segunda-feira, 27 de setembro de 2021

25.135 Visita do rei D. Carlos ao Porto e a Valongo em 19 e 20 de Setembro de 1893

 
“Esta visita do rei, «para assistir às manobras militares, chamou a atenção de todo o paiz para a povoação de Vallongo, até então principalmente afamada pela beleza das suas padeiras e pelo sabor dos seus biscoitos» Alberto Pimentel (1894)
 
 
Mas Sobrado, igualmente, foi notícia e andou nas páginas dos jornais, pelas manobras militares ocorridas no Lugar da Balsa em 1893.
Este lugar já era conhecido por, em 1860, aí se ter inaugurado a Fábrica de Fiação da Balsa, um marco da indústria portuguesa, especialmente da região Norte porque foi equipada com máquina de vapor e que utilizava, também, as águas do rio Ferreira como força motriz. Foi uma das primeiras unidades do género no norte do país e a primeira no concelho de Valongo.
Haveria de encerrar cerca de 100 anos depois.
 
 
 

Ponte da Balsa sobre o rio Ferreira – Fonte: Google maps
 
 
“Em setembro de 1893, portanto há 123 anos, Sobrado teve visita do rei D. Carlos. A sua deslocação a esta terra teve como intuito o acompanhamento de exercícios militares que se desenvolveram no lugar da Balsa.
Vários foram os periódicos que noticiaram os exercícios da Balsa. Inclusive os Caminhos de Ferro do Minho e Douro colocaram uma carruagem à disposição dos repórteres que fizeram a cobertura do acontecimento.
No dia 19 de setembro, D. Carlos chegou ao Porto de manhã e seguiu, acompanhado pelo ministro de guerra, para Valongo, onde permaneceu, dentro da carruagem, uma hora e meia devido à chuva e trovoada. Em Sobrado, pernoitou na residência do abade António Thomé de Castro, onde houve um jantar e, no dia seguinte, um almoço real com brindes. D. Carlos brindou à pátria e ao exército.

 
 

Residência do abade de Sobrado, em Setembro de 1893 - Álbum fotográfico de Joaquim Bernardo Mendes (Visconde de Paredes), In  Arquivo Municipal de Paredes/CMP; Fonte: Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada


 
 

Varanda da residência do abade, em Setembro de 1893, com D. Carlos no topo da mesa - Álbum fotográfico de Joaquim Bernardo Mendes (Visconde de Paredes), In Arquivo Municipal de Paredes/CMP; Fonte: Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada
 
 
 
 
Para os oficiais que não tiveram lugar na casa do abade foram montadas barracas. Aliás verificaram-se algumas dificuldades devido à muita chuva e à falta de casas para acomodar gente e cavalos. O acantonamento ocorreu entre Sobrado e a Balsa. Houve bivaque no pinhal das Córtes. E o rei visitou o acampamento e provou o rancho.
 



Acampamento militar, em Setembro de 1893, em Valongo - Álbum fotográfico de Joaquim Bernardo Mendes (Visconde de Paredes), In  Arquivo Municipal de Paredes/CMP; Fonte: Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada
 
 
 
Nas ruas o monarca teve receção entusiasta e foi muito saudado, dada a muita concorrência de boa gente. Das janelas, mulheres fartaram-se de lançar flores sobre D. Carlos e toda a gente da terra quis beijar a sua mão.
No dia 20 dá-se o regresso. O rei a cavalo, seguido do seu estado-maior, artilharia e trens, vitorioso em todo o trajeto, entrou na cidade do Porto por volta das cinco da tarde, partindo posteriormente em direção a Lisboa.

 
 

Espaço fronteiro à igreja matriz de Sobrado com militares e populares, em Setembro de 1893 - Álbum fotográfico de Joaquim Bernardo Mendes (Visconde de Paredes), In  Arquivo Municipal de Paredes/CMP; Fonte: Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada
 
 
 
 
No dia 27 seguinte, em reunião da vereação da Câmara Municipal de Valongo, o presidente, referindo-se às manobras na Balsa, indica que o acampamento se deu no lugar do Souto da Igreja. O mesmo presidente, informou ainda os vereadores de que, em nome dos seus munícipes, havia-se dirigido ao rei e ao ministro de guerra oferecendo-lhes os seus serviços e a sua casa, o que ambos agradeceram.
Por esta mesma altura, realizaram-se exercícios em larga escala em vários pontos do país. A ocorrência destas manobras parece que teve por objetivo o fortalecimento de uma monarquia já em decadência, tentando contrariar uma imprensa que não era tão favorável como a que aqui serve de fonte documental, o caso do Diário Illustrado, que, de certa forma, exalta a visita do rei a Sobrado.”
Fonte: “Sobrado - Comunidade | Facebook”
 
 
 
“O que é certo, voltando á visita del-rei a Vallongo, é que as padeiras da povoação tiveram então um momento de celebridade na pessoa de uma sua collega que se dirigiu ao senhor D. Carlos, perguntando-lhe com uma ingenuidade de simples :
— Como vai v. s.ª , a senhora e os meninos?
Um jornal portuense reproduziu este episódio, creio que com mais ou menos phantasia, porque outro jornal, O Commercio do Porto, limitou-se a dizer:
«Uma padeira de Vallongo entrou na carruagem salão, com permissão de S. M., e alli um official comprou-lhe uma das saborosas regueifas, especialidade d'aquela villa. A pobre mulher, a tremer, cumprimentou el-rei, que, sorrindo, lhe dirigiu palavras affectcuosas».
De mais a mais eu fico desconfiado de que uma padeira de Vallongo, se fizesse aquelle cumprimento a el-rei, em vez de vossa senhoria, teria dito vossemecê, que é o seu tratamento habitual para toda a gente.
E não era certamente n'um momento de atrapalhação que a vallongueira se lembraria de procurar um tratamento mais conveniente para a pessoa de el-rei.
Como quer que fosse, Vallongo esteve em evidencia, para Vallongo foram tropas, para Vallongo foi el-rei, para Vallongo foi o snr. ministro da guerra, para Vallongo foram dezenas de curiosos.
Já agora, a residência parochial de Sobrado, onde o senhor D. Carlos se hospedou, ficará notável, porque sob aquellas telhas pernoitou o rei de Portugal.
Visitas como esta são indispensáveis no regimen de democratisação por que tem passado a realeza moderna»
Um rei actual deve saber como toda a gente vive, conhecer de perto a simplicidade parcimoniosa da vida de provinda, porque o paiz não é unicamente a corte: ha factos domésticos e factos económicos a estudar, ver- dades sociaes a estabelecer, defeitos de organisação administrativa a corrigir.
Já pertence aos domínios da opereta o tempo em que o rei perguntava a um valido:
- Que horas são?
e em que o valido respondia todo curvo:
— São as horas que vossa magestade quizer. Agora, no tempo era que estamos, um bom abbade minhoto, abrindo a sua casa e o seu coração a el-rei, seria capaz, sem faltar ao respeito devido ao chefe do estado, de responder áquella mesma pergunta cora estas simples e sentenciosas palavras :
— São horas de olhar por isto, meu senhor. Também já não fica a menor distancia o tempo em que o famoso cozinheiro Vatel se suicidou por não haver peixe para o jantar que o príncipe de Condé offerecia a Luiz XIV.
Agora o abbade de Sobrado offereceu a el-rei o seu modesto leito á franceza, por não ter outro melhor, e nem por isso tentou suicidar-se. E se a cama era tão estreita como os jornaes noticiaram, el-rei, decerto, ficou fazendo bom conceito do snr. abbade . . .”
Alberto Pimentel (1894); O Porto na Berlinda: Memórias d’Uma Família Portuense. Porto: Livraria Internacional de Ernesto Chardron

