quinta-feira, 10 de setembro de 2020

25.98 “O Tripeiro”



Em 2 de Janeiro de 1882, foi publicado um jornal diário com a denominação de “O Tripeiro”, dirigido por Diogo do Couto e Diogo de Macedo e propriedade de L. A. Guerreiro Lima.
Era impresso na Tipografia Aliança, na Travessa de Cedofeita, nº 57, onde também estava sedeada a redacção. Pretendia ter uma acção no campo político, literário e noticioso.
Assim como apareceu, desapareceu.
A revista “O Tripeiro”, que ainda hoje está nas bancas e com grande pujança, foi fundada em 1908. 




Cabeçalho do 1º número (de sempre) de “O Tripeiro”, provisoriamente, com a administração e a redacção na Rua da Fábrica, nº 39, sendo que, passados poucas semanas já estava sedeada na Rua Formosa, nº 199



Apareceu como revista cultural e da cidade do Porto e, ainda é, assim, que os actuais responsáveis a definem.
Em mais de 100 anos, o que mudou foi o público, fruto, também, de uma mudança na abordagem dos assuntos da cidade nas páginas da revista.
Com alguns hiatos na sua publicação, vai hoje na VIIª série e os seus números são, cronologicamente, os que seguem, entre a data da fundação e o ano de 1974:


1.ª série (“O Tripeiro”: repositorio de noticias portucalenses)
Ano I, n.º 1-36 (1908-1909); ano II, n.º 37-72 (1909-1910); ano III, n.º 73-108 (1910-1913).
2.ª série
ano I, n.º 1-12 (1919).
3.ª série
n.º único (1925); ano I, n.º 1-24 (1926); ano II, n.º 25-48 (1927); n.º especial 49 (1928); e n.º 50 (1930).
4.ª série
n.º 1-12 (1930-1931).
5.ª série  (“O Tripeiro”: revista mensal de divulgação e cultura, ao serviço da cidade e do seu progresso)
anos I-XV, n.º 1-12 (1945-1960).
6.ª série  (“O Tripeiro”: revista mensal de divulgação e cultura, ao serviço da cidade e das suas tradições)
anos I-XIII, n.º 1-12 (1961-1972); n.º especial ano XIII (1973) e XIV (1974).


Em resumo: entre 1908 e 1974, são publicados 6 séries, em 36 anos e 508 números.
Alfredo Ferreira de Faria (1867-1930) foi o impulsionador do periódico, trimestral, que se definia como “O Tripeiro”: repositorio de noticias portucalenses”.


“O próprio fundador era o principal subscritor da maioria dos artigos, por vezes simples transcrições de notícias na imprensa e de livros de historiadores ou literatos coevos e perecidos, contando-se como redatores mais assíduos: Alberto Bessa, J. Gomes de Macedo, Pedro Victorino, Alberto Pimentel ou Silva Leal. Ao nível gráfico acompanhando o gosto da época, com destaque para as ilustrações e litografias de relevantes artistas, ficava matizado na capa o brasão da cidade e três divisas: «Pelo Porto» (Club Fenianos), «Honra e Fama» (Club Girondinos) e «Recordar-se, consolar-se» (A. Herculano).
(…) Não se olvidava também o desejo de que tais apontamentos importantes e fidedignos pudessem servir como material documental para o desenvolvimento de trabalhos historiográficos e até de monografias da cidade do Porto, fruindo do acesso privilegiado aos arquivos das vereações do Porto e de Vila Nova de Gaia.
Nesta linha os sumários apresentam um leque de escritos multifacetados: lendas e tradições, biografias das personalidades distintas, monumentos, imprensa, instituições, espetáculos teatrais e tauromáquicos, momentos marcantes da vida citadina, etc.; alguns elencados ao longo dos números em secções próprias como: “Portuenses d’hontem e d’hoje”, “Tipos populares do Porto”, “O Porto descrito por estrangeiros” ou “O que dizem de nós”. Porventura, a mais original destas terá sido a de “Correspondência entre leitores”, convidando os mesmos a colocar perguntas ou esclarecimentos sobre factos e vivências, oportunamente respondidas pelos colaboradores ou outros leitores.”
Cortesia de Francisco Miguel Araújo (Mestre em História da Educação pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto)



