sexta-feira, 31 de março de 2017

(Continuação 6) - Actualização em 17/05/2018 e 12/02, 07/03/ e 06/06/2019, 02/01/ e 02/06/2020

Caldevilla Filmes


A “ETP- Empreza Technica Publicitária” de “Raul de Caldevilla & C. Lda”, seria fundada em 1912, por Raul Caldevilla na Rua de 31 de Janeiro nº 165, após o regresso deste à cidade, depois de ter sido vice-cônsul em Cadiz e agente comercial na América Latina, Egipto e Médio Oriente.
Em 1917, a ETP muda-se para o Palacete do Conde do Bolhão, na Rua Formosa.



Instalações na Rua 31 de Janeiro – Fonte: restosdecoleccao.blogspot.pt




Instalações a partir de 1917, no Palácio do Bolhão – Ed. Photo Guedes



Interior das instalações no Palácio do Bolhão – Ed. Photo Guedes




“Actor teatral nos primórdios do Século XX, o nome de Raul de Caldevilla, como inspirador publicitário, destacou-se no cinema português em 1917. Uma espectacular operação promocional a nova marca de bolachas, levou Caldevilla a contractar dois acrobatas espanhóis para escalarem a Torre dos Clérigos, o que fizeram sem recurso a qualquer apoio. Já no cimo, os ginastas tomaram uma chávena de chá e comeram as petit beurre Invicta, lançando ao mesmo tempo panfletos sobre a multidão reunida para o efeito - cerca de 150.000 pessoas. Da proeza, a Caldevilla Film retiraria «Um Chá nas Núvens».
Em 1919, Raul de Caldevilla prestigiou-se ao organizar o lançamento comercial de A Rosa do Adro, dirigido por Georges Pallu para a Invicta Film, anunciado sob o lema «Romance Português - Filme Português - Cenas Portuguesas - Actores Portugueses». Três anos depois, com mais altas ambições, a Caldevilla Film contratou o francês Maurice Mariaud - que trabalhava para a Gaumont - com a incumbência de dirigir Os Faroleiros (1922), um «drama-documentário», de que também foi argumentista e intérprete.
O vislumbre de Raul de Caldevilla está patente no respectivo folheto de divulgação: «O cinematógrafo moderno tem-se distanciado muito, nos temas escolhidos e nos fracassos, da técnica de há vinte anos. Já hoje dificilmente se suportam - e vão sendo postos de parte no estrangeiro - esses longos filmes em séries de enredo complicado e por vezes falhos de verosimilhança. O público de hoje, talvez por motivo da vida intensa que leva e lhe proporciona certos lazeres, escolhe de preferência películas de não muito longa metragem». A rodagem teve lugar na Caparica e farol do Bugio.  
Logo após Os Faroleiros, Mariaud filmou As Pupilas do Senhor Reitor para a Caldevilla Film. O romance de Júlio Diniz foi adaptado pelo director literário da empresa, Campos Monteiro. A filmagem de interiores concretizou-se na abegoaria (Dependência onde se alojam os animais e alfaias agrícolas), da Quinta das Conchas, em Lisboa, não chegando à edificação o ambicionado estúdio, cujos planos tinham acompanhado Raul de Caldevilla desde o Porto. De facto, sobrevieram litígios com os responsáveis capitalistas da empresa, pelo que em 1923 pediu a demissão de administrador-gerente da Caldevilla Film.
Declinava, assim, um sonho que tivera repercussões insuspeitáveis, a ponto de ser apresentado em 1921, à Câmara dos Deputados, um projecto de lei que isentava a empresa de impostos, durante dez anos - como contrapartida a impressionar, apenas, «assuntos genuinamente portugueses, baseados na história ou na literatura nacionais». Pelo Verão de 1925, a Caldevilla Film desmantelava-se simbolicamente, com um leilão público de todo o material.”
Fonte: cvc.instituto-camoes.pt/cinema



Como complemento, diga-se que no ano de 1921, uma outra empresa produtora de filmes seria fundada a “Fortuna Film” de Virgínia de Castro e Almeida, a romancista que chegada de França, onde tinha acompanhado o desenvolvimento da 7ª arte e, apaixonada da mesma, monta aquela empresa, que com a “Invicta Film” e a “Caldevilla Film”, irão dominar a produção cinematográfica nacional.




Cinema Trindade e Salão Jardim da Trindade


O Cinema Trindade na Rua Dr. Ricardo Jorge foi inaugurado a 14 de Junho de 1913 como Salão Jardim da Trindade, tendo sido um dos cinemas portugueses que mais tempo se manteve em actividade.
O seu sucesso levou a uma remodelação em 1957, a cargo dos arquitectos Viana de Lima e Agostinho Ricca, transformando-o numa sala com uma lotação de 1191 lugares, dotada de plateia, 1º e 2º balcões fazendo dela, uma das maiores salas do país, à data. 




