atendimento público esteja a nível térreo, antigamente a farmácia desenvolvia-se por todos os andares do prédio, pois neles eram confeccionadas as diversas drogas e remédios.
Como curiosidade, O Jornal “O Oriente” em 19 de Fevereiro de 1858 publica um anúncio a Chocolates Medicinais da Farmácia de Félix da Fonseca Moura na Rua de S. Domingos.
 
 
 
Farmácia Estácio
 

A Farmácia Estácio foi inaugurada em 1924 e encontrava-se na Rua de Sá da Bandeira nº 120.

 
 

A Farmácia Estácio é, agora, uma agência bancária - Fonte: Google Maps


 
“A Farmácia Estácio, situada na Rua Sá da Bandeira no Porto, deve o seu nome a Emílio Faria Estácio (1854-1919), farmacêutico da Universidade de Coimbra.
Nos armários da farmácia, estão representados os bustos de ilustres farmacêuticos e químicos, que ocuparam cargos de destaque nas instituições do Porto, no início do século XX. No final dos anos 40, surgem anúncios à balança falante da Farmácia Estácio, tornando-se um ex-libris da baixa portuense dessa época, chegando mesmo a formarem-se filas à sua porta a fim de se pesarem. O cliente subia para a balança e o seu peso era-lhe transmitido por uma funcionária “escondida” no piso inferior. Nos anos 70, a afluência era de tal ordem que existia uma funcionária destacada unicamente para este serviço. Em 1975, um fogo de grandes proporções na Rua Sá da Bandeira, atingiu a Farmácia Estácio e destruiu grande parte do seu interior, incluindo a célebre balança”.
Fonte: portoarc.blogspot

 
Em 1883, Emílio Estácio funda a Farmácia Estácio no Rossio em Lisboa e, em 1888, a Fábrica a Vapor de Produtos Químicos e Farmacêuticos. Foi, ainda, fundador da Companhia Portuguesa de Higiene (CPH) em 1891, onde esteve até 1908 como director. Em 1913, a CPH passou a sociedade por quotas com novos sócios e Emílio Estácio seria afastado, tendo-se estabelecido com uma farmácia na Rua de Santa Marta com o nome de Estácio & Filhos.
Em 1924, a CPH abre uma sucursal no Porto denominada Farmácia Estácio cujo director-técnico é um dos sócios, João Augusto dos Santos.
Em 1926, a Farmácia Estácio do Porto deixa de pertencer à CPH e, em 1943, é feito o primeiro registo no grémio das Farmácias.
Em 1935, já existiam os Laboratórios Estácio do Porto, fabricando produtos “galénicos e injectáveis” sobre a direcção-técnica de Manoel Rodrigues Ferro, assistente da Faculdade de Farmácia do Porto.
Os armários Farmácia Estácio são encimados por medalhões com os bustos de farmacêuticos ou cientistas de destaque da cidade como, Agostinho da Silva Vieira, António Joaquim Ferreira da Silva, Moraes Caldas, Flores Loureiro, Manoel Nepumoceno e Raúl Frias.




Publicidade à balança falante
 
 
 

Reconstituição da Farmácia Estácio, no Museu da Farmácia
 
 
 
Farmácia Lemos
 
 

Farmácia Lemos

 
 

Interior da Farmácia Lemos


 
A Farmácia Lemos situa-se na Praça Carlos Alberto, 31.
A sua fundação data de 1780, pertencendo desde essa época até 1801, aos Frades Carmelitas do Carmo.
Em 1801 (data da fundação do Hospital do Carmo), passou a ser propriedade da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo.
Em 1862, adquiriu-a Joaquim Baptista de Lemos.
Em 1889, associou-se seus filhos António Baptista de Lemos e Joaquim Baptista A. de Lemos.
Em 1892, ficaram só os dois últimos (por falecimento do primeiro).
Em 1928, ficou a ser dirigida pelo sócio António Baptista Lemos e pelo Gerente Técnico J. J. Fernandes Pinto (farmacêutico).
Em 1931, por falecimento de António Baptista de Lemos, ficou seu director Augusto de Lemos.
Em 1963, por falecimento de Augusto de Lemos ficaram directores seus filhos D. Maria de Lurdes de Lemos Rodrigues e António de Lemos. A direcção técnica é exercida por Dr. A. Luís Moreira (Farmacêutico).
Em 1984, adquiriu-a a farmacêutica Maria Idília Gomes Alves de Oliveira como proprietária e Directora Técnica.
Primeiro, em 1991, depois em 2005, sob a mesma direcção, a farmácia é totalmente remodelada.
Pinho Leal refere a botica da ordem no seu Portugal Antigo e Moderno:
“No edificio que defronta com a praça de Carlos Alberto (Feira das Caixas) está o rico hospital da ordem terceira do Carmo, no pavimento superior. Nos baixos, está a botica da ordem, e ricas lojas de commercio”. 
 