Na 1ª série do ano II (1909-1910) foram incluídas novas secções como: “Efemérides”, “Notas ao Tripeiro” ou “Escavações históricas portuenses”, entrando como novos colaboradores, alguns sob pseudónimos há muito omissos, como: Pedro A. Dias, Sampaio Bruno, Rocha Peixoto ou Adolfo Loureiro.
No ano III, desde o nº 73 (1 de Julho de 1910) até ao nº 97 (1 de Março de 1911) a revista publica-se trimestralmente e, neste ponto, a publicação é suspensa e, apenas será retomada, cerca de 20 meses depois, com publicação mensal, desde o nº 98 (1 Setembro de 1912) até ao nº 108 (1 de Agosto de 1913), passando a direcção a ser partilhada, entre o histórico director e o seu irmão Guilherme Ferreira de Faria conhecido, também, como um dos fundadores da “Lutuosa de Portugal”.
No nº 99, a Administração e a Redacção da publicação já estavam sedeadas na Rua de Santa Catarina, nº 103.
“O Tripeiro” veria então a sua publicação ser interrompida devido aos habituais problemas financeiros e só voltaria às bancas, em 1919, com a 2ª série.
No primeiro semestre de 1919, por decisão do fundador e em resposta aos apelos dos antigos colaboradores e leitores, é então dada à estampa uma 2.ª série de 12 fascículos, sem alterações aos conteúdos gráficos e editoriais e de tiragem quinzenal, acentuando o desejo da redação de salvaguardar e difundir toda a documentação relativos à história da cidade e da região norte, que passara a beneficiar com o ensino da História na 1.ª Faculdade de Letras do Porto (1919-1931) e onde participaram autores estreantes como: J. A. Pires de Lima, Carlos de Passos ou António Arroio.
Após a saída de um número único de finais de 1925, resultou o aparecimento de uma 3.ª série (1926-1927), em dois novos anos com 48 novos números, já visados pela comissão de censura e com uma reformulação gráfica da capa, que passa a apresentar gravuras com pequenas legendas sobre monumentos, personalidades, heráldica ou litografias. Na reformulação de algumas secções emergem novidades como: “Jornaes da minha terra”, “Coisas do Passado” ou “História Bairrista”, parecendo ganhar preponderância alguns temas relacionadas com instituições, imprensa e personalidades ilustres do Porto e arredores. Um maior cuidado e rigor histórico revelava-se pelas entradas inéditas dos colaboradores de sempre e individualidades reputadas como historiadores ou intelectuais: A. de Magalhães Basto, Júlio Dantas, Ruy de Serpa Pinto, Eduardo de Noronha, Armando de Matos, João Chagas, Raul Brandão, A. Pires de Lima, F. Macedo Lopes, Hernâni Monteiro, Alberto Meira, Kol de Alvarenga ou Cláudio Basto.
Uma 4ª série (1930-1931) de “O Tripeiro” seria editada com a constituição de uma empresa homónima, do ainda então, jornal mensal, com 12 novos números e tiragem inferior a uma centena de exemplares, sob direcção do arquitecto Emanuel Ribeiro, um dos filhos do pintor Joaquim Ribeiro.
Novas secções surgem, como: “Arquivo nobiliárquico portuense”, “Museu Municipal do Porto”, “Iconografia histórica portuense” ou “Da música portuense”, entre outras, onde assinam esporadicamente: Luís de Pina, Julieta Ferrão, Delfim Santos, Armando Leça, etc.
Nesta 4ª série já participavam Magalhães Basto, Pedro Vitorino, Alberto Meira e Armando de Matos.
Em 1944, após um hiato de treze anos, na publicação da revista e com o comerciante António Sardinha como detentor do registo de propriedade da revista, começa um processo de relançamento da mesma e que visiva que a direcção fosse atribuída a Pedro Vitorino, irmão do anterior director, um conhecido arqueólogo. Entretanto, Pedro Vitorino viria a falecer num desastre ferroviário acontecido numa passagem de nível, em Francelos, na companhia do Dr. Joaquim Ferreira Alves e, assim, a escolha recairia em Artur Magalhães Basto (Porto, 5 de Março de 1894 — Porto, 3 de Junho de 1960).
Com um currículo invejável, Magalhães Basto tem para todos os que se interessam pelas coisas da cidade do Porto, o seu expoente máximo na obra, “O Porto do Romantismo”.