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

25.134 Instituições culturais portuenses na transicção de séculos

 
Instituto Portuense de Estudos e Conferências (IPEC)
 
O Instituto Portuense de Estudos e Conferências foi uma associação fundada em 1897, de carácter cívico e científico, cujo mentor foi o Dr. José António Forbes Magalhães e à qual presidiu o 1º Conde de Samodães (Francisco de Azeredo Teixeira de Aguilar), tendo contado com a colaboração artística de António Arroio e Manuel Rodrigues.
O IPEC promoveria ao longo dos anos diversas exposições de pintura tendo por palco a Galeria da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP) e diversas conferências que tinham lugar, sobretudo, no Palacete do visconde da Trindade, à Praça Carlos Alberto, onde estava instalada outra instituição de referência da cidade, o Centro Comercial do Porto que, a partir de 1896, dividiria instalações com a Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto.
 
 
Em 1833, o palacete deixado para trás pelo 2º visconde de Balsemão, comprado pelo visconde da Trindade em Agosto de 1850, funcionaria, entretanto, como hospedaria (Hospedaria do Peixe) e, em 1849, alojaria  o rei Carlos Alberto– Gravura de Joaquim Villanova


 
 
Relativamente à gravura acima, ela identifica uma área que, até 1852, era conhecida como Largo dos Ferradores e, após aquela data, foi a Praça Carlos Alberto.
Assim, já nos términos do século XIX, naquele espaço, realizar-se-ia em 23, 25 e 27 de Maio de 1898, promovida pelo Instituto Portuense de Estudos e Conferências, a conferência “Soares dos Reis e Teixeira Lopes”, a cargo de António Arroyo.
Em 17, 24 e 29 de Abril de 1899, no mesmo local e sob a égide do Instituto Portuense de Estudos e Conferências, seria o conde de Samodães o conferencista, dissertando sobre a temática “Emigração e Imigração”.
Em 26 de Janeiro de 1900, à Praça Carlos Alberto, pela mão do Instituto Portuense de Estudos e Conferências, é conferencista Alberto Veloso de Araújo, sob o tema “Pela Agricultura Portuguesa”.
O 1º Conde de Samodães havia sido Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP), entre 3/12/1884 e 17/8/1888 e, ainda, entre 24/8/1891 e 17/8/1894, enquanto Forbes de Magalhães, o havia sido entre 16/8/1901 a 12/11/1910.
Por certo, por influência daquelas personalidades, a SCMP acolheria algumas exposições colectivas promovidas pelo Instituto Portuense de Estudos e Conferências em 1900, 1901 e 1905, com grande participação de artistas e de visitantes.
Em 28 de Abril de 1887, tinha sido assinado entre a SCMP e a Companhia Aliança, proprietária da Fundição de Massarelos, o contrato de execução da Galeria de Retratos dos Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Foram ainda intervenientes na obra, a empresa  Cudell & Monteiro na colocação do pavimento e a  firma alemã Villeroy & Boch, de Mettlach fornecedor do mosaico.
A inspecção artística da obra ficou a cargo do conservador Joaquim Vitorino Ribeiro.
 
 
 
“Em 1885, o provedor Conde de Samodães incumbiu o engenheiro António Maria Kopke de Carvalho de apresentar um projeto para a construção de uma galeria, onde fosse possível expor de forma permanente e digna os retratos dos benfeitores da Misericórdia do Porto. O projeto inicial recebeu, posteriormente, algumas alterações da autoria do engenheiro José Isidro de Campos.
Construída pela Fundição de Massarelos, a Galeria dos Benfeitores foi inaugurada a 18 de maio de 1890 pelo provedor Castro e Solla. Além das autoridades civis, militares e religiosas, na cerimónia inaugural estiveram presentes cerca de 3000 pessoas.
Anos antes, em 1887, fora redigido o primeiro regulamento do conservador da Galeria dos Benfeitores, tendo sido nomeado o pintor Joaquim Vitorino Ribeiro que, entre outras funções, procedeu à conservação e ao restauro de vários retratos.
Além da exposição permanente de retratos, o espaço acolheu desde a sua inauguração sucessivas exposições temporárias, tanto individuais como coletivas”.
Fonte: “mmipo.pt/”
 
 
 
Nas exposições do Instituto Portuense de Estudos e Conferências os pintores participantes foram, entre outros: Henri E. Huguenin, Alfredo Torquato Xavier Pinheiro, José Almeida e Silva, Júlio Teixeira Bastos, João Augusto Ribeiro, Sofia de Souza, Júlio Ramos, Eduardo Augusto Moura, Eduardo Augusto Moura, António Cândido da Cunha, Alice Grillo, Leopoldina A da Silva Pinto, João Ribeiro Cristino da Silva, João Marques Oliveira, Fernandes de Sá, Thomaz de Moura.
Naquele icónico espaço também se realizaram exposições individuais, com realce para a de José Júlio de Sousa Pinto, em 1904, e a de Alberto Ayres de Gouvêa, em 1905, que expuseram na Galeria de Retratos dos Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto, em certames promovidos pelo Instituto Portuense de Estudos e Conferências.
José Júlio de Sousa Pinto (Angra do Heroísmo, 15 de Setembro de 1856 — Pont-Scorff, Bretanha, 14 de Abril de 1939), atrás referido, foi um pintor português, ligado à primeira geração naturalista. Foi irmão de António Souza Pinto, também pintor.
Seria muito badalada uma exposição individual, que José Júlio de Sousa Pinto realizou no Palácio de Cristal, no atelier-escola do seu condiscípulo e amigo Artur Loureiro, em 1911.
Artur José de Sousa Loureiro nasceu na Rua do Bonjardim, no Porto, a 11 de Fevereiro de 1853 e faleceu a 7 de Julho de 1932, em Terras do Bouro. Era filho do médico Francisco José de Sousa Loureiro e de Guilhermina Luísa Soares Ribeiro e irmão do Urbano José de Sousa Loureiro, jornalista e escritor.
Começou a estudar desenho e pintura com o mestre e amigo António José da Costa tendo, depois, ingressado na Academia Portuense de Belas Artes, onde continuou a sua aprendizagem com João António Correia.
No Porto, montou, então, um atelier-escola, numa ala do já desaparecido Palácio de Cristal, o qual se tornou um espaço de referência, procurado por aspirantes a artistas e admiradores do pintor.

 

 
Piso superior da Galeria de Retratos dos Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto, em 1900 – Fonte: Album da SCMP
 
 
 
 
Exposição de António Carneiro, 1902, na Galeria da SCMP
 
 
Na Galeria de Retratos dos Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto, se passariam a realizar muitas outras actividades, caso do Congresso de Beneficência de 1905, que a seguir se realça, num pequeno trecho escrito extraído de uma crónica de uma revista da época.
 