Café-Bar do Salão Jardim da Trindade, em 1913 - Ed. Le Temps Perdu


Entrada para o Salão Jardim da Trindade, junto à antiga pedreira da Trindade





Nos anos 80, o cinema Trindade seguindo o que sucedeu com outras salas de cinema, para fazer face à concorrência dos multiplex dos centros comerciais, cortou em duas, a sala principal. À sala maior foi dado o nome de Cinema Trindade e à outra sala, um estúdio de menores dimensões, o nome de Salão Jardim da Trindade.
Estas salas encerraram em 1989, sendo convertidas durante os anos 90 em sala de bingo. Este fechou no ano 2000, ficando o edifício sem actividade durante 8 anos. Em 2008, a organização do festival Indie, já com algumas edições de grande sucesso em Lisboa, decidiu alargar o festival até à cidade do Porto, utilizando as instalações do Cinema Trindade. Após o festival, a  associação cultural portuense “Plano B”, efectuou contactos com o intuito de passar a utilizar o espaço e de trazer de novo o cinema ao centro da cidade. No novo hall da sala principal passaram a figurar máquinas de projeção, bobinas, cartazes, programas, fotografias e revistas de cinema que foram recuperadas pela “Plano B”, durante a limpeza do recinto e o Trindade reabriu, assim, com um novo brilho, mas, mais uma vez depois destas iniciativas encerrou.
O cinema Trindade reabriu em 5 de Fevereiro de 2017, pela mão de Américo Santos, fundador da distribuidora portuguesa de cinema independente Nitrato Filmes, que passou a explorar aquele espaço.
Com duas salas de 183 e 169 lugares, cada uma delas, será o único cinema com programação diária na baixa da cidade.
O Cinema Trindade tem, assim, duas salas em permanente funcionamento com estreias e ciclos programados e com um mínimo de quatro sessões diárias em cada uma delas, com a entrada principal a fazer-se pela Rua do Almada, mas, com outra, pela Rua Doutor Ricardo Jorge.
Em 31 de Janeiro de 2023, teve lugar as comemorações do 6º aniversário da reabertura do Cinema Trindade.





Fachada da Rua do Almada em ruína, do Salão Jardim da Trindade




Entrada do cinema Trindade pela Rua Dr. Ricardo Jorge


Em 2020, o espaço de jardim onde, em tempos, funcionou ao ar livre uma esplanada de apoio à sala de espectáculos e se localizava no términos da antiga pedreira da Trindade, também ela desaparecida, foi tomada por um grandioso edifício, em plena esquina formada pela Rua Ricardo Jorge e Praça da Trindade.
 
 

À esquerda, observa-se o portão de entrada para o jardim anexo ao cinema Trindade, quando se procedia à eliminação da Rua de Cima do Muro da Trindade, que corria junto à pedreira