Capa da obra “O Porto do Romantismo”


“Um longo hiato mediou até novo restabelecimento de O Tripeiro em 1945, no rescaldo de um fértil contexto cultural e educacional na cidade do Porto, iniciado cerca de uma década antes, com o incremento de uma política municipal que teve como epicentro o Gabinete de História da Cidade e Magalhães Basto como chefe dos Serviços Culturais da vereação. Será a este que o industrial António Sardinha, após compra dos ativos da empresa O Tripeiro, dirige o convite para assumir a direção do periódico, naquele que se pode considerar o seu período áureo pela sua longevidade, pertinência e visibilidade, adaptando as suas especificidades ao mercado editorial num tom coloquial e de leitura aprazível pela metamorfose em O Tripeiro: revista mensal de divulgação e cultura, ao serviço da cidade e do seu progresso sob o adágio «Do Pôrto – Pelo Pôrto». Ao todo esta 5.ª série (1945-1960) compreende quinze anos com tiragem mensal de 12 números cada, sob um novo layout gráfico da capa e do corpo do texto numa linha mais vanguardista, profusamente ilustrado com diferentes tipos de imagem e organização de índices anuais em diferentes indicadores”.
Cortesia de Francisco Miguel Araújo (Mestre em História da Educação pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto)



António Sardinha nasce no Porto, em 16 de Março de 1902, foi comerciante, bibliófilo, proprietário e editor de “O Tripeiro” desde 1945, ou seja, das 5ª e 6ª séries e um amante da medalhística.
Faleceu em 1994, em Coimbra.
Com Magalhães Basto, secções como: “Figuras portuenses”, “Achegas arqueológicas e iconográficas”, “Da Arte e dos artistas”, “O que deseja saber acerca do Porto?” ou “Comunicações aos leitores” mantém-se na senda das anteriores; a par dos artigos de fundo reservados às primeiras páginas numa imensidão de temas e objectos de estudo com tónica comum portuense ou nortenha: questões e notas do património material, figuras literárias, personalidades categorizadas, instituições públicas e privadas, evolução topográfica e toponímica, eventos citadinos, imprensa, impressões de visitantes estrangeiros, etc.
Entre o rol dos colaboradores mais activos desta série, encontram-se nomes como: Horário Marçal, L. Nunes da Ponte, Flávio Gonçalves, J. A. Pinto Ferreira, M. Cruz Malpique, Hernâni Cidade, Jorge de Sena, Alfredo Ataíde, Mendes Corrêa, Maria Barjona de Freitas, etc. e uma pequena presença de autores estrangeiros: António Castilo de Lucas, Arnold Hawkins ou Lorenzo di Poppa.
O agravamento do estado de saúde de Magalhães Basto e o défice financeiro acumulado anualmente instigaram a nova suspensão de “O Tripeiro” pelo seu proprietário, mas um novo grupo de redactores acabaria por relançar a 6.ª série (1961-1974) de “O Tripeiro”: revista mensal de divulgação e cultura, ao serviço da cidade e das suas tradições e sob o lema «Pelo Porto – repositório de notícias portucalenses». sendo que  Eugénio Andrea da Cunha e Freitas seria o quarto director da publicação que se manteve com os 12 números mensais, durante treze anos e com o aparecimento de novas secções: "Tripeiros de Ontem", "Ainda se lembra?...", "Aconteceu há 50 anos”, "O Porto há 100 anos" ou “Tripeiro Camiliano”, etc.
Foram tempos da colaboração de B. Xavier Coutinho, F. Cyrne de Castro, Guilherme Felgueiras, Damião Peres, José Régio, Cândido dos Santos, Elaine Sanceu e Robert C. Smith.


“O nosso querido e ilustre investigador morreria na sua última residência, no Porto, no nº 500 da rua de Gondarém, arriscando nós rematar com uma digna nota deixada pelo professor Luís Duarte no catálogo da exposição que ao mestre seria dedicada em 2005 na Galeria do Palácio: ”percebemos que na história da nossa terra, houve um antes e um depois do magistério e do trabalho de Artur de Magalhães Basto”.



Artur Magalhães Basto


Nos 15 anos, após a direcção de Magalhães Bastos, “O Tripeiro” tornou-se uma revista académica, feita por professores universitários e os artigos passaram a ser densos e longos quando, até então, era uma revista coloquial, cem por cento do Porto e de fácil leitura e com pequenos artigos e algum humor, como aquele que se referia à casa do Maurício.