 
 
 
Revista ilustrada “Occidente” de 10 de Fevereiro de 1905
 
 


Centro Artístico Portuense, Sociedade de Instrução do Porto, Sociedade de Belas-Artes do Porto
 
 
O Centro Artístico Portuense fundado em 1880, no Porto, teve como sócio nº 1 Soares dos Reis e como outros fundadores José de Brito, Henrique Pousão, João Marques Oliveira, Torcato Pinheiro, Sousa Pinto, Tomás Soller, entre muitos outros.
Inicialmente, esta instituição de carácter artístico funcionou, entre 1880 e 1885, na Rua dos Caldeireiros nº 225, num prédio no qual esteve a loja da Vidraria Fonseca.
Por esta morada esteve, a partir de 1887, a Sociedade Luís de Camões, uma instituição de instrução fundada por José Pereira Júnior.
Em 1909, foi o prédio ocupado por Manuel Francisco da Fonseca para instalação da conhecida vidraria.
O Centro Artístico Portuense passou, depois, por um prédio já desaparecido, ao nº 425 da Rua de S. Lázaro, na esquina da Rua de Loulé com a Avenida Rodrigues de Freitas e, depois, à Rua do Moinho de Vento (Rua Sá de Noronha), nº 54, a partir de 1886 até 1890.
Na mesma Rua de Sá Noronha, mas no nº 76, vai alojar-se o Centro Artístico Portuense entre 1891 e 1893.
Fecharia portas em Outubro de 1893.
 
 
“A sua primeira exposição teve lugar em 1881, e segundo Manuel M. Rodrigues, crítico da época, teve uma adesão boa, para o contexto da época (Machado 1947:53).
No entanto, esta instituição, fecharia em 1893, fruto das fracas condições económicas em que se encontrava, e tendo sempre sobrevivido igualmente, com a ajuda mecenática indispensável, de muitos dos seus sócios, principalmente Soares dos Reis. Esta Associação quando instalada na Rua do Moinho de Vento tinha um assíduo frequentador, entre muitos outros, que mais tarde se tornou numa figura relevante no comércio de exportação do Vinho do Porto, falamos de Adriano Ramos Pinto.
Fonte: Tese de doutoramento de Maria Manuela Baptista Assunção (2015)
 
 
A partir de determinado momento, a escola com o seu funcionamento, exclusivamente nocturno, começa também a abrir as suas portas durante as horas do dia para aproveitamento de alguns associados. 
Habitualmente, as aulas nocturnas, dirigidas ao estudo do modelo vivo, eram frequentadas por associados com outras actividades profissionais.
 
 
“Há quarenta e quatro ou quarenta e cinco annos houve no Porto uma sociedade, grupo ou corporação que se chamou Centro Artístico Portuense. Era, segundo ouvi dizer, uma escola de desenho, pintura e não sei de que mais. 
Se, ainda existe alguém que fizesse parte d´esse centro que nos quizesse dizer alguma coisa sobre elle, era favor que fazia, não só aos mais novos, mas, muito especialmente, ao PERGUNTADOR”.
“O Tripeiro”, III.ª Série, n.º 8 (128), (15 de Abril de 1926), p. 128
 
 
 
 
A Sociedade de Instrução do Porto surgirá em 1880, após em 12 de Março terem sido dados como concluídos os estatutos respectivos, depois de realizadas quatro reuniões dos fundadores.
Ficaram como objectivos, promover a instrução intelectual do cidadão procurando, a propósito, a abertura de bibliotecas, gabinetes de leitura e museus.
José António Ayres de Gouveia Osório (1827-1877), médico, professor e político seria o principal obreiro do aparecimento desta instituição, da qual seria presidente e cujo acto de lançamento haveria de estar associado às comemorações do tri-centenário da morte de Camões.
Em 10 de Julho de 1880, o sócio E. Von Hafe propõe a criação duma revista da Sociedade de Instrução do Porto, cujo primeiro número sairia em 1 de Janeiro do ano seguinte.
Como sócia emérita da Sociedade de Instrução do Porto, Carolina Michaëlis desenvolve, juntamente com Joaquim de Vasconcelos, Francisco Adolfo Coelho e José Joaquim Rodrigues de Freitas, projectos para concretizar as ideias de Friedrich Froebel quanto ao sistema de ensino pré-escolar, tentando que o Porto tenha um jardim-de-infância modelo, ante-projecto que nunca se veio a concretizar.
Ramalho Ortigão, nas Farpas, dá conta de parte da actividade da Sociedade de Instrução do Porto:

 
«O conselho científico, fiel intérprete da nossa lei, tem procurado com a mais louvável assiduidade estudar todos os meios de preparar fáceis soluções para os problemas da pedagogia, que absorvem a atenção de todos os pensadores. Na sua solicitude organizou o regulamento interno; fundou a nossa biblioteca e o seu gabinete de leitura, que hoje conta cento e catorze gazetas e publicações periódicas, e muitas centenas de volumes, alguns valiosos e raros; criou a Revista, de que se publicaram já seis números com duzentas e dez páginas; ordenou a aquisição de uma coleção-modelo para os jornais de infância, segundo o método Froebel; encetou a formação de uma bibliografia portuguesa de livros de ensino; começou o estudo e análise dos compêndios geralmente adotados, recomendando os melhores, o que é certamente um dos maiores serviços que pode prestar-se à pedagogia nacional apreciou minuciosamente e louvou o compêndio de geografia, original do nosso muito ilustre sócio Augusto Luso; encarregou à provadíssima competência do nosso zeloso secretário-geral, o senhor Joaquim de Vasconcelos, um projeto de organização do ensino técnico com aplicação às escolas de instrução primária; investigou e discutiu detidamente as condições do ensino primário e dos exames de admissão, nomeando uma comissão para formular o programa de um livro de leitura; considerou a importantíssima questão da ortografia nacional; finalmente, uma das duas secções prepara uma exposição de história natural, que será, como creio, o ponto de partida para a organização de um museu, onde se reunirão objetos e meios de estudo sempre necessários para os que pensam em alargar os limites da educação.
Depois deste discurso (1881) a Sociedade de Instrução do Porto levou a efeito, com grande êxito, a exposição de história natural, a exposição de cerâmica, a exposição de indústrias caseiras e a exposição de ourivesaria, factos de um interesse incomparável para o estudo da natureza em Portugal, para a história do trabalho industrial, dos costumes domésticos, das tradições artísticas e das aptidões plásticas da família portuguesa.
A magnífica exposição de louças nacionais e a das principais indústrias tradicionais do povo reuniram os mais numerosos, os mais raros, os mais importantes documentos do génio artístico e da filiação estética da raça lusitana. E todos ou quase todos esses documentos foram minuciosamente e zelosamente estudados por alguns membros da corporação e especialmente pelo secretário da sociedade e o seu principal boute-en-tain, o senhor Joaquim de Vasconcelos, o mais competente e o mais erudito dos nossos críticos de arqueologia e de arte”
 