“O Cine-Teatro Rivoli é uma das mais emblemáticas salas de espectáculos do país situado na Praça D. João I. Foi durante muitos anos o maior cinema do país, e é um símbolo de resistência da cultura face às investidas contra o património histórico e cultural português.
Inaugurado em 5 de Dezembro de 1913, foi apelidado de Teatro Nacional e ficava na Rua Elias Garcia, antes Rua D. Pedro. Esta rua iria desaparecer para ser aberta a Avenida dos Aliados.
O Teatro Nacional foi uma iniciativa da firma Roque & Santos, e tinha instalações bem maiores do que o actual Teatro Rivoli, compreendendo também o local onde foi inaugurado em 1931 a Caixa Geral de Depósitos, na Avenida dos Aliados.
Em 1923 seria objecto de obras e quando em 1926 o Teatro Nacional montou o ecrã, as revistas de cinema já lhe chamavam Rivoli.
A crescente popularidade do cinema levou a que fosse repensada a estrutura da sala, de forma a poder ser modernizada e melhor adaptada à função de cinema.
As obras começaram em 1929 e em 1932 era inaugurado o novo Cine-Teatro Rivoli, projetado pelo engenheiro e arquiteto Júlio José de Brito, com menor dimensão que a sala original, mas, com as mais modernas e funcionais instalações existentes à data. O Rivoli manteve toda a programação cultural do antigo teatro e passou a receber também cinema sonoro e companhias de bailado.
Ente 1942 e 1946 foram levadas a cabo obras de remodelação da fachada e dos interiores sendo também acrescentados elementos ornamentais e decorativos que embelezaram o edifício.
O período áureo do Rivoli deu-se entre os anos 40 e 60,  com uma programação de altíssima qualidade, muito graças à gestão levada a cabo por Maria Borges.
Nos anos 70 a situação inverteu-se. Devido a dificuldades financeiras as condições da sala foram-se degradando e os equipamentos tornaram-se obsoletos. Por arrasto, também a programação começou a ser cada vez mais intermitente o que levou a uma ausência cada vez maior de público.
Em 1989 e perante uma situação de perigo irreversível de ruína, a Câmara Municipal do Porto decidiu adquirir o edifício.
Em 1992 o Rivoli encerrou para remodelação total. O programa de recuperação permitiu transformar aquilo que era um Cine-Teatro convencional num centro multi-funções onde passou a ser possível albergar várias actividades culturais e de lazer.
Em Outubro de 1997 abria portas o novo Rivoli Teatro Municipal, com gestão da Culturporto.
Em 2006 a Câmara Municipal anunciou que iria entregar a gestão cultural e financeira do Rivoli a entidades privadas, levando a um coro de protestos que culminaram com a acção levada a cabo, em Outubro do mesmo ano, por cerca de 30 pessoas. Entre os autores do protesto contavam-se elementos do "Teatro Plástico", cidadãos anónimos e pessoas ligadas à vida cultural da cidade, que se barricaram no interior do edifício. Perante a enorme pressão da opinião pública para que fosse tomada uma decisão, o executivo em funções, em Dezembro de 2006 e após uma reunião extraordinária, tomou a decisão de atribuir a gestão do Rivoli ao encenador e produtor Filipe La Féria. A concepção seria por um período de 4 anos de Maio de 2007 a Maio de 2011. Em 2012 o Rivoli recebeu um dos mais conceituados festivais internacionais de cinema do nosso país a nível internacional, o Fantasporto.
O Rivoli é um exemplo perfeito de como é possível enquadrar as grandes salas de cinema do passado nas necessidades da sociedade actual. O complexo do Rivoli Teatro Municipal é composto actualmente pela sala principal com capacidade para 1600 espectadores, o pequeno auditório que pode albergar 174 pessoas, uma livraria, um café-concerto Restaurante e um café-bar”.
Fonte: “cinemaaoscopos.blogspot.pt”


O Teatro Nacional tinha a sua entrada principal pela Rua Elias Garcia, nº 98, a antiga Rua D. Pedro, e uma modesta entrada pela Rua do Bonjardim, nº 153
 
 

O edificado que se observa na foto (c. 1920) constituiu as fachadas dos prédios situados a nascente da Rua Elias Garcia, por onde tinha a sua entrada principal o Teatro Nacional
 
 
Da foto acima pode concluir-se que os prédios localizados a poente da Rua Elias Garcia já tinham sido todos demolidos para a abertura da Avenida das Nações Aliadas.
Pode ainda imaginar-se que os edifícios que constituem o lado nascente da actual Avenida dos Aliados foram construídos, em grande parte, adossados às fachadas dos que se observam na foto acima, que foram salvos da demolição.
Daí, o desalinhamento que se pode observar entre o lado nascente da avenida e da Praça da Liberdade.
 
 

Desalinhamento do lado nascente entre a Avenida dos Aliados e a Praça da Liberdade – Fonte: Google maps
 
 
 

Teatro Rivoli (1800 lugares) inaugurado em 20 de Janeiro de 1932 pelo empresário Manuel José Pires Fernandes, após as obras concluídas em 20 de Janeiro de 1932  – Ed. Foto Beleza
 
 
 

Nova fachada do Rivoli, após década de 1940 – Ed. Foto Beleza




Devido à abertura da Praça D. João I na década de 1940, e à demolição do edificado que cercava o Rivoli, foi decidido altear a sua fachada, de modo a que, quem descesse a Rua de Passos Manuel, não tivesse uma visão inestética dos telhados do teatro que, até aí, não eram visíveis do solo.



Rivoli Teatro Municipal (Os frisos de escultura são da autoria de Henrique Moreira) 



Quando nos anos 70 apareceram as dificuldades na gestão do Rivoli, o Banco Borges & Irmão (o proprietário de há muitos anos), pensou na sua demolição para a construção da sede daquela instituição bancária, mas acabaria por vendê-lo, tendo a sala de espectáculos passado sucessivamente pelas mãos da sociedade de construção William Graham e pelas do Banco Português do Atlântico.
Seria Maria Borges, filha do banqueiro Francisco Borges, a opor-se à destruição do Rivoli e a quem os portuenses devem essa benesse.
Em 30 de Agosto de 1950, já D. Maria Fernandes Borges receberia, no Teatro Rivoli, das mãos do presidente Lucínio Presa, a Medalha de Ouro de Mérito Artístico pelo seu esforço, sem o qual não seria possível a constituição em 1947, da Orquestra Sinfónica do Porto, continuadora da Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto.
Lucínio Gonçalves Presa foi o Presidente da Câmara Municipal do Porto que destruiu o Palácio de Cristal para em seu lugar construir um pavilhão de Hóquei em Patins, decisão da qual muitos portuenses nunca lhe perdoaram a ousadia.