A “Casa do Maurício” (Edifício Rialto), à Praça D. João I, à data, o mais alto de Portugal




O último número da série foi inteiramente dirigido por António Sardinha que tomou a resolução unilateral de embargar o título pelas razões económicas de sempre, aquiescendo na saída de dois números especiais que encerraram esta 6.ª série: o do VI centenário da Aliança Luso-Britânica e o centenário da Igreja do Bonfim; reaparecendo desde 1981 um 7ª série, ainda hoje detida e publicada pela Associação Comercial do Porto, por convite de António Sardinha.
No cômputo geral a revista cultural, com preocupações literárias, viu a sua publicação interrompida cinco vezes desde a sua fundação, por razões financeiras.
A última interrupção aconteceu devido à idade do proprietário, António Sardinha, que deixou de conseguir rentabilizar a revista.
A partir daí, irá acentuar-se uma renovação em múltiplas direcções de uma historiografia que vinha dos anos 40, e dá-se o alargamento significativo, com uma maior abertura ao exterior da comunidade de historiadores.
Hoje, os editores de “O Tripeiro” definem-a como “Um repositório do nosso imaginário e memória colectivos, uma passagem de testemunho de geração em geração”.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Conclusão


Do Estádio das Antas ao Dragão


O Estádio das Antas teve projecto do arquitecto Oldemiro Carneiro e do engenheiro Miguel Resende. Foi começado a 4 de Dezembro de 1949 e inaugurado em 28 de Maio de 1952.


Maquete do futuro Estádio das Antas e plantel, à data



Concentração na Praça Sidónio Pais (Praça Gen. Humberto Delgado) dos veículos carregados de materiais cedidos a título gratuito e destinados à construção do Estádio das Antas (2º cortejo)


Construção do Estádio das Antas, c. 1950





Construção da bancada sul do Estádio das Antas – Ed. desconhecido




Cartaz alusivo à inauguração do Estádio das Antas



Lenço alusivo à inauguração do Estádio das Antas



Cerimónia da inauguração do Estádio das Antas, em 28 de Maio de 1952



Inauguração do Estádio das Antas, em 28 de Maio de 1952



Outra perspectiva da inauguração do Estádio das Antas, em 28 de Maio de 1952



Estádio das Antas, em jogo entre o F C Porto 7 - Sporting de Braga 2, em 1 de Junho de 1954, durante as comemorações do centenário do “Comércio do Porto”. Em cima, à esquerda, no monte, os lugares cativos da época de quem não tinha posses para pagar a entrada – Fonte: “Comércio do Porto” (nº comemorativo do centenário)



Estádio das Antas, campo de treinos e rinque de cimento


Na foto anterior, já é visível o Campo de Treinos e, ainda, à sua esquerda, um pequeno ringue de patinagem. Ainda não se observa a pista de ciclismo e, portanto, ela deve ser de c. 1959.
À direita, a casa da Quinta de Salgueiros ou Quinta dos Ingleses.
No canto superior direito, a conhecida, à data, Fábrica do Arame ou Fábrica das Antas, junto do Estrela e Vigorosa Sport.



Campo de Treinos do Estádio das Antas



Pela rampa da foto (actual) se descia para o relvado do Campo de Treinos, cujos balneários eram nos baixos da Superior Sul – Ed. Manuela Campos


Os campeões de 1956


A época 1955/56 marca o regresso do clube aos títulos depois de 16 anos de jejum. Em cima, a equipa de sonho do treinador Dorival Yustrich. 
Um empate obtido no Estádio da Luz, contra o Benfica, permitiria ao FC Porto sagrar-se Campeão Nacional da época de 1955-56.




Equipa do FC Porto, em 1956, na final da Taça de Portugal que venceram. Em pé, da esquerda para a direita: Pedroto, Monteiro da Costa, Arcanjo, Osvaldo Cambalacho, Pinho e Virgílio. Em baixo: Hernâni, Gastão, Jaburu, António Teixeira e Perdigão




Multidão, junto da Estação de S. Bento, esperando a chegada dos campeões de 1955/56 – Fonte: "Boletim da CP", n.º 322, Abril de 1956, p. 7





Pinho na “Crónica Desportiva” de 14 de Abril de 1957



Hernâni na “Crónica Desportiva” de 21 de Abril de 1957



No Lar do F. C. Porto, na Rua do Bonfim, da esquerda para a direita: Gastão, Eleutério, Zé Maria, Pedroto (em pé), Sá Pereira e Hernâni – Fonte: “Crónica Desportiva” de 13 de Outubro de 1957



Estádio das Antas com Campo de Treinos, já visível, mas ainda sem Pista de Ciclismo e Torres de Iluminação



A Pista de Ciclismo foi inaugurada em 1960 e a Iluminação artificial, em 1962, num jogo contra o Atlético de Bilbau.




Foto (actual) da única torre de iluminação que se encontra de pé e que ficava situada a Sudeste – Ed. Manuela Campos



Em 1976, foi decidido fechar a entrada da maratona com a construção da bancada nascente e da respectiva arquibancada.