 
 

Sociedade de Instrução do Porto exposição de cerâmica no Palácio de Cristal, em 1883 – Fonte: revista Occidente
 
 
E sobre a revista da Sociedade de Instrução do Porto, Ramalho Ortigão dizia:
 
 
“Além de trabalhos originais contendo a análise de documentos inéditos e estudos de coisas novas, a Revista tornou conhecidas as mais completas bibliografias de todos os trabalhos correlativas esquecidos nas bibliotecas, nos arquivos e nos cartórios do País.
No tomo vastíssimo de informações preciosas prestadas aos estudiosos e ao público pela Sociedade de Instrução do Porto encontram-se ainda trabalhos especiais consideravelmente importantes sobre a reforma do ensino, especialmente do ensino artístico e industrial, sobre a organização das escolas, do professorado, das galerias e dos museus, sobre os costumes e as tradições nacionais, sobre a língua e sobre as formas populares da arte, sobre a aprendizagem por oficias, e enfim sobre todos os mais importantes problemas da pedagogia moderna.
Nem as duas casas do Parlamento na discussão das sucessivas leis de instrução primária e de instrução secundária, feitas, desfeitas, refeitas e contrafeitas durante os últimos vinte anos, nem a junta consultiva ou a Direcção-Geral da Instrução Pública, nem os ministros, nem os deputados, nem os chefes de repartição, nem as comissões de estadistas, de professores, de curiosos e de vadios, tantas vezes convocadas, reunidas e louvadas nas dependências oficiais do Ministério do Reino ou das Obras Públicas, produziram jamais coisa que se compare aos relevantes serviços despremiadamente prestados à educação pública pela livre e espontânea iniciativa da esclarecida e benemérita Sociedade de Instrução do Porto”. 



Em 4 de Março de 1882, em reunião da Sociedade de Instrução do Porto, tinha sido proposta a construção de um monumento ao Infante D. Henrique, a propósito das comemorações do 5.º Centenário do Nascimento, em 1894.
A sociedade não assistiria a esta vontade, pois teve vida breve e encerraria em 1889.
 
 
 
“Os seus estatutos manifestam que esta associação se interessaria por todos os assuntos relacionados com a história das ciências, das artes e das indústrias em Portugal. Fizeram parte desta sociedade nomes como Isaac, Joaquim de Vasconcelos, José Frutuoso Aires de Gouveia Osório, Carolina Michaelis, entre outros em que se destacavam sócios estrangeiros, sobretudo de origem inglesa, ligados ao negócio do Vinho do Porto”.
Fonte: Tese de doutoramento de Maria Manuela Baptista Assunção (2015)
 
 
 
No dealbar da primeira década do século XX, surgiria a Sociedade de Belas-Artes do Porto ou Sociedade Portuense de Belas-Artes.
Uma série de vultos do panorama artístico da cidade tentava, então, dar continuidade ao extinto Centro Artístico Portuense.
Entre outros, juntaram-se Marques de Oliveira, António José da Costa, Júlio Costa, João Augusto Ribeiro, Júlio Ramos, José de Brito e jovens artistas como António Carneiro, Aurélia de Sousa, Cândido da Cunha, Teixeira Lopes, Fernandes de Sá e Eduardo de Moura.
A nova instituição passaria a funcionar em instalações devidamente preparadas, na Travessa da Picaria, num prédio que, após obras de remodelação, foi inaugurado em 6 de Abril de 1907, com a realização de um concerto musical e uma exposição da obra de Raphael Bordalo Pinheiro, que já tinha sido apresentada em Lisboa.
Na mira de contribuir para o desenvolvimento cultural da cidade do Porto, os objectivos daquela instituição passavam por fomentar o desenvolvimento da arte e a defesa dos seus interesses, promovendo exposições, cursos, conferências, publicações artísticas, excursões e concertos.
No capítulo das excursões, começou o périplo por Leça do Balio e continuou pelo país fora.
Em 1 de Junho de 1908, seria a visita a Coimbra da Sociedade de Belas-Artes do Porto, sob a direcção de Joaquim de Vasconcelos, visitando os principais museus e monumentos.
 
 
Excursão da Sociedade de Belas-Artes do Porto ao mosteiro de Leça do Balio, 1907 – Ed. Aurélio da Paz dos Reis
 
 
 
 
Em 9 de Junho de 1908, o rei D. Manuel II pede, em carta do seu próprio punho, para ser inscrito como sócio contribuinte da Sociedade de Belas-Artes do Porto.
A Sociedade de Belas-Artes do Porto passaria a funcionar com vários cursos nocturnos, com modelo vivo e com professores oriundos da Academia Portuense de Belas-Artes (APBA).
Presidiria à Sociedade de Belas-Artes do Porto António Teixeira Lopes, sendo secretário Augusto Gama.
 
 
“Esta agremiação teve uma caraterística inovadora na época: agregou os Amigos da Arte, unindo um público apreciador da cultura e da arte, que se inscrevia, pagando uma cota. Essa contribuição servia para auxiliar os artistas que expunham no Salão. Assim para cada exposição era organizado um júri, que selecionava entre as obras expostas, e mediante o montante reunido com as cotas cobradas, adquiria algumas obras que no final da exposição sorteava entre os sócios dos Amigos da Arte, contribuindo assim para a divulgação da pintura e subsistência dos artistas. Este projeto foi inovador e promoveu uma adesão grande visível nas notícias dos periódicos”.
Fonte: Tese de doutoramento de Maria Manuela Baptista Assunção (2015)
 
 
 
Ao longo dos anos foi decorrendo a actividade da Sociedade de Belas-Artes do Porto, cuja primeira exposição teria ocorrido em 1908, e na qual participou José Júlio Sousa Pinto.
Assim, em 1909, 1910 e 1911, acontecem a 2ª, 3ª e 4ª Exposições Anuais da Sociedade de Belas-Artes do Porto, respectivamente.
Em 1914, terá ocorrido a 7ª Exposição, nos salões do Ateneu Comercial do Porto.
Em 1921, nos salões do Jardim Passos Manuel, ocorre a 10ª Exposição da Sociedade de Belas-Artes do Porto.
Em Março de 1930, a Sociedade de Belas-Artes do Porto promoveu uma exposição da obra do pintor António José da Costa, no Salão Silva Porto, na Rua de Cedofeita.
 
 
 
Entrada primitiva do Jardim Passos Manuel, local que actualmente é ocupado pelo Coliseu do Porto. O prédio parcialmente visível ainda hoje existe

 
 
O Salão de Festas do Jardim Passos Manuel, habitualmente o palco das exposições de pintura – Fonte: AHMP

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

25.133 Algumas igrejas portuenses edificadas nos nossos dias

 
Igreja Paroquial de Cedofeita
 
Dada a exiguidade da igreja românica de S. Martinho de Cedofeita, foi decidido construir um novo templo, para o qual se pretendia aproveitar muitos materiais resultantes da demolição da Igreja de S. Bento de Ave-Maria.
 