Durante muitos anos, a Farmácia Lemos foi conhecida por publicitar e vender a Fosfiofoglicina.
 
 
 

Publicidade à Fosfiofoglicina


 
 
 Farmácia Birra
 
 
Esta farmácia localiza-se na Praça da Liberdade, 124, desde os finais do século XIX, vinda do Largo dos Lóios.

 
 

Farmácia Birra, c. 1933, entre o café Suíço (na esquina, a meio da foto) e o café Central, que estará pronto a encerrar para ser substituído pelo café Imperial

 
 
O edifício da Farmácia Birra, que alberga também o café Suíço, foi intervencionado a partir de 1928.
 
 
 

Anúncio à Farmácia Birra, no jornal República, de 31 de Janeiro de 1932



 

Farmácia Birra  junto ao café Imperial, em 1937, que substituiu o café Central – Fonte: AHMP

 
 
O edifício do café Imperial foi construído entre 1933 e 1936, sendo inaugurado em Maio deste ano.


 
 
Farmácia Vitália
 
 


Farmácia Vitália - Ed. Google Maps


 
 
A Farmácia Vitália fica situada em plena baixa portuense no velho Palácio das Cardosas. A sua fachada é uma incrustação de ferro e vidro, do estilo art-déco, desenhada em 1932, pelos arquitectos Amoroso Lopes e Manuel Marques.
Foi inaugurada a 23 de Março de 1933, pela sociedade Comercial Farmacêutica. Desde então, o nome da sociedade mantém-se, mas os sócios têm vindo a mudar. Actualmente, é dirigida pelo Dr. Armindo Cosme, como director técnico e pelo Dr. Paulo Pinho.
As instalações da farmácia eram anteriormente ocupadas pelo Banco Pinto da Fonseca & Irmão que viria a abrir falência em 1933.

 
 
 
Botica do Hospital Real de Santo António
 
 
 

Botica do Hospital de Santo António


 
“A Botica da foto acima faz parte do Museu do Centro Hospitalar do Porto, que está instalado no Hospital de Santo António
Era ali que funcionava a "Botica do Hospital Real de Santo António", onde se fabricavam os remédios para os pacientes do Hospital e também para venda ao público. Uma sala com um histórico de 200 anos. Onde podemos conhecer o seu desenho oitocentista com um raro conjunto de armários de botica.
Há ainda um espaço dedicado à Farmácia do Hospital Joaquim Urbano, um hospital dedicado à doenças infecciosas. E na sua farmácia eram manipuladas  inúmeros medicamentos destinados principalmente ao tratamento das diversas epidemias que foram surgindo no decorrer da história.
Ali encontramos diversos elementos ligados à produção de vários medicamentos para o tratamento hospitalar destas doenças infecciosas”.
Fonte: “oportoencanta”

 
 

Outras Farmácias e Similares
 
 
A Farmácia Antiga da Porta do Olival situa-se na freguesia da Vitória, no Campo Mártires da Pátria, 122.


 
Farmácia Antiga da Porta do Olival
 
 
 

Interior da Farmácia da Porta do Olival - Ed. “O Tripeiro”



«O primeiro registo referente à nossa farmácia data de 15 de Fevereiro de 1477 quando “um quarto de chão com casa” situado na Porta do Olival foi “emprazado” a um boticário, Afonso Pais, por um período perpétuo.
Posteriormente, em 1825, foi publicado um aviso, em Diário do Goberno do Império do Brasil, referenciando a nossa farmácia como “uma botica da rua de S. Pedro (…)no Porto, dentro da Porta do Olival” na qual “há hum surtimento das verdadeiras pirolas de família, da receita do falecido Boticário António Pereira de Mesquita (…) as quais vender-se-hão muito enconta.”
A farmácia passa ser da família Lemos Ferreira em 2011».
Fonte: farmaciaantiga.pt




A Farmácia Almeida Cunha, Lda - Antiga Farmácia do Bolhão situa-se na Rua Formosa nº 329.
 