Da esquerda para a direita, em cima: Rodolfo, Ronaldo, Simões, Alhinho, Murça e Tibi; em baixo: Oliveira, Octávio, Cubillas, Seninho e Dinis - Cortesia Ricardo Vara



Os campeões da época 1958/59



Os festejos dos adeptos do F C Porto no campo do Torreense, após a conquista



O regresso ao Porto dos adeptos, em festa, que se deslocaram a Torres Vedras…e voltaram como campeões, em 22 Março de 1959



Cartoon publicado no JN, na primeira página, a 23 de Março de 1959


Uma equipa do F C Porto da época 1958/59



A notícia da vitória do F C Porto, em 1958/59, na imprensa estrangeira



Festejos dos campeões de 1958/59, no Estádio das Antas. À frente, da esquerda para a direita: Virgílio, Guttmann, Monteiro da Costa, Perdigão e Pedroto



Jogo com o Boavista no estádio do Lima, anos 70



Na época de 1975-76, estava a fechar-se a Praça da Maratona



1ª página do Comércio do Porto, em 8 de Janeiro de 1985



Em 1986, o estádio conhecia novo alargamento. A eliminação da pista de atletismo permitiu o rebaixamento e a construção de novas filas de bancadas. 


Construção da Arquibancada do Estádio das Antas


Estádio das Antas já ostentando a arquibancada e o relvado rebaixado


Complexo desportivo anexo ao Estádio das Antas

Legenda:
1- Piscinas
2. Pavilhão Américo Sá
3. Pavilhão Pinto de Magalhães


Pinto de Magalhães para além de ter dado o seu nome ao Pavilhão de Treinos (construído c. 1969), tinha o seu nome também associado, à Sala de Troféus do antigo Estádio das Antas.
No local identificado na foto com o Nº 3, onde se instalou aquele pavilhão, tinha sido levantado, dois ou três anos após a inauguração do Estádio das Antas, um rinque em cimento.
Aí se manteve até receber a companhia (c.1965), mesmo ao lado, de um tanque de 16x8 metros utilizado pela Secção de Natação.
Em 1969, Já ocupando parte da área definida na foto pelo Nº 1, é construído um outro tanque de 16x8 metros que chegou a estar protegido por um insuflável que, pouco depois, receberia a companhia de uma piscina de 25x16 metros.
O conjunto, tanque e piscina, acabaria por ser coberto, apresentando em 1972 o aspecto da foto e complementado com um outro pequeno tanque destinado aos bébés.
O Pavilhão Américo Sá, identificado com o Nº 2, seria inaugurado a 14 de Julho de 1973 e começaria por se chamar Gimnodesportivo.



Pavilhão Américo Sá





Vista aérea do Estádio das Antas na década de 90, onde ainda é visível o primitivo Campo de Treinos e, ainda, os campos levantados, posteriormente, a Sul


Estádio das Antas


Vista aérea do Estádio das Antas, com os campos de treinos, à data, mais recentes, no canto superior esquerdo





Estádio das Antas em dia de jogo



Estádio das Antas - Bilheteiras, antes da transferência para o Dragão

terça-feira, 1 de setembro de 2020

25.97 Memórias diversas do Futebol Clube do Porto




POEMA «ALELUIA» DE PEDRO HOMEM DE MELLO

Dúvida? Não, mas luz, realidade,
E sonho que na luta amadurece:
O de tornar maior esta cidade
Eis o desejo que traduz a prece.
Só quem não sente o ardor da juventude poderá vê-la de olhos descuidados,
Porto - palavra exacta, nunca ilude
Renasce nela a ala dos namorados.
Deram tudo por nós esses atletas
Seu trajo tem a cor das próprias veias e a brancura das asas dos poetas
Ó fé de que andam as nossas almas cheias
Não há derrotas quando é firme o passo
Ninguém fala em perder, ninguém recua
E a mocidade invicta em cada abraço,
A si mais nos estreita: a pátria é sua!
E de hora a hora cresce o baluarte
Vejo a Torre dos Clérigos às vezes
Um anjo dá sinal quando ele parte
São sempre heróis, são sempre portugueses
E azul e branca essa bandeira avança
Azul, branca indomável, imortal
Como não pôr no Porto uma esperança
Se “daqui houve nome Portugal”?