 
“O grande impulsionador da ideia de construir uma nova igreja paroquial para Cedofeita será António José Gomes Samagaio, juiz da Confraria, desde 1884, mais tarde Presidente da Associação Industrial do Porto e Vereador do Município. Para a concretizar, a Confraria, para além da doação de terrenos pertencentes à Quinta do Priorado e verbas próprias, ver-lhe-á ser atribuída, por Portaria de 1896, a gestão da demolição da parte restante do Convento e da igreja de S. Bento da Avé-Maria, razão pela qual herdará parte dos seus materiais, alfaias, mobiliário e objetos de talha”.
Crédito à “Fundação Marques da Silva”
 
 
Eram tempos em que se pensava trazer o comboio de Pinheiro de Campanhã ao centro da cidade.
Escolhida a Praça de Almeida Garrett para implantação da estação ferroviária, tornava-se necessário demolir o edifício do convento de S. Bento da Ave-Maria.
De acordo com a antiga determinação régia, esse desiderato só poderia acontecer após a morte da última religiosa, tendo execução prática em 1894, dois anos depois do último suspiro da última abadessa – D. Maria da Glória Dias Guimarães.
A igreja seria demolida entre Outubro de 1900 e Outubro de 1901.
Algum do imenso espólio, salvo do total desaparecimento, pode ser encontrado em diversos locais.
Assim, a talha, no Museu do Seminário do Porto, à Sé; o retábulo-mor da igreja, na igreja de S. João das Caldas, em Vizela; os azulejos do claustro, no Paço de S. Cipriano, em Guimarães; o báculo da abadessa, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa; o cibório com pedras finas, no mosteiro de Singeverga, em Roriz; um dos sinos, na capela de Nossa Senhora dos Anjos, na Rua dos Bragas; o órgão, que foi vendido, acabou por dotar a igreja do Bonfim.
 
 
“As imagens da imponente igreja foram adornar altares de outros templos; a confraria do Senhor do Bonfim comprou o órgão; e os ossos das religiosas, que jaziam debaixo do soalho da igreja e sob o lajedo do claustro, foram levados para um sarcófago no cemitério do prado do Repouso que ficou assinalado com um belíssimo pórtico manuelino, velha relíquia salva da construção do tempo de D. Manuel I. Na altura em que se começou a construir o edifício da estação um técnico de transportes desabafou: “perdeu-se um monumento e a estação nunca será a gare central da cidade. No futuro servirá somente para comboios suburbanos porque a estação para composições de longo curso terá que ser em Campanhã “.
Disse isto no começo do século XX. E não é que acertou?”
Cortesia de Germano Silva, In revista “Visão”
 
 
Duas facções enfrentaram-se em face da possibilidade da demolição do convento de S. Bento da Ave-Maria.
Por um lado, a Irmandade de São Bento de Ave-Maria, tentando evitar demolições, já se tinha antecipado a quaisquer outras propostas e pretendendo influenciar pessoalmente o ministro das obras públicas Bernardino Machado Guimarães, oferece-lhe um projecto duma estação ferroviária da autoria do engenheiro Alberto Álvares Ribeiro, em 1893.
Por outro lado, o Centro Comercial (associação agregadora de distintos e poderosos comerciantes) e as casas bancárias que pretendiam a dinamização de uma nova “Baixa”, associados a importantes homens de negócios como António Ramos Pinto, Ezequiel Vieira de Castro e José Maria Ferreira (Grandes Armazéns Hermínios), apelaram ao Rei D. Carlos, em favor da demolição do convento e da igreja de São Bento.
Até Ramalho Ortigão, que não gostou nada do lugar escolhido para a estação central, admitiu ser “uma perda de tempo e de dinheiro tentar salvar a igreja.
No fim, triunfaria esta última visão para resolução da situação.
 
 
“As confrarias do Rosário e do Santíssimo Sacramento de Cedofeita movimentaram-se politicamente em 1888 para receberem pedras, alfaias, mobiliário e objectos de talha da “condenada” igreja beneditina para a sua nova igreja paroquial no terreno da Quinta do Priorado, cuja planta também ficará a cargo do arquitecto Marques da Silva (1905). Uma vez mais, o processo — demolição e transbordo — será dificultado por sucessivas crises financeiras e já depois de “alguns materiais das demolições” terem sido vendidos em hastas públicas. Com a primeira pedra assentada em 1899, projecto apresentado em 1905 e obras suspensas em 1911, a construção da nova igreja de Cedofeita só será retomada em 1924”.
Crédito a “observador.pt”
 
 
 
Em 1895, a Confraria do Santíssimo Sacramento de Cedofeita fazia as primeiras diligências, junto de José Marques da Silva, no sentido da realização de uma planta para a nova Igreja de Cedofeita.
Nesse mesmo ano, o arquitecto Marques da Silva apresentou o esquisso do projecto.
No dia 6/2/1897, foram cedidos terrenos do Priorado para a sua edificação, acto que os sinos repicaram festivamente e foram queimadas girândolas de foguetes.
No dia 1 de Outubro de 1899, o Bispo D. António Barroso presidiu à cerimónia da bênção e colocação da primeira pedra.
Na construção da igreja utilizaram-se, como atrás foi referido, alguns materiais do extinto convento de S. Bento da Ave-Maria, demolido para dar lugar à estação ferroviária de S. Bento.
Para o novo templo, em Cedofeita, foram também cedidas imagens, alfaias e paramentos que também eram da igreja do extinto convento.
No dia 8 de Dezembro de 1906, o bispo D. António Barroso celebrou a primeira missa numa dependência improvisada em capela.
Mais tarde, esse local seria destinado ao cartório paroquial.
Entretanto, diversas dificuldades de cariz político e financeiro foram colocados ao processo de construção da igreja e o mesmo, seria suspenso em 1911.
O reinício da construção aconteceria em 1923, e o projecto da igreja e equipamentos anexos seria remodelado por Marques da Silva em 1924.


 
Desenho de fachada proposta, em 1924, para a nova igreja de Cedofeita
 
 
Entre 1925 e 1932, paroquiou a igreja de Cedofeita António Valente da Fonseca, que viria a ser bispo de Vila Real.
Foi ele que deu continuidade às obras da nova igreja, tendo-se concluindo a capela-mor e o coro que foram inaugurados em 10 de Novembro de 1929.
 
 
“Foi inaugurada solenemente no Domingo, 10 de Novembro, a nova igreja de Cedofeita, obra dispendiosa e durante muito tempo paralisada por falta de recursos. De manhã, na igreja velha, houve missas.
Às 11 horas e meia foi conduzido para a nova igreja, em procissão, o Santíssimo Sacramento.
A igreja, lindamente ornamentada, encheu-se por completo.”
In jornal “O Comércio do Porto” de 12 de Novembro de 1929
 
 
Em 1932, acontece a segunda suspensão da obra e os trabalhos de construção jamais avançariam e o projecto de Marques da Silva nunca seria concluído.
 
 
“Em 1941, Duarte Pacheco, Ministro das Obras Públicas ainda chega a propor que o corpo principal poderia receber a obra de talha da Igreja de S. Francisco, mas não deixa de defender a demolição do que estava feito e a passagem a uma nova construção. Ainda assim é pedida uma simplificação do projeto a Marques da Silva, mas já ninguém acredita na realização de uma obra, então considerada, de arquitetura pesada e de dimensões exageradas”.
Crédito a “Fundação Marques da Silva”
 
 
Finalmente, em 1963, o projecto da nova igreja é retomado e iria ser executado pelo arquitecto Eugénio Alves de Sousa.