 
 
Antiga Farmácia do Bolhão

 
 
“Frente ao Mercado do Bolhão no Porto, a Farmácia Almeida Cunha abriu portas em 1890. Desde logo, notável pela produção de fórmulas originais, a botica de Joaquim Almeida Cunha produzia entre outros alívios um penso gástrico elogiado pelas gentes. Mas, nem só pelo afamado produto a Farmácia do Bolhão se tornou conhecida...
No estabelecimento era possível adquirir curas para muitos outros males como, por exemplo, «a prodigiosa injecção anti-hemorrágica», ou ainda vaidades como a loção para o cabelo. Estas e muitas outras fórmulas alinhadas num verdadeiro tratado manuscrito pelo farmacêutico Almeida Cunha fazem parte do testemunho que constitui o espólio do centenário estabelecimento.
Adquirido em 1996 por Teresa Figueiras, directora e técnica responsável pela Farmácia do Bolhão, o estabelecimento possui importante acervo. Inapropriadas para as exigências actuais do estabelecimento, as vitrines embelezam agora a secção de ortopedia que, desde a data de abertura, foi uma das áreas onde a Farmácia Almeida Cunha mais se notabilizou tendo, de resto, ficado conhecida pelo seu engenho em pôr os «pés direitos» às gentes da Invicta.
Igualmente conhecida era a venda na Farmácia do Bolhão de argila com propriedades terapêuticas. A comercialização deste produto durou até meados dos anos 80 sempre com grande popularidade. No entanto, as normas impostas pela União Europeia e o reconhecimento da ausência de condições para manter esta venda levaram ao fim deste comércio.
Em termos de documentação escrita, a herança do estabelecimento conta com publicações várias do «Formulário e Guia Médico» editado na cidade do Porto, sendo o mais antigo datado de 1935. Aqui podemos ler fórmulas atribuídas à botica situada frente ao Bolhão. No entanto, não é este o livro mais vetusto entre os existentes na Farmácia Almeida Cunha... Essa honra cabe, pelo contrário, à sétima edição francesa do «Formullaire des Nouveaux Remèdes» de 1893, revista pelo Dr. G.Bardet e publicada por Octave Don Editeur”.
Cortesia de ”farmaciaalmeidacunha.com/”




A Farmácia Falcão situava-se na Rua de Santo Ildefonso nº 61, no antigo sítio da Pocinha.
 
 
 
Publicidade à Farmácia Falcão

 
 
Pasta Medicinal Couto, Restaurador OLEX, Petróleo OLEX e Fundação Couto
 

A firma, Flôres e Couto sedeada no Largo de S. Domingos nº 106/108, foi criada no Porto em 1918, pelo gerente de farmácia, Alberto Ferreira do Couto em colaboração com um amigo dentista, que o incentivou a fabricarem uma pasta de dentes.
Em 1931 Alberto Ferreira do Couto, casado com Maria da Conceição Couto, tornar-se-ia o único administrador, sendo a designação alterada para Couto Lda.

 
 

"Farmácia Couto", no Largo de S. Domingos (próximo à Rua Mouzinho da Silveira) - Fonte: Acervo fotográfico de "Couto, S.A"
 
 
 
A fórmula da "Pasta Medicinal Couto" foi registada em 13 de Junho de 1932, altura em que a sua administração da firma subjacente, passa a ser da exclusiva responsabilidade de Alberto Ferreira do Couto. Desde aí que a agora “Couto, Lda.” foi passando de geração em geração, mantendo a tradição e os valores familiares que sempre a caracterizaram.
O produto nasceu para lavar os dentes, visando evitar, nomeadamente, as infecções das gengivas, sendo também importante para combater os malefícios da sífilis, uma doença proveniente de relações sexuais, que “maltratava as gengivas e em consequência os dentes.”
A pasta Couto é elaborada com 15 ingredientes, como água, glicerina, sódio, cálcio, o eugenol (desinfectante com qualidades bactericidas), hortelã-pimenta, mentol ou cloreto de potássio e outros ingredientes.
Após a morte do único proprietário, o negócio manteve-se na família, sendo gerido pelo seu sobrinho Alberto Gomes da Silva, já que a única filha do casal Couto, faleceu ainda jovem.
Em Novembro de 1996, a firma Couto Lda, transforma-se em Sociedade Anónima, alterando o nome para Couto S.A..
Em 2001 a marca nacional “Couto - O dentífrico que evita afeções da boca”, teve um momento em que foi obrigada a alterar, por causa de regras da União Europeia, o nome “Pasta Medicinal Couto” para “Pasta Dentífrica Couto”.
Actualmente, mais de 500 mil bisnagas de pasta “Couto” são produzidas anualmente a partir de uma área da zona industrial da UTIC em Vila Nova de Gaia, sendo que 10 por cento dessa produção segue para exportação. Itália e EUA são os principais destinos estrangeiros do dentífrico.