Primeiro Regulamento do F C Porto



Alguns modelos dos primeiros equipamentos



Campeonatos nacionais conquistados pelo F. C. Porto, entre 1921 e 1959, a nível nacional (assinalados na tabela acima, por um ponto)



Campo da Rainha, à Rua da Rainha (Rua Antero de Quental), em 1906


Em 1906, a equipa do FCP alinhava: Elisabeth de Mesquita, António Pinheiro e Mendes Correia; Catullo Gadda, Boadda e António Martins; Freitas, José Monteiro da Costa, Hardy, Araújo e José Bastos.
As fotos, abaixo, fazem parte de uma reportagem sobre um jogo ocorrido na cidade do Porto entre o F. C. Porto e o Club Império de Lisboa, em 1908.
O F. C. Porto ganhou por uma bola a zero, em jogo disputado no Campo da Rua da Rainha.



A - Equipa do FCP; B – Lance do Jogo (In revista “Illustração Portugueza”)


Aspecto da assistência presente ao jogo, no Campo da Rainha, entre o F. C. Porto e o Club Império de Lisboa



Equipa do Foot Ball Club do Porto, em Maio de 1908 - cliché de Carlos Ferreira Cardoso, In “Illustração Portugueza”



Fase de jogo, em Maio de 1908, entre o Foot Ball Club do Porto e o Fortuna Sport Club - cliché de Carlos Ferreira Cardoso, In “Illustração Portugueza”



Equipa do FC Porto, em 1908



FC Porto vs Leixões SC, em 31-10-1908, no Campo da Rainha



FC Porto vs Leixões SC, em 31-10-1908, no Campo da Rainha



Prova de atletismo no Campo da Rainha. Na foto, Eduardo Villares, o vencedor do salto em altura, com 1,52 m – Fonte: Illustração Portugueza, de 28 de Junho de 1909



Equipa do F.C. Porto perfilada no Campo da Rainha para o jogo com a equipa francesa do “Vie au Grande Air du Medoc”, de Bordéus, na época de 1911/12 que terminou com um empate a 3 – Cortesia de Paulo Bizarro


Na foto acima está Camilo Moniz (1º à esquerda, sentado) que, para além de jogador, desempenhou vários cargos directivos no F. C. do Porto e, foi, ainda, Presidente da Direcção da A. F. do Porto.



Equipa do FC Porto, em 1914, antes de defrontar o Boavista FC



Festa no Campo da constituição pela conquista da taça da A. F. Porto, em 1918



Jornal do FC Porto - "Porto Sportivo", número único do ano de 1919, de 27 de Novembro



O semanário “Porto Sportivo”, órgão do F.C.P., dirigido por Carlos Lelo. O primeiro número do jornal tinha saído em 13 de Abril de 1918.



Equipa do F. C. Porto, em 1920, no Campo da Constituição. O casaco, complementando o equipamento de jogo, desempenhava o papel que hoje tem o fato de treino


Entre 1922 e 1934, houve apenas uma competição nacional de futebol. Chamava-se Campeonato de Portugal e era disputada por eliminatórias.


Vencedores do 1º Campeonato de Portugal da época 1921/22 Cortesia Paulo Bizarro (paulobizarro.blogspot.com)



Na foto de cima temos da esquerda para a direita: Júlio Cardoso, João Brito (C), Lino Moreira, Alexandre Cal, João Nunes, Balbino Silva, Artur Augusto, Floriano Pereira, José Mota, Velez Carneiro e Tavares Bastos.
Na final do 1º campeonato de Portugal de 1921/22, na finalíssima disputada no Campo do Bessa, o F.C. Porto ganharia por 3-1 ao Sporting Clube de Portugal, com golos de Balbino, João Nunes e João Brito.



Uma das equipas do F.C. Porto de 1921/22 – Cortesia Paulo Bizarro (paulobizarro.blogspot.com)



Na foto acima, os campeões do Campeonato de Portugal de 1921/22, onde só faltam Tavares Bastos e Balbino Silva e da esquerda para a direita, temos: Lino Moreira, Júlio Cardoso, Lopes Carneiro, João Brito, João Nunes, Alexandre Cal, Velez Carneiro, José Mota, Norman Hall, Floriano Pereira e Artur Augusto (1º internacional do FCP).




Vencedores do Campeonato de Portugal da época 1924/25. Equipa do FC Porto. Da esquerda para a direita: Siska, Resberg, João Nunes, Norman Hall, Júlio Cardoso, Coelho da Costa, Floriano Pereira, Tavares Bastos, Velez Carneiro, Artur Freire e Balbino da Silva


Na foto acima, a equipa do FC Porto que, em Junho de 1925, ganhou o "Campeonato Nacional de Football".
Na final disputada em Monserrate, Viana do Castelo, o F. C. Porto com golos de Norman Hall aos 20 min e Coelho da Costa aos 53 min (gp), venceu por 2-1 o Sporting C. P. (golo de Jaime Gonçalves aos 50 min).