À direita, o prédio onde vivia D. Maria Borges


 
 
 
 

Proposta que não teria execução prática para ocupar o chão do Teatro Rivoli, c. 1970



De notar que a grande remodelação das instalações ocorrida, em 1992, foi obra do arquitecto Pedro Ramalho.




Interior original do Rivoli







Inaugurado a 20 de Julho de 1929, no gaveto das ruas de Pinto Bessa e Nova da Lomba (actualmente Vera Cruz), por Arsénio e Laura Martha, o Cinema Odéon não tinha colunas a suportar o balcão e camarotes.
Foi o primeiro cinema do país a receber equipamento sonoro de raíz. Apesar de ser uma sala com as maiores comodidades da época e pertencer à companhia Odéon, uma das mais conceituadas, a sua distante localização das artérias centrais fez com que a afluência de público ficasse aquém das expectativas.
A sua dupla função como cine-teatro, acabou por resolver o problema das audiências, com a presença de público a aumentar, fruto daquele novo desempenho.
Grandes estreias aconteceram nesta sala como sejam o filme “Escola de Vagabundos”, com Pedro Infante e o filme italiano “Marcelino, Pão e Vinho”.


Publicidade ao Odéon-Cine em 24 Junho de 1950 – In jornal “O Comércio do Porto”

Nos anos 60 eram sucesso garantidos, os filmes com lutas entre cowboys e índios.
Nos anos 70, as cadeiras originais de madeira foram substituídas por outras estofadas.
Demolido nos anos 80, hoje, no seu lugar, está um prédio de habitação.



Arsénio e Laura Martha (fotograma) – Cortesia de Eduardo Canela


Mesa do Bar (fotograma) – Cortesia de Eduardo Canela



Entrada do Cine-Teatro Odéon (fotograma) – Cortesia de Eduardo Canela


Fachada lateral do Cine-Teatro Odéon (fotograma) – Cortesia de Eduardo Canela


Plateia do Cine-Teatro Odéon (fotograma) – Cortesia de Eduardo Canela


Entrada para o balcão e camarotes do Cine-Teatro Odéon (fotograma) – Cortesia de Eduardo Canela


Escadaria de acesso a balcão e camarotes do Cine-Teatro Odéon (fotograma) – Cortesia de Eduardo Canela


Aqui ficava o Odéon





“O Salão Paraíso que ficava na Rua da Alegria nº 665, ao Monte dos Congregados, foi uma sala que ao longo dos seus já largos anos de existência funcionou como local de espectáculos musicais e sala de cinema. A sala, de pequenas dimensões, é ricamente decorada e servia de local de encontro de famílias abastadas. Chegou a ter durante alguns anos o nome de Salão Cinematográfico Portuense. Funcionou como cinema durante os anos 30 e 40 sendo as últimas sessões levadas a cabo por volta de 1949”.
Fonte: “cinemaaoscopos.blogspot.pt”

O Salão Paraíso - Fonte: Google Maps

Interior do Salão Paraíso - Fonte: Arquivo Municipal do Porto




O “Au Rendez-Vous d´Élite” terá sido o segundo cinema da cidade do Porto. O primeiro (inaugurado em 1906) foi o High-Life, que estava inicialmente na Feira da Boavista (Rotunda da Boavista) e que, mais tarde, em 1908, se transferiu para a Batalha, para o local onde foi construído em 1946 o novo e actual, cinema Batalha.
O “Au Rendez-Vous d´Élite” seria montado na Esplanada do Castelo (arruamento envolvente ao castelo da Foz do Douro) em 1907, sendo o espaço gerido pela "Empreza Cynematográfica Portugueza", de Neves e Pascaud, que também detinha o High-Life.
O “Au Rendez-Vous d´Élite” foi concebido para exibir filmes ao ar livre, vocacionado para atrair as famílias burguesas da cidade que durante o Verão passavam férias na Foz do Douro. As sessões estavam sempre esgotadas, a comodidade era ponto assente e o preço dos bilhetes aumentava a afluência da elite.
Diz-se que, em terreno anexo existiria uma pequena construção que encerrava uma caldeira de produção de vapor, para apoio ao funcionamento das instalações que era também residência do gerente do cinema.
Após esse período inicial, o "Au Rendez-Vous d´Élite", era já um barracão, que nem átrio tinha, mas continuava frequentado por pessoas abastadas, que viviam nesta zona, como ingleses, comerciantes de vinho do Porto ou pessoas ligadas à alta finança.
Uns anos mais tarde, o barracão seria substituído com projecto do Eng.º Xavier Esteves (o introdutor do cimento armado na construção em Portugal), por um edifício mais sólido.
As últimas sessões públicas ocorreriam cerca do fim da década de 30, culminando com o encerramento definitivo do espaço, em pleno período do conflito mundial.
Passados alguns anos, abriria com a designação de Cine Foz.
Tinha uma lotação máxima de 370 espectadores, tendo prolongado a sua actividade, até sensivelmente 1958 mas, actualmente, poucas memórias restam.
Foi demolido em 1967 para dar lugar aos actuais prédios de habitação.
Algumas fotografias do edifício como memória, restam, assim como, um estabelecimento de cabeleireiro no local que usa o nome, Cine Foz.