 

Embalagem da Pasta Medicinal Couto



 

Publicidade à Pasta Medicinal Couto – Fonte: “couto.pt”

 
 
"Palavras para quê? É um artista português e só usa Pasta Medicinal Couto!" Dizia o anúncio televisivo e das telas de cinema nos anos 70 do século passado, e que ficou na memória de muitos.
Por sua vez o “Restaurador Olex” e o “Petróleo Olex” são produtos para usar no tratamento do cabelo, e eram produzidos há uns largos anos, numa farmácia da Praça da República por um cidadão brasileiro.
Na década de 60 do século passado, Alberto Ferreira do Couto acaba por comprar a farmácia e passa a produzir aqueles produtos.
No que diz respeito ao restaurador, como primitivamente continha acetato de chumbo, foi entretanto proibido o seu uso, e teve que ser encontrada uma nova fórmula para o seu fabrico.

 
 

Embalagens do Olex Petróleo e do Restaurador Olex

 
 

Publicidade ao Petróleo OLEX e Restaurador OLEX – Fonte: “couto.pt”

 
 
Alberto Ferreira do Couto e Maria da Conceição Couto que habitavam desde 1921 até 1963, uma vivenda no nº 2223 da Avenida da República em Vila Nova de Gaia, acabariam por resolver colocar a moradia desabitada à disposição da freguesia de Mafamude para ser utilizada como creche e infantário, tendo-se inaugurado em 1967 o que foi inicialmente denominado “ Regaço de Maria “. O casal Couto decidiu, então, constituir, a 11 de Abril de 1974, uma fundação.

 
«Fundação sem fins lucrativos afectando desde logo à Instituição para além da sua vivenda implantada num terreno com cerca de 4.000 m2 na Avenida da República em Vila Nova de Gaia, um prédio com lojas e oito andares na Avenida de Roma em Lisboa, e um prédio de rés do chão e cinco andares na Rua Duque de Loulé no Porto, ambos totalmente arrendados e cujo proveito das rendas era suficiente para a Fundação cumprir o seu objectivo:  “prestar assistência a crianças pobres ou remediadas, sem olhar a ideias politicas ou confessionais, ou preconceitos de raça ou de cor das assistidas e seus familiares” .
Em 2 de Maio de 1975 é atribuída utilidade pública Administrativa à Fundação Couto, e em 21 de Setembro de 1982 a Fundação passa a estar registada na Direção Geral de Ação Social no Livro 1 das Fundações de Solidariedade social. Com a publicação do Decreto-Lei nº 119/83 de 25 de Fevereiro, a Fundação Couto passa a ter o estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social.
A Fundação Couto celebra então acordos de cooperação com a Segurança Social, inicialmente na valência de creche e Jardim de infância, e posteriormente na Valência de ATL. 
Em 1982 dá-se inicio à construção de dois novos edifícios que vão dotar a Fundação Couto com 9 salas de aulas, refeitório, Ginásio e Piscina.
Mais recentemente em 2005 procedeu-se a uma total remodelação quer dos espaços interiores quer dos espaços exteriores da Instituição, construindo-se de raiz um novo edifício destinado aos serviços administrativos, sala de professores e ludoteca,  sendo que a vivenda original foi objecto de uma reconstrução total que passou pela implosão do seu interior, dando lugar a uma creche para 66 crianças ultra moderna.»
Fonte: “fundaçãocouto.pt”


 

Vivenda na Avenida da República em V. N. de Gaia da Fundação Couto – Fonte: Google maps


 
A “Couto” abriu, em 2018, na Rua de Cedofeita, nº 330, uma loja, onde os portuenses podem adquirir os produtos que conhecem, desde há décadas e onde poderão, os mais jovens, tomar contacto com a história da firma que se encontra plasmada, em diversos “placards”.
Nas prateleiras, estão expostos os produtos que trouxeram fama à “Couto”, acabando por constituir, o conjunto, um autêntico museu da marca.