Semanário “Sporting” de 29 de Junho de 1925, dando conta do novo campeão de Portugal desse ano




Coelho da Costa


A 17 de Julho de 1932, o FC Porto é proclamado campeão de Portugal de futebol, depois de vencer o Belenenses, por 2-1, num jogo de desempate, disputado no Campo do Arnado, em Coimbra.
O FC Porto venceu por 2-1, com golos de Pinga e Acácio Mesquita.
No 1º jogo tinha acontecido um empate 4-4.



Plantel do FCP da época 1931/32




Vencedores do Campeonato de Portugal da época 1931/32 Cortesia Paulo Bizarro


A propósito da vitória acima destacada ainda, recentemente, uma adepta com 106 anos, de seu nome Ana de Jesus, relembrava em programa televisivo uma canção alusiva ao feito do FCP e ao golo da vitória marcado por Acácio Mesquita.


"Quem vai no rol
a jogar o futebol,
os portuenses
deram coça aos belenenses,
mandaram-nos tomar sol,
ainda não era previsto qual seria o vencedor,
foi o Acácio Mesquita, foi o Acácio Mesquita,
meteu golo de valor."




Apoteose dos jogadores do F. C. Porto desembarcados na estação de S. Bento e desfilando pelas ruas da cidade - In revista Ilustração de 1 de Agosto de 1932




Inauguração em 1933 da Sede do FCP na Avenida dos Aliados – Fonte: Revista "Stadium", nº 61



O primeiro FC Porto vs SL Benfica, da história do Campeonato Nacional de Futebol, decorreu no Campo do Lima, a 3 de Fevereiro de 1935, na 3.ª jornada da época de 1934/35.
O Porto, treinado por Joseph Szabo, venceu por 2-1 com golos de Lopes Carneiro e de Pinga.
Nessa época o FC Porto é campeão, empatando 2-2, com o Sporting, na última jornada disputada no Lumiar.



Campeão da primeira Liga disputada na época 1934/35


Entre 1935 e 1938, coexistem o Campeonato de Portugal e a Liga Portuguesa, donde saem os vencedores a exigirem ser reconhecidos, respectivamente, como os melhores dessas épocas.



FC Porto, em 1935-36, preparando-se para actuar em Lisboa no Campo Grande. Da esquerda para a direita, em pé: C. Alves, Nova, C. Pereira e Poças, Avelino e S. dos Reis. De joelhos: Raúl Waldemar, Mesquita, Pinga e Nunes



Jogo Leixões vs FC Porto, em 28/02/1937


Vencedores do Campeonato de Portugal na época 1936/37. O plantel do FC Porto. Da esquerda para a direita, em pé: Lopes Carneiro, Waldemar, Carlos Mesquita, Artur de Sousa (Pinga), Nunes, Acácio Mesquita, Assis e Raúl. De joelhos: Avelino, Nova, Soares dos Reis, Álvaro Pereira, António Santos, Carlos Pereira, Jerónimo e Castro


Na foto anterior, o vencedor do campeonato de Portugal, na época 1936/37, com vitória obtida na final sobre o Sporting CP, por 3-2, em 4 Julho 1937, no Campo do Arnado, em Coimbra.



O jogador Reboredo festeja o golo da vitória no Campeonato de Portugal de 1936/37. Ao longe a igreja de Santa Justa – Cortesia Paulo Bizarro



Adeptos do FC Porto durante o jogo em que o FC Porto conquistou o título de Campeão de Portugal na época de 1936/37, em Coimbra no Campo do Arnado – Cortesia Paulo Bizarro



Por esta altura, ao lado de Pinga, pontificava o avançado António Santos, que se tinha estreado em 23 de Outubro de 1932.


Golo de cabeça de António Santos, no Campo da Constituição – Cortesia de Paulo Bizarro


Equipa do FC Porto em 1937-38. Da esquerda para a direita, em pé: Francisco Ferreira, Costuras, Carlos Pereira, Sacadura, Vianinha e Soares dos Reis. De joelhos: Lopes Carneiro, António Santos, Reboredo, Pinga e Carlos Nunes


“O jogador Vianinha, na foto acima, foi o primeiro jogador brasileiro a jogar no FCP. Estreou-se em 14-03-1937, numa vitória do FCP por 4-2, em jogo realizado no Campo do Ameal contra o Carcavelinhos FC.”
Fonte: “estrelas-do-fcp.blogspot.com”