Foto do Cine Foz cedida por Óscar Malheiro

Cine Foz – Fonte: “A Nossa Foz do Douro”


O Cine Foz atrás do arvoredo em 1971






Já na década de setenta do século XIX, que alguns portuenses procuravam para os seus passeios a "floresta das camélias", à entrada da Rua de Alexandre Herculano, logo a seguir ao Ho­tel Universal que, naquele tempo, ocupa­va o edifício onde hoje está a messe dos oficiais do Exército. 
A "flo­resta das camélias" era o nome que se dava a um amplo recinto que, possivelmente, radicou na  profusão de came­leiras que o ornamentava e veio, posterior­mente, a transformar-se no Parque das Camélias.
Nas imediações, ficava um conhecido café, restaurante e hotel de nome “Floresta das Camélias” que já por lá estava em 1885.
Foi neste espaço, que o Salão-Cinema do Parque das Camélias fazia a exibição dos seus filmes, em sessões praticamente contínuas.
Aliás, na zona e nesse troço da Rua Alexandre Herculano, se instalaram, desde sempre, salas de espectáculos de diversa índole.
Mesmo em frente ao espaço ocupado pelo Parque das Camélias, esteve o Teatro D. Afonso e, mais tarde, o Teatro Éden.
Em 1907, um Cine-Palais (pavilhão cinematográfico de madeira e cobertura de lona, de armar e desarmar, com estrutura unida por parafusos) representado pelo seu empresário António Maureza, solicitava à C. M. Porto o respectivo licenciamento, para a respectiva instalação num terreno alugado, na esquina da Rua Alexandre Herculano Lado Sul) e a Rua Duque de Loulé (Nascente).
Voltando ao Parque das Camélias, como parque de diversões, foi criado em 18 de Junho de 1943. 
Ficou na memória da cidade a ocorrência a 5 de Janeiro de 1952, de um grande incêndio no Circo Mariano, instalado no Parque das Camélias.
Em 10 de Janeiro de 1952 o Circo Mariano, no Parque das Camélias, já conseguiu dar o seu espectáculo, após o incêndio de dia 5, graças aos donativos de muitos populares.
A história da sala de cinema do Parque das Camélias, na Rua Alexandre Herculano, está diretamente ligada à história do Sporting Clube Vasco da Gama.
Fundado a 20 de Fevereiro de 1920, o Vasco da Gama foi desde sempre um clube eclético onde se praticaram várias modalidades tais como, o andebol, o basquetebol e a luta-livre americana. Actualmente, o clube dedica-se, principalmente, à prática do basquetebol onde soma uns quantos títulos nacionais ao longo da sua história.
O local onde funcionou durante vários anos o cinema e o ringue do Sporting Clube Vasco da Gama e onde se instalavam palcos desmontáveis para os mais diversos espectáculos é, hoje, uma estação de camionagem, e o Sporting Clube Vasco da Gama com a ajuda da Câmara Municipal, depois de muitas vicissitudes, possui um pavilhão coberto, onde a juventude continua a praticar o desporto.
Desde 2006, existem rumores de uma eventual requalificação da zona. 



Local onde existiu uma entrada para o Parque das Camélias






Central Cine da Carcereira ou Cine Teatro da Carcereira



Em 13 de Agosto de 1935, é pedido à Câmara Municipal do Porto o licenciamento da construção de um cinema para a Rua da Carcereira (actualmente a Rua de Pedro Hispano).



Pedido de licenciamento para a construção de um cinema na Rua da Carcereira, com projecto do arquitecto das Belas Artes do Porto António de Brito



Central Cine da Carcereira (Fachada Principal voltada para a Rua da Carcereira)



Central Cine da Carcereira (Fachada Lateral voltada para uma rua, à data, sem nome e que, hoje, é a Rua Pereira de Novais)





O Cinema Central da Carcereira foi uma sala de média dimensão, composta de plateia e balcão, situado no local hoje localizado na Rua de Pedro Hispano, nº 600, que passava essencialmente reposições, e teve o seu período de actividade, compreendido entre o fim da década de 1930 e a década de 1960, quando foi demolido devido à degradação do edifício.