 
 
Igreja Paroquial de Cedofeita


 
Torre sineira da Igreja Paroquial de Cedofeita
 
 
 

Igreja de Santo António das Antas
 

Para este templo católico, concebido num estilo modernista pelo arquitecto Fernando Tudela, com uma só nave e uma só torre sineira, assistiram-se a dois momentos distintos para o lançamento da primeira pedra.
Um, ocorreu a 13 de Junho de 1936 e, o outro, a 13 de Junho de 1948.
 
“No Bairro das Antas procedeu-se ontem, 13 de Junho, ao lançamento da primeira pedra para a construção da igreja de Santo António”.
In jornal “O Primeiro de Janeiro” de 14 de Junho de 1936
 
 
A cerimónia atrás referida foi presidida pelo Bispo Diocesano D. António Augusto de Castro Meireles.
Em 13 de Junho de 1937, o Prelado Diocesano celebra a 1ª. Missa na cripta da Igreja em construção e, em 13 de Junho de 1938, por decreto do mencionado Bispo Diocesano é criada a Paróquia de Santo António das Antas, com sede no actual Centro Social das Antas.
Em 13 de Junho de 1938, por decreto episcopal, o padre Crispim Gomes Leite é nomeado pároco da Paróquia de Santo António das Antas da cidade do Porto e, em 25 de Janeiro 1941, por decreto do Bispo Diocesano o padre Joaquim Teixeira Carvalho de Sousa é nomeado pároco de Santo António das Antas.
Em 13 de Junho de 1948, o Prelado Diocesano D. Agostinho de Jesus e Sousa benze solenemente a primeira pedra da actual Igreja Paroquial de Santo António das Antas cidade do Porto”.
 
 
“A cidade do Porto vai ter mais uma igreja, templo majestoso, que será para os vindouros o atestado vivo de uma época de reeducação religiosa e mensagem arquitectónica.
Ontem, Domingo, 13 de Junho, efectuou-se a cerimónia da bencão e lançamento da primeira pedra, cerimónia revestida de invulgar interesse. O vasto terreno, destinado ao novo templo, está situado no melhor local das Antas.”
In jornal “O Comércio do Porto” de 14 de Junho de 1948
 
 
Igreja de Santo António das Antas em construção
 
 
Na foto acima, no dia da inauguração do Estádio das Antas (1952) observa-se, na parte inferior da foto, a igreja de Santo António das Antas ainda em construção.
 
 
 “A nova igreja paroquial de Santo António das Antas, em construção na Rua de La Couture, ao fundo da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, foi aberta ao culto ontem, à tarde, depois da bênção lançada solenemente pelo prelado da diocese.
O novo templo começou a ser erguido há oito anos, tendo-se gasto já cerca de quatro mil contos. Não se prevê ainda quando ficará concluído.
Além do altar-mor, a igreja, terá mais altares laterais, sendo três de cada lado.”
In jornal “O Comércio do Porto” de 7 de Junho de 1954


 
 
Vista aérea, em 1952, da área envolvente à implantação da Igreja de Santo António das Antas
 
 
 
 
 
Ficaram na memória de muitos, que as frequentaram, as quermesses, realizados no espaço actualmente ocupado pelo Centro Social das Antas, para angariação de fundos, levadas a cabo pelo padre da paróquia e que ocupavam os serões dos Sábados, da década de 1950, de muitas famílias da paróquia.
Em 13 de Junho de 1967, o Administrador Apostólico da Diocese do Porto, D. Florentino Andrade Silva celebra a dedicação ao Senhor, da Igreja Paroquial de Santo António das Antas e Sagra o Altar Maior.
Interveio no projecto da igreja de Santo António das Antas, como arquitecto, numa primeira fase, José Ferreira Peneda.
Posteriormente, a obra esteve a cargo dos arquitectos Fernando Tudela e Fernando Barbosa.
 
 
“Em 1944, surgiu um novo projeto, baseado numa tese de licenciatura da Escola de Belas Artes do Porto, elaborada por Fernando Tudela e Fernando Barbosa. A igreja possui um estilo clássico e evoca a influência italiana.”
Fonte: Jorge Ricardo Pinto (2011), Bonfim - Território de Memórias e Destinos

 
 
Igreja de Santo António das Antas – Fonte: Google maps
 
 
Como escultores, as peças expostas são da autoria de Avelino Rocha (imagem de Santo António), Maria Irene Vilar (sacrário), Cabral Antunes (Santa Teresa do Menino Jesus), Manuel Cabral (S. José), Maria Amélia Carvalho (Sagrado Coração de Jesus), Laurentino Ribatua (S. Judas Tadeu), Isolino Vaz (Santa Rita de Cássia) e Manuel Cabral (Nossa Senhora de Fátima).

 
 
Interior da Igreja de Santo António das Antas
 
 
 
 
Igreja de Nossa Senhora da Boavista
 
 
Depois de ser constituída como paróquia experimental, a comunidade católica da Boavista viu, em 1977, ser “lançada e benzida a primeira pedra da nova igreja paroquial”, numa celebração que foi presidida pelo então vigário geral da Diocese do Porto, padre Serafim Gomes.
O projecto (1975) desta igreja é da autoria do arquitecto Agostinho Ricca
Em 1979, o templo é concluído.
Dois anos depois, a 31 de Maio de 1981, a nova igreja foi inaugurada durante uma Eucaristia presidida pelo então bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes.
Em 21 de Fevereiro de 2019, é aberto o procedimento de classificação da Igreja de Nossa Senhora da Boavista e do Centro Paroquial e fixação da respectiva “Zona Especial de Protecção (provisória)”, em Anúncio n.º 33/2019, DR, 2.ª série, n.º 37/2019.
 
 
 
Interior da igreja de Nossa Senhora da Boavista – Ed. Sérgio Barbosa
 
 
 
“Dado o grande desenvolvimento da zona da Boavista, o enorme terreno foi muito valorizado, tendo sido comprado por uma empresa ligada ao Banco Português do Atlântico, a Sociedade de Construções William Graham, onde em parte dele, foi construído o luxuoso Parque Residencial da Boavista, mais conhecido pelo Foco, desenhado pelo Arq. Agostinho Ricca Gonçalves.
A paróquia de Nossa Senhora da Boavista foi constituída, em 31/3/1973, pelo Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes. Em 31/5/1981, o mesmo Bispo, benzeu e inaugurou a nova igreja. O projecto foi do Arquitecto Agostinho Ricca Gonçalves. O artista que praticamente decorou toda a Igreja foi o Mestre Júlio Resende, coadjuvado pelo escultor Zulmiro de Carvalho e pelo pintor Manuel Aguiar. Mais tarde, associou-se a esta equipa o pintor Francisco Laranjo. Há uma grande unidade estética em todo o conjunto: dos vitrais ao sacrário, da via-sacra ao crucifixo da capela do Santíssimo Sacramento. O tapete que desce do presbitério reflecte as cores dominantes dos vitrais.
Rui Cunha e Maria José Cunha