Vencedor do 1º Campeonato Nacional de 1938/39, com o jogo do título (3-3) disputado no Campo da Constituição contra o SL Benfica – Cortesia Paulo Bizarro



Vencedores do 2º Campeonato Nacional, de 1939/40 – Cortesia Paulo Bizarro


O avançado Kodrnja num FC Porto vs Vitória FC, em 1939/40



O FC Porto entrando no Campo do Lumiar, em 1940, já como campeão


FC Porto vs Leça FC, em Setembro de 1944, no Campo da Constituição. Pinga salta com o GR do Leça



F C Porto – Vitória S C (10-0). Jogo no Estádio do Lima, em Dezembro de 1944. Correia Dias marca o 5º golo



FC Porto vs Olhanense, no estádio do Lima, em 1944, com Araújo a rematar


A 7 de Julho de 1946, despedia-se dos portistas e de todos os amantes do futebol, em jogo de despedida realizado no Estádio do Lima, Artur de Sousa Pinga.
Em 15 épocas consecutivas no F. C. Porto, Pinga marcou 314 golos em 331 jogos e conquistou para o clube 16 títulos.



In “100 Figuras do Futebol Português” (1996), Ed. Jornal “A Bola” – Cortesia de Armando Pinto



Estádio do Lima, 15 de Junho de 1947. F. C. Porto – Vitória F C, 5-0. Baptista bloca perante o avançado portista, o inesquecível Araújo 



F C Porto (5) vs S L Benfica (2), em Outubro de 1950, Campo da Constituição, com vitória dos azuis e brancos por 5-2. Vital remata e faz o primeiro golo



Barrigana defende o cruzamento no mesmo jogo da foto anterior



Aspecto do Campo da Constituição, em finais de 1948, In Revista Stadium de 5 de Janeiro de 1949



Homenagem ocorrida no Teatro Sá da Bandeira a propósito da vitória sobre o SLBenfica, obtida em Lisboa, por 2-0, na época 1950/51, em que obteríamos o 2º lugar, atrás do SCPortugal



Publicidade aos caramelos com estampas de jogadores de futebol para encher caderneta, com referência à época 1950/51. O prémio final era uma bola verdadeira em couro, idêntica à da gravura



O fim do Campo da Constituição, ligado à equipa principal de futebol do F. C. do Porto, aproximava-se, nesta época, inexoravelmente.
Muitos ficariam ligados à transição para o novo estádio, entre eles, José Bacelar.


José Bacelar (Atleta e Dirigente)



“José Bacelar deixou o nome ligado ao Futebol Clube do Porto.
Jogou nas primeiras equipas do clube e foi um dos impulsionadores da Taça José Monteiro da Costa, competição que ajudou a conquistar em 1911.
Venceu por várias vezes o Campeonato do Porto assim como a Taça Associação de Futebol do Porto.
Depois de deixar o futebol, o que aconteceu por volta de 1920, passou a praticar Ténis, tendo sido um dos melhores jogadores portistas dessa competição.
Mais tarde continuou ligado ao clube como dirigente onde foi presidente da Assembleia-geral.
Na época da construção do Estádio das Antas, José Bacelar, então sócio numero 1 do F.C. Porto, pagou do próprio bolso o primeiro dia de salário a todos os operários do novo estádio, um gesto que lhe custou 675$00.
Esteve ainda ligado à Associação de Futebol do Porto e em homenagem ao seu contributo ao desporto e ao futebol em particular, foi implantada a Taça José Bacelar, uma prova disputada pelas camadas jovens de vários clubes.”

Cortesia: “estrelas-do-fcp.blogspot.com”



Durante muitos anos esteve, José Bacelar, atendendo os seus clientes, com uma simpatia extrema, na sua casa comercial de lanifícios, os “Armazéns Bacelar”.




Armazéns Bacelar, na esquina da Rua de Santa Catarina com a Rua Formosa, actualmente


Mesma perspectiva da foto anterior, pela qual podemos afirmar que, em 1907, os Armazéns Bacelar já existiam


Equipa de ciclismo do FC Porto, na XVI Volta a Portugal em bicicleta, ano 1951, junto à Câmara Municipal – In separata de “O Mundo de Aventuras”


De notar, na foto acima, que o Palácio dos Correios ainda não existia.


Campo da Constituição, anos 50, jogo de hóquei em campo do F. C. Porto vs Boavista F. C.


No Campo de Constituição também se realizaram provas de atletismo – In o jornal “O Comércio do Porto” de 12 Maio de 1952



(Continua)