Aqui ficava o Central Cine da Carcereira – Fonte: Google maps







Cine-Teatro Vitória



O Cine-Teatro Vitória ficava situado no Largo da Ponte, em Rio Tinto. Funcionava fundamentalmente como cinema, à entrada do Porto (de quem vinha de Valongo), face à Estrada Exterior da Circunvalação.
Foi inaugurado na década de 40 do século passado e fecharia as suas portas na década de 80.
Foi muito frequentado pela população da zona Oriental da cidade, tendo chegado a ser palco de alguns comícios políticos, mas, sendo nos seus últimos tempos um local de jogo ilegal, fruto da intervenção das autoridades, o espaço foi fechado.
Depois de abandonado seria nesse terreno construído um prédio de habitação.

Cine-Teatro Vitória – Ed. SIPA


Aqui esteve o Cine-Teatro Vitória








O Coliseu do Porto é uma sala de espectáculos que foi erguido no local onde esteve o Salão Jardim Passos Manuel.
O edifício foi classificado como monumento de interesse público pela Portaria n.º 637/2012, de 2 de Novembro de 2012, publicada em Diário da República.
A construção iniciou-se em 1937 com as propostas apresentadas por José Porto e Jan Wils e a reprovada proposta de Júlio José de Brito.
Em 1939 Cassiano Branco é convidado a resolver o projecto e, reutilizando a caixa muraria já construída que delimita a sala de espectáculos, palco e corredores, reorganiza a articulação vertical do edifício, da mesma forma que investe na sucessão dos espaços de entrada.
Com projecto em estilo Arte Deco, dos arquitectos Cassiano Branco e Júlio de Brito pertencendo à Companhia de Seguros Garantia, o Coliseu foi inaugurado a 19 de Dezembro de 1941, com um concerto da Sinfónica Nacional, dirigida pelo maestro Pedro de Freitas Branco.
Em plena II Guerra Mundial (1941), o Coliseu do Porto abriu as portas, com todas as honras e com todo o patriotismo inerente ao Estado Novo. 
O Coliseu do Porto levou apenas 22 meses a ser construído e custou 11.000 contos, um elevado custo para a época.



Inauguração do Coliseu do Porto em 1941


Bilheteiras do Coliseu do Porto em 1941


Escadaria de acesso ao Balcão do Coliseu do Porto em 1941



Entrada para a plateia do Coliseu do Porto em 1941


Sobre a inauguração escrevia o Jornal de Notícias:

O “Jornal de Notícias” escrevia a propósito da inauguração.
“O Coliseu abriu as suas portas, Ambiente artístico de grande elegância. Casacas, smokings, robes de noite, fardas, condecorações. As ruas próximas – Passos Manuel, Formosa, Fernandes Tomás – pejadas de automóveis”.

"O Sarau de Gala constituiu um grande acontecimento cultural e social da cidade, com a presença das personalidades da época, num ambiente sofisticado e de grande elegância. Seguiu-se um concerto pela Orquestra da Emissora Nacional, dirigida pelo Maestro Pedro de Freitas Branco. A jovem, e já consagrada pianista, Helena Moreira de Sá e Costa interpretava o 1º Concerto para Piano e Orquestra, de Felix Mendelsshon. Antes, porém, a actriz Aura Abranches viu o seu discurso ser interrompido por uma assistência de 3500 pessoas que aplaudiam o nome de Salazar e lançavam vivas a Portugal. À uma da manhã acabou o concerto. Seguiu-se um baile de caridade e uma ceia, servida no hall. 
Finalmente, a cidade do Porto passou a ter à sua disposição um espaço imponente e dotado de todos os luxos modernos. Um espaço aberto à arte e à cultura que se tornou o orgulho dos portuenses e dos portugueses. 
Durante várias décadas, o Coliseu do Porto viveu sob as luzes da ribalta, proporcionando aos portuenses todo o tipo de espectáculos: ópera, dança, música clássica, música ligeira e popular, espectáculos de variedades, musicais, circo, festas de Carnaval, reveillons, cinema, saraus e congressos”.
Fonte: “pt.wikipedia.org/wiki/”