 
 
Igreja de Nossa Senhora da Boavista

 
 
Interior da Igreja de Nossa Senhora da Boavista
 
 
Em 22 de Agosto de 2019, o bispo do Porto, D. Manuel Linda decretou a elevação a Paróquia da comunidade católica de Nossa Senhora da Boavista que, até então, funcionava em regime experimental. A propósito, refere o bispo do Porto:
 
 
“Nos termos do cânone 515 do Código de Direito Canónico e ouvidos favoravelmente o Conselho Episcopal, o Conselho Presbiteral, o Conselho de Consultores e os párocos das paróquias vizinhas, hei por bem decretar a elevação à categoria de paróquia a paróquia, até agora experimental, de Nossa Senhora da Boavista, Porto”.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

25.132 Hotéis que fizeram história, em Leça da Palmeira, que foram consumidos pelas chamas

 
Palace Hotel Leixões
 
 
Notícia da inauguração do Palace Hotel Leixões, na Rua Santa Catarina, nº 2, em Leça da Palmeira – In jornal “O Badalo”, em 20-06-1915
 
 
 
“Em Leça da Palmeira, em frente à bacia de Leixões, é inaugurado um excelente hotel e restaurante - Os seus cómodos - O nosso jornal é convidado a assistir à sua inauguração, sendo oferecido aos seus redatores uma ligeira refeição - Devido a um serviço combinado com alguns hotéis do Porto, os srs. passageiros podem principiar a sua diária em Leixões e completá-la naqueles hotéis e vice-versa.
A nossa terra, até agora presa e acorrentada à mais criminosa indolência, tende a progredir extraordinariamente, mercê dos extraordinários esforços de um grupo de indivíduos que, sacrificando tudo, acabam de tomar a seu cargo a exploração de um grande e cómodo hotel e restaurante, situado num dos principais pontos da nossa vila.
Esse hotel e restaurante, denominado Palace-Hotel Leixões, reune em si o maior número de comodidades imagináveis; situado num dos principais pontos da nossa terra, em frente à bacia de Leixões, comporta cómodos para grande número de hóspedes; os seus quartos, arejados, higiénicos e confortáveis, estão mobilados com simplicidade mas com manifesta comodidade e higiene; não há quarto algum que não tenha uma excelente janela donde se disfruta um belo e atraente panorama; todos eles, com raras excepções, estão providos de excelentes estufas para inverno, alimentadas a gás; o serviço de limpeza e higiene é completo; os quartos de banho estão distribuídos com proficiência no primeiro e segundo pavimento, de forma que os hóspedes se não possam incomodar.
A convite dos ilustres proprietários desta excelente casa, srs. Manoel Pinto de Mesquita, Domingos Pereira d'Azevedo, José Luiz Ribeiro, Manoel da Silva Moreira e Manoel Caetano Rodrigues Correia, tivemos ensejo de apreciar a sua bela montagem e as vantagens que apresenta, comparadas com as que nos oferecem as outras casas congéneres. A sala de visitas, mobilada com simplicidade mas com notável gosto e arte, é confortável; a sala de jantar, disposta como aconselha a nova estética, recomenda-se pela bela paisagem marítima que dela se disfruta e é duma comodidade extraordinária; nela se podem servir jantares para mais de sessenta comensais!
Finalmente o Palace-Hotel Leixões é um estabelecimento modelar que, além de muitas outras vantagens tem a de facilitar que as pessoas hospedadas em hotéis do Porto, que tenham contrato com este, podem fazer aqui as suas refeições sem dispenderem coisa alguma; quer dizer, um hóspede do Hotel do Porto pode almoçar ali, vir jantar a Leixões e regressar ao Porto, sem que tenha de pagar o jantar aqui, o que constituiria uma despesa extraordinária. É, portanto, digna dos maiores elogios a iniciativa dos seus proprietários, dotando a nossa terra com um estabelecimento modelar, que se pode pôr a par dos seus congéneres, nas principais terras da península.
Aos seus dignos proprietários os nossos agradecimentos pela gentileza do convite, e bem assim pelo excelente menu que se dignaram oferecer-nos por ocasião da nossa visita ao seu estabelecimento”.
 
 
 
Vista da foz do rio Leça com Castelinho de Leça, à direita, no seu local primitivo e Ponte de Ferro, ao longe, sobre o rio
 
 
À esquerda, o Restaurante Leixões fundado por Francisco Ariz em 1903. Este empresário, de nacionalidade espanhola, tinha sido proprietário, desde há alguns anos antes (pelo menos desde 1888), do Hotel de Matosinhos, na Rua Juncal de Cima (Rua Brito Capelo), nº 19, junto do Café Ariz.
Este hotel teria sido contemporâneo, em Matosinhos, do Hotel Jockey Club, que fazia alusão ao hipódromo existente no areal do Prado de Matosinhos, propriedade do Jockey Club Portuense fundado em 1875 e liquidado em 1885.
 
“Hotel Jockey Club, Matosinhos
O novo proprietário previne o respeitável público que este estabelecimento já se encontra aberto”.
In “Jornal da Manhã”, p. 3, em 17 de Março de 1880
 
 
Estação Ferroviária de Leça da Palmeira e Paragem de Carros Eléctricos
 
 
Estação Ferroviária de Leça da Palmeira no local apresentado na foto anterior
 
 
Na foto acima, em primeiro plano, está o famoso Hotel-Restaurante Ariz, com a estação ferroviária de Leça da Palmeira à sua porta, bem como uma paragem dos carros eléctricos e, em segundo plano, na Rua de Santa Catarina (à direita) sobressai o edifício onde se instalaria o Palace Hotel Leixões.
Naquelas unidades hoteleiras se instalavam muitos dos passageiros, que em fins do século XIX e no início do século XX, demandavam as terras do Brasil.
 
 
Passageiros preparados para embarcar rumo ao Brasil – Cortesia de Vitor Monteiro
 
 
O comboio chegava a Leça da Palmeira vindo de Matosinhos, pela Rua Heróis de França, atravessando o rio Leça, na sua foz, por uma ponte denominada Ponte do Comboio ou Ponte de Ferro.
 
 
Comboio na Rua Heróis de França, c. 1920 – Cortesia de Vitor Monteiro
 
 
 
Barqueiro que servia o poeta António Nobre durante os seus passeios pelo Leça, com a Ponte de Ferro nas suas costas
 
 
Comboio entrando na Rua da Praia, em Leça da Palmeira, após atravessar o rio Leça
 
 
Por sua vez, o eléctrico atingia Leça da Palmeira, desde 1898, através da denominada Ponte do Eléctrico localizada, sensivelmente, onde hoje está a Ponte Móvel.