No ano de 1995 a Companhia de Seguros AXA, pertencente ao Grupo Aliança – UAP, então proprietária do imóvel, por intermédio da Empresa Artística SA inicia negociações com a Igreja Universal do Reino de Deus, propondo-se esta última a comprar e a UAP a vender.
Em sequência, várias personalidades ligadas à cultura, às artes e à autarquia local, promovem uma manifestação de repúdio à eventual transacção. Uma vez vetada pela autarquia, a transacção não se concretiza.
Em Novembro de 1995, em escritura notarial outorgada entre a Câmara, a Área Metropolitana do Porto, a Secretaria de Estado da Cultura e a UAP, constitui-se uma associação sem fins lucrativos com a finalidade de adquirir o Coliseu e geri-lo como espaço de interesse cultural.
Em 28 de Setembro de 1996 após um desfile de moda com Claudia Schiffer, um incêndio de origem indeterminada, destrói completamente a caixa do palco e provocando graves estragos na sala principal e nos camarins.
O Coliseu do Porto voltaria a abrir as portas no dia 12 de Dezembro, decorridos que foram cerca de 3 meses desde o incêndio aí acontecido, em 28 de Setembro, daquele ano, com o tradicional espectáculo do Circo de Natal.
A recuperação completa da sala só estaria concluída dois anos mais tarde reabrindo ao público no dia 24 de Novembro de 1998, com a ópera Carmen, de Bizet.
Aquando das comemorações do cinquentenário o ponto alto do evento, foi o Concerto Inaugural, que recriou o que tinha sido apresentado cinquenta anos antes, durante a  Gala de Abertura do Coliseu do Porto, desta vez interpretado pela Orquestra do Porto - Régie Cooperativa Sinfonia, dirigida pelo maestro Jan Lathan-Koenig.
Este concerto trouxe de novo à sala do Coliseu a pianista Helena Moreira Sá e Costa, agora acompanhada pelo seu aluno, e também já pianista consagrado, Pedro Burmester. Para partilhar com o público a história e o património cultural e emocional do Coliseu do Porto, foi ainda exposta, no Salão Ático, uma mostra retrospectiva composta por fotos, postais ilustrados, programas de espectáculos, moedas, objetos, incluindo a primeira máquina de cinema portuguesa pertencente a Alves dos Reis, e o precioso espólio de partituras musicais do Arquivo do Salão Jardim Passos Manuel.
A Orquestra do Salão Jardim Passos Manuel, formada a partir da descoberta destas partituras, apresentou-se no Salão Ático com um repertório invulgar, baseado nas músicas que outrora se tocavam e dançavam. Para completar e animar as comemorações, estiveram ainda presentes o Quarteto João Calheiros e The Dixie Gang. 


“A sala principal do Coliseu do Porto tem 3.000 lugares sentados, entre plateia, tribunas, camarotes, frisas, galeria reservada e geral, e permite que nela sejam realizados todo o tipo de espectáculos: música, bailado, teatro, ópera, circo, cinema, etc.
O Coliseu do Porto dispõe ainda de um salão Ático com capacidade para cerca de 300 pessoas, vocacionado para pequenos bailes ou espectáculos, conferências, congressos ou assembleias enquadradas na capacidade da sala”.
Fonte - Site: ”portoxxi.com”



Salão Ático Coliseu do Porto para 300 pessoas


Salão Jardim do Coliseu do Porto


Coliseu do Porto - Sala Principal



O Coliseu do Porto em 1941



Vista do Coliseu da Rua Santa Catarina


Na memória de muitos ficaram para sempre gravados os momentos vividos nos espectáculos de circo que principalmente pelo Natal ocorriam no Coliseu do Porto.




Circo no Coliseu do Porto


Por serem para o Coliseu do Porto e para a cidade do Porto umas festas também de referência e que aconteciam anualmente, apresenta-se o texto seguinte que fala sobre as “Festas do Gaiato”, narrada por quem as viveu por dentro.
A Casa do Gaiato é uma instituição de Paço de Sousa, em Penafiel, que acolhe adolescentes desfavorecidos.
Aquela Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), relançou a partir de 2010 a iniciativa da "Festa dos Gaiatos", no Coliseu do Porto, para comemorar o centenário da vida e obra do Padre Américo.


“Não podemos deixar de recordar as Festas do Gaiato que desde os anos 50 eram habitualmente realizadas nesta grande sala. Tivemos uma actuação directa na venda de bilhetes e contactos com o Coliseu. Na verdade, estava centralizada no Espelho da Moda, onde trabalhávamos, a organização no Porto. Eram espectáculos muito especiais e muitíssimo animados dado o carinho que os portuenses tinham pela Obra da Rua e que enchiam completamente a sala de mais 3.000 lugares, e muita gente ficava decepcionada por já não poder entrar. Era-nos proibido vender ou deixar entrar mais pessoas do que a lotação sentada. Na sala assistíamos a cenas da vida da Casa do Gaiato. Eram sempre muito aplaudidas, sobretudo quando entravam os “batatinhas”, os mais pequeninos.
No final falava o Pai Américo com aquela sua forma tão peculiar, que arrastava os corações. Foi numa dessas festas, supomos que em 1955, que pela primeira vez falou em público sobre o Calvário. Terminava habitualmente da forma seguinte: “E agora, meus senhores, estão lá fora as capas! Ninguém passe sem se desobrigar! Deita o que quiser e vai-se embora. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.” Havia quem deitasse tudo o que trazia. Encontrámos anéis, pulseiras objectos de ouro e outros de pequeno valor todos dados com muito amor e comoção. Valiosos cheques, notas grandes, e moedas pretas. As capas eram as dos padres da obra da Rua.”
Cortesia de “portoarc.blogspot.com”


Cartaz da Festa dos Gaiatos em 2011



Em 2016 o Coliseu recebeu 151 espectáculos que movimentaram 255 mil espectadores.
Em 2018, foi assinado um protocolo e contrato de patrocínio entre o Coliseu Porto e o grupo segurador internacional Ageas. Com esta aproximação, a Ageas apoia o Coliseu com 900 mil euros em três anos, com possibilidade de renovação por igual período e valor.
Durante esse tempo a sala passou a adoptar o nome comercial "Coliseu Porto Ageas".



Rua Passos Manuel (ao fundo a Praça dos Poveiros)



À direita da foto acima iria surgir a “Garagem Passos Manuel”.



“Porto Coliseum Hotel”



O “Porto Coliseum Hotel” é uma unidade hoteleira integrada no edifício emblemático conhecido por Coliseu do Porto, classificado como “Monumento de Interesse Público”.


“O Porto Coliseum Hotel é um hotel temático e inovador de inspiração territorial e cultural, direccionado às memórias do Coliseu do Porto desde a sua construção, até aos dias de hoje, permitido a vivência do Coliseu e dos seus mais marcantes e emblemáticos espectáculos, tornando-o num espaço de experiências e de referência da cidade do Porto".
Fonte: Lifecooler.com





Coliseu do Porto


Entrada da “Residencial Escondidinho”


Entrada da “Residencial Escondidinho” hoje o “Porto Coliseum Hotel”


O “Porto Coliseum Hotel” foi inaugurado integrado no edifício do Coliseu do Porto e funcionou durante dezenas de anos como "Pousada do Escondidinho" ou “Residencial Escondidinho”, explorado por o empresário António Joaquim da Silva que explorava também, desde 1931, mesmo em frente, o restaurante "O Escondidinho".



«Ao lado do majestoso edifício, que é o monumental Coliseu do Porto, ergue-se, completando toda essa sumptuosa fachada, a "Pousada do Escondidinho".
A elegante pousada ergueu-se graciosa e dominadora, nas suas linhas modernas, de sóbria e aliciante arquitectura, dotando o Porto com um aspecto citadino e cosmopolita.
Entre nós, é nova esta modalidade, dormida e pequeno almoço, podendo os hóspedes fazer as suas refeições onde lhes aprouver.
A Pousada do Escondidinho, abriu ontem, sábado, 14 de Junho, ao público.
Velha aspiração do sr. António Joaquim da Silva, profissional de hotelaria, dos mais experimentados e competentes, como o provam os seus restaurantes "o Escondidinho" (Rua Passos Manuel, "Os Três Irmãos" (Rua do Bonjardim) e o "Restaurante do Palácio de cristal".»
In "O Comércio do Porto", de 15 de Junho de 1941


Desde 1984, passou esta unidade do ramo da hotelaria a ser explorada por Manuel Pinheiro, um nome que está ainda presentemente ligado ao Restaurante “O Gaveto”, em Matosinhos e, naquela época, explorava também, desde 1977, na Praça dos Poveiros, o conhecido “Restaurante Ribeiro”.



O Restaurante Ribeiro está por aqui há muitos anos


O Restaurante Ribeiro na Praça dos Poveiros nas primitivas instalações


Após a contenda entre a cidade e a IURDE (Igreja Universal do Reino de Deus) sobre a posse do Coliseu, Manuel Pinheiro tomou definitivamente conta da unidade hoteleira e conseguiu que o alvará existente passasse, desde 2015, a contemplar um hotel, após uma remodelação de fundo das instalações.
No 6º andar do hotel onde são servidos os pequenos-almoços aos hóspedes, viria, mais tarde, em 20 de Julho de 2017, a ser inaugurado o “Terraço 135”, um espaço com umas vistas sumptuosas sobre a cidade e onde os portuenses podem apreciar o pôr-do-sol e comer uns petiscos criados por quem sabe.


“Terraço 135”