 
 
Ponte do Eléctrico, c. 1920
 
 
 
Estação Ferroviária de Leça da Palmeira, com o Posto Semafórico ainda com 3 pisos, antes de 1908
 
 
 
Publicidade ao Palace Hotel Leixões
 
 
 
Palácio Pensão Leixões, na Rua de Santa Catarina, nº 2, Leça da Palmeira
 
 
 
Na “Sala de Visitas”, à esquerda, o edifício mais elevado viria a ser ocupado pelo Palace Hotel Leixões e a casa imediatamente antes, era a residência de D. Ismália Bastos, que foi casada com Alfredo Mésseder, da colónia inglesa, banqueiro, vice-​presidente da Câmara e falecido em 1909 – Ed. Alberto Ferreira, em 1902



 
Cliché da casa da família Basto, com o pai de D. Ismália na janela mais à direita, e ela assomando à janela mais central – In "Leça da Palmeira - Recordações e Estudos de há Sessenta Anos", de Augusto Nobre
 
 
 
Em pleno despontar das praias de Leça da Palmeira para fins terapêuticos, desde 1897, Alfredo Mésseder, acima referenciado, tinha a funcionar na Rua de Fuzelhas, um estabelecimento para banhos de imersão e duches, quentes e frios, dotado de seis tinas para banhos salgados e quentes.
Estes estabelecimentos dedicados aos banhos, durante muitos anos, tiveram grande procura e uma clientela fiel.

 


In jornal “A Voz Pública” de 22 de Maio de 1901
 
 
 
Entre eles, um perdurou por todo o século XX e entrou no novo século – a “Casa Alimentar”, também conhecida pela “Casa da Garrafa” por ostentar no cunhal do prédio uma enorme garrafa, vindo a tornar-se numa mercearia de referência para os leceiros.




In jornal “A Voz Pública” de 16 de Maio de 1901

 
 

A “Casa Alimentar” na esquina da Rua do Moinho de Vento (à esquerda) e da Rua Fresca (à direita)



O prédio onde esteve durante muitos anos a “Casa Alimentar”, antes e após o fecho do icónico estabelecimento



Poucos anos antes, em 1 de Agosto de 1884, o histórico Clube de Leça tinha sido fundado, na casa de Gustavo Adolfo de Sousa Oliveira, tendo passado depois para uma casa pertencente a José Nogueira Pinto, até 1914. Em 1938, mudou para a morada actual.
Segundo Augusto Nobre, o irmão do poeta, na sua obra (1946) “Leça da Palmeira - Recordações e Estudos de há Sessenta Anos”, a sede do Clube de Leça chegou a ser próximo do Largo do Arnado (à saída da ponte do eléctrico) e, bem próximo da Farmácia Central, uma sucursal da Farmácia Birra, à época, ainda, no Largo dos Lóios.




Publicidade à Farmácia Central - In jornal "A República", em 19 de Abril de 1890


Com instalações primitivas em vários edifícios da vila, o clube reunia, durante a época estival, a burguesia que ia a banhos a Leça e, acabaria, em 1938, por fixar morada na Rampa do Castelo.
Antes, tinha estado num prédio no Largo do Arnado, próximo da saída, hoje, da ponte móvel.


Clube de Leça, no Arnado e, à direita, a casa do Dr. José Domingues de Oliveira e, em primeiro plano, o quartel dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça




 
Instalações actuais do Clube de Leça
 
 
Jardim do Clube de Leça


 
Hall de entrada do Clube de Leça


Programa para concerto a realizar no Clube de Leça - In jornal "A Voz Pública" de 6 de Setembro de 1901, pág. 2


 
 
 
 
Zona do Castelo de Leça da Palmeira também chamado de Forte de Nossa Senhora das Neves, c. 1950
 
 
Na foto anterior, observa-se que o Hotel - Restaurante Ariz já foi demolido e, a meio, é possível observar a capela de Santa Catarina e o Restaurante Bem Arranjadinho, que ainda subsistem nos dias de hoje e, à direita, o Palácio Pensão Leixões, que seria alvo de um incêndio em 1964 e, posteriormente, completamente demolido aquando do levantamento do novo alinhamento da Avenida Antunes Guimarães.
 
 
 
No chão desta curva, em parte, junto ao Restaurante Bem Arranjadinho (à direita), esteve localizado o Palácio Pensão Leixões - Fonte: Google maps
 
 
 
Na manhã de 31 de Dezembro de 1964, deflagrou um incêndio em fardos de algodão descarregado do navio holandês “Laarderkerk”, quase em frente ao actual quartel dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos - Leça.
Aparentemente extinto, o fogo reacendeu, mais tarde, noutros fardos de algodão a salvo do incêndio inicial.
Para salvaguardar o navio, primeiro, ele seria conduzido para fora do Porto de Leixões, mas acabaria, embora salvando-se das chamas, por encalhar numas rochas à saída do porto.
O pior aconteceria ao Palácio Pensão Leixões (antes, Palace Hotel Leixões), inaugurado em 1915 e localizado no outro lado da avenida junto ao restaurante Bem Arranjadinho.
Os farrapos de algodão, transformados em fagulhas, seriam levados pelo vento e sobrevoando Leça da Palmeira, atingiriam o hotel, pelas 18 horas, transformando-o num pasto de chamas.


Incêndio no Porto de Leixões no primeiro dia do ano de 1965


 
 
 
Fachada do Palácio Pensão Leixões alvo de um violento incêndio no último dia do ano de 1964


 
No local do posto de combustíveis estava o quartel dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos – Leça, aquando do incêndio do Palácio Pensão Leixões - Fonte: Google maps
 
 
 
Penúltimas instalações do quartel dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos – Leça, c. 1930, no local identificado da foto anterior


 
 
As garagens do quartel da foto anterior



As instalações do quartel dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos – Leça, em fase de demolição
 
 
 
Em primeiro plano, com Matosinhos em fundo, as primitivas instalações do quartel dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos – Leça, c. de 1920, com a Ponte do Eléctrico, à esquerda
 
 
 
Na década de 1970, um novo quartel dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos – Leça surgiria junto ao antigo, e aí subsiste até aos dias de hoje.

 
 
Aviso público na comunicação social sobre leilão do espólio do Palácio Pensão Leixões
 
 
 
 
Hotel Golfinho



Perspectiva de edificado, localizado na Rua António Nobre, obtida a partir da Avenida da Liberdade, Leça da Palmeira
 
 
 
À esquerda, o Hotel Golfinho que ardeu em 1957.
(Teria sido uma hóspede do hotel que, deixando um ferro eléctrico ligado em cima de uma tábua de passar a ferro, teria provocado o incêndio que consumiu o edifício).
Continuando a referenciar o edificado da foto, segue-se o local de instalação do Café Paulina (antes uma garagem) e uma casa de habitação.
A vivenda com 3 pisos foi a Pensão Golfinho, do Senhor Oliveira e da D. Fernanda, proprietários do extinto Hotel Golfinho.
A casa que se segue foi a residência da família Faria e, posteriormente, o Restaurante Garrafão.


Hotel Golfinho, à esquerda, em 1955




 
À direita, observam-se pelas traseiras, as ruínas do Hotel Golfinho, após o incêndio


Marginal de Leça da Palmeira


Na foto acima observa-se o prédio onde esteve o Hotel Golfinho e um pouco mais distante o palacete de D. Laura Santos Silva. À esquerda, no areal, vemos o "Bar Atlântico".


A meio da foto, em 1906, a construção do palacete de D. Laura Santos Silva